sábado, 29 de agosto de 2009

Evangélicos Pedem censura a documentário sobre Jesus

Pesquisadores afirmam ter encontrado possível sepultura do Messias e sua família. De acordo com o bispo Alberto Quezada, o fato ofende os cristãos por apresentar um Cristo morto, e não resurreto como registrado na Bíblia.


Os evangélicos chilenos entraram com um recurso para impedir a exibição no país de um documentário sobre o túmulo de Jesus, anunciada pela cadeia Discovery Channel.

O recurso foi apresentado por advogados que representam a Unidade Evangélica do Chile e pretendem impedir que seja exibido no país o documentário "O sepulcro esquecido de Jesus", do diretor James Cameron.

Para Alberto Quezada, bispo presidente da Unidade Evangélica, o documentário "ofende gravemente nossa honra ao apresentar a figura de Jesus Cristo de uma forma distinta à tradição bíblica, negando sua ressurreição, que é base de nossa fé".

O recurso está dirigido contra Discovery Channel e das empresas pagas de televisão VTR, Telefônica Chile e Directv, que disponibilizam em sua programação a emissora internacional.

O mesmo documentário, quando exibido no Brasil, também gerou muita polêmica e discussão

Sinopse

Análises científicas realizadas em ossuários de pedra calcária e evidências físicas encontradas em uma tumba de dois mil anos, em Talpiot, Jerusalém, indicam que essa sepultura pode ter contido os restos mortais de Jesus de Nazaré e sua família. Este documentário inédito, assinado pelos cineastas James Cameron e Simcha Jacobovici, revela com exclusividade o que pode se tratar do maior achado arqueológico da História. A produção apresenta as últimas evidências sugeridas por especialistas renomados internacionalmente, baseadas em inscrições em aramaico, análises de DNA, ciência forense, arqueologia e estatística. Entre as maiores descobertas relatadas pelo programa, está a evidência de que Jesus e Maria Madalena possam ter concebido um filho chamado Judas.

Segundo o documentário, a tumba de Talpiot continha, originalmente, 10 ossuários, nove dos quais ainda estão sob a guarda da instituição Israel Antiquity Authority (IAA ? Autoridade de Antigüidades Israelense). Seis dessas caixas, datadas do primeiro século d.C., apresentam inscrições com nomes que constam do Novo Testamento — "Jesus, filho de José", "Maria," "Maria Madalena", "Mateus", "José" e "Judas, filho de Jesus."

"Essa tem sido uma jornada de três anos mais extraordinária do que qualquer filme de ficção", disse Jacobovici. "A idéia de se ter possivelmnete encontrado a tumba de Jesus e de vários membros de sua família, com evidências científicas convincentes, vai muito além do que eu poderia imaginar".

"Fizemos nosso trabalho, documentamos o caso; agora, chegou a hora do debate", comentou James Cameron.

O doutor Carney Matheson, do Laboratório de Paleo-DNA da Universidade de Ontário, Canadá, conduziu análise mitocondrial de DNA em partículas microscópicas de material colhido dos ossuários de "Jesus, filho de José" e "Mariamene e Mara" (em grego, que sugere o nome "Maria Madalena"). Os testes concluem que ambos não eram geneticamente relacionados. "Pelo fato de ser tumba reservada a membros de uma mesma família, é possível deduzir que se trata de um casal".

Como mostra o documentário, Jacobovici e sua equipe usam câmeras robóticas para localizar a tumba. Acreditava-se que ela tivesse sido destruída, mas na verdade ela se encontrava no centro de um moderno complexo de apartamentos, em Jerusalém. Depois de entrar rapidamente na tumba, os arqueólogos tiveram que seguir o regulamento local e a lacraram, com a esperança de um dia retornar e conduzir suas análises.
Fonte: Elnet/ Discovery Brasil / Guia-me

Video do documentário clique aqui e veja o trecho de "O sepulcro esquecido de Jesus"

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Conhecendo os heróis gregos

Na mitologia grega, os heróis (semi-deuses) eram personagem que estavam numa posição intermediária entre os homens e os deuses gregos. Possuíam poderes especiais superiores aos dos humanos (força, inteligência, velocidade), porém eram mortais. De acordo com a mitologia grega, os heróis eram filhos de deuses com seres humanos.

Os heróis aparecem em várias histórias mitológicas da Grécia Antiga. Utilizando suas capacidades especiais, são capazes de vencer monstros, combater vários guerreiros inimigos e atuar em missões que seriam impossíveis aos mortais. Por outro lado, os heróis apresentavam alguns defeitos humanos (psicológicos e corporais).

Principais hérois da mitologia grega e seus feitos


- Aquiles: participou do cerco da cidade de Tróia, ajudando na vitória grega. Era um excelente guerreiro, com muitas qualidades nesta área. Seu ponto fraco era o calcanhar. Morreu ao ser atingido neste local, por uma flecha arremessada por Paris. Este evento ocorreu durante a Guerra de Tróia.

- Herácles (Hércules) - a força física era a principal qualidade deste herói. Suas façanhas estão presentes nas histórias sobre os Doze Trabalhos de Hércules. Derrotou monstros e cumpriu vários desafios que seriam impossíveis para os humanos. Era filho de Zeus e Alcmena.

- Teseu - venceu o Minotauro no labirinto de Creta.

- Agamenon - guerreiro valente e forte, foi o guerreiro comandante na Guerra de Tróia.

- Perseu - foi o herói que conseguiu decapitar a Medusa.

- Ajax: herói guerreiro que também atuou nas batalhas da Guerra de Tróia.

- Édipo: único a conseguir, com sua inteligência superior, decifrar o enigma da Esfinge. Tounou-se rei de Tebas.

- Cadmo:
venceu o dragão que controlava a cidade de Tebas.

- Atlanta: heroína grega que participou da caçada ao javali de Caridon.

sábado, 15 de agosto de 2009

Lula e outras autoridades nos 150 anos da Igreja Presbiteriana no Brasil

Um dia histórico, é assim que podemos definir a manhã de quarta-feira, 12 de agosto. Dia em que o presidente Luis Inácio Lula da Silva veio ao Rio de Janeiro especialmente para participar da solenidade comemorativa dos 150 anos da Igreja Presbiteriana no Brasil. Ao lado do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes, do senador Marcelo Crivella, e do deputado federal Arolde de Oliveira, Lula reconheceu a importância da igreja para o país.

"A determinação e a fé de vocês e de todos os seus antecessores transformaram a igreja Presbiteriana em uma das igrejas mais importantes do Brasil. A semente lançada pelo missionário Simonton germinou em nossa terra. Por isso quero dar os parabéns à Igreja Presbiteriana pelos seus 150 anos", disse o presidente durante seu discurso.

Quebrando o protocolo, o presidente resolveu falar de improviso e falou sobre a importância da igreja na formação do indivíduo. "Na minha opinião, todas as crianças deveriam ter a oportunidade de serem criadas freqüentando uma igreja. Mesmo que depois elas escolhessem não ficar, mas crianças que freqüentam igrejas se tornam cidadãos regidos pela moral e pela ética, porque possuem um encontro com Deus", declarou Lula, que ainda afirmou que muitos poderiam chamá-lo de conservador, mas segundo ele, a degradação da família em nosso país tem sido alarmante.

Antes da fala do presidente, também discursaram o senador Marcelo Crivella, que ressaltou a importância da igreja Presbiteriana no contexto educacional do Brasil, através de suas escolas e universidades. O prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes, falou sobre a participação da igreja nas transformações da cidade, e destacou o fato da própria Catedral Presbiteriana (no Centro da cidade) ser uma jóia arquitetônica. E o governador Sérgio Cabral, reconheceu a força e a seriedade da igreja, ressaltando ainda, o caráter ilibado dos líderes da igreja.

Estiveram presentes na solenidade diversas autoridades políticas, além de toda a imprensa. Discursaram ainda o reverendo Roberto Brasileiro, o reverendo Ludgero Bonilho e o reverendo Guilhermino Cunha. A pedido do presidente, foi levantada uma oração em favor da saúde do vice-presidente José de Alencar, e da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Ao final, o deputado federal Arolde de Oliveira falou sobre a importância desse momento: "Hoje é um dia histórico e muito especial, não apenas para os presbiterianos, mas para todos nós evangélicos. A presença do presidente, do governador e do prefeito do Rio de Janeiro, comprovam a importância da igreja no contexto social e político do nosso país. Por isso renovo meu agradecimento por esses 150 anos e peço a Deus por mais 150 anos da Igreja Presbiteriana no Brasil".

O culto de gratidão foi noticiado pela imprensa brasileira e recebeu destaque no Jornal Nacional, da Rede Globo.


Fonte: Grupo MK / IGEVA
Defensores do Futuro - Por um Mundo Melhor!
Em vez de tentar fugir da realidade, que tal enfrentá-la?

sábado, 8 de agosto de 2009

Declaração dos Direitos Sexuais

A sexualidade é parte integral da personalidade de todo ser humano. Seu pleno desenvolvimento depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais como o desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.

A sexualidade é construída por meio da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O pleno desenvolvimento da sexualidade é essencial para o bem-estar individual, interpessoal e social.

Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade, dignidade e igualdade inerentes a todos os seres humanos. E uma vez que a saúde é um direito humano fundamental, a saúde sexual deve ser um direito humano básico. Para assegurar que os seres humanos e as sociedades desenvolvam uma sexualidade saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados e defendidos de todas as maneiras por todas as sociedades. A saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exerce estes direitos sexuais.

1. O Direito à Liberdade Sexual – A liberdade sexual abrange a possibilidade dos indivíduos em expressar plenamente seu potencial sexual. No entanto, estão excluídas todas as formas de coerção, exploração e abuso sexuais em qualquer época ou situações da vida.

2. O Direito à Autonomia, Integridade e Segurança Sexual do Corpo – Este direito inclui a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual dentro do contexto da ética pessoal e social. Também inclui a capacidade de controle e prazer de nossos corpos, livres de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo.

3. O Direito à Privacidade Sexual – É o direito às decisões e aos comportamentos individuais exercidos na intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais de outros.

4. O Direito à Eqüidade Sexual – Este direito se refere à oposição a todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião ou limitação física ou emocional.

5. O Direito ao Prazer Sexual – O prazer sexual, incluindo o auto-erotismo, é uma fonte de bem-estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.

6. O Direito à Expressão Sexual Emocional – A expressão sexual é mais que um prazer erótico ou os atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar sua sexualidade por meio da comunicação, do contato, da expressão emocional e do amor.

7. O Direito à Livre Associação Sexual – Significa a possibilidade de se casar ou não, de divorciar-se e de estabelecer outros tipos de associações sexuais responsáveis.

8. O Direito às Decisões Reprodutivas Livres e Responsáveis – É o direito de decidir sobre ter ou não ter filhos, o número e o período entre cada um, e o direito ao total acesso a métodos de regulação da fertilidade.

9. O Direito à Informação Baseada no Conhecimento Científico – A informação sexual deve ser gerada por meio da pesquisa científica livre e ética, e disseminada de modo apropriado em todos os níveis sociais.

10. O Direito à Educação Sexual Integral – Este é um processo que inicia no nascimento e dura toda a vida, e que deveria envolver todas as instituições sociais.

11. O Direito à Saúde Sexual – O cuidado com a saúde sexual deve estar disponível para a prevenção e o tratamento de todos os problemas, inquietações e transtornos sexuais.


Fontes:
http://www.worldsexology.org

Aristóteles (384-322 a.C.)

Nasceu em Estagira (por isso chamado "o Estagirita"), na Macedônia, em 384 a.C. Viveu em Atenas desde 367, filho de Nicômaco, médico do rei Amintas II da Macedônia (pai de Filipe), descendente de uma das famílias de Asclépiades, eram famílias que se dedicavam à arte da medicina e cujos ensinamentos eram transmitidos de pai a filho. Foi por vinte anos discípulo de Platão. Com a morte do mestre, instalou-se, provavelmente instigado por Platão, em Assos, na Tróade, na corte do tirano Hérmias de Atarnéia. Ali inicia os seus ensinamentos e elaborar suas pesquisa biológicas ao mesmo tempo em que participa da vida política, o que virá acarretar em um primeiro exílio com o assassinato de Hérmias. É chamado em 343 à corte de Filipe da Macedônia para cuidar da educação de seu filho, que passaria à história como Alexandre o Grande. Pouco depois da morte de Alexadre, Aristóteles retorna à Atenas, onde funda o Liceu, escola rival da Academia, Aristóteles ensinava sob um pórtico. Durante 13 anos dedicou-se ao ensino e à elaboração da maior parte de suas obras. Se com Platão a filosofia já havia alcançado extraordinário nível conceitual, pode-se afirmar que Aristóteles - através do rigor de sua metodologia, pela amplitude dos campos em que atuou e por seu empenho em considerar todas as manifestações do conhecimento humano como ramos de um mesmo tronco - foi o primeiro pesquisador científico no sentido atual do termo.

