sábado, 31 de março de 2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Valdomiro Santiago é denúnciado pela emissora de Edir Macedo

Emissora de Edir Macedo faz denúncias de irregularidades, contra Valdomiro Santiago, no que diz respeito ao uso das finanças da Igreja Mundial do Poder de Deus.

Segundo a reportagem exibida pelo Domingo Espetacular, o Apóstolo utilizou o dinheiro da Igreja para comprar uma fazenda milhonária para a criação de gado.

Na visão do líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Pastor Silas Malafaia, o programa foi usado pela Igreja Universal para acusar o ex-bispo da igreja de cometer os mesmo crimes que Edir Macedo, fundador da IURD e dono da Record, já foi acusado anteriormente.

Os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo

A Igreja Evangélica Fluminense é a primeira congregação protestante brasileira a cultuar em Português. Localizada no Centro do Rio de Janeiro, tem suas programações as segundas 19 horas, quartas também às 19, e domingos às 09 da manhã e às 18 horas.

Fundada em 11 de julho de 1858 pelo médico-missionário escocês de origem presbiteriana Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley, que chegaram ao Brasil em 1855. Foi organizada com 14 membros, sendo batizado naquele dia o primeiro brasileiro Pedro Nolasco de Andrade. Dela partiram vários missionários congregacionais no Brasil.

Kalley voltou para a Escócia em 10 de julho de 1876. Foi sucedido por João Manoel Gonçalves dos Santos no pastorado da Igreja Evangélica Fluminense e elaborou uma súmula doutrinária composta por 28 artigos conhecida como Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo.

A Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo é uma síntese doutrinária recebida como artigos de fé pela Igreja Evangélica Fluminense e, posteriormente, por todas as igrejas que compõem a União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil e a Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.

A Breve Exposição tem por propósito ser o que seu próprio nome já expressa: breve e fundamental. O próprio Kalley afirmou: "A Breve Exposição não contém todo o ensino apostólico, mas somente as doutrinas fundamentais do Cristianismo, sobre as quais todos os crentes devem ter um conhecimento claro e inteligente, para, na frase do apóstolo S. Pedro (I Pe 3:15), estardes aparelhados para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós"

Os 28 Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo

Art. 1º - Do Testemunho da Natureza quanto à Existência de Deus

Existe um só Deus(1), vivo e pessoal(2); suas obras no céu e na terra manifestam, não meramente que existe, mas que possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não podem compreender(3); conforme sua soberana e livre vontade, governa todas as coisas(4).

(1) Dt.6:4; (2) Jr 10:10; (3) Sl 8:1; (4) Rm 9:15,16

Art. 2º - Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem

Ao testemunho das suas obras Deus acrescentou informações(5) a respeito de si mesmo(6) e do que requer dos homens(7). Estas informações se acham nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento(*) nas quais possuímos a única regra perfeita para nossa crença sobre o Criador, e preceitos infalíveis para todo o nosso proceder nesta vida(8).

(5) Hb 1:1; (6) Ex 34-5-7; (7); II Tm.3.15,16; (8); Is.8.19,20.
(*) Os livros apócrifos não são parte da Escritura devidamente inspirada.


Art. 3º - Da Natureza dessa Revelação

As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus(9). Seu valor é incalculável(10), e devem ser lidas por todos os homens(1).

(9) II Pe 1:19-21; (10) Rm 3:1,2. (1) Jo 5:39.


Art. 4º - Da Natureza de Deus

Deus o Soberano Proprietário do Universo é Espírito(2), Eterno(3), Infinito(4) e Imutável(5) em sabedoria(6), poder(7), santidade(8), justiça(9), bondade(10) e verdade(1).

(2) Jo 4:24; (3) Dt 32:40; (4) Jr 23:24; (5) Ml 3; (6) Sl 146:5; (7) Gn 17:1; (8) Sl 144:17; (9) Dt 32: 4; (10) Mt 19:17; (1) Jo 7:28.


Art. 5º - Da Trindade da Unidade

Embora seja um grande mistério que existam diversas pessoas em um só Ente, é verdade que na Divindade exista uma distinção de pessoas indicadas nas Escrituras Sagradas pelos nomes de Pai, Filho e Espírito Santo(2) e pelo uso dos pronomes Eu, Tu e Ele, empregados por Elas, mutuamente entre si(3).

(2) Mt 28:19: (3) Jo 14:16,17


Art. 6º - Da Criação do Homem

Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem(4), constituindo-o de uma alma que é espírito(5), e de um corpo composto de matérias terrestres(6). O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus(7), puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito Àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo(8).

(4) Gn 1:2-27; (5) Ec 12:7; (6) Gn 2:7; (7) Gn 1:26,27; (8) Gn 1:28


Art. 7º - Da Queda do Homem

O homem assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz(9), mas tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus, Satanás), desobedeceu ao seu Criador(10); destruiu a harmonia em que estivera com Deus, perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável, deste modo vieram sobre ela a ruína e a morte(1).

(9) Gn 1:31; (10) Gn 2: 16,17; (1) Rm 5:12.


Art. 8º - Da Conseqüência da Queda

Estas não se limitam ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda(2); por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados, e de fato todos morrem(3).

(2) Sl 50:7; (3) I Co 15:21


Art. 9º - Da Imortalidade da Alma

A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinada por seu Criador a uma existência perpétua, continua capaz de pensar, desejar, lembrar-se do passado e gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonias tais, que mais quereria acabar do que continuar a existir(4); o pecado da rebelião contra o seu Criador, merece para sempre esta miséria, que é chamada por Deus de segunda morte(5).

