terça-feira, 30 de novembro de 2010

A IGREJA DE TODOS OS TEMPOS

Tudo começou em Jerusalém, com a pregação e ministério de Jesus, o Cristo de Deus, seu Filho Unigênito e Salvador do mundo.


Após a morte, ressurreição e subida aos Céus (Ascensão) do Senhor, foi-se fortalecendo a Igreja de Jerusalém, sob a direção dos próprios Apóstolos de Jesus, continuadores de sua obra.

Ao iniciar-se, porém, a perseguição judaica contra os cristãos, como lemos no livro dos Atos dos Apóstolos (Atos dos Apóstolos 7, 54-8,4) e o derramamento do sangue do primeiro mártir por Cristo, o diácono Santo Estevão, aproximadamente pelo ano 32 d.C., muitos cristãos deixaram Jerusalém e se dispersaram por toda a Judéia, Samaria, Antioquia e outras regiões, anunciando o Evangelho, e assim foram se formando as primeiras Comunidades, promovidas, posteriormente, a sedes episcopais e, por sua importância, patriarcais.

Sabe-se que os cristãos foram perseguidos tanto pelas autoridades judaicas, quanto pelo Império Romano que os via como praticantes de uma religião "não-autorizada", ilegal, razão pela qual os mesmos não tinham liberdade de culto, realizando suas reuniões nas casas e junto aos túmulos dos mártires (catacumbas).

Entrementes, a fé no Filho de Deus já havia chegado à Acaia, hoje Grécia, e à capital do império, Roma.

Tal situação, com maior ou menor rigor, perdurou até o ano 313, quando o Imperador Constantino, o Grande, pelo Edito de Milão, concedeu liberdade religiosa a todos.

O mesmo imperador Constantino fundou a cidade de Constantinopla (cidade de Constantino), onde antes existia o sítio de Bizâncio, na Ásia, onde hoje está a cidade de Istambul, na Turquia, cidade para a qual transferiu a sede do império, razão pela qual passou-se a falar em Império Bizantino, o Império Romano do Oriente, sob franca influência da cultura helênica. Constantinopla foi chamada "a nova Roma".

Já então a administração da Igreja estava estruturada, tendo à frente os Bispos, Presbíteros (Padres) e Diáconos, como atestou Santo Inácio de Antioquia pelo ano 107 d.C.

A partir de então, com a liberdade e oficialização concedidas pelo Império, a Igreja passou a se fortalecer e definir liturgicamente, passando, ainda, a enviar missionários aos não-cristãos.

A Igreja Cristã oriental foi profundamente marcada, de forma geral, pela época em que era a Igreja oficial do império.

Em 381 foi conferido ao Arcebispo da sede imperial, Constantinopla, o primado de honra e o título de Patriarca, colocando-o, em honra, logo depois do Bispo de Roma, e em 451 recebeu a igualdade em honra e primazia em relação ao mesmo. Finalmente, em 587 recebeu o título de Patriarca Ecumênico.

A par a Igreja de Constantinopla, as Comunidades Cristãs mais antigas, ou seja, as Igrejas de Jerusalém, Alexandria e Antioquia estavam igualmente organizadas quanto à hierarquia e corpo doutrinário, em comunhão com as igrejas irmãs.


Os Concílios Ecumênicos

Desde cedo a autoridade na Igreja foi exercida de forma colegiada, a exemplo do que fizeram os próprios apóstolos que convocaram o primeiro Concílio da história da Igreja (Atos dos Apóstolos 15, 5-21), na cidade de Jerusalém, no ano 49, para resolver a polêmica judaizante, na qual se decidiu desobrigar os cristãos das práticas judaicas.

E foi assim que a Igreja passou a dirimir dúvidas doutrinárias suscitadas pelo surgimento de ensinos errôneos, chamados heresias, com a convocação de Concílios Ecumênicos, assim chamados por contarem com a participação de representantes da Igreja em todo o mundo cristão e terem autoridade sobre todos os cristãos.

Foram em número de sete os Concílios Ecumênicos, pois após o sétimo a Igreja já havia sofrido a triste divisão Oriente-Ocidente e as assembléias eclesiásticasnão mais teriam caráter e autoridade universais, pois o termo "ecumêne" se refere a "toda a terra habitada", aplicando-se o termo, à época, a "todo o território do império".