Todas as obras publicadas por Aristóteles se perderam, com exceção da Constituição de Atenas, descoberta em 1890. As obras conhecidas resultaram de notas para cursos e conferências do filósofo, ordenadas por alguns discípulos e depois, de forma mais sistemática, por Adronico de Rodes (c. 60 a.C.).
As principais obras de Aristóteles, agrupadas por matérias, são:
(1) Lógica: Categorias, Da interpretação, Primeira e segunda analítica, Tópicos, Refutações dos sofistas;
(2) Filosofia da natureza: Física;
(3) Psicologia e antropologia: Sobre a alma, além de um conjunto de pequenos tratados físicos;
(4) Zoologia: Sobre a história dos animais;
(5) Metafísica: Metafísica;
(6) Ética: Ética a Nicômaco, Grande ética, Ética a Eudemo;
(7) Política: Política, Econômica;
(8) Retórica e poética: Retórica, Poética.
Aristóteles compreendeu a necessidade de integrar de forma coerente o pensamento anterior a sua própria pesquisa. Por isso começa procurando resolver as contradições do conhecimento do ser acumuladas por seus antecessores: unidade e multiplicidade, percepção intelectual e percepção sensível, identidade e mudança, problemas fundamentais, ao mesmo tempo, do ser e do conhecimento.

O projeto de Aristóteles visa, em última análise, restabelecer a unidade do homem consigo mesmo e com o mundo, tanto quanto o projeto de Platão, baseado numa visão do cosmos. Entretanto, Aristóteles censura Platão por ter seguido um caminho ilusório, que retira a natureza do alcance da ciência. Aristóteles procura apoio na psicologia. O ser existe diferentemente na inteligência e nas coisas, mas o intelecto ativo, que é atributo da primeira, capta nas últimas o que elas têm de inteligível, estabelecendo-se dessa forma um plano de homogeneidade.

Com a morte de Alexandre (323), Aristóteles teve de fugir à perseguição dos democratas atenienses, refugiando-se em Cálcide, na Eubéia, onde morreu em 322 a.C.

RESENHA DE OBRAS (Os Pensadores)

*TÓPICOS – Integra o Organon – conjunto de escritos lógicos de Aristóteles – e examina os argumentos que partem de opiniões geralmentes aceitas. Aqui se situa a dialética, na concepção aristotélica: a arte da discussão e do confronto de opiniões, importante exercício intelectual que prepara o espírito para a construção da ciência. As atuais pesquisasobre a lógica do pensamento não formalizável, desenvolvidas pela Teoria da Argumentação ou Nova Retórica, ressaltam o interesse dos Tópicos para a compreensão da estrutura da argumentação utilizada não apenas pela linguagem corrente, como também pela Publicidade, pela Jurisprudência, pelas CiênciasSociais e pela Filosofia

* DOS ARGUMENTO SOFÍSTICOS
Complementam os Tópicos e investigam os principais tipos de argumentos capciosos: aqueles que são um simulacro da verdade, aparentando ser genuínos quando de fato são falsos.

* METAFÍSICA
Uma das obras que mais influenciaram o desenvolvimento da filosofia ocidental, Aristóteles investiga as causas do surgimento da especulação filosófica, a partir de outras atividades humanas, e oferece sua interpretação crítica das doutrinas dos filósofos que o antecederam - preparando a exposição de suas próprias idéias.


* ÉTICA A NICÔMACO
Aplicando à análise do agir humano seus postulados metafísicos. Aristóteles discute conceitos éticos fundamentais, como felicidade e virtude, detendo-se na apreciação de várias virtudes particulares.


* POÉTICA
O que é poesia, suas diferentes espécies, suas origens, a comédia e a tragédia, poesia e história - são alguns dos temas dessa obra de Aristóteles que marcou profundamente os estudos posteriores sobre a arte literária.

Linha do tempo
384 a.C. – Aristóteles nasce em Estagira, Macedônia situada hoje no nordeste da Grécia. O pai era um médico reconhecido - ou seja, um cientista. Se chamava Nicômaco e era amigo do rei da Macedônia Amintas II, Pai de Felipe.

367 a.C. – Aos 17 anos Aristóteles se muda para Atenas com intuito de estudar na Academia de Platão, onde foi um brilhante estudante. Platão estava com 61 anos de idade.

356 a.C. – Nasce Alexandre, filho de Felipe (rei da Macedônia).

347 a.C. – Morre Platão e Espeusipus se torna o novo diretor da Academia. Aristóteles deixa Atenas e se muda com outros colegas da Academia para Assos (hoje situada no litoral da Turquia). Neste período Aristóteles se casa com Pithias, filha de Herméias, rei de Assos e que também freqüentou a Academia de Platão. Aristóteles tem uma filha que assim como a mãe também é chamada Pithias.

344 a.C. – Herméias é deposto. Aristóteles se muda para Mytilene nas ilhas de Lesbos. Se associa com Teofrastos, um nativo desta cidade e também formado pela academia de Platão e faz importantes estudos em biologia.

343 a.C. – Filipe, rei da Macedônia, convida Aristóteles para morar em sua residência e ser o tutor de seu filho Alexander (mais tarde, O Grande) que tem 13 anos de idade.

335 a.C. – Felipe morre. Alexandre sobe ao trono. Aristóteles volta para Atenas e funda a sua própria escola, o Liceu. Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o Lykeion, (termo que deu origem a palavra Liceu) cujos alunos ficaram conhecidos como peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das regiões conquistadas. O trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de então: filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e não só estabeleceu as bases de tais disciplinas quanto a metodologia científica. Durante este período Pythias morre e Aristóteles se casa com Herpyllis que também era nativa de Estagira. Com ela Aristóteles tem um filho chamado Nicômaco.

323 a.C. – Após estender suas conquistas ao Egito, à Síria, Pérsia e Índia, Alexandre o Grande Morre (na Índia); por causa do sentimento antimacedônico, Aristóteles se vê obrigado a sair de Atenas pela última vez.

322 a.C. – Aristóteles morre em Cálsis, na Eubéia.



DICA DE SÍTIO VIRTUAL: http://www.obrasdearistoteles.net
Segue abaixo descrição deste site (ou sítio como bem falam nossos irmãos lusitanos). É necessário cadastrar-se para ter acesso ao material lá disposto. ‘O objetivo do projeto OBRAS COMPLETAS DE ARISTÓTELES consiste em tornar acessível ao leitor português a totalidade da coleção aristotélica, aí incluídos os cerca de trinta tratados completos que subsistiram até aos nossos dias, os textos que, de modo fragmentário, foram transmitidos pela tradição e ainda as sete obras apócrifas que circularam em época tardia sob o nome de Aristóteles. Ao propor-se levar a cabo a tradução coletiva deste conjunto, o presente projeto torna-se, a nível mundial, o primeiro e, até ao momento, o único a englobar a integralidade do legado aristotélico. Este projeto é promovido pelo Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com a colaboração de outros institutos de investigação científica nacional, e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. A publicação é assegurada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda. No portal www.obrasdearistoteles.net encontra-se, para além da descrição do projeto, do plano e calendário da edição e do elenco dos colaboradores e instituições participantes, uma base de dados com a bibliografia fundamental de e sobre Aristóteles, em permanente atualização, e o texto completo de todos os volumes publicados, o qual será disponibilizado ao mesmo tempo que a entrada em circulação da versão em papel. Compreensivelmente, esta última facilidade está reservada a investigadores, docentes, alunos de graduação e pós-graduação, intercâmbio com outras instituições ou situações análogas expressamente tipificadas. Para beneficiar dela, deverá o interessado inscrever-se através do formulário existente para o efeito. As propostas serão atentamente consideradas. Todas as sugestões, correções e críticas são bem-vindas. Agradece-se em especial a colaboração no desenvolvimento da bibliografia, que se deseja tão completa quanto possível.’
É NECESSÁRIO SE CADASTRAR

Fonte: Todas as fontes constam na postagem LINHA DO TEMPO DA FILOSOFIA

Sócrates (470 - 399 a.C.)

Sócrates não fundou uma escola como diversos outros filósofos. Era um pregador que ensinava em locais públicos e não escreveu nada de seus pensamentos. Suas idéias chegaram até nós através dos escritos dos seus discípulos, principalmente Platão que faz de Sócrates porta voz de muitas de suas idéias, sendo difícil separar o pensamento dos dois. O mesmo ocorre com os outros autores que escreveram sobre Sócrates.


O Conhecimento do Homem

Ele acreditava na imortalidade da alma e que ele próprio recebeu em sua vida uma missão do deus Apolo para que ele defendesse o Conhece-te a Ti Mesmo. Dessa forma a filosofia torna-se um incessante exame de si e dos outros colocando o homem e os seus problemas como centro dos interesses da filosofia. A sabedoria passa a ter como objeto de pesquisa o homem. A Sabedoria Humana é o quanto o homem pode saber sobre o próprio homem. Sócrates busca responder a questão de qual é o ser, a natureza última, a essência do homem. A essa pergunta Sócrates responde que o homem é a sua alma, e a alma do homem é a sua razão. A alma do homem é a sua consciência. A alma é o que dá ao homem a sua personalidade intelectual e moral. Cuidar de si mesmo é cuidar da própria alma mais do que do corpo. O educador tem assim por tarefa ensinar os homens a cuidar da própria alma. Sócrates considerava-se um educador e como tal tinha por tarefa ensinar as pessoas a cuidar da alma mais do que do corpo e das riquezas. Ele buscava a virtude e a virtude não nasce da riqueza nem do culto ao corpo, tão próprio dos atenienses da época. O corpo tem que ser um instrumento da alma, da sabedoria. Conhecer a si mesmo é conhecer a própria alma.


A missão de Sócrates é conhecer a realidade humana, investigar o homem e a sua alma. A filosofia deve levar o homem a conhecer a si mesmo, conhecer os seus limites, as suas possibilidades. Busca a justiça e a solidariedade. A relação do homem com ele e com os outros e a relação dos outros com ele. Para ele o limite de sua sabedoria era a sua própria ignorância ? Só sei que nada sei. Os erros que cometemos em nossa vida são culpa da nossa ignorância. Não se proclamava sábio e tentava fazer com que as pessoas se sentissem ignorantes e que admitissem a sua ignorância e fazia isso através do perguntar e do questionar, Sócrates tanto fez isso que conquistou diversas inimizades.


A Virtude

Para Sócrates as pessoas deveriam concentrar os seus esforços em serem virtuosos, para si mesmos, para seus amigos e para a comunidade a que pertencem pois a virtude deve ser conquistada também pelo grupo humano, pela polis. Esse é um dos motivos pelo qual não fugiu da sua sentença de morte, acreditava que fugir da sua comunidade e da sentença que ela lhe impôs era deixar de ser virtuoso e isso era ir contra todos os seus princípios.


Para os gregos a virtude era a qualidade essencial que faz do ser o que ele é, assim é virtuoso o homem que tenta ser bom e perfeito utilizando a razão e o conhecimento para atingir esse objetivo porque essas qualidades são próprias do homem. O contrário da virtude é o vício que é caracterizado basicamente pela ignorância que é a ausência da razão e do conhecimento.


O melhor modo do homem virtuoso viver segundo Sócrates é buscando o desenvolvimento da sua razão e do seu conhecimento e não buscando riquezas materiais que geralmente desviam o homem do caminho da virtude. A virtude é o bem mais precioso que a pessoa pode ter. Os reais valores não estão ligados ao que é exterior ao homem como a fama o poder e a riqueza, nem aos atributos do corpo como a beleza e o vigor físico mas nos atributos da alma que são caracterizados principalmente pelo conhecimento. Os outros valores quando estiverem ligados ao conhecimento também podem ser virtuosos.


O homem para ser virtuoso não precisa renunciar aos prazeres, a virtude deve levar o homem a uma vida perfeita não a negação dessa vida.


A Maiêutica

É a forma encontrada por Sócrates para fazer com que as pessoas através da interrogação feita de forma organizada e direcionada cheguem ao conhecimento. A Maiêutica é um estímulo para a pesquisa, através dela ele buscava fazer "parir" nas pessoas as idéias, os conhecimentos. Ele próprio se declarava sem sabedoria e não criou nenhuma organização metodológica e doutrinal. Era o parteiro das idéias nos outros e não podia parir conhecimentos em si mesmo.


Através da Maiêutica a pessoa que parece ignorante pode achar em si conhecimentos que desconhecia ter, Sócrates somente ajuda a pessoa nessa pesquisa, mas não lhe ensina nada.


Política

Sócrates era contrário a aristocracia democrática, defendia que a república deveria ser governada por filósofos. Pensava também que em algumas situações os tiranos podem até ser mais legítimos que a democracia. Os filósofos seriam os perfeitos governadores do estado pois somente eles tem a capacidade de entender os mais profundos conhecimentos.

Religião

Ele não era ateu mas afirmava que acreditava em uma divindade particular, filha dos deuses tradicionais que ele chamava daimonion que era um ser inferior aos deuses mas superior aos homens. Mesmo assim ele era contra os deuses nos quais a cidade acreditava.


Sócrates se dizia atormentado por essa voz divina interior que ele ouvia não tanto para o indicar a pensar e agir, mas para o dissuadir de fazer determinada ação.


Para ele os cultos religiosos devem fazer parte da vida de todos os cidadãos. Aconselha as pessoas a que sigam os cultos e aos costumes da sua cidade. Os deuses são a expressão do princípio divino. Esse princípio divino pode trazer aos homens o supremo bem que é a virtude. A religião pra Sócrates é a sua filosofia. Seu Deus é a inteligência que pode conhecer todas as coisas e que pode também ordenar essas coisas.


Sentenças

- Eu digo cidadãos que me haveis matado, que uma vingança recairá sobre vós, logo depois da minha morte, bem mais grave do que aquela pela qual vos vingastes de mim, matando-me. Hoje, vós fizestes isso na esperança de que vos tereis libertado de ter que prestar contas de vossa vida. No entanto, vos acontecerá inteiramente o contrário: eu vo-lo predigo. Não serei mais somente eu, mas muitos a vos pedir contas.

