quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Ceia do Senhor para Crianças - Um testemunho da História

José Carlos de Souza



Os textos referentes à participação das crianças na Ceia do Senhor são escassos. Nada encontramos no Novo Testamento. Contudo, há testemunhos de que essa prática se tornou corrente na Igreja Antiga. O próprio Lutero o afirma categoricamente. Rechaçando a restrição do cálice aos leigos na liturgia católica, o reformador reportava-se ao escrito de Cipriano ( + 258), bispo de Catargo em meados do 3º século, a respeito dos que haviam abandonado a fé diante das perseguições, para destacar o que, então, era aceito sem contestação: "naquela Igreja era costume dar a muitos leigos e também às crianças ambas as espécies e até o corpo do Senhor na mão, como ensina com muitos exemplos" (1). Calvino também o testifica: Foi isto, na verdade, freqüentemente praticado na Igreja Antiga, como se constata de Cipriano e Agostinho(...)". Porém, acrescenta uma ressalva: "(...)mas esse costume se fez obsoleto" (2), ou seja, caiu em desuso, ao menos, no Ocidente. Quando isto ocorreu?

W. Walker, em sua História da Igreja Cristã, relaciona esse fato ao desenvolvimento da piedade medieval em torno da Eucaristia. O receio de profanar o sacramento pelo mau uso do vinho levou, já no século VII, a adesão do costume grego de molhar o pão no vinho e, por último, no século XII, a concessão do cálice apenas aos clérigos. Pressupondo-se que o corpo e o sangue de Cristo estavam plenamente presentes em cada um dos elementos, a comunhão dos leigos era realizada apenas com o pão. Nessa direção, abandona-se, nos séculos XII e XIII, "a prática da comunhão infantil a qual havia sido universal e que permanece até o presente na Igreja Grega"(3).

Descrevendo a vida litúrgica no mesmo período, o historiador católico Jean Comby expõe tese semelhante: "Já não se dá mais ao recém-nascido a comunhão sob a forma de vinho, pois esse rito desapareceu da missa, no Ocidente, no que se refere aos fiéis" (4).

Vale a pena ressaltar que Tomás de Aquino, que tanto contribuiu para definir teologicamente a prática sacramental católica, estabelece, no entanto, um nexo entre o batismo e a comunhão eucarística. Comenta Walter M. Goeder: "(...)Santo Tomás afirma que, pelo fato de as crianças serem batizadas, estão destinadas, por vontade da Igreja, a receber a eucaristia. A Igreja que crê em seu lugar no batismo, por elas deseja a eucaristia (S. Th. III, q.73, a3)" (5). O batismo tende para a participação eucarística, entretanto, segundo o uso católico, tal vínculo somente se efetiva a partir da conirmação ou crisma.

Calvino representa bem a postura que foi assumida pelo "protestantismo magisterial" (a exceção é de G. Williams). Ele não se mostra convencido de que a aceitação do batismo infantil implica inevitavelmente na admissão das crianças à Ceia do Senhor. Segundo o reformador francês, é preciso considerar a natureza e o caráter específico de cada sacramento, conforme explica: o batismo é "um como que ingresso e uma dir-se-á iniciação à Igreja, mercê da qual somos contados no povo de Deus: sinal de nossa regeneração espiritual, através da qual somos nascidos de novo para filhos de Deus, quando, em contrapartida, haja a Ceia sido atribuída aos mais crescidinhos, que, ultrapassada a infância mais tenra, já estejam em condições de suportar alimento sólido..." (6). Se nenhuma seleção de idade é feita no qua concerne ao batismo, o mesmo não ocorre com a Santa Ceia, a qual se destina a quaisquer pessoas indiscriminadamente, senão somente àquelas que são capazes de discernir o corpo e o sangue de Cristo, examinando a própria consciência e ponderando sobre o sentido e a eficácia sacramentais (7). A participação eucarística, enfim, supõe, no mínimo, maturidade suficiente pra indagar acerca de seu significado (cf. Ex 12:26). Idêntica preocupação parece ter animado Lutero a ponto dele introduzir a catequese e, posteriormente, a confirmação, como meios adequados para assegurar participação consciente, nutrida pela fé em Cristo, na comunhão eucarística (8). É preciso indagar, com toda a honestidade, se aqueles que chegam à "idade da razão"compreendem, de fato, todas as implicações da participação na Ceia do Senhor. Também não se pode escamotear a pergunta se as crianças possuem, ou não, alguma forma de discernimento. O questionamento da posição dos reformadores se torna mais intensa na medida em que experiência pastoral, comum em muitas comunidades, tem demonstrado que, ao ser acolhida na mesa do Senhor, a criança assimila existencialmente o significado da comunhão, ainda que não saiba expressa-lo verbalmente.