Em 325, na cidade de Nicéia, se reuniu o Primeiro Concílio Ecumênico, para analisar as idéias de Ário (arianismo), sacerdote líbio radicado em Alexandria, que punha em questão a identificação plena de Deus em Cristo, afirmando que Jesus não era Deus "de forma perfeita". O Concílio proclamou, contra Ário, que Jesus Cristo era "da mesma natureza" que Deus Pai.

Em 381, na cidade de Constantinopla, realizou-se o Segundo Concílio Ecumênico para esclarecer a fé na Santíssima Trindade, estabelecendo os artigos do Credo (Profissão de Fé) que se havia preparado em Nicéia, dando-lhes formulação mais ampla e definitiva (este é o Credo Niceno-Constantinopolitano, recitado nas liturgias ortodoxas até nossos dias). Pronunciou-se este Concílio contra Macedônio, Arcebispo de Constantinopla, que dizia ser o Espírito Santo uma criatura de Deus, como os anjos. Destacou-se nesse Concílio a participação de três grandes Santos Padres: Basílio Magno, Gregório de Nissa e Gregório Teólogo (Nazianzeno).

O Terceiro Concílio Ecumênico realizou-se na cidade de Éfeso, no ano 431 e condenou o nestorianismo, doutrina errônea ensinada por Nestório, sacerdote e monge sírio que chegou à sé arquiepiscopal de Constantinopla e que ensinava haver duas pessoas em Jesus, uma humana e outra divina, razão pela qual a Virgem Maria não poderia ser chamada "Mãe de Deus" (Theotokos) e sim "mãe de Cristo" (Christotokos). Os Santos Padres ali reunidos definiram claramente a única pessoa de Jesus, o Cristo, com duas naturezas perfeitamente unidas: a divina e a humana, daí falar-se do Deus-Homem Jesus Cristo, e ser Maria a Mãe de Deus.

Em 451 se realizou o Quarto Concílio Ecumênico em Calcedônia, que se pronunciou contra Êutiques, um monge pouco instruído, porém influente, superior de um mosteiro próximo de Constantinopla, que pregava que em Cristo existia apenas uma natureza, a divina, e que Jesus, portanto, não era uma pessoa humana e não tinha uma alma como os outros. Ele cria que após a Encarnação, a natureza divina tinha absorvido a natureza humana em Jesus. Essa heresia da "natureza única" ficou conhecida como monofisismo. O Concílio afirmou a existência de duas naturezas (divina e humana) na pessoa única de Jesus, unidas sem confusão, mutação, divisão ou separação.

O Quinto Concílio Ecumênico se reuniu novamente em Constantinopla, no ano 553 e reafirmou a condenação do monofisismo.

O Sexto Concílio Ecumênico, realizado nos anos 680-681, novamente em Constantinopla, repeliu a heresia monotelita, o "monotelismo" (do grego "monos" = uma, "thelema" = vontade), proposição de que em Jesus havia apenas uma vontade, a divina, segundo o Patriarca Sérgio e o imperador de origem monofisita Heráclio.

O Sétimo Concílio Ecumênico (último) reunido em Nicéia no ano 787, teve a incumbência de explicar e legitimar o uso e veneração dos santos ícones (imagens) contra os "iconoclastas" ("destruidores de imagens"). Tal vitória é lembrada e comemorada a cada primeiro domingo da Quaresma em todas as Igrejas Ortodoxas, chamado "Dia da Ortodoxia" ou "Dia da Vitória".

A forma colegiada de governo permanece nas Igrejas Ortodoxas, tendo cada qual seu Santo Sínodo que se reúne periodicamente sob a presidência do Patriarca ou Arcebispo Primaz, com a Participação de todos os Bispos.

O "Cisma" e a Reconciliação

A triste separação entre os cristãos do Oriente e do Ocidente, que passou à história sob o título de "Grande Cisma" (não "Grande Cisma do Oriente", pois não se tratou de atitude unilateral) e que se concretizou no ano de 1.054, trouxe a perda de comunhão daquela que, até então, era a Igreja indivisa de Cristo.

Os fatores que, num lento processo, levaram à separação do Oriente e Ocidente cristãos são vários: políticos, culturais, eclesiásticos e doutrinários.