- Você sabe onde se vende peixe? Sim, no mercado. E sabe aonde os homens se tornam virtuosos? Não. Então me siga.

Fonte: http://www.filosofia.com.br

O Mito da Caverna - Platão

Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimato, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco – Estou vendo.

Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco - É bem possível.

Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco - Sim, por Zeus!

Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?

Glauco - Assim terá de ser.

Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco - Muito mais verdadeiras.

Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco - Com toda a certeza.

Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.

Glauco - Necessariamente.

Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco - Por certo que sim.

Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco - Sem nenhuma dúvida.

Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.

Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.

(Platão, A República, v. II p. 105 a 109)



Interpretação da alegoria

Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptiveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.

O Banquete - Platão: O mito de Eros.

Platão em O Banquete (um livro/dialogo de Platão), retrata o Mito de Eros da seguinte forma:

O Banquete

Estavam presentes a esse banquete, entre outras pessoas, Aristodemo, amigo e discípulo de Sócrates; Fedro, o jovem retórico; Pausânias; o médico Eriximaco; Aristófanes, o comediante que ridicularizava Sócrates e o político Alcibíades. Estava também presente o velho Sócrates.
Devido ao exagero cometido na festa do dia anterior, sobretudo o excesso de bebida, fatigara os convidados de Agaton. Pausânias propôs então que em lugar de beberem, ficassem ali a conversar, a discutir ou que cada um fizesse algo “diferente”.

Essa proposta de Pausânias foi aceita por todos. Ao que Eriximaco acrescentou que se fizesse elogios a Eros, no qual os convidados deveriam fazer um discurso para louvar o amor, porém Sócrates, um dos presentes, resolve que antes de falar sobre o bem que o amor causa e seus frutos deveriam definir antes o que é o amor. Há uma passgem sobre o significado do amor. Sócrates é o mais importante dentre os homens presentes. Ele diz que na juventude foi iniciado na filosofia do amor por Diotima de Mantinea, que era uma sacerdotisa. Diotima lhe ensinou a genealogia do amor.

O primeiro a discursar sobre o assunto é Fedro, seguido por Pausânias, que afirma que há mais de um Eros, divindo-o entre bem e mal, real e divino. Após segue Eriximaco, segundo ele o amor não exerce influência apenas nas almas, mas dá, ainda, harmonia ao corpo.

O próximo a discursar foi Aristófanes que começa seu discurso advertindo que sua forma de discursar será diferente. Faz de imediato uma denúncia à insensibilidade dos homens para com o poder miraculoso de Eros, e sua conseqüente impiedade para com um deus tão amigo. Para conhecer esse poder, ele diz que é preciso antes conhecer a história da natureza humana e, dito isto, passa a narrar o mito da nossa unidade primitiva e posterior mutilação. Segundo Aristófanes, havia inicialmente três gêneros de seres humanos; os quais eram duplos em si mesmos: havia o gênero masculino masculino masculino, o feminino feminino feminino e o masculino feminino masculino, o qual era chamado de andrógeno. Nas palavras do poeta:

É então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantado nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. Cada um de nós portanto uma téssera complementar de um homem, porque cortado com os linguados, de um só em dois; e procura cada um o seu próprio complemento. (O Banquete)

Assim, aqueles que foram um corte do andrógeno, tanto o homem quanto a mulher, procuram o seu contrário. Isto explica o amor heterossexual. E aquelas que foram o corte da mulher, o mesmo ocorrendo com aqueles que são o corte do masculino, procurarão se unir ao seu igual. Aqui Platão apresenta uma explicação para o amor homossexual e trans-sexual feminino e masculino, tratando como algo natural ou normal. Quando estas metades se encontram, sentem as mais extraordinárias sensações, intimidade e amor, a ponto de não quererem mais se separar, e sentem-se a vontade de se “fundirem” novamente num só. Esse é o nosso desejo ao encontramos a nossa cara metade.

O amor para Aristófanes e Platão é portanto o desejo e a procura do todo perdido por causa da nossa injustiça contra os deuses. O último a elogiar o amor foi Agaton, o anfitrião do banquete. Ao contrário dos que o precederam, Agaton não se propõe enaltecer os benefícios que o Eros faz ao homem, mas sim cantar o próprio deus e a sua essência, passando em seguida a descrever-lhe o “dote”. Após toda essa longa lista de adjetivação atribuídas a Eros, nota-se o quanto o poeta se distancia de sua proposta inicial e de seu preceito metodológico.

Finalmente chega a hora de Sócrates discursar, e fala que sendo o Amor, amor de algo esse algo é por ele certamente desejado. Mas este objeto do amor só pode ser desejado quando lhe falta e não quando possui, pois ninguém deseja aquilo de que não precisa mais.

O que deseja, deseja aquilo de que é carente, sem o que não deseja, se não for carente(O Banquete )

Aqui, na fala de Sócrates Platão coloca seu apontamento crucial sobre o conceito de amor, onde, o que se ama é somente “aquilo” que não se tem. E se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. O “objeto” do amor sempre está ausente, mas sempre é solicitado. A verdade é algo que está sempre mais além, sempre que pensamos tê-la atingido, ela se nos escapa entre os dedos. Essa inquietação na origem de uma procura, visando uma paixão ou um saber, faz do amor um filósofo. Sendo o Amor, amor daquilo que falta, forçosamente não é belo nem bom, visto que necessariamente o Amor é amor do belo e do bom. Não temos como desejar aquilo que temos. E no mesmo diálogo, Platão ainda fala a sobre a origem de Eros (através do mito narrado por Diotima de Mantineia a Sócrates) segundo o qual Eros teria a natureza da falta justamente por ser filho de Recurso e Pobreza.

Platão deixa entrever também no Banquete, que é em termos relacionais que Eros deve ser pensado, não em termos absolutos. Não se deve compreender o amor como absoluto, mas como relativo, pois é amor de alguma coisa. O amor estabelece relação entre quem ama e aquele que é amado, assim como a opinião certa medeia à sabedoria e a ignorância.

No texto, Platão retira de Eros (Amor) a condição de deus, e transforma-o em um selo, um intermediário entre os Deuses e os mortais. O amor como ligação. Segundo relatos do texto de Platão e de alguns de seus companheiros, o amor é o um um dos maiores bens do homem (junto com o inteligência e a sabedoria), não é nem bom nem mal em si mesmo, como pratica. Ainda existe uma explicação e ‘naturalização’ do amor bissexual e do amor homossexual. Platão relaciona o amor com a verdade, pois quando se ama não é somente exercer o poder sobre alguém ou demonstrar força, mas trata-se de saber ser correspondido, ou seja, trata-se da verdade.

Para alguns intérpretes, o conceito de amor em Platão (em O Banquete) é um amor irracional e explicado pela natureza.

Referências
(Disponível em: http://www.algosobre.com.br/mitologia/eros.html. Acesso em 5 de abril, 2009; [S. I]. Wikipédia. Disponível em: Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Banquete. Acesso em 4 de abril, 2009.)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Édipo: O herói grego mais famoso depois de Hércules.

Édipo, o trineto de Cadmo, é hoje talvez o herói grego mais famoso depois de Hércules; ele é famoso por ter resolvido o enigma da Esfinge, mas ainda mais notório por sua relação incestuosa com sua mãe. Na antiga Grécia era famoso por ambos os episódios, mas o maior significado era como o modelo do herói trágico, cuja estória incluía os sofrimentos universais da ignorância humana - a falta da compreensão da pessoa sobre quem ela é sua cegueira em face do destino.

Édipo nasceu em Tebas, filho de Laio, o rei, e sua esposa Jocasta. Devido ao oráculo ter predito que Laio encontraria a morte nas mãos de seu próprio filho, o jovem Édipo foi entregue a um pastor do Monte Citéron, com os tornozelos perfurados de modo que não pudesse se mover. Esta foi a origem de seu nome que significa "pé inchado". Entretanto, o bom pastor não conseguia abandonar a criança, entregando-a então a outro pastor do lado oposto da montanha. Este pastor, por sua vez, levou a criança a Pólibo, rei de Corinto, o qual não tendo filhos, ficou feliz em criar o menino como sendo seu filho. Enquanto Édipo crescia, era ameaçado com comentários sobre não ser filho legítimo de Pólibo; apesar de Pólibo ter lhe assegurado que o era, Édipo decidiu-se finalmente a viajar para Delfos e consultar o oráculo. O oráculo não revelou quem eram seus pais verdadeiros, mas contou-lhe que estava destinado a matar seu pai e casar com sua mãe. Horrorizado, e tão chocado que esqueceu completamente suas próprias dúvidas sobre seus pais, deixou Delfos resolvido a nunca mais retornar a Corinto, onde viviam Pólibo e sua esposa.

Desconhecido para Édipo, seu pai verdadeiro Laio estava também viajando nas redondezas de Delfos. Num local onde três estradas se encontravam, Édipo se viu ao lado da carruagem de Laio; um membro da escolta de Laio ordenou rudemente que Édipo saísse do caminho, e este, sem disposição para obedecer, vociferou de volta. Ao passar a carruagem, o próprio Laio golpeou Édipo com um bastão e este respondeu derrubando Laio do veículo e o matando. Esqueceu, então, o incidente e continuou o seu caminho.

Voltando as costas a Corinto, acabou chegando em Tebas, a cidade de Laio, a qual estava sendo aterrorizada pela Esfinge, um monstro parte leão alado, parte mulher, que fazia uma pergunta que confundia: "O que é que anda com quatro pernas, duas pernas e três pernas?" Aqueles que tentaram e falharam em solucionar a charada eram jogados pela Esfinge num precipício, cujo fundo estava literalmente tomado por ossos das vítimas. Quando a morte de Laio se tornou conhecida em Tebas, o trono e a mão da rainha de Laio foram oferecidos ao homem que pudesse solucionar a charada e livrar a região da terrível Esfinge. Para Édipo a charada não ofereceu problema; rapidamente identificou seu sujeito como um "homem, que como um bebe engatinha de quatro, acaba crescendo e andando em duas pernas e com a idade necessita do suporte de uma terceira perna, uma bengala". Quando a Esfinge escutou esta resposta, ficou tão enraivecida e mortificada que se jogou no precipício causando sua morte.

Os cidadãos de Tebas receberam Édipo com deferência e o fizeram seu rei; casou-se com Jocasta e por muitos anos viveram em perfeita felicidade e harmonia. Édipo mostrou-se um governante sábio e benevolente, Jocasta deu-lhe dois filhos, Etéocles e Polínece, e duas filhas, Antígona e Ismênia. Eventualmente, entretanto, outra praga se abateu sobre a região de Tebas, e é neste ponto que começa a grande tragédia de Sófocles, Édipo Rei. A colheita estava morrendo nos campos e hortas, os animais estavam improdutivos, as crianças doentes e os bebês em gestação definhavam, enquanto os deuses estavam surdos a todos os apelos. Creonte, irmão de Jocasta, retornou de sua consulta ao Oráculo de Delfos, que ordenava que a maldição seria levantada apenas quando o assassino de Laio fosse trazido a justiça. Édipo, imediatamente e de maneira enérgica, tomou a tarefa de encontrá-lo, e como primeiro passo consultou o profeta cego Tirésias. Tirésias reluta em revelar a identidade do assassino, mas é levado gradualmente a se enfurecer pelas insinuações de Édipo sobre ter algo a ver com a morte. Acaba revelando que o próprio Édipo é o pecador que trouxe a maldição sobre a cidade; também profetiza que Édipo, que se considera tão inteligente e de visão larga, se recusará a aceitar a verdade de suas palavras, se recusará a reconhecer quem realmente é e o que tinha feito.

Édipo, enraivecido, suspeita que seu cunhado Creonte está mancomunado com Tirésias para assumir o trono; Creonte também nada pode dizer para acalmá-lo. Jocasta tenta acalmar a situação: é impossível que Édipo tenha morto Laio, diz ela, pois este foi morto numa encruzilhada de três estradas. Subitamente Édipo lembra seu encontro casual com um homem velho perto de Delfos; questionando Jocasta sobre a aparência de Laio (estranhamente, se parecia com o próprio Édipo) e o número de elementos na sua escolta, percebe que Laio foi provavelmente a sua vítima. Enquanto espera pela confirmação de um elemento da escolta que retornava a Tebas, um mensageiro chega de Corinto com a notícia que Pólibo tinha morrido de morte natural; Édipo, ainda não suspeitando de toda a extensão de seu crime, fica feliz por aparentemente ter se livrado de pelo menos uma parte da profecia do oráculo, mas resolve ter cautela antes que acabe se casando com sua mãe.

O mensageiro bem intencionado, ansioso em confortá-lo, assegura a Édipo que Pólibo e sua esposa não eram seus pais; o próprio mensageiro tinha recebido Édipo, então um bebê, das mãos de outro pastor do Monte Citéron e o entregou a Pólibo. Mesmo agora Édipo não consegue fazer a correta conexão, e enquanto a aterrorizada Jocasta tenta em vão persuadi-lo a parar a investigação, persiste nos seus esforços para chegar ao fundo do mistério e ordena que o pastor de Laio, agora um velho, seja trazido a sua presença. Por uma casualidade do destino, este homem é também a única testemunha ainda viva da morte de Laio. Quando finalmente aparece, o completo horror da situação finalmente chega a Édipo; o homem admite que tomou o filho de Laio e com pena o entregou ao pastor de Pólibo, ao invés de o deixar morrer. Esta criança era Édipo, que agora tinha sucedido seu pai no trono e no leito.