(4) Lc 16:20-31; (5) Ap 21:8


Art. 10º - Da Consciência e do Juízo Final

Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem(6). Deu-lhes mandamentos pelos quais se decidissem todos os casos(7), mas reservou para si o julgamento final, que será em harmonia com seu próprio caráter(8). Avisou aos homens da pena com que com punirá toda injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao seu governo(9); cumprirá suas ameaças, punindo todo pecado em exata proporção à culpa(10).

(6) Rm 2:14,15; (7) Mt. 22:36-40; (8) Sl 49:6; (9) Gl 3:10; (10) II Co 5:10


Art. 11º - Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus

Deus vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo com que os homens lhe retribuem seus benefícios e o castigo que merecem(1), cheio de misericórdia compadeceu-se deles; jurou que não desejava a morte dos ímpios(2); além disso, tomou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, sua imensa bondade para com eles; e quando os pecadores nem com tais palavras se importavam, ele lhes deu a maior prova do seu amor(3) enviando-lhes um salvador que os livrasse completamente da ruína e miséria, da corrupção e condenação e os restabelecesse para sempre no seu favor(4).

(1) Hb 4:13; (2) Ez 33:11; (3) Rm 5:8,9; (4) II Co 5: 18-20.


Art. 12º - Da Origem da Salvação

Esta Salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está perfeitamente em harmonia com seu caráter) procede do infinito amor do Pai, que deu seu unigênito Filho para salvar os seus inimigos(5).

(5) I Jo 4:9


Art. 13º - Do Autor da Salvação

Foi adquirida, porém, pelo Filho, não com ouro, nem com prata, mas com Seu sangue(6), pois tomou para Si um corpo humano e alma humana(7) preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem(8); assim, sendo Deus e continuando a sê-Lo se fez homem(9). Nasceu da Virgem Maria, viveu entre os homens(10), como se conta nos evangelhos, cumpriu todos os preceitos divinos(1) e sofreu a morte e a maldição como como o substituto dos pecadores(2), ressuscitou(3) e subiu ao céu(4). Ali intercede pelos seus remidos(5) e para valer-lhes tem todo o poder no céu e na terra(6). É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo(7), que oferece, de graça, a todo o pecador o pleno proveito de sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que, crendo nEle, aceitam-no por Seu Salvador(8).

(6) I Pe1:18,19; (7) Hb 2:14; (8) Mt 1:20; (9) Jo 1:1,14; (10) At 10:38; (1) I Pe 2:22; (2) Gl 3:13; (3) Mt 28:5,6; (4) Mc 16:19; (5) Hb 7:25; (6) Mt 28:18; (7) At 5:31; (8) Jo 1:14.


Art. 14º - Da Obra do Espírito Santo no Pecador

O Espírito Santo enviado pelo Pai(9) e pelo Filho(10), usando das palavras de Deus(1), convence o pecador dos seus pecados e da ruína(2) e mostra-lhe e excelência do Salvador(3), move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz uma grande mudança espiritual chamada nascer de Deus(4). O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das bênçãos da Salvação(5).

(9) Jo 14:16,26; (10) Jo 16:7; (1) Ef 6:17; (2) Jo 16:8; (3) Jo 16:14; (4) Jo1:12,13; (5) Gl 3:26


Art. 15º - Do Impenitente

Os pecadores que não crerem no Salvador e não aceitarem a Salvação que lhes está oferecida de graça, hão de levar a punição de suas ofensas(6), pelo modo e no lugar destinados para os inimigos de Deus(7).

(6) Jo 3:36; (7) II Ts 1: 8,9


Art. 16º - Da Única Esperança de Salvação

Para os que morrem sem aproveitar-se desta salvação, não existe por vir além da morte um raio de esperança(8). Deus não deparou remédio para os que, até o fim da vida neste mundo, perseveraram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão alívio(9).

(8) Jo 8:24; (9) Mc 9:42,43


Art. 17º - Da Obra do Espírito Santo no Crente

O Espírito santo continua a habitar e a operar naquele que faz nascer de Deus(10); esclarece-lhe a mente mais e mais com as verdades divinas(1), eleva e purifica-lhe as afeições adiantando nele a semelhança de Jesus(2), estes fruto do espírito são prova de que passaram da morte para a vida, e que são de Cristo(3).

(10) Jo 14:16,17; (1) Jo 16:13; (2) II Co 3:18; (3) Gl 5:22,23


Art. 18º - Da União do Crente com Cristo e do Poder para o Seu Serviço.

Aqueles que tem o Espírito de Cristo estão unidos com Cristo(4), e como membro do seu corpo recebem a capacidade de servi-Lo(5). Usando desta capacidade, procuram viver, e realmente vivem, para a glória de Deus, seu Salvador(6).

(4) Ef 5:29,30 ( 5) Jo 15:4,7 (6) I Co 6:20


Art. 19º - Da União do Corpo de Cristo

A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma(7) só e compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor(8), os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo(9), para serem chamados e convertidos nesta vida e glorificados durante a eternidade(10).

(7) Ef 3:15; (8) I Co 12:13; (9) Ef 1:11; (10) Rm 8: 29,30.


Art. 20º - Dos Deveres do Crente

É obrigação dos membros de uma Igreja local, reunirem-se(1) para fazer oração e dar louvores a Deus, estudarem sua Palavra, celebrarem os ritos ordenados por Ele, valerem um dos outros e promoverem o bem de todos os irmãos; receberem(2) entre si como membros aqueles que o pedem e que parecem verdadeiramente filhos de Deus pela fé; excluírem(3) aqueles que depois mostram a sua desobediência aos preceitos do Salvador que não são de Cristo; e procurarem o auxílio e proteção do Espírito Santo em todos os seus passos(4).