Após aquele ano os cristãos do Oriente passaram a ser chamados "ortodoxos" (do grego "orthos" = reto, correto e "doxa" = louvor), ou seja, aqueles que professam a fé correta e assim louvam a Deus; enquanto os cristãos do Ocidente passaram a ser chamados "católicos romanos" por sua ligação à Sé Apostólica Romana e pelo primado de honra da mesma.


A 07 de dezembro de 1.965, o Patriarca Ecumênico Atenágoras I e o Papa Paulo VI, em documento conjunto, sustaram oficialmente as excomunhões mútuas entre as igrejas irmãs, com a criação posterior de uma Comissão de Diálogo Teológico, uma vez que a caminhada fraterna já era realidade.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Igrejas orientais: tradição bizantina

O rito ou tradição bizantina é majoritária no oriente cristão. A ele pertencem cerca de 300 milhões de pessoas, em sua imensa maioria de obediência ortodoxa.

Historicamente, estão vinculados ao antigo Império bizantino e, portanto, ao Patriarcado de Constantinopla, ainda que ao longo dos séculos foram-se constituindo igrejas autocéfalas nos diferentes países. Destaca-se em número de fiéis o Patriarcado de Moscou.

Seria muito longo e alheio ao propósito desta série de artigos aprofundar nas causas que levaram ao Grande Cisma de 1054, que atualmente estão sendo objeto de discussão no Comitê de Diálogo Ecumênico entre Católicos e Ortodoxos.

O que todos os especialistas destacam é que o ato formal do cisma, a excomunhão entre o papa e Miguel I Cerulário, foi o ápice de um longo caminho de distanciamento entre Oriente e Ocidente, não apenas em questões canônicas e disciplinares, mas também litúrgicas, culturais e históricas.

Em todo caso, já desde o primeiro momento houve tentativas de reconstruir a unidade perdida, sem êxito. Depois o Ocidente viveria outro doloroso cisma, de Lutero, que voltaria sua atenção para longe da questão oriental durante séculos.

Das tensões entre ambas Igrejas e das vicissitudes dos séculos surgiram treze igrejas católicas de rito bizantino, especialmente na Europa Oriental, também conhecidas como “uniatas”.

A liturgia bizantina ou grega, a majoritária e mais seguida dos ritos orientais, é chamada também de Divina Liturgia, de uma grande beleza visual, pois dela participam também os ícones, a música, os ornamentos sagrados e a própria arquitetura, de forma que o fiel esteja “dentro” da liturgia.

Procede da liturgia que se celebrava em Antioquia, chamada “de Santiago”, e que foi reformada por São Basílio e São João Crisóstomo (século IV e V). Uma das importantes diferenças com o rito latino é o calendário festivo, juliano, que caminha 14 dias atrás do gregoriano ocidental.

A Sagrada Escritura está constantemente presente na liturgia, muito mais que no Ocidente. O jejum é praticado rigorosamente, especialmente durante a Grande Quaresma. Tem uma grandíssima veneração pela Virgem Maria, sob o título de Theotokos.

Em questão de disciplina eclesiástica, os sacerdotes podem ser homens casados (mas não podem contrair o matrimônio depois de sua ordenação, apenas antes). A língua litúrgica utilizada é o grego ou eslavo antigo, dependendo da influência russa ou grega.

Outra característica importante da igreja bizantina é a importância do monaquismo, das horas litúrgicas, e da devoção particular, por meio da chamada “oração do coração”.

Pastor pregando a "BRIBA"

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bispos dos EUA assinam acordo sobre batismo com igrejas protestantes

Um marco na história do ecumenismo no país!

BALTIMORE, sexta-feira, 19 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - A Conferência Episcopal dos Estados Unidos aprovou um acordo no qual reconhece como válido o batismo de quatro comunidades cristãs reformadas.

A Conferência votou, na última terça-feira, o Common Agreement on Mutual Recognition of Baptism (Acordo Comum de reconhecimento Mútuo do Batismo) durante a realização da Assembleia plenária que se realiza em Baltimore.

O acordo foi resultado de seis anos de estudo e debates entre os representantes da Conferência Episcopal norte-americana, a Igreja Presbiteriana dos EUA, a Igreja Reformada da América, a Igreja Reformada Cristã e a Igreja Unida de Cristo.

Dom Wilton Gregory, arcebispo de Atlanta e presidente do USCCB Committee for Ecumenical and Interreligious Affairs, afirmo una última terça-feira num comunicado que essa decisão pode ser considerada "um marco no caminho ecumênico".