Jocasta não esperou pelo desfecho; tinha ido antes de Édipo para o palácio, e quando a seguiu, com o que parecia uma intenção assassina, descobriu que tinha se enforcado. Arrancando os broches de ouro do vestido dela, golpeia seguidamente seus olhos com eles, até que o sangue corra pela sua face. Como pode olhar para o mundo, agora que consegue ver a verdade? O coro da peça mostra a moral da estória: por mais seguro que um homem possa se sentir, mesmo sendo rico, poderoso e afortunado, ninguém pode se sentir seguro de escapar de um desastre; não é seguro chamar qualquer pessoa de feliz deste lado do túmulo.

Apesar de Ter solicitado a Creonte um banimento imediato, não foi permitido a Édipo partir de Tebas por vários anos, até que sua punição tivesse sido confirmada por um oráculo. Na ocasião em que foi mandado embora, estava muito menos ansioso para partir. Agora já um velho, estava condenado a vagar de lugar em lugar, pedindo comida e abrigo, suas passadas cegas guiadas por suas filhas Antígona e Ismênia. Apesar de elas trazerem algum conforto e alegria para ele, seus filhos, Polínice e Etéocles, estavam cada vez mais afastados dele, de seu tio Creonte e um do outro. Tinha sido combinado que se alternariam no governo, um ano para cada um, mas, quando o primeiro ano de Etéocles terminou, este se recusou a entregar o trono a seu irmão. Polínice se refugiou em Argos, onde agrupou a sua volta uma equipe de seis outros campeões, com os quais se propôs a sitiar sua cidade natal. É esta a situação no início da obra Édipo em Colona, de Sófocles, quando Édipo, chegando ao fim de sua vida, chega aos olivais de Colona, um distrito nos arredores de Atenas.

Ajudado por Antígona, Édipo se refugia num altar para aguardar a chegada de Teseu, rei de Atenas, quando Ismênia chega com notícias de Tebas. As facções rivais dos irmãos ficam a cada dia mais nervosas, e um oráculo se pronunciou dizendo que o lado que conseguisse o apoio de Édipo seria o vencedor. Édipo, igualmente irritado com Creonte e com seus dois filhos, está seguro que não apoiará qualquer um dos lados; podem lutar entre si, esperando que destruam um ao outro no processo. Quando Teseu chega, portanto, Édipo solicita que lhe seja permitido terminar seus dias em Atenas. Teseu escuta com atenção seu pedido e oferece a Édipo um local mais confortável, mas Édipo deseja permanecer no local onde está. Surge então Creonte, determinado a fazer Édipo acompanhá-lo de volta a Tebas, mas apenas à fronteira da cidade, de modo a ainda evitar a maldição de ter Édipo realmente no solo Tebano, para manter sua facção protegida de sua proximidade. Quando Édipo recusa a pretensão de amizade e rejeita a oferta imediatamente, Creonte se torna violento e ameaça levar Édipo a força; já tinha capturado Ismênia, e agora seus soldados tinham levado Antígona para muito longe de seu indefeso pai.

Teseu, retornando bem a tempo de evitar que Édipo seja retirado de seu altar, critica asperamente as ações de Creonte e promete devolver as filhas a Édipo; ordena que Creonte volte a Tebas. Chega então Polínice, juntamente com uma razão política para desejar a proteção de seu pai, o qual tinha ajudado a expulsar de Tebas; também é rejeitado, e Édipo anuncia sua intenção de permanecer em Colona até o fim de seus dias. A peça termina de maneira dramática: após Édipo desaparecer no arvoredo sagrado, um mensageiro emerge para contar seu fim miraculoso, testemunhado apenas por Teseu. Édipo, anuncia-se, tinha transferido as bênçãos que poderia ter dado a Creonte ou Polínice para Atenas, a qual seria daí em diante protegida por sua presença.

O ataque a Tebas feito por Polínice e seus aliados é o assunto da peça Sete contra Tebas, de Ésquilo. Sete campeões lideraram o ataque nos sete portões de Tebas, calhando a Polínice tomar o portão defendido por seu irmão Etéocles. Apesar dos tebanos finalmente repelirem o ataque sobre sua cidade, os dois irmãos morrem pelas espadas um do outro, cumprindo assim a praga de seu pai e prosseguindo a triste saga da casa de Édipo.

A ação dramática de Antígona de Sófocles começa neste ponto da estória. Com os dois herdeiros masculinos de Édipo mortos, Creonte assume o título de rei de Tebas. Decreta que, enquanto Etéocles devesse ser sepultado com toda a cerimônia, o traidor Polínice deveria ser deixado no local onde tombou, para ter seu corpo destruído pelos cães e pássaros predadores. Creonte mandou montar guarda ao lado do corpo para certificar-se que seu édito seria cumprido; logo seus soldados retornariam com Antígona, que tinha sido apanhada atirando punhados de terra sobre os restos desfigurados de seu irmão, num esforço de fornecer-lhe um sepultamento simbólico. Quando desafiada quanto a sua desobediência, replicou que as leis dos deuses, que dizem que os parentes sejam sepultados, são irrevogáveis e imutáveis, devendo ter precedência sobre a lei dos homens. Na sua Antígona, Sófocles utiliza o mito para explorar este conflito entre a lei humana e a divina: o que uma pessoa comum deve fazer quando duas destas leis entram em conflito? Apesar de, por fim, a resposta parecer ser que a lei divina deve ser obedecida a qualquer custo, esta conclusão não é de nenhuma forma evidente no início. Enquanto Antígona é mostrada como uma mulher forte e pouco feminina que não está feliz me permanecer no reino feminino tradicional do lar, mas aventura-se desafiando as leis de seu guardião masculino, Creonte aparece inicialmente como um homem que tenta fazer o máximo para governar a cidade pela regra do rei.

Quando Antígona não mostra qualquer remorso por seu crime, Creonte ordena que seja sepultada viva, um método cruel de execução calculado para absolvê-lo de responsabilidade direta pela morte. Neste ponto o noivo de Antígona, Hêmon filho de Creonte, vem a Creonte pedir pela sua vida, argumentando que a punição é bárbara e politicamente ruim, pois Antígona tem grande possibilidade de tornar-se heroína entre o povo de Tebas. Creonte, entretanto, permanece inflexível, como as árvores que não se curvarão frente corrente nas margens de um rio alagado, ou o marinheiro que não retirará suas velas antes da borrasca; assim, dá instruções para que a punição prossiga. Apenas quando aparece o profeta Tirésias, e revela a zanga dos deuses e a terrível punição que se abaterá sobre Creonte se persistir nesta ação, é que Creonte finalmente aceita o conselho e liberta Antígona da prisão. Nesciamente, como resultante, detém-se enquanto ia ao sepultamento de Etéocles e apenas chega ao túmulo para encontrar Hêmon segurando o corpo de Antígona - tinha se enforcado em sua cinta. Hêmon então volta sua espada contra seu próprio peito. Creonte retorna a sua casa recebendo a notícia que sua esposa Eurídice tinha se suicidado, amaldiçoando seu marido no seu leito de morte. Esmagado pela tragédia que o tinha atingido de maneira tão súbita, Creonte é conduzido para longe, deixando o coro refletindo sobre o fato da maior parte da felicidade ser a sabedoria, em conjunto com a devida reverência aos deuses.

Hércules: O maior de todos os heróis gregos

Hércules (ou Héracles), o maior de todos os heróis gregos, era filho de Zeus e Alcmena. Alcmena era a virtuosa esposa de Anfitrião e, para seduzi-la, Zeus assumiu a forma de Anfitrião enquanto este estava ausente de casa. Quando seu marido retornou e descobriu o que tinha acontecido, ficou tão irado que construiu uma grande pira e teria queimado Alcmena viva, se Zeus não tivesse mandado nuvens para apagar o fogo, forçando assim Anfitrião a aceitar a situação. Nascido, o jovem Hércules rapidamente revelou seu potencial heróico. Enquanto ainda no berço, ele estrangulou duas serpentes que a ciumenta Hera, esposa de Zeus, tinha mandado para atacá-lo ao seu meio-irmão Íflico; enquanto ainda um menino, ele matou um leão selvagem no Monte Citéron. Na vida adulta, as aventuras de Hércules foram maiores e mais espetaculares do que as de qualquer outro herói. Por toda a antigüidade ele foi muito popular, o assunto de numerosas estórias e incontáveis obras de arte. Apesar das mais coerentes fontes literárias sobre suas façanhas datarem apenas do século III a.C., citações espalhadas por vários locais e a evidência de fontes artísticas deixam muito claro o fato que a maioria, se não todas, de suas aventuras era bem conhecida em tempos mais antigos.

Hércules realizou seus famosos doze trabalhos sob o comando de Euristeu, Rei de Argos de Micenas. Existem várias explicações da razão pela qual Hércules se sentiu obrigado a realizar os pedidos cansativos e aparentemente impossíveis de Euristeu. Uma fonte sugere que os trabalhos eram uma penitência imposta ao herói pelo Oráculo de Delfos quando, num acesso de loucura, matou todos os filhos de seu primeiro casamento. Enquanto os seis primeiros trabalhos se passam no Peloponeso, os últimos levaram Hércules a vários lugares na orla do mundo grego e além. Durante os trabalhos, Hércules foi perseguido pelo ódio da deusa Hera, que tinha ciúmes dos filhos de Zeus com outras mulheres. A deusa Atena, por outro lado, era uma defensora entusiasta de Hércules; ele também desfrutou da companhia e ajuda ocasional de seu sobrinho, Iolau.

O primeiro trabalho de Hércules era matar o leão de Neméia. Como esta enorme fera era invulnerável a qualquer arma, Hércules lutou com ele e acabou estrangulando-o apenas com suas mãos. A seguir, ele removeu a pele utilizando uma de suas garras, e passou a utilizá-la como uma capa, com as patas amarradas ao redor de seu pescoço, as presas surgindo sobre sua cabeça, e a cauda balançando em suas costas. O segundo trabalho exigiu a destruição da Hidra de Lerna, uma cobra aquática com várias cabeças, que estava flagelando os pântanos perto de Lerna. Sempre que Hércules decepava uma cabeça, duas cresciam em seu lugar, e, como se isso não fosse um problema suficiente, Hera enviou um caranguejo gigante para morder o pé de Hércules. Este truque desleal foi demais para o herói, que decidiu pedir ajuda a Iolau; enquanto Hércules cortava as cabeças, Iolau cauterizava os locais com uma tocha flamejante, de modo que novas cabeças não pudessem crescer, e finalmente dando cabo do monstro. A seguir, Hércules embebeu a ponta de suas flechas no sangue ou veneno da Hidra, tornando-as venenosas.

No Monte Erimanto, um feroz javali estava se portando violentamente e causando prejuízos. Euristeu rispidamente ordenou a Hércules que trouxesse este animal vivo à sua presença, mas as antigas ilustrações deste episódio, as quais mostram principalmente Euristeu acovardado refugiando-se num grande jarro, sugerem que ele veio a se arrepender desta ordem. Hércules levou um ano para realizar o trabalho a seguir, que era capturar a Corça do Monte Carineu. Este animal parecia ser mais tímido do que perigoso. Este animal era sagrado para a deusa Ártemis e, apesar de ser fêmea, possuía lindas aspas. De acordo com a lenda, Hércules finalmente aprisionou a Corça e a estava levando para Euristeu, encontrou-se com Ártemis, que estava muito zangada e ameaçou matar Hércules pelo atrevimento em capturar seu animal; mas quando ficou sabendo sobre os trabalhos, ela concordou em deixar Hércules levar o animal, com a condição que Euristeu o libertasse logo que o tivesse visto.

Os Pássaros Estinfalos eram tão numerosos que estavam destruindo todas as plantações nas vizinhanças do Lago Estinfalo em Arcádia; várias fontes dizem que eles eram comedores de homens, ou pelo menos podiam atirar suas penas como se fossem flechas. Não está muito claro como Hércules enfrentou este desafio: uma pintura de um vaso mostra Hércules atacando-os com um tipo de estilingue, mas outras fontes sugerem que ele os abateu com arco e flecha, ou os espantou para longe utilizando um címbalo de bronze feito especialmente para a tarefa pelo deus Hefesto. O último dos seis trabalhos do Peloponeso foi a limpeza dos currais Augianos. O Rei Áugias de Élida possuía grandes rebanhos de gado, cujos currais nunca tinham sido limpos, assim o estrume tinha vários metros de profundidade. Euristeu deve Ter pensado que a tarefa de limpar os estábulos num único dia seria impossível, mas Hércules uma vez mais conseguiu resolver a situação, desviando o curso de um rio e as águas fizeram todo o trabalho por ele.

Euristeu pede agora que Hércules capture o selvagem e fez touro de Creta, o primeiro trabalho fora de Peloponeso. Assim que Euristeu viu o animal, Hércules o soltou, este sobrevivendo até ser morto por Teseu em Maratona. A seguir, Euristeu enviou Hércules à Trácia para trazer os cavalos devoradores de homens de Diomedes. Hércules amansou estes animais alimentando-os com seu brutal senhor, e os trouxe de maneira segura a Euristeu. A seguir, ele foi imediatamente mandado, desta vez para as margens do Mar Negro, para buscar a cinta da rainha das Amazonas. Hércules levou um exército junto consigo nesta ocasião, mas nunca precisaria dele se Hera não tivesse criado problemas. Quando chegou à cidade das Amazonas de Temisquira, a rainha das Amazonas estava até feliz que ele levasse sua cinta; Hera, sentindo que estava sendo fácil demais, espalhou um boato que Hércules pretendia levar a própria rainha, iniciando-se uma sangrenta batalha. Hércules, é claro, conseguiu escapar com a cinta, mas após apenas duros combates e muitas mortes.