(1)Hb 10:25; (2) Rm 14:1; (3) I Co 5:3-5; (4) Rm 8:5,16.


Art. 21º - Da Obediência dos Crentes

Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo(5), recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o procedimento dos remidos(6) e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se si acharem salvos de graça(7).

(5) Ef 2:8,9; (6) I Jo 5:2,3; (7) Tt 3:4-8.


Art. 22º - Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito

Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo(8), que é o Mestre(9), Pontífice(10) e Único Cabeça de sua Igreja(1); mas como Governador de sua casa(2) estabeleceu nela diversos cargos(3) como de Pastor(4), Presbítero(5), Diácono(6), e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que ele quer para cumprirem os deveres desses ofícios(7), e quando existem devem ser reconhecidos pela igreja e preparados e dados por Deus(8).

(8) I Pe 2:5-9; (9) Mt 23:8-10; (10) Hb 3:1; (1) Ef. 1:22; (2) Hb 3:6; (3) I Co 12:28; (4) Ef 4:2; (5) I Tm 3:1-7; (6) I Tm 3: 8-13; (7) I Pe 5:1; (8) Fl 2:29.


Art. 23º - Da Relação de Deus para com Seu Povo

O Altíssimo Deus atende as orações(9) que, com fé, e, em nome de Jesus, único Mediador(10) entre Deus e os homens, lhe são apresentadas pelos crentes, aceita os louvores(1) e reconhece como feito a Ele, todo o bem feito aos Seus(2).

(9) Mt 18:19; (10) I Tm 2:5; (1) Cl 3:16,17; (2) Mt 25:40,45; (3) Hb 10:1; (4) At 10:47,48; (5) Mt 26:26-28.


Art. 24º - Da Cerimônia e dos Ritos Cristãos

Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo Ministério de Moisés , eram sombras dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens vieram(3): os ritos cristãos são somente dois: o batismo com água(4) e a Ceia do Senhor(5).


Art. 25º - Do Batismo com Água

O batismo com água foi ordenado por Nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiro e eficaz, feito pelo Salvador , quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador(6). Pela recepção do batismo com água, a pessoa declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura as bênçãos da salvação(7).

(6) Mt. 3:11; (7) At 2:41


Art. 26º - Da Ceia do Senhor

Na Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao coração do crente o corpo que foi morto e o sangue derramado no Calvário(8); participar do pão e do vinho representa o fato de que a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isso em memória do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro fielmente quanto a sua fé, seu amor e o seu procedimento(9).

(8) I Co 10:16; (9) I Co 11:28,29.


Art. 27º - Da Segunda Vinda do Senhor

Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem(10), em Sua própria glória(1) e na glória de Seu Pai(2), com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono de Sua glória e julgará todas as nações.

(10) At 1:11; (1) Mt 25:31; (2) Mt 16:27


Art. 28º - Da Ressurreição para a Vida ou para a Condenação

Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e ressuscitarão(3); os mortos em Cristo ressurgirão primeiro(4); os crentes que neste tempo estiverem vivos serão mudados(5), e sendo arrebatados estarão para sempre com o Senhor(6), os outros também ressuscitarão, mas para a condenação(7).

(3) Jo 5:25-29; (4) I Co 15:22,23;(5) I Co 15:51,52; (6) I Ts 4:16; (7) Jo 5:29.

Igreja Evangélica Fluminense: Rua Caneeiro, 102 - Centro - Tel. +55 21 2263-1156 - Visitação: Dom, 11-18h - Qua, 19h.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O que é o "perfeito" de 1Cor.13:10

Mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. 1 Coríntios 13:8-10
Versão: Almeida Corrigida

As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. 1 Coríntios 13:8-10
Versão: Católica

Nesta frase ‘o perfeito’ no grego ‘to teleion’ são artigo e adjetivo neutro, não implicado a uma pessoa.

No capítulo 13, Paulo usa o termo "perfeito", (téleion), enquanto no capítulo 14, usa o termo “perfeito”, (téleioi - Masculino) quando diz:

"Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos (téleioi)." (1Co 14:20)

E ainda antes, ao que se refere à maturidade, Paulo no capítulo 2 faz inicialmente a menção do mesmo termo:

"Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos (teléiois); não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;" (1Co 2:6)

Fica bastante nítido quando examinamos o capítulo 1, vers. 4 de Thiago. Senão vejamos:

"Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita (téleion - Neutro), para que sejais perfeitos (téleioi – Masculino) e completos, sem faltar em coisa alguma." (Tg 1:4)

Tiago ao se referir à obra coloca o adjetivo no neutro, mas ao se referir aos homens, o adjetivo é masculino.

Nestes termos "o que é perfeito" não se refere a Jesus Cristo, e que esta passagem não fala sobre a segunda volta de nosso Senhor.

Interessante notar que “o que é perfeito (completo)” está em contrate com o que “está em parte”. À medida que a Palavra de Deus foi sendo completamente revelada, ela era confirmada por sinais miraculosos (Marcos 16:20; Atos 14:3; Hebreus 2:3, 4), incluindo o dom de línguas (1 Coríntios 14:22). Quando a revelação terminasse, os sinais miraculosos também terminariam porque teriam cumprido seu propósito.

Dessa forma, alguns teólogos interpretam a passagem como sendo o fechamento cânon, como a perfeita e divina revelação de Deus, sendo dessa forma a nossa única e suficiente regra de fé, além de ser infalível para a edificação da Igreja.