"Junto com nossos irmãos e irmãs da Reforma" destas quatro igrejas, afirmou, "os bispos católicos podemos afirmar, mais uma vez, que o Batismo é a base da real, ainda que incompleta, unidade que temos".

"Nossa Conferência espera agora que os quatro organismos competentes das comunidades reformadas aprovem o acordo comum que fizemos", disse o arcebispo.

O prelado explicou que, assim que for aprovado pelas outras quatro denominações, o acordo "permitirá que os ministros católicos aceitem que o batismo realizado nestas comunidades seja ‘verdadeiro batismo', como se entende na doutrina e na lei católicas".

Comunhão
"A apresentação de um certificado de Batismo por parte dos cristãos reformados que desejem entrar em plena comunhão com a Igreja Católica ou casar-se com um católico assegura aos ministros que o Batismo, realizado por um ministro da Reforma, utilizou água corrente e a invocação bíblica de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo", argumentou o bispo.

A Conferência expressou, num comunicado de imprensa, que o acordo comum afirma que o Batismo é "o vínculo sacramental de unidade para o Corpo de Cristo, que se realiza uma só vez por um ministro autorizado, mas com água corrente, utilizando a fórmula trinitária das Escrituras ‘Pai, Filho e Espírito Santo'".

A mensagem declarou que outras conferências episcopais do mundo assinaram acordos semelhantes com as comunidades protestantes locais, mas este documento "não tem precedentes" na Igreja Católica nos Estados Unidos.

A Igreja Católica geralmente tem reconhecido a validez da maioria das principais comunhões cristãs, desde o Concílio Vaticano II. Entretanto, em 2002, O Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, incentivou as conferências episcopais a reunir-se com as comunidades cristãs locais para estudar, esclarecer dúvidas e perguntas sobre a reciprocidade das práticas nas diversas igrejas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tribunal egípcio ordena que Igreja Ortodoxa Copta permita divórcio e recasamento

CAIRO, Egito, 1º junho de 2010 (Notícias Pró-Família) - O Supremo Tribunal Administrativo do Egito decidiu em 29 de maio que a Igreja Ortodoxa Copta tem a obrigação de permitir que seus membros se divorciem e recasem. O tribunal, presidido pelo Juiz Mohammed Husseini, baseou sua decisão na lei constitucional que sustenta que o “direito à formação familiar é um direito constitucional, que está acima de todas as outras considerações”. A decisão efetivamente invalidou um recurso legal de Shenouda III, papa da Igreja Ortodoxa Copta, contra a decisão de um tribunal inferior que aprovou o pedido da litigante Hani Wasfi Naguib de se recasar.
Em sua decisão, o juiz Husseini disse que “Pela lei, um cristão pode recasar e a constituição garante seus direitos de ter uma (nova) família. Rejeitamos o recurso do Papa Shenouda III de impedir os coptas de recasar”. O veredicto do Supremo Tribunal Administrativo é final e não são mais possíveis recursos.
O Bispo Armia, secretário do Papa Shenouda, disse numa declaração que embora a Igreja Ortodoxa Copta respeite o judiciário egípcio e suas decisões, “não há força na terra que possa obrigar a Igreja a violar os ensinos da Bíblia e as leis da Igreja, baseados em ‘O que Deus uniu, que nenhum homem separe’”. Armia acrescentou que a lei islâmica garante o direito aos coptas, que compõem 10% dos 78 milhões de pessoas no Egito, de seguir suas próprias leis livres de interferência estatal em seus assuntos internos. “Adotaremos medidas legais para desafiar a recente decisão do tribunal que permite que os coptas recasem”, declarou Armia. Ele se referiu à possibilidade de autoridades da igreja apresentarem uma petição ao Tribunal Constitucional para revogar a decisão na base de que violou o direito de a Igreja Copta conduzir seus assuntos de acordo com sua própria constituição.
A parlamentar copta Ibtessam Habib disse para os meios de comunicação que a Bíblia representa a constituição copta e é firme na santidade do casamento. “Essa decisão só servirá para aumentar o número de divórcios entre os coptas”, avisou ela. O advogado copta Mamdouh Ramzi disse que o divórcio e o recasamento são permitidos na tradição copta somente em certos casos, tais como onde há o envolvimento de adultério. Mas ele explicou que os assuntos conjugais estão sob a jurisdição exclusiva da igreja, pois o casamento civil sem cerimônia religiosa não é reconhecido no Egito.
O Dr. Naguib Gobraeel, presidente da União Egípcia dos Direitos Humanos e assessor legal da Igreja Copta, disse para a Agência Noticiosa Assíria Internacional que “a decisão não é compulsória, pois uma licença para casar está dentro da jurisdição central da autoridade religiosa baseada na Bíblia. Não há controle ou supervisão nesse aspecto puramente religioso de qualquer autoridade”.