Para realizar seus três últimos trabalhos, Hércules foi completamente fora das fronteiras do mundo grego. Primeiro foi mandado além da borda do Oceano para a distante Eritéia no extremo ocidente, para buscar o Rebanho de Gérião.

Gérião era um formidável desafio; não apenas tinha um corpo triplo, mas para ajudá-lo a tomar conta de seu maravilhoso rebanho vermelho também utilizava um feroz pastor chamado Euritão e um cachorro de duas cabeças e rabo de serpente chamado Orto. Orto era o irmão de Cérbero, o cão que guardava a entrada do Mundo Inferior, e o encontro de Hércules com Gérião é algumas vezes interpretado como seu primeiro encontro com a morte. Apesar de Hércules Ter se livrado de Euritão e Orto sem muito dificuldade, Gérião, com seus três corpos pesadamente armados, provou ser um adversário mais formidável, e apenas após uma terrível luta Hércules conseguiu matá-lo. Quando retornou à Grécia, Euristeu enviou para uma jornada ainda mais desesperadora, descer ao Mundo Inferior e trazer Cérbero, o próprio cão do Inferno. Guiado pelo deus mensageiro Hermes, Hércules desceu ao lúgubre reino dos mortos, e com o consentimento de Hades e Perséfone tomou emprestado o monstro assustador e de três cabeças para mostrá-lo ao aterrorizado Euristeu; isto feito, devolveu o cachorro a seus donos de direito.

Mesmo assim, Euristeu solicitou um último trabalho: que Hércules lhe trouxesse os Pomos do Ouro de Hespérides. Estes pomos, a fonte da eterna juventude dos deuses, cresciam em um jardim nos confins da terra; foram um presente de casamento de Géia, a Terra, a Zeus e Hera. A árvore que dava as frutas douradas era cuidada pelas ninfas chamadas Hespérides e guardada por uma serpente. Os relatos variam sobre como Hércules resolveu este trabalho final. As fontes que localizam o jardim abaixo das montanhas Atlas, onde o poderoso Atlas sustenta os céus em suas costas, dizem que Hércules convenceu Atlas a pegar as maças por ele; enquanto fazia esta jornada Hércules sustentou, ele mesmo, o céu; quando Atlas retornou, Hércules teve algumas dificuldades em persuadi-lo a reassumir o seu fardo. Outra versão da estória sugere que o próprio Hércules foi ao jardim lutando e matando a serpente ou conseguindo convencer as Hespérides a lhe entregar as maças. As maças de Hespérides simbolizavam a imortalidade, e este trabalho final significaria que Hércules deveria ascender ao Olimpo, tomando seu lugar entre os deuses.

Além dos doze trabalhos, muitos outros feitos heróicos e aventuras foram atribuídos a Hércules. Na sua busca do jardim das Hespérides, teve que lutar com o deus marinho Nereu para compelir o deus a dar-lhe as informações que necessitava; em outra ocasião enfrentou outra deidade marinha, Tritão. Tradicionalmente foi na Líbia que Hércules encontrou o gigante Anteu: Anteu era filho de Géia, a Terra, e ele era invulnerável enquanto mantivesse contato físico com sua mãe. Hércules lutou com ele e ergueu-o do solo; desprovido da ajuda de sua mãe, ficou indefeso nos braços poderosos do herói. No Egito Hércules escapou por pouco de ser sacrificado pelas mãos do Rei Busíris. Um advinho tinha dito a Busíris que o sacrifício de estrangeiros era um método infalível de se lidar com as secas. Como o advinho era Cipriota, tornou-se a primeira vítima de seu próprio conselho; quando o método se mostrou efetivo, Busíris ordenou que todo o estrangeiro temerário o suficiente a entrar em seu reino seria sacrificado. Na vez de Hércules, deixou-se ser aprisionado e levado ao local do sacrifício antes de se voltar contra seus agressores e matar uma grande quantidade deles.

Hércules não raramente se envolvia em conflito com os deuses. Em uma ocasião, quando não recebeu uma resposta que estava esperando da sacerdotisa do Oráculo de Delfos, tentou fugir com o trípode sagrado, dizendo que iria criar um oráculo melhor por sua própria conta. Quando Apolo tentou detê-lo, ocorreu uma violenta discussão, que foi resolvida apenas quando Zeus arremessou um relâmpago entre eles.

Hércules era muito leal aos seus amigos; mais do que uma vez ele arriscou sua vida para ajudá-los, sendo o caso mais espetacular o de Alceste. Admeto, Rei de Feres na Tessália, tinha feito um acordo com Apolo que, quando chegasse a hora de sua morte, poderia continuar a viver se encontrasse alguém que quisesse morrer em seu lugar. Entretanto, quando Admeto estava se aproximando da hora da sua morte, mostrou-se ser mais difícil do que tinha calculado arranjar um substituto; após seus parentes mais velhos terem egoisticamente se recusado ao sacrifício, sua esposa Alceste insistiu para que fosse a sacrificada. Quando Hércules chegou, ela já tinha descido ao Mundo Inferior, indo ele imediatamente atrás dela. Então lutou com a morte e venceu, trazendo-a de volta em triunfo ao mundo dos vivos.

Hércules era o super-homem grego, sendo muitas das estórias de seus feitos interessantes contos de realizações sobre-humanas e monstros fabulosos. Ao mesmo tempo Hércules, assim como Ulisses, também atua como se fosse um homem comum, sendo suas aventuras como parábolas exageradas da experiência humana. Irritadiço, não extremamente inteligente, apreciador do vinho e das mulheres (suas aventuras amorosas são muito numerosas), era uma figura eminentemente simpática; e no geral seu exemplo deveria ser seguido, pois destruía o mal e defendia o bem, superando todos os obstáculos que o destino lhe colocou. Além de tudo, ofereceu alguma esperança para a derrota da ameaça última e crucial do homem, a morte.

O fim de Hércules foi caracteristicamente dramático. Uma vez, quando ele e sua nova noiva Dejanira estavam atravessando um rio, o centauro Nesso ofereceu-se para transportar Dejanira, e no meio da correnteza tentou raptá-la. Hércules matou-o com uma de suas flechas envenenadas, e ao morrer, Nesso, simulando arrependimento, incentivou Dejanira a pegar um pouco de sangue do seu ferimento e guardá-lo; se Hércules algum dia parecesse cansado dela, deveria embeber um traje no sangue e dá-lo para que ele o vestisse; após isso, ele nunca mais olharia para outra mulher. Anos mais tarde Dejanira lembrou-se deste conselho quando Hércules, voltando de uma distante campanha, mandou à frente uma linda princesa aprisionada pela qual estava evidentemente apaixonado. Dejanira mandou a seu marido um robe tingido pelo sangue; ao vestir a roupa, o veneno da Hidra penetrou na sua pele e ele tombou em terrível agonia. Seu filho mais velho, Hilo, levou-o ao Monte Eta e depositou seu corpo, retorcido porém ainda respirando, numa pira funerária, a qual acabou sendo acesa pelo herói Filoctetes. Entretanto, os trabalhos de Hércules asseguraram-lhe a imortalidade, assim ele subiu ao Olimpo e assumiu seu lugar entre os deuses que vivem eternamente.

Fonte: http://www.mundodosfilosofos.com.br

Mitologia Grega

É um conjunto de mitos, entidades divinas ou fantásticas e lendas. Tem suas principais fontes na Teogonia, de Hesíodo, na Ilíada e na Odisséia, de Homero, escritas no séc. VIII a.C.

A mais completa e importante fonte de mitos sobre a origem e a história dos deuses é a Teogonia. As histórias de grandes feitos, heróis, grandes combates, etc., são narrativas descritas por Homero, a exemplo da Guerra de Tróia.

Há uma divisão na categoria de deuses: deuses mais poderosos e deuses do Olimpo, este por sua vez se divide em várias classes. Dentre as classes dos deuses, está a classe A superior encabeçada por Zeus (governante de todos os deuses).

Numa classe inferior está Hades (irmão de Zeus e deus dos infernos). Mas os heróis, seres mortais em sua maioria, têm tanta importância quanto os deuses na mitologia grega, um dos mais conhecidos é Hércules (em grego Héracles).

Tais mitos tão antigos, hoje geram diversão e conhecimento, através de filmes onde são narradas as lendas, os mitos, os feitos dos grandes heróis, etc.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sexualidade do Homem

Falta de informação compromete a saúde masculina
Acabar com o preconceito é obrigação de cada um
Por Ricardo Felts de La Roca - Urologia


O imaginário popular criou, ao longo dos tempos, uma série de idéias que foram se cristalizando como verdades absolutas, dando origem aos famosos "mitos" ou "preconceitos" relacionados a determinados assuntos. A saúde masculina e a sexualidade, por exemplo, têm sido fontes de inúmeros preconceitos e fantasias que, ao invés de ajudar as pessoas, criam obstáculos para o exercício saudável da sexualidade. O terreno sexual é um dos mais férteis para este tipo de invenção popular, pois o sexo tem um imenso poder de atração sobre as pessoas. Mas devemos ser cautelosos, pois se nos apegarmos às crenças, sem buscar a verdade ou o cunho científico de uma determinada informação, corremos o risco de conviver com muito sofrimento desnecessariamente.
A consulta médica, às vezes, se transforma numa aula de anatomia, pois, em alguns casos, o paciente necessita mais de informação correta do que de medicamentos. Apesar de uma aparente intimidade com seu pênis, chegando mesmo a batizá-lo com nomes próprios e apelidos, a maioria dos homens desconhece o mais básico sobre o seu funcionamento.

O pênis pode quebrar?

Pode, apesar de não ter osso. O grau de incidência de fraturas penianas é pequeno e ocorre sempre quando ele está ereto. Movimentos bruscos, principalmente, durante o ato sexual são os principais responsáveis. A dor é imediata, aguda e intensa, seguida de hematoma e inchaço. O paciente deve se submeter a uma cirurgia de emergência para remover os coágulos e "costurar" a ruptura provocada no corpo cavernoso do pênis. Em média, exige-se abstinência sexual por um mês. Se a cirurgia não for feita em tempo há risco de impotência ou de que o órgão sexual fique torto.

Pênis torto é sinal de algum problema?

Não, se essa curvatura for de até 30 graus, para o lado direito ou esquerdo. O problema é quando a curva é mais acentuada e ocorre no meio do membro, por meio de um defeito de nascimento - chamado pênis curvo-congênito - ou quando, na fase adulta, aparece a doença de Peyronie, uma inflamação da túnica que recobre o corpo cavernoso que atinge cerca de 10% dos brasileiros. No primeiro caso, recomenda-se a realização de uma cirurgia para correção, no segundo, o tratamento clinico pode melhorar ou estabilizar a doença, sendo a cirurgia uma indicação em último caso.

Em que idade o pênis pára de crescer?

O órgão sexual masculino geralmente acompanha o desenvolvimento das demais partes do corpo, atingindo o pico do crescimento entre 13 e 17 anos. Mas não é incomum que continue crescendo até o começo da fase adulta, entre 21 e 23 anos. É importante esclarecer que a maioria dos homens que procura um urologista com queixas de ter o pênis pequeno possui medidas consideradas normais para um adulto. O tamanho do pênis é extremamente variável de homem para homem e isso nada tem a ver com a constituição física do indivíduo. O tamanho médio do pênis, em adultos, varia de seis a doze centímetros quando flácido, e, de treze a dezoito centímetros de comprimento, quando em ereção.

É possível aumentar o tamanho do pênis por meio de alguma técnica conhecida pela Medicina?

Aumente seu pênis de 2 a 5 cm naturalmente .... Resolva problemas de impotência sexual, método 100% natural e sem o uso de medicamentos ou aparelhos ... Aumento de pênis em comprimento e engrossamento ... Pura ilusão! Apesar das inúmeras possibilidades de tratamento que nos são apresentadas, hoje, a melhor forma de tratar a impotência masculina é confiar o tratamento da doença a um profissional credenciado, e não fazer um aumento do pênis . As formas para tratar as disfunções sexuais masculinas são ensinadas nas faculdades de medicina, são conhecidas do mundo acadêmico, não são atributos de um ou de outro profissional ou de um único produto disponível no mercado. Até agora não foram apresentados métodos cientificamente aceitos que comprovem aumento do pênis. Nenhum procedimento tem se mostrado eficaz. A maioria das "técnicas revolucionárias" pode trazer complicações, como a impotência e o surgimento de infecções. É importante esclarecer que a cirurgia para aumento do pênis, em nosso país, ainda é considerada um procedimento experimental, de acordo com a Resolução N° 1478/97 do Conselho Federal de Medicina. Assim sendo, só pode ser realizada de acordo com as normas da Resolução N° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos.

Perder peso ajuda a aumentar o tamanho do pênis?

E engordar pode causar uma diminuição no tamanho do pênis? A obesidade faz com que o aumento do tecido adiposo, na região pubiana, esconda uma certa porção do pênis, dando a impressão de que o mesmo é menor. A perda de peso faz com que o órgão fique mais exposto porque aumenta seu comprimento visível. Quando o homem está obeso, o pênis fica "embutido" no excesso de gordura que se forma na região pubiana.

O pênis enruga com a idade?

Não. O que enruga é a pele que o recobre, como qualquer outra parte do corpo, geralmente, a partir dos 75 anos.

Até quando um homem consegue ter ereções e manter relações sexuais?

