terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um Pouco Sobre A Eleição dos Escolhidos

(1). Que a eleição tem lugar quando somos salvos, porque estamos eleitos “em” Cristo.


Isto está afirmado em Efésios 1:4, que citamos há pouco. Notai, porém, que esta mesma passagem faz a eleição eterna. Por que invocarão os homens uma passagem isolada da Escritura contra si mesma?


A afirmação que fomos eleitos “em” Cristo não quer dizer senão que Cristo foi o fundamento de nossa eleição (sendo a eleição na base de Sua obra salvadora), e que nós fomos pré-conhecidos como estando em Cristo no propósito de Deus. A linguagem aqui é a linguagem d’Aquele que no Seu propósito, “chama as coisas que não são como se fossem” (Romanos 4:17). Temos um outro exemplo disto em Romanos 8:29,30, onde a chamada, a justificação e a glorificação dos eleitos todas estão postas no passado. Nós não estávamos atual e experiencialmente em Cristo na eternidade; nem fomos atual e experiencialmente chamados, justificados e glorificados na eternidade; mas estávamos no propósito de Deus e isto é o significado da passagem há pouco citada.


(2). Que somos eleitos quando somos salvos na base que a Escritura nunca aplica o termo “eleito” a ninguém, exceto aos salvos.


Verdade é que o termo “eleito” faz referência exclusiva às pessoas salvas em alguns lugares da Escritura. Tal uso do termo pode ser visto em Mateus 22:24; Lucas 18:7; Romanos 8:23; I Pedro 1:2. Estas passagens se referem somente àqueles em que a eleição se aplicou e se fez experimental; mas não é a este só que se aplicou o termo “eleito” e os seus equivalentes. Em Efésios 1:4 e II Tessalonicenses 2:13, como já vimos, os eleitos dizem-se ter sido tais desde a eternidade. Então o termo “ovelha” é equivalente ao termo “eleito” e em João 10:16 temos a aplicação de Cristo do termo “ovelha” aos gentios perdidos que ainda estavam para ser salvos. Diz essa passagem:


“Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco (a nação judaica): a elas também devo trazer e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.”


Mas, para maior destroço dos arminianos, achamos que II Timóteo 2:10 aplica o termo “eleito” na sua forma possessiva aos que não estavam salvos ainda. Diz esta passagem:


“Tudo aturo por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação em Cristo Jesus com glória eterna”.


(3). Que somos eleitos quando somos salvos na base que a Escritura põe a chamada antes da eleição.


É fato que, algumas vezes, em se referindo tanto à chamada como à eleição dos crentes, ou em aludindo aos chamados e eleitos, a Escritura menciona primeiro os chamados. Vide Mateus 22:14; II Pedro 1:10; Apocalipse 17:14. Os “chamados” de Mateus 22:14 (a palavra grega sendo um adjetivo usado substantivamente) são aqueles a quem soa através de pregação do Evangelho a chamada somente geral, externa e, na maior parte, ineficaz. Esta classe se compõe de muitos. Mas dos tais, apenas uns poucos, comparativamente falando, pertencem aos escolhidos, como se evidência pelo fato que somente os poucos crêem no Evangelho. As outras duas passagens citadas mencionam a chamada e a eleição na ordem em que se realizam na experiência. Um conhece sua eleição somente pela chamada (vivificação) que recebeu do Espírito Santo. Que as passagens dadas supra não fixam a ordem cronológica, ou mesmo a lógica, da chamada e eleição, está evidente das provas que foram dadas da eternidade da eleição, e de Romanos 8:29,30, onde a ordem é, manifestamente, a verdadeira ordem lógica. Ali a presciência e predestinação, que envolvem a eleição, se colocam antes da chamada. Então Romanos 8:28 afirma que somos chamados (particularmente, internamente e eficazmente) “segundo o Seu (de Deus) propósito”. E este propósito envolve eleição. De modo que a eleição deve preceder a chamada, tanto como o propósito de chamar deve preceder a chamada atual, uma vez que a chamada é segundo o propósito divino.


Os que forçam esta objeção contra a eternidade da eleição carecem de notar que a Escritura não nomeia sempre as coisas tanto na sua ordem lógica como na cronológica; por exemplo, II Timóteo 1:9 põe a salvação antes da chamada.


(4). Que a eleição tem lugar quando somos salvos na base que somos eleitos por meio da santificação do Espírito e crença da verdade.


Esta objeção se baseia na tradução de II Tessalonicenses 2:13 e I Pedro 1:2 segundo a versão do Rei Tiago. A primeira passagem diz na referida versão que somos eleitos “para a salvação por meio da santificação do Espírito e crença da verdade”. A segunda, na mesma versão, diz que somos “eleitos... pela santificação do Espírito para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”. A preposição grega traduzida na versão do Rei Tiago “através de” é “em”. E é um tanto desconcertante para os arminianos notar que a Versão Revista traduz esta preposição por “em” em vez de “através de”. E é a eles ruinoso notar que N. M. Williams diz desta preposição: “Ela expressa um estado, não um ato; não “através de”, mas “em”. A preposição grega rara expressa instrumentalidade” (An American – Baptist – Commentary on the New Testament).


A preposição grega alude ao estado em que estava o povo no tempo em que se lhe dirigiu e não significa o meio pelo qual se tornou eleito de Deus.

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