E Wesley, como ele enfrentou essa questão? A problemática é colocada por Colin Williams nos seguintes termos: de acordo com o fundador do metodismo, "(...)a ceia do Senhor é um poderoso meio de graça não só no sentido de comunicar a graça santificadora para a nutrição do convertido, mas também para conceder graça preveniente e justificadora, conduzindo à aceitação consciente de Cristo. Por essa razão o batismo é a qualificação para a admissão, e a Ceia não deveria ser reservada para os que alcançaram a maturidade do novo nascimento mediante a conversão" (9).

Nessa linha de raciocínio, observa Williams, Wesley estava disposto a admitir crianças batizadas na mesa eucarística, sempre que fossem instruídas quanto ao significado dessa participação. Um exemplo disso é o registro feito por Wesley, no dia 29 de maio de 1737, em seu Journal: "Sendo domingo de Pentecostes, quatro de nossos estudantes, depois de terem sido instruídos diariamente por várias semanas, foram, por seu sincero e reiterado desejo, admitidos à mesa do Senhor. Eu acredito que o seu zelo tem movido muitos a se lembrar do seu Criador nos dias de sua mocidade, e a redimir o tempo, mesmo no meio de uma geração má e adúltera. De fato, por essa época, nós observamos o Espírito de Deus a mover-se nas mentes de muitas crianças. Elas começaram a ouvir mais cuidadosamente as coisas que eram faladas, tanto no lar como na igreja, e uma seriedade notável apareceu em todo seu comportamento e conversação..."(10).

Em outro registro do Journal, este um ano antes de sua morte acontecida em 21 de fevereiro de 1790, Wesley revela que a sua preocupação com as crianças não era entusiasmo passageiro dos anos de sua mocidade: "Eu preguei às crianças na Nova Capela [New Chapel]; e eu creio que não foi em vão" (11). Certamente tais observações nos levam a refletir sobre o lugar das crianças na vida e na missão da Igreja, não apenas como objetos da ação pastoral da comunidade, mas como agentes eclesiais ativos. A participação das crianças na Ceia do Senhor deve ser situada nessa dimensão!
Os termos publicados no conhecido documento do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) sobre esta questão são contundentes: "Se o batismo, como incorporação no Corpo de Cristo tende, pela sua própria natureza, à comunhão eucarística no corpo e no sangue de Cristo, levanta-se a questão de saber por que um rito separado pode ser acrescentado entre batismo e admissão à comunhão. As Igrejas que batizam crianças, mas recusam-lhes a comunhão na eucaristia antes de um tal rito, deveriam interrogar-se se terão ou não avaliado e aceito plenamente as conseqüências do batismo" (12).

Sem dúvida alguma, a interrogação acima indicada alcança maior gravidade se levarmos em conta o precedente wesleyano e o colocarmos em hesitação e mesmo com a oposição relativas à participação das crianças na Ceia do Senhor ainda nutridas em muitos setores de nossa Igreja a despeito das orientações do Colégio Episcopal (13). Que as lições da história nos ajudem a reavaliar as nossas ações na vida e na missão da Igreja, dando prioridade a quem o Senhor realmente exaltou como herdeiras do Reino.