Somente o preconceito faz com que acreditemos que as pessoas com mais de 60, 70 ou 80 anos percam o interesse e a capacidade de manter uma vida sexual ativa. O desejo não se modifica obrigatoriamente com a idade, embora seja esperada uma diminuição dos níveis de testosterona no sangue. No homem, os fatores emocionais estão mais envolvidos no desejo do que o simples estímulo hormonal. Isso explica a razão de homens de idade avançada apresentarem seu desejo sexual preservado, mesmo com diminuição da secreção de testosterona. O envelhecimento é um processo fisiológico normal e não uma doença. Está claro que quanto mais o indivíduo vive, mais sujeito está às diversas doenças conseqüentes ao desgaste natural dos órgãos e dos tecidos do organismo. Está claro, também, que o indivíduo que cuidou de preservar a sua saúde, ao longo dos anos, melhor enfrentará o processo do envelhecer. A abstenção do fumo e do álcool, a prática de exercícios físicos regulares, a manutenção de um peso adequado são medidas importantes. Assim como o corpo, a sexualidade precisa ser exercitada. A atividade sexual na velhice não é de forma alguma prejudicial ao organismo. Muito pelo contrário, a prática regular da atividade sexual é benéfica. Suas repercussões, tanto a nível físico, quanto emocional permitirão ao homem um envelhecer com melhores possibilidades.

Homens que apresentam dificuldades no campo sexual, necessariamente, estão entrando na andropausa?

Não devemos caracterizar ou estigmatizar esta fase da vida, nem deixar de reconhecer nos adultos jovens as alterações provenientes das alterações metabólicas fruto das tendências de comportamento impostas, e sim, oferecer a possibilidade de recuperação, aliando consciência de auto-estima e cuidados preventivos, como a melhor arma para a longevidade com saúde e bem estar. Uma condição clínica similar à andropausa, que ocorre em homens muito mais jovens, é, hoje, reconhecida e seu correto diagnóstico e tratamento se impõem pelos riscos diretos e indiretos de problemas cardíacos, endócrinos e urológicos. É a Síndrome Metabólica, onde o adulto jovem percebe alterações do seu comportamento sexual, como menor performance e ereções menores que acarretam em problemas psicológicos como insegurança, ansiedade, fobia, e, como num círculo, ejaculação precoce e finalmente impotência sexual. A Síndrome Metabólica traz, em meio a estas manifestações da ordem sexual, perigos maiores, invisíveis, que, a médio prazo, podem lesar outros sistemas.

Por que, mesmo quando eretos, alguns pênis ficam com sobra de pele?

Esse excesso de pele do prepúcio chamado de fimose não tem nenhuma função e pode facilitar infecções. Os médicos recomendam retirá-lo por meio de uma cirurgia, desde que a necessidade deste procedimento cirúrgico seja comprovada.

O pênis tem algum odor característico?

Não. Os problemas mais comuns relativos ao odor são conseqüências de fenômenos irritativos como hábitos higiênicos inadequados dos genitais principalmente quando o paciente é portador de fimose e excesso do prepúcio. Neste caso, há depósitos de restos de descamação celular, o esmegma, que promove a irritação. Ainda dentro desta causa está o uso de agentes irritativos para limpeza do pênis, sendo aconselhável o uso de produtos neutros para higiene desse local, como sabão neutro. Outras causas importantes para o surgimento de odores são as infecciosas, como um fungo chamado Cândida Albicans que pode ser sexualmente transmissível. Assim como os outros fungos, ele se aproveita do local quente e úmido existente entre a glande e o prepúcio. Se o homem sentir algum tipo de odor diferente deve consultar um especialista para obter o diagnóstico correto.

Qual é a quantidade normal de esperma por ejaculação?

Varia de 2ml a 5ml (no máximo, uma colher de chá), dependendo do período de abstinência sexual, da idade e da excitação do homem.

Ejaculação com sangue é sinal de doença?

A hemospermia - sangue no esperma ou ejaculação com sangue - acomete homens das mais variadas faixas etárias. Na maioria das vezes não apresenta gravidade e é uma condição relativamente comum. O fato de ocorrer sem maiores sintomas como dor ou ardor uretral preocupa o homem, que fica abalado com esta emissão sanguinolenta, interpretada como "câncer", a maior preocupação masculina relatada nas consultas. A ocorrência do sangue no esperma pode estar relacionada a processos infecciosos na próstata, na vesícula seminal, na uretra, à hipertensão arterial ou a fatores cuja causa não pode ser determinada. Há ainda outras origens, como a prática de coito interrompido, abstinência sexual prolongada, hemorragia pós-ereção quando se utiliza o aparelho de vácuo - para auxiliar nos casos de disfunção erétil - ou trauma da mucosa uretral. Algumas vezes, a hemospermia acontece porque o homem está tomando anticoagulantes ou usando anti-adesivos plaquetários, as populares drogas para afinar o sangue . Esses remédios costumam ser utilizados por pacientes que tiveram infarto do coração ou outros quadros vasculares. Nesses pacientes pode ocorrer um rompimento de um vaso sanguíneo, no momento da ejaculação. Para se fazer o diagnóstico correto, a consulta ao medico urologista é imprescindível. Ele irá solicitar um exame de urina e um espermograma para verificar se há presença de bactérias e até mesmo uma ultra-sonografia da próstata e das vesículas seminais para mais esclarecimentos.

Dr. Ricardo Felts de La Roca é urologista.

Para saber mais, acesse: www.delarocaurologia.com.br
Clínica e Cirurgia Urológica Dr. Ricardo Felts de La Roca
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Telefone: (11) 3053-6960 / 3053-6961.

A Epopéia de Guilgamech

-À proto-história de Uruk associa-se também este belíssimo poema, talvez o mais importante e o mais famoso da literatura da Mesopotâmia. O texto de que dispomos, ou, pelo menos, o mais completo, é aquele encontrado por Rassam e Smith na biblioteca de Assurbanípal, e é, portanto, uma versão assíria tardia. Por isto, os nomes dos deuses (Chamach, Ichtar, Bel, e assim por diante) são semitas; mas os dos nossos heróis e os lugares da ação são sumérios. Portanto, é certo que o poema tem suas raízes na época de Uruk, permitindo assim conhecermos os usos e costumes dos antiqüíssimos habitantes desta cidade.
A epopéia é gravada em doze tabuinhas de argila, que narra a história de Guilgamech, rei de Uruc, criado pelos deuses. Eles lhe conferiram beleza, inteligência, coragem, força... Era dois terços deus e um terço homem. Como o rei era mesmo o máximo entre seu povo, verdadeiramente onipotente, não foi difícil vestir-se de arrogância. Dono de um insaciável apetite sexual, era ele quem desvirginava as donzelas antes dos maridos.
O povo, não suportando mais os poderes ilimitados de seu rei, suplicou aos deuses a criação de um outro ser para rivalizar com Guilgamech. Assim nasceu Enkidu, por quem o rei de Uruc acabou se apaixonando. Quando Enquidu morreu, Guilgamech chorou sua morte como a de uma amante.


Tábua I

“Senhor da Terra, Ele via todas as coisas; os abismos da sapiência se escancaravam à frente dele, e nunca se viu homem como ele em força e beleza.” Grande caçador de leões, “agarra-os pela juba e os trespassa”.
Assim é apresentado, logo de início, o herói Guilgamech, que é dois terços divino e um terço homem. E o Ensi que cercou Uruk de poderosos muros e ali construiu um templo “que se ergue como uma montanha”, um imponente celeiro e um magnífico “palácio branco”.
“A sua palavra e o seu juízo deitam lei sobre a cidade, e seus súditos o observam com temor e admiração.”
Não obstante, este belíssimo e altíssimo é um tanto ativista demais, “nunca se detém” e quer que “a magnificência de Uruk resplenda sobre todas as outras cidades”. Em conseqüência impõe a todos, jovens e velhos, homens e mulheres, um trabalho sem cessar. E são sobretudo as mulheres que por fim elevam vibrantes protestos “aos grandes deuses, senhores de Uruk”. O deus Anu reconhece que seus lamentos são justos e encarrega a deusa criadora Aruru de plasmar um indivíduo que possa distrair o superzeloso Guilgamech, um ser que seja tão forte quanto ele, “mas que não seja um animal do deserto”.
Aruru toma um pouco de argila, molda-a, cospe em cima e surge “um herói animado do alento e do sangue de Ninib, deus da Guerra”.
Esta força da natureza se chama Enquidu e, à primeira vista, tem um aspecto que não é lá muito atraente. Hirsuto, “seus cabelos se alongam como o trigo”, veste-se com peles e come a grama junto com as gazelas; bebe com as manadas e se joga nos rios a brincar com os peixes. Toma-se pois o protetor de seus amigos animais, arrebenta as redes e inutiliza as armadilhas dos caçadores. Assim sendo, campo e deserto tomam-se uma espécie de Parque Nacional, fechado a qualquer atividade venatória.
Obviamente, os caçadores se cansam disto, até que um deles consegue perceber um dia, junto ao rio, aquele estranho indivíduo “que se assemelhava a um demônio dos montes”. Vai falar com o pai, que o aconselha a tomar emprestada do soberano uma bela moça, e mostrá-la nua, “a fim de que o homem se aposse de suas belas formas, expostas”. Assim, disse, tera alguma coisa diferente em que pensar.
O caçador vai ao Ensi, conta-lhe tudo sobre aquele cabeludo gigante, e como “e tremendo o seu aspecto”, tanto que ninguém ousa aproximar-se. Guilgamech lhe dá permissão de conduzir imediatamente “uma bela mulher” do sagrado templo de Ichtar. Depois de três dias, os dois chegam ao olho d’água. O caçador abandona a mulher ali e tudo se cumpre segundo as previsões: “Enquidu conheceu a mulher por seis dias e seis noites, e se uniu a ela com amor
Mas eis que “quando estava saciado com a opulenta beleza dela”, Enquidu percebe que seus amigos animais fogem dele. Maravilhado, volta um olhar interrogativo a companheira que, exteriorizando todas as artes da persuasão, lhe diz: “Enquidu, és belo como um deus; porque queres correr pelos campos como um animal selvagem? Vem comigo a Uruk, vem ao sagrado templo, ao esplêndido palácio de Guilgamech, o herói perfeito, possante como um touro, sem igual entre os homens”. Enquidu se deixa convencer: “Quero enfrentá-lo, quero desafiar em alta voz aquele forte, quero anunciar a toda Uruk que também eu sou forte”.
E segue a mulher, a qual, chegando à cidade, onde ambos são acolhidos com grandes festejos, o torna um pouco mais apresentável, colocando-lhe “um traje de festa”, e oferecendo-lhe depois pão e vinho. Uma vidente lhe vaticina o desafio com Guilgamech, cujos olhos “rebrilham como o Sol, e cuja grande estatura exibe músculos duros como o metal”.

Tábua II

Enquidu, bem limpinho e penteado, sai do templo e a sua descomunal estatura desperta a admiração da turba. Mas depois de uns poucos passos, coloca-se ao centro do portâb de entrada, impedindo a entrada de quem quer que seja. Os guardas tentam desalojá-lo, mas basta uma olhada sua para fazê-los bater em retirada.
E eis que vem Guilgamech para celebrar as sagradas núpcias de Ano Novo. Os dois se observam, Enquidu não se afasta e a luta é inevitável.
Guilgamech o agarra, ergue-o e o afasta da porta, mas a luta continua até que “o rei abraça seu adversário como se fosse uma mulher e o derruba, colocando-se sobre ele”. Depois o levanta e o arremessa aos pés da rainha-mãe. O povo o aclama, enquanto Enquidu lança um urrono desesperado. Levanta-se, “deixa cair os braços a seu lado e seus olhos se enchem de lágrimas”.
A rainha se comove, pega suas mãos e diz, benévola: “És meu filho e te gerei hoje mesmo; sou tua mãe, e este — indicando Guilgamech — é teu irmão”.
Enquidu, por sua vez, comovido, responde: “Mãe, nesta luta, encontrei um ir-mão”, ao que faz eco o rei: “Es meu irmão, luta agora ao meu lado!” E lhe propõe sua primeira empresa heróica. Muito longe, a custodiar a Floresta Sagrada dos cedros, que circunda a morada dos deuses, o deus Bel tinha colocado um temível guardião de nome Khumbaba, cuja voz “assemelha-se ao troar da tempestade; seu hálito faz agitar as ramagens, seu resfolegar provoca um tremendo trovejar”. Este guardião, porém, já há algum tempo permitia-se algumas liberdades e tinha assumido o hábito de sair do bosque para aterrorizar o povo, matando quem quer que se encontrasse em seu caminho: “Os fortes também caem sob suas mãos”.
“O coração — diz Guilgamech — me sugere enfrentá-lo e matá-lo.” Enquidu não deixa transparecer qualquer perplexidade, e decidem de imediato partirem juntos.

Tábua III

Entretanto, Enquidu tem uma terrível saudade de seus animais: se lamenta em altas vozes, até que subitamente, abandona a vida cômoda e desaparece nos campos. Guilgamech, profundamente entristecido, reúne a Assembléia dos Anciãos: “Estou triste, choro por Enquidu! De que me servem o machado, o dardo, a espada, o traje de festa? Não tenho mais alegria. Enquidu, meu dileto amigo, deixou-me e maldiz a mulher que o seduziu. Ele deveria repousar sobre ricos tecidos e habitar num palácio situado à minha esquerda; os grandes da terra deveriam beijar-lhe os pés, e todos os homens deveriam colocas-se a seu serviço. Quero que todo o meu povo leve de tudo para ele, enquanto que eu mesmo, coberto de uma pele de leão, irei procurá-lo por toda a planície”.