Alguns têm um ponto de vista sobre “O Perfeito” sendo o estado de maturidade da igreja que estava se desenvolvendo no 1º século da era cristã. Estes notam um paralelo entre Efésios 4:4-13 e 1 Co 12-14 onde a idéia da igreja toda como um corpo que se desenvolve deixando de lado aquele conhecimento “em parte” (os dons milagrosos) para ter o conhecimento “completo”, ou seja, a maturidade da igreja.


Hoje, não precisamos de profecias para REVELAR a Palavra, pois temos a Bíblia, não em parte, mas completa e perfeita.

Hoje, não precisamos de milagres para confirmar a Palavra de Deus, pois já está completa, confirmada e terminada.

Da mesma forma o dom de línguas: Deus usou línguas que os falantes não haviam aprendido como um sinal para os descrentes e para REVELAR Sua Palavra (Atos 2:11; 10:46; 1 Coríntios 14:6, 22). Hoje, temos a revelação completa/perfeita sem precisar de interpretações.

Paulo diz que o que “esta em parte” era o conhecimento e a profecia. O que estava em parte foi aniquilado e deram lugar ao completo conhecimento e a perfeita profecia que é a Palavra de Deus.

Alexandre Mello

quinta-feira, 15 de março de 2012

Trecho do “Testamento e Última Vontade de João Calvino” citado por Theodoro de Beza.

“Abraçando a graça que Ele me conferiu em nosso Senhor Jesus Cristo e aceitando o mérito de Sua morte e paixão, a fim de que por este meio todos os meus pecados sejam sepultados, e rogando-O a de tal maneira lavar e limpar-me com o sangue deste grande Redentor, que foi derramado por todos os pobres pecadores, que possa eu comparecer ante Sua face como tendo Sua imagem. Protesto também que me hei esforçado, segundo a medida da graça que Ele me conferiu, por ensinar Sua Palavra, em toda pureza, seja em sermões, seja em escritos, por expor fielmente a Escritura Santa”. Trecho do “Testamento e Última Vontade de João Calvino” citado por Theodoro de Beza em “A Vida e Morte de João Calvino”. Editora Luz para o Caminho, pgs 87-91, disponibilizado em http://monergismo.com/?p=2664.

As 67 teses de Zwínglio


Tal como Lutero, ele preparou um documento de 67 Artigos para um debate com as autoridades católicas, onde ele sozinho enfrentaria a todos.

Enquanto Lutero conservou o que a Bíblia claramente não proibia, Zwínglio suprimiu tudo aquilo que a Bíblia não mencionava. Sob sua orientação, a Bíblia foi traduzida para a língua do povo.

As 67 teses de Zwínglio

Introdutório: “Eu, Ulrico Zuínglio, confesso que tenho pregado na nobre cidade de Zurique estes sessenta e sete artigos ou opiniões com base na Escritura, que é chamada theopneustos (isto é, inspirada por Deus). Proponho-me a defender e vindicar esses artigos com a Escritura. Mas se não tiver entendido a Escritura corretamente, estou pronto a ser corrigido, mas somente a partir da mesma Escritura”.

1. Todos os que dizem que o evangelho é inválido sem a confirmação da igreja erra e difama a Deus.
2. A essência e a substância do evangelho é que nosso Senhor Jesus Cristo, o verdadeiro filho de Deus, tem-nos manifestado a vontade de seu pai celestial, e com a sua inocência libertou-nos da morte e reconciliou-nos com Deus.
3. Deste modo, Cristo é o único caminho para a salvação para todos os que já foram, são e serão.
4. Aquele que busca outro caminho erra, e, na verdade, é um assassino e ladrão de almas.
5. Por isso, todos os que consideram outros ensinos iguais ou mais elevados do que o evangelho erram, e não sabem o que o evangelho é.
6. Porque Jesus Cristo é o guia e líder prometido por Deus a toda a humanidade, cuja promessa foi cumprida.
7. Ele é salvação eterna e cabeça de todos os que crêem; estes são o Seu corpo, pois o seu próprio corpo humano está morto. Nada é proveitoso sem Ele.
8. Disto, segue-se primeiro que todos os que habitam na cabeça (i.e. Cristo) são membros e filhos de Deus, formando a igreja, ou comunhão dos santos, a qual é a noiva de Cristo, ecclesia catholica.
9. Além disso, como os membros do corpo não podem funcionar sem o controle da cabeça, também ninguém no corpo de Cristo pode fazer qualquer coisa sem a sua cabeça, Cristo.
10. Visto que esse homem é louco, cujos membros (experimente) fazem alguma coisa sem a cabeça, rasgar, magoar, ferir-se, assim, quando os membros de Cristo realizam alguma coisa sem a sua cabeça, Cristo, eles são estúpidos magoando-se e sobrecarregando-se com leis loucas.
13. Se alguém quer ouvir, pode aprender clara e plenamente a vontade de Deus, e pelo Seu Espírito ser levado a Ele e através dele tornar-se um homem transformado.
14. Contudo, todos os cristãos devem diligenciar fortemente para que o evangelho de Cristo seja pregado em todo o lugar.
15. Porque a nossa salvação apoia-se na fé, e a condenação na incredulidade; pois toda a verdade está clara nele.
18. Cristo, tendo-se sacrificado uma vez por todos, é por toda a eternidade uma perpétua e aceitável oferta pelos pecados de todos os crentes, pelo que é compreensível que a missa não é um sacrifício, mas uma comemoração do sacrifício e segurança da salvação que Cristo nos tem dado.
19. Cristo é o único mediador entre Deus e nós mesmos.
20. Deus dar-nos-á todas as coisas em seu nome (Cristo), daí se compreende que, pela nossa parte, após esta vida, não necessitamos outro mediador senão Ele.
35. Visto isso, a jurisdição e a autoridade do poder secular estão baseados nos ensinamentos e ações de Cristo.
36. Todos os direitos e proteção que a chamada autoridade espiritual reclama pertencem aos governos seculares, contanto que sejam cristãos.
37. A esses, igualmente, todos os cristãos devem obedecer sem excepção.
38. Isto, enquanto não ordenarem o que é contrário a Deus.
39. Além disso, todas as suas leis devem estar em harmonia com a vontade divina, de modo que protejam os oprimidos, mesmo que estes não se queixem.
40. Só eles (i.e. os governantes) têm o direito de aplicar a pena de morte sem provocar a ira de Deus sobre eles mesmos, e somente para aqueles que têm ofendido a ordem pública.
41. Se eles derem bons conselhos e ajuda àqueles por quem devem responder perante Deus, então estes devem-lhes assistência material.
42. Mas se forem infiéis e transgredirem as leis de Cristo devem ser depostos de acordo com a vontade de Deus.
49. Não conheço escândalo maior do que os sacerdotes não terem permissão a tomar esposas legítimas, mas poderem manter amantes se pagarem bem.
56. Quem quer que perdoe qualquer pecado, somente por causa do dinheiro, é companheiro de Simão (Mago) e Balaão, e verdadeiro mensageiro do diabo.
57. As verdadeiras Sagradas Escrituras não fazem referência ao purgatório após esta vida.
58. O destino dos mortos é unicamente do conhecimento de Deus.
59. E quanto menos Deus nos tem permitido conhecer a respeito disso, menos nós devemos intentar saber.
60. Eu não rejeito a oração humana a Deus para mostrar graça aos que partiram; mas fixar um tempo para isto e mentir por causa do lucro não é humano, mas demoníaco.
67. Se alguém deseja discutir comigo acerca de benefícios, dízimos, crianças não batizadas, ou confirmação, estou pronto para responder.