NOTAS

1 - LUTERO, Martinho. Do Cativeiro Babilônico da Igreja in Obras Selecionadas. São Leopoldo, Sinodal-Concórdia, 1989, v. II, p. 353. De fato a observação de Lutero é correta, como se pode constatar facilmente recorrendo ao próprio tratado do bispo cartaginês, De Lapsis (Dos apóstatas) - cf. capítulos 9 e 25, publicado em Obras de San Cipriano, Madrid, Biblioteca de Autores Cristianos?La Editorial Católica, 1964, p. 176, 188-9.

2 - CALVINO, João - As Institutas ou Tratado da Religião Cristã. São Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1989, v. IV, p. 332 (IRC, IV, 16, 30).

3 - WALKER, W. op. cit. v.I, p. 348.

4 - Para Ler a História da Igreja, Tomo I: Ds Origens ao Século XV, São Paulo, Loyola, 1993, p. 145.

5 - Teologia do Batismo, São Paulo, Paulinas, 1987, p. 75.

6 - IRC, IV, 16, 30, p. 332 na edição citada.

7 - Ibidem; cf. 1 Co 11.28s.

8 - Cf. P. Dr. Lothar C. Hoch, "Santa Ceia Para Crianças: Sim ou Não" in A Cruz no Sul - Jornal da Igreja Evangélica Luterana de São Paulo, Ano XLVII, nº 2, Abr/1995, p. 2.

9 - John Wesley's Theology Today. New York, Abingdon Press, 1960. O grifo é do autor.

10 - The Works of John Wesley. London, Wesleyan-Methodist Book-Room, 1831, v. I, p. 50.

11 - Ibidem, v. IV, p. 736.

12 - Batismo, Eucaristia e Ministério. Rio de Janeiro, CONIC/CEDI, 1983, p. 21.

13 - Cf. Carta Pastoral do Colégio Episcopal sobre a Ceia do Senhor. São Paulo, Imprensa Metodista, 1996, p. 23-25.

domingo, 19 de setembro de 2010

Igreja Metodista convoca membros para a Campanha Nacional de Oração pelo 19º Concílio Geral


A partir do dia 19 de setembro, terá início a "Campanha de Oração" em favor do 19º Concílio Geral da Igreja Metodista. O objetivo é mobilizar os 86 Distritos Metodistas para atividades de oração e intercessão pela evangelização e expansão missionária no território nacional. O Colégio Episcopal, o Corpo Pastoral e toda a membresia de nossas igrejas são conclamados a este propósito missionário.

Reuniões preparatórias estão sendo realizadas para que, em julho de 2011, o órgão superior de unidade da Igreja se reúna.

Serão 43 semanas e contamos com 86 Distritos. Assim, a cada semana, dois distritos poderão proclamar a Semana de Oração pelo 19º CG da Igreja Metodista, de modo que todos possam participar desta convocação solene, até a data de início do Concílio.

Outra meta é que o Concílio Geral seja momento de reencontro com pessoas queridas, de fortalecimento na fé, de comunhão, de reflexões e decisões que ajudarão nossa Igreja a cumprir sua Missão de participar com Deus para que a Sua vontade seja feita aqui na terra.
Durantes esse período disponibilizaremos pelo site www.metodista.org.br as motivações e pedidos de oração.

Esta é uma orientação do Colégio Episcopal e da Coordenação Geral de Ação Missionária da Igreja Metodista, que estão empenhados para que este Concílio seja abençoador na vida da Igreja.

Soraralmente em Cristo,

Joana D´Arc Meireles
Secretária Executiva para Vida e Missão da Igreja

sábado, 18 de setembro de 2010

E$CÂNDALO$ EM NOME DE DEU$ - VII

Em reportagem publicada, a Revista Época, traz uma reportagem na qual o ex-pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus, Givanildo de Souza faz uma série de acusaçãoes a sua ex-denominação.