Enquidu, entrementes, está só e desesperado, amaldiçoando a mulher e o momento em que se deixou convencer a segui-la e “tornar-se estranho aos animais”. Mas Chamach, deus do Sol, o reprova, relembrando-lhe os benefícios recebidos daquela mulher “que te deu à mesa comidas e bebidas que só os reis recebem, fez-te dono do traje de festa e do cinto, propiciou-te a amizade do magnífico Guilgamech. O povo de Uruk está de luto por ti, e Guilgamech te procura por toda parte!”
A estas palavras, adoça-se o coração de Enquidu e quando aparece o amigo, resplandecente como o ouro”, segue-o. Mas a calmaria dura pouco: Enquidu conta a Guilgamech um horrível sonho. “O céu urrava e a terra lhe respondia, tremendo (. . .) Enfrentei um homem forte, de semblante escuro como a noite, de aspecto semelhante a uma repugnante hiena, mostrando os dentes; tinha asas poderosas e garras de abutre. Apanhou-me, fazendo-me afundar com todo o seu corpo numa terrível voragem, e me comprimia com o seu peso, tal como uma montanha”. No fundo do abismo, encontrou-se no limiar do “Reino de lrcalla, de onde ninguém que entra, sal”. Ordena-lhe o monstro: “Vai pela estrada da qual ninguém pode sair, entra na casa sem luz, onde os habitantes se alimentam de pó e lama, têm asas de morcego, são cobertos de plumas como o mocho, e residem nas trevas!”
Enqutdu adentra o Reino dos Mortos, onde ninguém mais leva a tiara real, e quem costumava sentar-se sobre o trono e dominar a terra, agora está humilhado; os grandes e os servos são todos iguais, e dominados por Erechquigal, rainha dos Infernos; a seus pés, uma escrivã registra os nomes na argila. Erechquigal levanta a cabeça e ordena: “Escreve-me também o nome dele”.
Guilgamech conforta o amigo, agora estremecido pelo sonho angustiante, faz o ritual de esconjuros “contra o maligno espírito da morte”, oferece ao deus Sol uma taça de mel “e deixou que o deus a lambesse”.

Tábua IV

Chamach, a quem muito agradou a oferenda, incita os dois a enfrentar sem piedade a Khumbaba, e Guilgamech, reunido o Conselho dos Nobres, parte com Enquidu, de quem a rainha se despede afetuosamente: “Enquidu, és a minha alegria; protege agora Guilgamech!”
Chegam à floresta de cedros e o primeiro com que se defrontam é um guarda:
“Vinde, adiantai-vos, para que eu possa dar vossos corpos de pasto aos abutres!”. Mas não obstante tenha sobre si “sete mantos enfeitiçados”, acaba sendo morto.
Enquidu logo exorta Guilgamech à prudência; já é tarde, e faz-se noite, é melhor acampar e esperar pela manhã. “Não sejas fraco, timorato e vil, ó amigo. Devemos continuar e depressa enfrentar Khumbaba. Já não matamos seu guarda? Não somos mestres na arte da guerra? Reforça tua confiança em Chamach e não mais sentirás medo ... .). Combateremos juntos (. . .); todos os países da terra cantarão em nosso louvor.” E prosseguiram o caminho.

Tábua V

Os dois heróis detêm-se, em silêncio, fascinados pela esplêndida floresta, estupefatos pela grandeza das árvores, das calmas alamedas, das flores odoríferas, e “viram a montanha dos cedros, morada dos deuses, e o sagrado templo de lrnini (Inanna)” em frente ao qual “os cedros se acumulavam, exuberantes”. Avançam durante horas, o sendeiro se faz cada vez mais íngreme “até que a noite caiu sobre o bosque, apareceram as estrelas e os dois heróis se deitaram para dormir”.
Novos íncubos agitam o sono de Enquidu. À aurora, retomam a marcha para o topo do monte e caminham durante “trinta horas”.
“A sagrada torre da deusa Irnini se erguia com nítido alvor” quando eis que, de improviso, depois de um furioso agitar das folhagens, apresenta-se perante ele a assustadora figura de Khumbaba “com patas iguais às de um leão, o corpo coberto de escamas de bronze, a cabeça eriçada de cornos de búfalo selvagem, com o membro viril e a cauda terminando em forma de cabeças de serpente”.
Guilgamech encomenda a alma a Chamach, e os dois lançam contra o monstro todas as suas flechas, “mas elas caíam inertes, sem feri-lo”. Khumbaba enterra suas garras em Enquidu, que, debatendo-se furiosamente, o faz cair. Guilgamech, fulmíneo, empunha o machado e o decapita. Seu corpo é arrastado para uma clareira, como pasto para os abutres, e “enfiada a cabeça de Khumbaba numa longa haste, carregaram-na em sinal de triunfo” .
Exultantes, sobem o monte, atingindo seu cimo. Aí, porém, são detidos pela peremptória voz de Irnini: “Nenhum mortal pode chegar ao alto do monte, sede dos deuses, pois quem viu a face dos deuses, deve morrer. Já cumprístes a vossa empresa, agora voltai, e dirigi vossos passos para Uruk”. Só restava obedecer e os nossos heróis tomaram o caminho do retorno “através dos precipícios e vias tortuosas, lutando com os leões e tirando-lhes a pele”.
E “quando vem o dia da Lua Cheia”, Guilgamech pisou no umbral de Uruk “trazendo, transfixada em sua lança, a cabeça de Khumbaba”.

Tábua VI

Tendo chegado triunfa]mente ao palácio, o rei “lavou suas armas, penteou seus cabelos, tirou as roupas sujas de sangue, vestiu uma roupa limpa e o manto real, e pôs em sua cabeça a coroa”.
Vendo-o em todo o seu esplendor, a deusa Ichtar “ardendo de desejo”, propõe lhe tomar-se sua amante, prometendo-lhe em troca riqueza e poder sem limites.
Mas Guilgamech a desdenha: “Desprezo o teu corpo cheio de fascínio, recuso o teu pão (. . .); as tuas artes são quentes, mas o teu coração é gelado. Onde está o amante que amarias para sempre? Ao teu jovem amante Tamuzu (Dumuzi), deus da Primavera, só reservaste o pranto, ano após ano; depois, arranjaste um jovem pastor, quebraste-lhe as asas e agora ele vaga em lágrimas pelos bosques (. . .) Passaste a um outro pastor e, com o bastão, fizeste um lobo. Hoje, os outros pastores o ameaçam e seus próprios cães o mordem”. Recorda-lhe enfim a fracassada tentativa com um certo Uchalanu que Ichtar convidou um dia para “comer a comida dos deuses”. Mas Uchalanu respondeu: “Que queres de mim? Minha mãe me preparou a comida, e eu a comi; por que queres que eu experimente manjaxes que me levariam à ruína e que se transformariam em cardos e bolotas?”
A deusa, furiosa, o transformara num animal da lama.
“Ora — conclui Guilgamech —, queres meu amor para reservar-me o mesmo tratamento.”
Ichtar, acometida de ira, sal pelos céus e pede vingança por este ultraje ao deus Anu, o qual deve admitir que Guilgamech exagerou um pouquinho, pelo que a deusa lhe pede que crie “um enorme touro que aterrorize Guilgamech”. E se nao for atendida, ameaça “golpear o deus Anu com terrores e assombros”, e para tanto descerá aos infernos, abrirá todas as suas portas, “até que todos os demôaios e mortos saiam e venham à terra; e os mortos já são muito mais numerosos que os vivos!” Anu, depois de tê-la advertido que este tipo de vingança acarretará sete anos de carestia, pergunta-lhe: “Há trigo suficiente nos celeiros? Há feno suficiente para o gado?”
Ichtar garante que tudo está em seu lugar. Anu então faz surgir “da montanha dos deuses um touro imenso e o envia a lJruk”, onde devasta os campos e arrasta algumas centenas de homens; até que Enquidu consegue agarrá-lo firmemente pela cauda, “e Guilgamech afunda a sua espada no peito do touro que cai, estertorando”.
Enquidu se congratula com o amigo: “Amigo, demos nova glória aos nossos nomes, agora que matamos o touro do céu!” Cumprida a empresa, os dois heróis se prosternam perante Chamach; repousam nos muros da cidade, do alto dos quais Ichtar, fora de si, lança as piores maldições contra Guilgamech. Enquidu então arranca uma coxa do touro e lança-a ao rosto da deusa, gritando: “Ah, pudesse eu tê-la entre as mãos! Faria contigo o que fiz com o touro e a enrolaria em suas tripas!”
Os dois, logo após, lavam suas armas no Eufrates e a nova aventura termina com grandes festej os.

Tábua VII

Enquidu continua a ter seus pesadelos e conta a Guilgamech um terrível sonho: uma águia, depois de te-lo agarrado, o levava sempre mais alto, e ao fim, quando toda a terra parecia “pequena como uma papa de farinha e o oceano, como uma vasilha”, amolecia a presa, fazendo-o cair. “Precipitei-me, e fiquei jazendo na terra com os ossos quebrados. Este foi o meu sonho e agora estou molhado de suor, por causa do susto.” Desta vez, Guilgamech adivinha o funesto presságio:
“Um espírito te aferrará com as suas garras; os deuses decidiram causar uma desgraça! Deita-te, pois tua testa arde” e, sentado à sua cabeceira, o assiste e o conforta por dias e dias.

Tábua VIII

O estado de Enquidu se agrava; “o seu peito se alçava silencioso e silencioso se abaixava”. O amigo, chorando, o invoca: “Enquidu, meu jovem amigo, onde está a tua força, onde está a tua voz? Onde está o meu Enquidu? Eras forte como um leão, veloz como uma gazela; te amava como a um irmão; todas as belas mulheres de Urnk te amavam; juntos matamos o touro celestial, e seu alento maléfico não pôde te afetar, mas agora os grandes deuses não querem perdoar a ofensa a Ichtar nem a morte do touro por eles enviado!”
Enquidu exala o último suspiro e agora Guilgamech, coberto o cadáver de seu amigo “como se fosse o de sua esposa”, desafoga livremente sua desesperada dor. “Urrou como um leão, urrou como uma leoa atingida por flechas, arrancou os cabelos e os esparramou à volta, rasgou as vestes e envergou uma empoeirada túnica de luto.” Lamenta o amigo querido por seis dias e seis noites, ao sétimo o sepulta e depois vaga sem conforto pelos campos. Encontra um caçador, o qual, estupefato com seu aspecto, lhe dirige a palavra: “Nobre Senhor, matastes o enfurecido guarda da floresta dos cedros, matastes até mesmo Khumbaba; matastes com as mãos os leões dos montes e vencestes o poderoso touro enviado pelo deus do Céu. Por que estão tão pálidas e emaciadas as vossas faces? Por que há tristeza em vosso semblante? Que coisa é que perturba o vosso ânimo e dobrou vossa alta estatura? Por que vosso coração está cheio de lamentos? Por que correis sem paz?”
Responde Guilgamech: “O amigo querido que era ligado ao meu coração, Enquidu, a pantera da planície, o meu amigo, o bravo companheiro das minhas aventuras, que dividiu comigo todos os sofrimentos, foi golpeado pelo destino de todo homem. Como posso calar minha dor? Quero gritar, para que todos ouçam! O amigo que me era tão caro, tornou-se pó; Enquidu, o meu amigo, tomou-se como argila. Deverei eu também jazer como ele, sem nunca mais ressurgir, por toda eternidade?”

Esta última pergunta propõe o tema da segunda parte da epopéia, totalmente diversa da primeira. Fecha-se o ciclo das aventuras heróicas e inicia-se o poema do herói lastimoso na vã e desesperada busca da imortalidade.
Guiigainech continua o pranto pela morte do amigo, mas também porque a idéia da morte não o deixa. Portanto decide-se a buscar “o potente Utnapichtim, que encontrou a vida eterna”.
Enceta a jornada, e depois de dias, pela manhã, vê destacar-se no horizonte uma alta montanha “denominada Machu, e composta de dois altos picos que sustentam o céu; entre os dois picos se abre a porta através da qual sai o Sol”. A porta é vigiada por dois gigantes’meio homens e meio escorpiões.
Um deles pergunta o porquê de seu triste aspecto e o objetivo de sua viagem. Guilgamech responde que quer ter com Utnapichtim, seu “antepassado que soube entrar para a Assembléia dos deuses, procurou e encontrou a vida; quero inteirogá-lo sobre o Destino e sobre a Vida”. Rebate o vigia: “O sendeiro que passa por entre estas montanhas não pode ser percorrido pelo pé dos mortais, ou de Guilgamech; ninguém jamais conseguiu franqueá-lo”,e lhe descreve brevemente o que o espera: uma obscura e escarpada garganta, que o Sol atravessa “quando ilumina os países e para onde retorna quando volta de sua viagem noturna pelo oceano do Céu (...) Atrás das montanhas se encontra o mar que circunda os paises da terra. Não podes percorrer o caminho do Sol, porque este conduz ao reino dos deuses (...). O teu antepassado Utnapschtim habita-o também lá em cima, perto da desembocadura da corrente, além das águas da Morte, mas não há barco que possa levar-te à outra margem”.
Guilgamech não se dá por vencido e o gigante, admirado com tanta coragem, lhe dá passagem, advertindo-o que deverá percorrer “uma garganta horrenda, completamente obscura, que dura dez horas duplas” e faz votos para que possa percorrê-la são e salvo. E Guilgamech adentra “pelo caminho do Sol”.