sábado, 10 de março de 2012

A Eficácia do Batismo

O Batismo representa em particular duas coisas: a purificação que obtemos pelo sangue de Cristo, e a mortificação de nossa carne que obtivemos por sua morte. O Senhor mandou que os seus se batizem para remissão dos pecados. E são Paulo ensina que Cristo santifica pela Palavra de vida e purifica pelo Batismo de água a Igreja da qual Ele é o Esposo. São Paulo ensina também que somos batizados na morte de Cristo sendo sepultados em sua morte para andar em novidade de vida. Isto não quer dizer que a água seja a causa, nem sequer o instrumento da purificação e da regeneração, senão só que recebemos neste Sacramento o conhecimento de estes dons. Se diz que recebemos, obtemos e confessamos o que acreditamos que o Senhor nos dá, já seja que conheçamos estes dons pela primeira vez ou que, conhecendo-os de antes, nos persuadamos deles com maior certeza. O Batismo serve também a nossa confissão diante dos homens, pois é um sinal pelo qual, publicamente, fazemos profissão de nosso desejo de formar parte do povo de Deus, para servir e honrar a Deus numa mesma religião com todos os fiéis. E por quanto a aliança do Senhor conosco é principalmente confirmada pelo Batismo, por isso com toda razão batizamos também os nossos filhos, pois participam da aliança eterna pela que o Senhor promete que será não só nosso Deus, senão também o de nossa descendência.

Fonte: João Calvino. Breve Instrução Cristã, pag 33. Disponibilizado na SolideoGloria – Biblioteca Evangélica Virtual.

A Lei Natural - João Calvino

Se os gentios têm a justiça da lei da natureza gravada na mente, por certo que não diremos que são inteiramente cegos na maneira de conduzir a vida. E nada é mais generalizado que ser o homem suficientemente assistido, em relação à reta norma da vida, pela lei natural de que o Apóstolo aqui fala.

Portanto, a finalidade da lei natural é tornar o homem inescusável. E poderíamos defini-la adequadamente dizendo que é um sentimento da consciência mediante o qual discerne entre o bem e o mal o suficiente para que os homens não prextestem ignorância, sendo convencidos por seu próprio testemunho. A indulgência do homem para consigo mesmo é que, ao perpetrar o mal, sempre e de bom grado aparta a mente do senso de pecado, até onde permissível.

João Calvino

segunda-feira, 5 de março de 2012

A Quaresma e a Penitência na Tradição Protestante

PENITÊNCIA, na tradição protestante quer dizer ARREPENDIMENTO está ligado a EXAME DE CONSCIÊNCIA, CONTRIÇÃO e CONFISSÃO!

Dessa forma são atos penitenciais: O arrependimento (mudança de mentalidade/pesar por alguma falta cometida), a contrição (arrependimento sincero dos pecados cometidos) e a confissão (declaração ou admissão de que pecou).

Lutero, em sua 4ª tese fala diz o seguinte: o arrependimento, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desgastar a si mesmo, a saber, até à sua entrada para a vida eterna.

Segundo o pensamento de Ignacio Briantchaninov, "para crer em nosso Senhor Jesus Cristo é necessário o arrependimento; para habilitarmos nessa fé salvadora, é necessário o arrependimento; para avançarmos nela é necessário o arrependimento".

C.H. Spurgeon, pregador batista, diz em seus sermões que "Cristo ordenou o arrependimento", baseando-se no texto de São Marcos 1:15: "Arrependei-vos e credes no evangelho!"

O mesmo pregador, para ilustrar o sermão cita uma bela expressão de antigo crente no leito de morte: "Senhor, em arrependimento faze-me descer tão baixo como o inferno, em fé, ergue-me tão alto como o céu".

Vamos ao dicionário? Não é o Pentecostal de Línguas Estranhas!!!