Na reportagem ele conta que era caminhoneiro quando conheceu, em 1998, o fundador da igreja apóstolo Valdemiro Santiago. Entusiasmado com as promessas de cura, enriquecimento e ressurreição, ele resolveu trocar o caminhão pelos templos. Virou discípulo de Valdemiro e obreiro da Mundial. A dedicação ao altar lhe rendeu promoções. Givanildo passou por várias cidades até ser transferido para Araçatuba, a 525 quilômetros da capital paulista. Lá ficou responsável por 14 igrejas. Como pastor regional, chefiava os colegas e respondia pelo dinheiro arrecadado. Semanalmente, diz, enviava para a sede os montantes recolhidos. O vínculo com a Mundial durou até julho deste ano. Depois de se declarar descontente, Givanildo decidiu sair e agora faz acusações contra a Mundial. Ele afirma que era orientado a distorcer trechos da Bíblia para aumentar a arrecadação com os fiéis. É a primeira vez que um dissidente da Mundial dá um depoimento assim.

Segundo a revista representantes da igreja foram procurados para comentar, mas não quiseram responder.

A seguir, suas principais afirmações sobre o funcionamento da Mundial.

A pressão por arrecadação

Os líderes da Igreja Mundial, segundo Givanildo, estabelecem metas financeiras a seus subordinados e cobram resultados. “Se eu não dobrasse o valor, ia ser mandado embora com minha família e tudo”, diz. Givanildo conta que, um pouco antes de deixar a Mundial, despachava para a sede cerca de R$ 300 mil por mês, oriundos do bolso dos fiéis. “Depositava na conta da igreja. Às vezes, pediam para levar em mãos.”

A pressão por arrecadação e as técnicas para extrair dinheiro de fiéis, segundo ele, eram ditadas pelo bispo Josivaldo Batista, o segundo homem da Mundial. Josivaldo, diz, lidera a segunda parte dos encontros periódicos de pastores para falar de crescimento financeiro. “A primeira parte da reunião é televisionada. Depois que desligam tudo, o bispo Josivaldo começa a falar: ‘O negócio é o seguinte, se não crescer, vamos fazer umas trocas aí. Vamos botar os pastores lá no fundão do Nordeste, no meio do mato’.”

O uso da Bíblia

Givanildo diz que, nas reuniões, Josivaldo também mostra como usar trechos da Bíblia para aumentar a arrecadação. “Houve uma campanha feita em cima de Isaías 61:7, sobre a dupla honra. Aí surgiu a proposta de pedir 30% do salário da pessoa.” Esse versículo diz o seguinte: “Em lugar da vossa vergonha tereis dupla honra; (…) por isso na sua terra possuirão o dobro e terão perpétua alegria”. Segundo Givanildo, os pastores passaram a pregar que para obter a “dupla honra” era necessário “dobrar” o dízimo e dar mais 10% do salário como oferta. Total: 30%. O “trízimo” ficou conhecido como uma inovação introduzida pela igreja de Valdemiro.

Outra orientação comum, diz Givanildo, é fazer associações simplórias entre números citados em textos sagrados e metas de ofertas. Num trecho bíblico que descreve uma batalha está dito que 7 mil guerreiros “não se dobraram a Baal”. É o que basta para uma associação. Depois de reler essa frase aos fiéis, os pastores passam a pedir doações de 7 mil pessoas, insinuando que se trata de uma determinação bíblica.

A barganha pela água benta

Na Mundial, de acordo com Givanildo, o acesso a bens sagrados são barganhados. Josivaldo, diz ele, mandava distribuir água benta só aos que contribuíssem financeiramente. “A gente tinha de dizer assim: ‘Eu quero 200 pessoas com oferta de R$ 100, que eu vou dar uma água’. Para aquelas que não tinham oferta, não podia dar.”

Os motivos da ruptura

“Eu fazia meu melhor no altar, só que quando chegava nesse momento de pedir oferta não me sentia bem. Ficava enojado”, afirma. “Se a igreja está passando necessidade, não pode ter fazenda, clube.” Givanildo conta que era considerado “rebelde” por não colocar em prática as campanhas de ofertas acima de R$ 100. E, quando o faturamento caía, era acusado de roubo, diz. “Um dia, na reunião, o bispo Josivaldo, querendo me humilhar, gritou assim: ‘Pastor Souza, vem aqui na frente’. Ele disse que tinha uma acusação, que eu estava pegando propina de outros pastores.”