Informações de contato: Embaixada da República Árabe do Egito em Brasília
Embaixador Dr. Ahmed Hassan Ibrahim Darwish
SEN Av. das Nações Lote 12 - Cep: 70.435-900 - Brasília, DF
Telefone: (55 61) 3323-8800, Fax: (55 61) 3323-1039, e-mail: embegito@opengate.com.br
Traduzido por Julio Severo Fonte: Pró Família Artigo original em inglês

Quais são os idiomas originais da Bíblia?

Foram utilizados três idiomas diferentes na escrita dos diversos livros da Bíblia: o hebraico, o grego e o aramaico. Em hebraico consonantal foi escrito todo o Antigo Testamento, com exceção dos livros chamados deuterocanônicos, e de alguns capítulos do livro de Daniel, que foram redigidos em aramaico. Em grego comum, além dos já referidos livros deuterocanônicos do Antigo Testamento, foram escritos praticamente todos os livros do Novo Testamento. Segundo a tradição cristã, o Evangelho de Mateus teria sido primeiramente escrito em hebraico, visto que a forma de escrever visava alcançar os judeus.

O hebraico utilizado na Bíblia não é todo igual. Encontramos em alguns livros o hebraico clássico (por ex. livros de Samuel e Reis), em outros um hebraico mais rudimentar e em outros ainda, nomeadamente os últimos a serem escritos, um hebraico elaborado, com termos novos e influência de outras línguas circunvizinhas. O grego do Novo Testamento, apesar das diferenças de estilo entre os livros, corresponde ao chamado grego koiné (isto é, o grego "comum" ou "vulgar", em oposição ao grego clássico), o segundo idioma mais falado no Império Romano.

A primeira tradução latina da Bíblia foi a Vetus Latina, baseada na Septuaginta, e, portanto, contendo livros não incluídos na Bíblia hebraica. O Papa Dâmaso I montaria a primeira lista de livros da Bíblia, no Concílio de Roma em 382 d.C. Ele pediu a São Jerónimo que produzisse um texto confiável e consistente, traduzindo os textos originais em grego e hebraico para o latim. Esta tradução ficou conhecida como a Bíblia Vulgata Latina, antes disso havia grande confusão e divergência sobre os textos bíblicos a serem aceitos pelos cristãos e, em 1546, o Concílio de Trento a declarou como a única Bíblia autêntica e oficial no rito latino da Igreja Católica.

domingo, 14 de novembro de 2010

A Tradição dos Apóstolos foi fielmente conservada

"Em primeiro lugar [Inácio de Antioquia], acautelava-se a conservar firmemente a tradição dos apóstolos que, por segurança, julgou necessário fixar ainda por escrito. Estava já prestes a ser martirizado." (História Eclesiástica Livro III, 36,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Em teu favor, não hesitarei em aditar às minhas explanações que aprendi outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei fielmente, a fim de corroborar a manifestação da verdade." (Pápias Bispo de Hierápolis, - ou - 120 d.C).