Tábua IX

“As trevas eram profundas e não havia o menor vislumbre de luz. Ele não conseguia distinguir nem o que estava atrás nem o que estava mais à frente”. Por fim, transcorridas as “dez horas duplas”, lobriga de longe um clarão: a garganta se abre, penetra um tênue ralo de Sol e, fma]mente, a luz. Perante Guilgamech se estendiam agora os esplêndidos “jardins dos deuses”; os frutos eram de rubi, pendiam magníficos cachos de uva, “uma outra árvore era coberta de lápis-lazúli. O herói ergue os braços ao Sol: “O meu caminho foi longo e fatigante! Tive de matar os animais da floresta, cobrir-me com suas peles, nutrir-me de suas cames! (.. .) Mostrai-me agora o caminho que conduz ao distante Utnapichtim, guia-me ao barqueiro que me levará a salvo além do Oceano do Mundo e das Àguas da Morte, a fim de que eu possa informar-me sobre a vida!” Chamach o admoesta: “Para onde corres, ó Guiigamech? Jamais encontrarás a vida que procuras!” Mas o herói lhe suplica, e Chamach lhe indica um caminho possível: “Procura Siduri-Sabitu, a sábia senhora da Montanha Celeste, ela está sentada sobre um trono no jardim dos deuses, junto ao Oceano, e custodia a Árvore da Vida. Ela poderá indicar-te o caminho para alcançar o distante Utnapichtim”.
Guilgamech retoma o caminho “através do maravilhoso jardim, onde as pedras preciosas são numerosas como alhures os cardos e as bolotas”.

Tábua X

O herói chega a Siduri-Sabitu. “Ele estava recoberto de peles de animais selvagens; a sua figura era assustadora, seu corpo era o de um deus, mas seu coração estava cheio de dor.” A deusa, não gostando nada do que via, trancou-se dentro de sua casa. Guilgamech ameaça arrombar a porta, e Siduri-Sabitu lhe pergunta então o porquê de seu aspecto tão macilento e o objetivo de sua longa viagem. À sua resposta, lhe repete: “Nunca encontrarás a vida que procuras”, e acrescenta:
“Quando os deuses criaram os homens, estabeleceram para eles a morte, e guardaram a vida para si”, e o aconselha com fervor a gozar a vida tal como ela é, que, no fundo, é bela, e voltar para Uruk, onde todos o amam e o exaltam.
“Basta! — interrompe-a Guilgamech. — Mostra-me o caminho que conduz ao distante Utuapichtim; se possível, atravessarei o mar, se não, caminharei ao longo do litoral.” Siduri-Sabitu o faz notar que, exceto pelo Sol, ninguém pode navegar pelas Águas da Morte, que se estendem perante aquela longínqua praia”. Mas naquele exato momento aporta o barqueiro de Utnapichtim, que tinha vindo procurar ervas e frutas no bosque. “Vai falar com ele; se for possível, atravessa o mar com ele; se não, volta para o lugar de onde vieste.”
Guilgamech entra no bosque e chama em alta voz o barqueiro, mas ninguém lhe responde. Furioso, arrebenta algumas caixas cheias de pedras que estavam na barca, e por fim encontra o homem, Ur Chanabi, e pede-lhe que o leve até seu patrão. Este observa que, tendo destruído as caixas, tornou isso impossível. De fato, estas, lançadas à água, serviam para ajudar na navegação pelas Águas da Morte. Mas sena posssvel aliviar o problema se Guilgamech, para substituir as pedras, abatesse “cento e vinte troncos” e, aparados, os embarcasse. O herói prontamente cumpre o novo trabalho e os dois, com aquela carga, atravessam “as ondas turbulentas e velejam rápidos como o relâmpago”. No terceiro dia, chegam às Aguas da Morte, e chegam às suas margens. Ur Chanabi ordena ao passageiro: “Toma o machado e enfia os troncos no fundo do mar, mas as Aguas da Morte não devem tocar tuas mãos, para que não morras”.
Quando todos os cento e vinte troncos foram usados, “impeliram a barca com aqueles paus”.

Utnapichtim, ao longe, percebe o desconhecido e pergunta, consigo mesmo:
“Por que desapareceram as caixas de pedras? Por que agora se encontra na minha barca alguém que não tinha permissão para entrar nela? Esse que está chegando não pode ser um mortal”. Perscruta melhor e dá-se conta que ele em tudo lhe é semelhante, vai ao seu encontro e o interpela: “Diz-me teu nome, sou Utnapichtim, aquele que encontrou a Vida”.
O rei se declara felicíssimo em conhecê-lo, por fim; e conta-lhe da sua dor, a travessia a fim de alcançá-lo e o escópo da visita: “Quero destruir os espíritos da morte, para que acabe a alegria deles! Ó Utnapichtim, fala-me como obter a vida eterna, tu que a obtiveste!”
“Deixa de lado os lamentos e a ira — responde Utnapichtim —, a sorte dos deuses é diversa da dos homens. Teu pai e tua mãe te criaram homem; mesmo que tua natureza seja dois terços divina, o terço de ti que é humano te impele rumo ao Destino dos homens. A morte põe termo a toda vida. Porventura são eternas as casas, os pactos, as heranças paternas? (...) Desde o início dos seus dias, fica estabelecido que toda coisa tenha fim: o natimorto e o morto, não se assemelham, assim? Não são idênticos os sinais da morte? (. . .) Os deuses estabelecem os dias da vida, mas não contam os da morte!”

Tábua XI

“Observando-te, Utnapichtim, vejo que não és maior nem mais alto que eu, e te assemelhas a mim como um pai ao filho. Também tu és um homem! Mas não tenho paz, fui criado para lutar; tu, ao invés, conseguiste subtrair-te à luta e quietamente repousas. Diz-me, pois, como pudeste entrar para a assembléia dos deuses e encontrar a vida?”
“Quero. desvelar-te, ó Gui]gamech, uma história oculta, um segredo dos deuses. Churrupak é uma cidade antiqUíssima, e por longo tempo os deuses lhe foram benignos, mas depois decidiram fazer descer sobre a terra um dilúvio. No conselho dos deuses estava também presente Ea (Enqui), o deus do Abismo, e ele confiou à minha casa, feita de canas, esta sentença dos deuses.” E narrou como Enqui o exortara a abandonar seus bens, salvar a vida e construir uma embarcação capaz de carregar a semente da vida de cada espécie. “Construa rápido o barco e leve-o no mar de águas doces, carregando-o com o que for necessário.”
“Preparei então madeira e piche, desenhei o plano do barco e nele desenhei vários sinais. Todo meu povo contribuiu na construção.”
Quando a nave ficou pronta, “carreguei nela tudo o que possuía: prata, ouro e sementes de vida de toda espécie; fiz entrar toda minha família; carreguei as bestas grandes e pequenas; ordenei, por fim, que tomassem lugar os artesões versados nas diversas artes”.
“Os espíritos das trevas verteram depois sobre a terra uma chuva torrencial; eu fiquei observando a tempestade, assustadora de se ver. Quando despontou a aurora, ergueram-se nuvens negras como corvos; os espíritos do mal estavam endiabrados, e toda luz se transformou nas trevas mais densas; soprava impetuoso o vento do meridião, as águas revoltas alcançaram os montes, desabando sobre os homens. O irmão não reconhecia mais o irmão; até mesmo os deuses tiveram medo do furacão e correram a refugiar-se sobre a Montanha Celeste de Anu, encolhendo-se como cães assustados. Ichtar, presa de agonia, gritava: ‘O belo país se transformou em lama pelo meu mau conselho; como pude sugerir tamanha maldade? Como pude pensar em exterminar a minha gente? Eis que agora a correnteza abate os homens como no furor da batalha (...) .
‘Todos os homens tomaram-se lama, a terra estava uniforme e deserta. Abri a janela do barco e a luz atingiu meu rosto; prosternei-me, depois sentei-me e chorei com lágrimas copiosas; observei aquele grande deserto de água, exclamei que todos os homens estavam mortos. Depois de doze horas duplas vi despontar no horizonte uma ilha: a minha nau estava sobre o monte Nissir. Ela ficou encalhada sobre o monte Nissir durante seis dias; no sétimo, tomei uma pomba e deixei-a partir, mas retornou, não encontrando nenhum lugar onde pousar. Tomei um corvo e o deixei partir; voou para longe, pois que as águas estavam baixando, comeu, esgaravatou a terra e não retornou. Então deixei que todos os animais saíssem e sacrifiquei um cordeiro; espargi alguns grãos sacrificiais sobre o topo do monte e queimei alguns ramos de cedro e mirto. Os deuses aspiraram o fumo que enchia de prazer as suas narinas e reuniram-se em torno do sacrifício como moscas.”
Os deuses reprovaram a Bel por ter suscitado toda aqueia devastação: se queria punir os homens por alguma ofensa, podia soltar sobre a terra alguns leões ferozes, ou monstros, ou provocar uma carestia, mas não destruir toda a humanidade. Bel, porém, de modo algum se arrependeu, mas ficou agastado ao ver aquela embarcação: “Quem é esse mortal que conseguiu escapar ao seu destino? Ninguém deve sobreviver ao meu juízo”. Mas Enqui vai sobre a nave e diz a Utnapichtim as seguintes palavras: “Até agora, Utnapichtim, eras um homem mortal; deste momento em diante, tu e tua mulher sereis semelhantes a nós e habitareis longe, perto do mar onde desembocam os rios”.
E foi aqui que Guilgamech veio a encontrálos.
Utnapichtim prossegue: “Mas que deus terá piedade de ti e te levará para junto dele, para que possas encontrar a vida que procuras?” E o desafia a ficar, como ele, seis dias e seis noites sem fechar os olhos.
Guilgamech, ao invés, esgotado, se senta e adormece de súbito, profundamente. Ao seu despertar, Utnapichtim o lava, veste, restitui-lhe beleza e vigor e faz com que Ur Chanabi o acompanhe.
Todavia, a mulher de Utnapichtim é tomada de pena pelo herói que depois de tantas tribulações volta de mãos vazias, sem ter encontrado nada do que procurava e lhe oferece uma possibilidade: existe uma planta milagrosa que cresce no fundo do mar e “que tem o aspecto de uma ameixeira”. Se conseguir pegá-la e alimentar-se dela encontrará a vida e a eterna juventude.
Guilgamech amarra duas grandes pedras às pernas, e deixa-se afundar no mar; encontra a planta, agarra-a, e emerge tendo na mão “a flor maravilhosa do mar”;
depois, dando gritos de alegria, diz a Ur Chanabi: “Eis a planta! Eis a planta que dá a vida! . Quero levá-la aos sólidos muros de Uruk, quero que comam dela todos os heróis, quero dividi-la com muitos outros! Esta planta se chama ‘de velho torna-se jovem’; quero comer dela e reaver toda a força da minha juventude!”
A barca navega por “vinte horas duplas” até dar numa pequena praia. Ali perto há um lago fresco e Guilgamech entra nele para restaurar-se. Mas eis que “uma serpente sentiu o perfume da planta miraculosa, aproximou-se, rastejante, e a devorou’ ‘ -
Guilgamech senta-se sobre a margem e irrompe num pranto desesperado. Volta a Uruk, levando consigo Ur Chanabi, a quem dá de presente um pedaço de terra.



Tábua XII

Mas não tem paz: consulta magos e adivinhos, quer ver o espírito de Enquidu, quer interrogá-lo sobre o destino dos mortos. O Sumo Sacerdote o adverte: “O Guilgamech, se queres ir ao Reino dos Mortos, é preciso que uses uma veste suja, não deves ungir-te com óleos perfumados, que atrairiam os espíritos malignos; não deves pousar na terra o teu arco, porque serias logo atormentado por aqueles que matastes; não deves levar o cetro, para não repelir os espíritos dos mortos; não deves calçar sandálias para que teus passos sejam silenciosos”.
O rei, vestido de trapos, dirige-se para “o grande deserto onde se abre o umbral do Reino dos Mortos”. Junto às portas dos infernos, grita furiosamente. O guardião, intimidado afinal abre a porta. Depois se cumpre o rito de despojar-se da indumentária, através das “sete portas duplas”, até que o herói se encontra nu perante Erechquigal, suplicando a ela que o deixasse ver Enquidu.
“Volta para o lugar de onde vieste, não podes ver quem está morto; ninguém te chamou.” Tristemente, Guilgamech refaz o caminho inverso, retoma suas vestes “e colocou-se junto às águas profundas, suplicando a Enqui, o sábio deus do Abismo” que lhe fizesse aparecer a sombra de Enquidu.
Enqui se dirige a Nergal, deus dos mortos: “Faz uma abertura no chão e conduz para o alto o espírito de Enquidu para que possa falar com Guilgamech, seu irmão”. Os dois heróis se reconhecem, mas precisam ficar à distància. Guilgamech pede ao amigo que lhe desvele a lei da terra dos mortos; a sombra de Enquidu “tremia com a resposta”.
“Não posso desvelar-te; se te falasse, sentar-te-ias para chorar.” Mas Guilgamech insiste e Enquidu lhe desvela a terrível verdade: “Vê agora! O amigo que te alegrava está devorado por vermes como um farrapo, Enquidu, o amigo que tua mão tocou, tornou-se como argila, está cheio de pó; tornou-se pó!”
E desaparece. Guilgamech retorna a Uruk, onde “o templo da Montanha Sacra" se erguia alto. O rei se estende para dormir e a morte o alcançou na esplêndida sala do seu palácio.

Fim.
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