A nova igreja

Fora da Mundial, Givanildo montou sua própria igreja, a Missionária do Amor. Seu primeiro templo, em Araçatuba, tem sistema de som, grafite na parede e quase uma centena de bancos estofados. Com que dinheiro montou tudo isso? “Tem gente que acredita e está me ajudando”, afirma. Sua igreja não parece ser muito diferente da Mundial. Givanildo afirma que, pelo menos no que diz respeito à forma de pedir ofertas, não segue os passos de Valdemiro.

Fonte: Época

sábado, 11 de setembro de 2010

ESCÂNDALOS EM NOME DE DEUS - VI

“A Igreja não é feita de anjos, mas de homens”


Carioca, Padre Edvino Alexandre Steckel, 42 anos, teve uma carreira meteórica ao lado de Dom Eusébio. Doutor em História Eclesiástica, passou a ser visto como o homem que modernizaria a administração da Igreja do Rio. Chegou a encomendar à Fundação Getúlio Vargas (FGV) uma proposta para melhorar a gestão da Arquidiocese. Edvino mora em um apartamento na Lagoa onde recebia muitos políticos: há quatro anos, organizou a ida de 19 vereadores a Roma. Já foi homenageado pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Municipal. Apreciador de vinhos, costumava encomendar camisas ao alfaiate que faz os fardões da Academia Brasileira de Letras. Com as mudanças, auxiliares de Edvino foram afastados e ele também perdeu seu cargo de direção na Rádio Catedral.

“A crise na Igreja do Rio ganhou novo capítulo: o novo ecônomo da Arquidiocese, monsenhor Abílio Ferreira da Nova em entrevista a O DIA, série de críticas ao seu antecessor, o padre Edvino Steckel. Segundo o religioso, em abril Edvino gastou boa parte dos R$ 5,150 milhões que a prefeitura depositara, em 31 de março, na conta da Arquidiocese como pagamento de uma ação judicial. Apenas R$ 2 milhões ficaram no caixa.

Responsável pela administração dos bens da Arquidiocese, monsenhor Abílio disse que o dinheiro foi mal-empregado na compra de bens desnecessários e no pagamento de dívidas que ele desconhecia. “O dinheiro sumiu”, afirmou. A verba seria usada na reforma de um prédio no Centro cujo aluguel das salas é a principal fonte de renda da Igreja do Rio.

O padre Edvino foi obrigado a renunciar ao cargo de ecônomo depois que o ‘Informe do DIA’ revelou a compra, pela Arquidiocese, de um apartamento de luxo que serviria de residência no Rio para Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito (aposentado). Dom Eusébio foi o responsável pela nomeação de Edvino para o cargo, no ano passado. O novo arcebispo, Dom Orani João Tempesta, desconhecia a compra do imóvel.

Monsenhor Abílio anunciou também a recontratação da maior parte dos 67 funcionários demitidos na gestão de D. Eusébio e a volta, para a sede da Arquidiocese, das comissões pastorais que foram despejadas — entre elas, a dos refugiados, a de favelas, a do trabalho e a do menor. Segundo ele, o apartamento comprado em dezembro para D. Eusébio por R$ 2,2 milhões deverá ser vendido. O problema é que o interior do imóvel foi destruído para uma reforma inacabada. “Hoje, o apartamento vale muito menos”, lamentou.

As mudanças implementadas por monsenhor Abílio incluem o fim de algumas marcas da gestão de padre Edvino, um homem de 42 anos que não esconde hábitos sofisticados e apreço pelo luxo. Ex-vigário episcopal para a administração dos bens da Arquidiocese, monsenhor Abílio levou um susto ao voltar à antiga sala, então ocupada por Edvino. O local tinha sido reformado e ganhou um revestimento à prova de som que inclui portas de madeira maciça com 5 cm de espessura.