Pena vem de penitência: arrependimento, pensar na reparação, contrição, sacrífico, expiação dos pecados ou da própria falta (dicionário Aurélio).

Quanto ao sacrífico, Cristo foi a oferta oferecida ao Pai. Quanto a expiação de nossos pecados, Cristo os levou sobre Si.

Interessante era o que ocorria nos sistemas penitenciários pensilvânicos, onde o preso só tinha contato com o Capelão do presídio e a única leitura autorizada era da Bíblia ou de um evangelho, para forçar um arrependimento ou o reconhecimento do erro e da falta cometida pelo recluso.

De fato Cristo tomou a nossa culpa cumpriu a nossa pena!!!

Contudo, nos convida ao arrependimento, a contrição, ao exame de consciência, a confessar os seus pecados em todo tempo.

O arrependimento deve ser constante na vida do homem!!!

A quaresma na visão do protestantismo é uma forma litúrgica de dar ênfase a esse arrependimento continuo não limitando-se ao tempo litúrgico, mas como diz Lutero, 'até a nossa entrada para a vida eterna".

sábado, 3 de março de 2012

Lançamento: Dicionário Pentecostal de Línguas Estranhas

Inédito: Dicionário Pentecostal de Línguas Estranhas é a obra mais completa de toda a história do pentecostalismo, agora reunida em um único livro!

Além de conhecer e interpretar as mais variadas línguas faladas nos cultos pentecostais, o leitor poderá conhecer o oculto e o escondido através do guia prático de revelações, visões, sonhos, simpatias e unções...

Nascido e criado no meio pentecostal, o autor foi membro, frequentou e participou de diversas igrejas pentecostais, "renovadas", salas de oração, cultos de mistérios e revelação, além de exercer o doutorado em escolas de profetas é, ainda, títular vitalício de varias cadeiras de orações, tanto no Brasil como no estrangeiro, por mais de 20 anos, dessa forma reuniu sua experiência para interpretar e catalogar as mais diversas línguas estranhas já faladas, assim foi possível completar e terminar a presente obra em dez anos, dando ao público a oportunidade de aprender a falar, bem como de interpretar as ditas línguas de "A" a "Z".

Devido ao apelo do público, o autor anexou na presente obra o guia prático de unções, entre elas: a unção do leão, muito utilizada por Ana Paula Valadão; a unção financeira, bastante utilizada por Morris Cerulo, e agora utilizada pelo tele-envagelista Silas Malafaia; a unção da properidade e do "tudo ou nada", bastante divulgada pela IURD, sem mencionar a unção da capa de Elizeu, da porção dobrada de Elias, do cai-cai, da Rosa Vermelha, da água do Rio Jordão e muitas outras...
Breve nas melhores lojas do ramo pentecostal!
Editora Ruído do Leão

quinta-feira, 1 de março de 2012

Patrística: São Basílio de Cesaréia

Hoje queremos recordar um dos grandes pais da Igreja, São Basílio, definido pelos textos litúrgicos bizantinos como um «luzeiro da Igreja», que foi um grande bispo do século IV e é admirado tanto pela Igreja do Oriente como pela do Ocidente por sua santidade de vida, pela excelência de sua doutrina e pela síntese harmoniosa de capacidades especulativas e práticas.

Nasceu por volta do ano 330, em uma família de cristãos, verdadeira igreja doméstica, que vivia em um clima de profunda fé. Estudou com os melhores mestres de Atenas e Constantinopla. Insatisfeito com os êxitos mundanos, ao perceber que havia perdido muito tempo em vaidades, ele mesmo confessa: "Um dia, como despertando de um sonho profundo, eu me dirigi à admirável luz da verdade do Evangelho..., e chorei sobre minha miserável vida" (cf. Carta 223: PG 32, 824a).

Atraído por Cristo, começou a ter olhos só para ele e a escutar só ele (cf. «Moralia» 80, 1: PG 31, 860bc). Com determinação, dedicou-se à vida monástica na oração, na meditação das Sagradas Escrituras e dos escritos dos Padres da Igreja e no exercício da caridade (cf. Cartas. 2 e 22), seguindo também o exemplo de sua irmã, Macrina, que já vivia a acética monacal. Depois foi ordenado sacerdote e, por último, no ano 370, consagrado bispo de Cesaréia de Capadócia, na atual Turquia.

Com a pregação e os escritos, desenvolveu uma intensa atividade pastoral, teológica e literária. Com sábio equilíbrio, soube unir ao mesmo tempo o serviço às almas e a entrega à oração e à meditação na solidão. Servindo-se de sua experiência pessoal, favoreceu a fundação de muitas «fraternidades» ou comunidades de cristãos consagrados a Deus, às quais visitava com freqüência (cf. Gregório Nazianzeno, «Oratio 43, 29 in laudem Basili»: PG 36, 536b). Com a palavra e os escritos, muitos dos quais ainda hoje se conservam (cf. «Regulae brevius tractatae», Proemio: PG 31, 1080ab), ele os exortava a viver e a avançar na perfeição. Desses escritos se valeram depois não poucos legisladores da vida monástica, entre eles, muito especialmente, São Bento, que considera Basílio como seu mestre (Cf «Regula» 73, 5).

Na verdade, são Basílio criou um monaquismo muito particular: não estava fechado à comunidade da Igreja local, mas aberto a ela. Seus monges faziam parte da Igreja local, eram o núcleo animador que, precedendo os demais fiéis no seguimento de Cristo e não só da fé, mostrava sua firme adesão a ele, o amor por ele, sobretudo nas obras de caridade.