"Pápias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos apóstolos por meio dos que com eles conviveram; declara, além disso, ter sido ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com freqüência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que transmitiram.Não foi ocioso ter dito tais coisas. É justo acrescentar às palavras supramencionadas de Pápias umas narrações ainda de fatos extraordinários e outras que chegaram até ele por meio da tradição." (História Eclesiástica Livro III, 39,7-8. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Floresciam nesta época na Igreja [tempo do Imperador Vero, por volta de 140 d.C], Hegesipo, já conhecido pelas narrações precedentes; Dionísio, bispo de Corinto; Pintos, bispo de Creta. Além disso, Filipe, Apolinário, Melitão, Musano e Modesto, e sobretudo Ireneu. Através de todos eles, chegou até nós por escrito a ortodoxia da tradição apostólica, a verdadeira fé." (História Eclesiástica Livro IV, 21. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Ora, sob [o episcopado de] Clemente, grave divergência surgiu entre os irmãos de Corinto. A Igreja de Roma enviou aos coríntios importante carta, exortando-os à paz e procurando reavivar-lhes a fé, assim como a tradição que, há pouco tempo, ela havia recebido dos apóstolos." (História Eclesiástica Livro IV, 6,3. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Esses mestres [Policarpo, Ireneu, Pápias, Justino, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, entre outros pois a lista é grande], que guardaram a verdadeira tradição da feliz doutrina recebida, como que transmitida de pai a filho, oriunda imediatamente dos santos Apóstolos Pedro e Tiago, João e Paulo (poucos são, contudo os filhos semelhantes aos pais), chegaram até nossos dias, por dom de Deus, a fim de lançar as sementes de seus antepassados e dos apóstolos em nossos corações" (História Eclesiástica Livro V, 11,5. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

"Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras ainda agora representam a tradição da doutrina apostólica" (História Eclesiástica Livro III, 37,4. Eusébio de Cesaréia, + ou - 317 d.C).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sobre o Batismo de Crianças

"Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade" (Irineu, 202dC - Contra Heresias II,22,4).

"Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas" (Hipólito, 215 dC, Tradição Apostólica 21,16).

"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Orígenes, ano 248 - Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5,9)

"Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças" (Cipriano, ano 248 - Carta a Fido).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

HISTORIA DA IGREJA: APONTAMENTOS

01 Introdução: Podemos aprender da história? / O que é a Igreja? / Importância de estudar a história da igreja

02 O Crescimento da Igreja: Duas frentes / Império Romano e Oriente / Por que a igreja cresceu?

03 As Perseguições: Perseguição judaica / Perseguição Romana / Razões e Resultados da Perseguição.

04 Os Apologistas: Cristianismo e Judaismo / Cristianismo e Paganismo / Cristianismo e Cultura.

05 Ortodoxia e Heresia: Heresias: Gnosticismo, Montanismo e Marcionismo / O Desafio da Ortodoxia.

06a O Cânon, o Credo e os Bispos - parte 1:
Cânon: Antigo Testamento / Novo Testamento / Princípio do Reconhecimento.

06b O Cânon, o Credo e os Bispos - parte 2: Credos (dos apóstolos, regra da fé) / Bispos / Igrejas mais importantes.

07 Os Pais da Igreja: Ante-nicenos, Nicenos e Pós-nicenos / Ortodoxos? / Nomes Importantes.

08a Os Cristãos Primitivos - Parte 1: Culto na Igreja Primitiva / Dia do Senhor / Batismo / Batismo Infantil.

08b Os Cristãos Primitivos - Parte 2: Vida Cristã (casamento, trabalho) / No Mundo, Mas Não Do Mundo.

09 A Igreja no Quarto Século:
A Igreja no Império Romano (Constantino e Eusébio) / A Igreja fora do Império.

10 Primórdios do Monasticismo: Antônio / Pacômio / Monasticismo no Oriente / Monasticismo no Ocidente / Avaliação

11 Donatismo: O Problema / Apostasia sob Décio / "Traidores" na perseguição de omiciano / Donatismo.

12 O Concílio de Nicéia: A Divindade de Cristo / Arianismo / O Concílio de Nicéia / Atanásio.

13 3 Teólogos, 2 Imperadores e 1 Concílio: Os Grandes Capadócios / Dois Imperadores / Concílio de Constantinopla.