Como bispo e pastor de sua estendida diocese, Basílio se preocupou constantemente pelas difíceis condições materiais nas quais os fiéis viviam; denunciou com firmeza o mal; comprometeu-se com os pobres e os marginalizados; interveio ante os governantes para aliviar os sofrimentos da população, sobretudo em momentos de calamidade; velou pela liberdade da Igreja, enfrentando os potentes para defender o direito de professar a verdadeira fé (cf. Gregório Nazianzeno, «Oratio 43, 48-51 in laudem Basili»: PG 36, 557c-561c). Deu testemunho de Deus, que é amor e caridade, com a construção de vários hospitais para necessitados (cf. Basílio, Carta 94: PG 32, 488bc), uma espécie de cidade da misericórdia, que tomou seu nome, «Basiliade» (cf. Sozomeno, «História Eclesiástica». 6, 34: PG 67, 1397ª). Nela fundem suas raízes os modernos hospitais para a atenção dos doentes.

Consciente de que "a liturgia é o cume ao qual tende a atividade da Igreja e ao mesmo tempo a fonte de onde emana toda sua força" («Sacrosanctum Concilium» 10), Basílio, ainda que se preocupava por viver a caridade, que é a característica da fé, foi também um sábio «reformador litúrgico» (cf. Gregório Nazianzeno, «Oratio 43, 34 in laudem Basili»: PG 36, 541c). Ele nos deixou uma grande oração eucarística [ou anáfora] que toma seu nome e que deu uma ordem fundamental à oração e salmodia: graças a ele, o povo amou e conheceu os Salmos e ia rezá-los inclusive à noite (cf. Basílio, «In Psalmum» 1,1-2: PG 29, 212ª-213c). Deste modo, podemos ver como liturgia, adoração e oração estão unidas à caridade, se condicionam reciprocamente.

Com zelo e valentia, Basílio soube opor-se aos hereges, que negavam que Jesus Cristo fosse Deus como o Pai (cF. Basílio, Carta 9, 3: PG 32, 272a; Carta 52, 1-3: PG 32,392b-396a; «Adversus Eunomium». Do mesmo modo, contra quem não aceitava a divindade do Espírito Santo, afirmou que também o Espírito Santo é Deus e "tem de ser colocado e glorificado junto ao Pai e o Filho" (cf. «De spiritu Sancto»: SC 17bis, 348). Por este motivo, Basílio é um dos grandes padres que formularam a doutrina sobre a Trindade: o único Deus, dado que é Amor, é um Deus em três Pessoas, que formam a unidade mais profunda que existe, a unidade divina.

Em seu amor por Cristo e seu Evangelho, o grande capadócio se comprometeu também por sanar as divisões dentro da Igreja (cf. Carta 70 e 243), buscando sempre que todos se convertessem a Cristo e à sua Palavra (cf. «De iudicio» 4: PG 31, 660b-661c).

Concluindo, Basílio se entregou totalmente ao fiel serviço da Igreja no multiforme serviço do ministério episcopal. Segundo o programa que ele mesmo traçou, converteu-se em "apóstolo e ministro de Cristo, dispensador dos mistérios de Deus, arauto do reino, modelo e regra de piedade, olho do corpo da Igreja, pastor das ovelhas de Cristo, médico piedoso, pai, cooperador de Deus, agricultor de Deus, construtor do templo de Deus" (cf. «Moralia» 80, 11-20: PG 31, 846b-868b).

No ano 379, Basílio, sem ter completado os cinqüenta anos, esgotado pelo cansaço e a ascese, voltou para Deus, «com a esperança da vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor» («De Batismo» 1, 2, 9). Foi um homem que viveu verdadeiramente com o olhar dirigido a Cristo, um homem do amor pelo próximo. Repleto de esperança e da alegria da fé, Basílio nos mostra como ser realmente cristãos.


Catequeses

Hoje desejo simplesmente relacionar-me com a última catequese, que tinha como tema a vida e os escritos de São Basílio, Bispo na actual Turquia, na Ásia Menor, no IV século. A existência deste grande Santo e as suas obras são ricas de temas de reflexão e de ensinamentos válidos também para nós hoje.

Antes de tudo a chamada ao mistério de Deus, que permanece a referência mais significativa e vital para o homem. O Pai é "o princípio de tudo e a causa de ser do que existe, a raiz dos vivos" (Hom. 15, 2 de fide: PG 31, 465c), e sobretudo é "o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" (Anaphora sancti Basilii). Remontando a Deus através das criaturas, nós, "tomamos consciência da sua bondade e da sua sabedoria" (Basílio, Contra Eunomium 1, 14; PG 29, 544b). O Filho é a "imagem da bondade do Pai e sigilo de forma igual a ele" (cf. Anaphora sancti Basilii). Com a sua obediência e com a sua paixão o Verbo encarnado realizou a missão de Redentor do homem (cf. Basílio, In Psalmum 48, 8: PG 29, 452ab; cf. também De Baptismo 1, 2: SC 357, 158).

Por fim, ele fala amplamente do Espírito Santo, ao qual dedicou um livro inteiro. Revela-nos que o Espírito anima a Igreja, a enche dos seus dons, a torna santa. A luz maravilhosa do mistério divino reflecte-se sobre o homem, imagem de Deus, e eleva a sua dignidade. Olhando para Cristo, compreende-se plenamente a dignidade do homem. Basílio exclama: "[Homem], consciencializa-te da tua grandeza considerando o preço derramado por ti: olha para o preço do teu resgate, e compreende a tua dignidade!" (In Psalmum 48, 8: PG 29, 452b). Em particular o cristão, vivendo em conformidade com o Evangelho, reconhece que os homens são todos irmãos entre eles; que a vida é uma administração dos bens recebidos de Deus, pelos quais cada um é responsável perante os outros, e quem é rico deve ser como um "executor das ordens de Deus benfeitor" (Hom. 6 de avaritia: PG 32, 1181-1196). Todos nos devemos ajudar, e cooperar como os membros de um corpo (Ep 203, 3).

E ele, nas suas homilias, usou também palavras corajosas, fortes sobre este ponto. De facto, quem segundo o mandamento de Deus deseja amar o próximo como a si mesmo, "não deve possuir nada mais de quanto possui o seu próximo" (Hom. in divites: PG 31, 281b).

Em tempos de carestias e de calamidades, com palavras apaixonadas o Santo Bispo exortava os fiéis a "não se mostrarem mais cruéis que as feras..., apropriando-se do que é comum, e possuindo sozinhos o que é de todos" (Hom. tempore famis: PG 31, 325a). O pensamento profundo de Basílio sobressai bem nesta frase sugestiva: "Todas os necessitados olham para as nossas mãos, como nós próprios olhamos para as de Deus, quando estamos em necessidade". É muito apropriado o elogio feito por Gregório de Nazianzo, que depois da morte de Basílio disse: "Basílio persuadiu-nos de que nós, sendo homens, não devemos desprezar os homens, nem ultrajar Cristo, cabeça comum de todos, com a nossa desumanidade para com os homens; antes, nas desgraças dos outros, devemos beneficiar nós próprios, e fazer empréstimo a Deus da nossa misericórdia, porque temos necessidade de misericórdia" (Gregório Nazianzeno, Oratio 43, 63; PG 36, 580b). São palavras muito actuais. Vemos como São Basílio é realmente um dos Padres da Doutrina Social da Igreja.

Além disso, Basílio recorda-nos que para manter vivo em nós o amor a Deus e aos homens é necessária a Eucaristia, alimento adequado para os Baptizados, capaz de alimentar as novas energias derivantes do Baptismo (cf. De Baptismo 1, 3: SC 357, 192). É motivo de imensa alegria poder participar na Eucaristia (Moralia 21, 3: PG 31, 741a), instituída "para conservar incessantemente a recordação daquele que morreu e ressuscitou por nós" (Moralia 80, 22: PG 31, 869b). A Eucaristia/Comunhão, imenso dom de Deus, tutela em cada um de nós a recordação do selo baptismal, e permite viver em plenitude e fidelidade a graça do Baptismo. Por isto o Santo Bispo recomenda a comunhão frequente, também quotidiana: "Comungar até todos os dias recebendo o santo corpo e sangue de Cristo é bom e útil; porque ele mesmo diz claramente: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna" (Jo 6, 54). Portanto, quem duvidará de que comungar continuamente da vida não seja viver em plenitude?" (Ep. 93: PG 32, 484b). A Eucaristia, em síntese, é-nos necessária para acolhermos em nós a verdadeira vida, a vida eterna (cf. Moralia 21, 1: PG 31, 737c).

Por fim, Basílio interessou-se naturalmente também daquela porção eleita do povo de Deus que são os jovens, o futuro da sociedade. A eles dirigiu um Discurso sobre o modo de tirar proveito da cultura pagã desse tempo. Com muito equilíbrio e abertura, ele reconhece que na literatura clássica, grega e latina, se encontram exemplos de virtude. Estes exemplos de vida recta podem ser úteis para o jovem cristão em busca da verdade, do modo recto de viver (cf. Ad Adolescentes 3). Por isso, é preciso tirar dos textos dos autores clássicos tudo o que é conveniente e conforme com a verdade: assim com atitude crítica e aberta de facto trata-se de um verdadeiro e próprio "discernimento" os jovens crescem em liberdade. Com a célebre imagem das abelhas, que tiram das flores apenas o que serve para o mel, Basílio recomenda: "Como as abelhas sabem tirar das flores o mel, diferenciando-se dos outros animais que se limitam a gozar do perfume e da cor das flores, assim também destes escritos... se pode obter algum proveito para o espírito. Devemos utilizar estes livros seguindo em tudo o exemplo das abelhas. Elas não vão indistintamente a todas as flores, nem sequer procuram tirar tudo das flores nas quais pousam, mas tiram só o que serve para a elaboração do mel, e deixam o resto. E nós, se formos sábios, tiraremos daqueles escritos o que se adapta a nós, e é conforme à verdade, e deixaremos o resto" (Ad Adolescentes 4). Basílio, sobretudo, recomenda aos jovens que cresçam nas virtudes, no recto modo de viver: "Enquanto os outros bens... passam deste para aquele como no jogo dos dados, só a virtude é um bem inalienável, e permanece durante a vida e depois da morte" (Ad Adolescentes 5).

Queridos irmãos e irmãs, parece-me que se pode dizer que este Padre de outrora fala também a nós e nos diz coisas importantes. Antes de tudo, esta participação atenta, crítica e criativa para a cultura de hoje. Depois, a responsabilidade social: este é um tempo no qual, num mundo globalizado, também os povos geograficamente distantes são realmente o nosso próximo. Portanto, a amizade com Cristo, o Deus com rosto humano. E, por fim, o conhecimento e o reconhecimento a Deus Criador, Pai de todos nós: só abertos a este Deus, Pai comum, podemos construir um mundo justo e um mundo fraterno.


Obra: Homilia Sobre Lucas 12 - Homilias Sobre a Origem do Homem - Tratado Sobre o Espírito Santo

Número de Páginas: 192
Editora: Paulus
Idioma: Português (Brasil)
ISBN: 8534914079
Dimensões do Livro: 20,5 x 13,5 x 1,5 cm


Fonte: Editora Ecclesiae
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