14 Ambrósio, Jerônimo e Crisóstomo: Ambrósio - bispo de Milão / Jerônimo / Crisóstomo - o "boca de ouro".

15 Agostinho: As Confissões / O Grandioso Resgate da Doutrina da Graça de Deus / A Controvérsia Pelagiana.

16 O Concílio de Calcedônia: Debate sobre as duas naturezas / Concílio de Calcedônia / Após Calcedônia

17 A Alta Idade Média - Mais 500 Anos.

18 A Expansão da Igreja Cristã: Missões Medievais / 4 Grandes Centros Missionários / Avaliação da Expansão.

19 Conhecimento e Teologia: Não há grandes nomes / Importantes centros de conhecimento / Debates teológicos.

20 Ortodoxia Oriental: A Igreja dos Sete Concílios / Teólogos / Ênfases / Os Ícones / O Grande Cisma.

21 Mais 500 Anos - o terceiro período: África / Ásia / Ortodoxia Oriental / Catolicismo Romano.

22 Monasticismo Medieval: Monasticismo Beneditino / Novas Ordens / Franciscanos / Dominicanos.

23 As Cruzadas: Contexto / Por Quê? / Cruzada das Crianças / Resultados / Missionários.

24 Os Valdenses:
Contexto / Por Quê?

25 Teologia Escolástica e Tomás de Aquino: O Que É? / Anselmo / Abelardo / Pedro Lombardo / Tomás de Aquino / Avaliação do Escolasticismo.

26 O Sistema Sacramental

27 Igreja e Estado: A Questão da Autoridade / As Armas da Igreja / Cativeiro Babilônico / Grande Cisma.

28 Misticismo e a Devoção Moderna: Ênfases / 3 Pontos Principais / Alguns Místicos / Devoção Moderna / Avaliação do Misticismo.

29 Wycliffe, Hus e Savonarola: Estrelas da Manhã da Reforma / Wycliffe / Jan Hus / Savonarola.

30 O Ocaso da Idade Média: A Quebra da Síntese da Idade Média / O Renascimento (Renascença).

31 Contexto da Reforma: Contexto Político e Social da Europa / Grandes Descobrimentos / Turcos Otomanos / A Igreja.

32 Erasmo e os Humanistas: Humanistas Importantes / Erasmo de Roterdã / Erasmo vs. Lutero.

33 Martinho Lutero: O Soldado / Altos e Baixos / Inimigos / A Palavra Fez Tudo / Família / Erros / Solas / Romanos 1:17 / Metodologia / Melanchton.

34 Zwinglio: Zurique / 67 Artigos / Soli Deo Gloria / Zwinglio vs. Lutero / Bullinger.

35 Radicais da Reforma: Alemanha / Anabatistas / Menno Simmons / São antepassados dos batistas?

36 Calvino: Genebra / Estrasburgo / Família / Genebra de novo / Serveto / Comentários / Institutas da Religião Cristã.

37 Reforma na Inglaterra: Igreja Anglicana - Reis e Rainhas / Anglicanismo / Líderes da Reforma.

38 John Knox e a Reforma na Escócia: Origens / Inglaterra e Alemanha / Genebra com Calvino / Escócia.

39 A Reforma Católica Romana: Contra-reforma / Companhia de Jesus / Espanha - bastião do catolicismo / Concílio de Trento.

40 Resultados da Reforma: Divisão, Reforma e Avivamento.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Igreja Ortodoxa ou Igrejas Ortodoxas?

Para os católicos romanos, a partir de sua própria visão de Igreja, ou pelo menos a que lhes fora ensinada, é importante sabe que a Igreja Ortodoxa é a única estrutura juridicamente organizada, "similar" à Igreja Católica Romana. Por isto é comum se dizer: “ambos (ortodoxos e católicos) são a mesma coisa”.

O Papa João Paulo II disse em sua Carta Apostólica "Orientale Lumen" de 02 de maio de 1995:

Visto que, de fato, acreditamos que a veneranda e antiga tradição das Igrejas Orientais é parte integrante do patrimônio da Igreja de Cristo, a primeira necessidade para os católicos é conhecê-la para se poderem nutrir dela e, na maneira possível a cada um, favorecer o processo da unidade.

Os nossos irmãos orientais católicos têm viva consciência de que são os portadores, juntamente com os irmãos ortodoxos, desta tradição. É necessário que também os filhos da Igreja Católica de tradição latina possam conhecer em plenitude este tesouro e sentir assim, juntamente com o Papa, a paixão por que seja restituída à Igreja e ao mundo a manifestação plena da catolicidade da Igreja, que não se exprime apenas por uma única tradição, nem tampouco por uma comunidade contra a outra; e para que também a todos nós seja concedido saborear plenamente aquele patrimônio divinamente revelado e indiviso da Igreja universal , que se conserva e cresce na vida tanto das Igrejas do Oriente como das do Ocidente.

No entanto, apesar das recomendações do Papa João Paulo II, existe na América Latina uma grande ignorância (mesmo entre Padres e até entre Bispos) do que é a Igreja Ortodoxa, sua irmã original.
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