A sala ganhou teto de gesso, nova iluminação e móveis arrojados e caros. Foram comprados dois sofás e duas poltronas da loja Forma, de Ipanema. O DIA apurou que os sofás, de couro, com enchimento de penas de ganso, custam R$ 21.300 e R$ 17.200. O preço de cada uma das poltronas é R$ 6.800. Monsenhor Abílio preferiu usar sua antiga mesa e dispensou uma nova, comprada por Edvino. Levou também para a sala imagens de santos e de Jesus Cristo. “Não havia imagens aqui”, disse. O novo ecônomo também determinou a devolução, por Edvino, do carro importado que ele usava, um Jetta. Um modelo novo custa R$ 85.674. “A Igreja não é feita de anjos, mas de homens”, lamentou o monsenhor. Padre Edvino não foi encontrado pela reportagem.

Monsenhor Abílio também decidiu que os roteiros de missas não vão mais publicar anúncios do cartão de crédito criado na gestão de Dom Eusébio. Segundo ele, o contrato de publicação vencerá em setembro e não será renovado.

Lançado em dezembro de 2006, o cartão foi anunciado como uma forma de arrecadar recursos para obras sociais da Igreja. O cartão, porém, não é vinculado à Arquidiocese, mas à Associação de Solidariedade Justiça e Paz (ASJP), entidade fundada em junho de 2006 por Dom Eusébio e padre Edvino. Seu estatuto não previa o apoio específico a projetos da Arquidiocese. Mesmo assim, a sede da entidade ficava na própria Arquidiocese. A ASJP lançou também um fundo de investimento.

Em setembro de 2008, o ‘Informe do DIA’ revelou que o estatuto da ASJP previa que Dom Eusébio e padre Edvino seriam, respectivamente, presidente e diretor-geral vitalícios da entidade.

ESCÂNDALOS EM NOME DE DEUS - V

O padre polonês Marcin Michal Strachanowski, 44, foi denúnciado por transformar a casa paroquial da igreja Divino Espírito Santo, em Realengo (zona oeste), numa espécie de "masmorra erótica".

O sacerdote também está sendo submetido a processo canônico no Tribunal Eclesiástico, o que pode representar até sua expulsão. Segundo a Arquidiocese do Rio, o padre foi afastado da Igreja do Divino Espírito Santo, em Realengo, em 2008, quando começou a investigação sobre o atentado violento ao pudor contra um adolescente de 16 anos, que havia sido coroinha na mesma paróquia.

Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o religioso teria algemado um jovem, na época com 16 anos, a uma cama e feito sexo oral nele, na casa paroquial. A vítima afirmou que o sacerdote chegou a oferecer dinheiro com a exigência de "silêncio" e o ameaçou, dizendo que "já sabia as flores que colocaria em seu caixão".

"As provas colhidas durante a investigação apontam o indiciado como uma pessoa compulsivamente ligada a sexo com adolescentes. O acusado arregimentava esse rebanho de inocentes jovens para levá-los a sua casa paroquial, subestimando sua alta relevância espiritual para transformá-la numa espécie de masmorra erótica onde submetia estes jovens, inclusive com emprego de algemas, as orgias descritas entre risos nas conversinhas mantidas com seus amigos na internet", escreveu o juiz na decisão.

No processo, o jovem detalha as tentativas do padre em aliciá-lo, inclusive com "beijos lascivos mediante emprego de constrangimento". O adolescente havia deixado a igreja em 2006, após dois anos servindo como coroinha, mas o sacerdote o convenceu a voltar a frequentar a paróquia em 2007. O abuso teria ocorrido próximo ao Carnaval daquele ano.

"Ele solicitou a presença do jovem na casa paroquial, que estava deserta. No quarto, no segundo andar, após algemá-lo à cama, o despiu e nele praticou sexo oral e tentativa de sexo anal ", mostra a denúncia.

Ainda de acordo com a denúncia, em 2006 a vítima que exercia a função de coroinha na paróquia se desligou do grupo religioso, sendo novamente procurado pelo padre denunciado no final do mesmo ano e no início de 2007, ocasião em que iniciaram conversação e troca de correspondências e mensagens de "cunho pornográfico" via internet.

"O denunciado, ainda usando de coerção, colocou um dinheiro no bolso da vítima, e exigiu silêncio, ameaçando que todos ficariam sabendo do ocorrido. Posteriormente, percebendo a recusa do menor em receber suas ligações, o denunciado, ao ser atendido ameaçou de morte a vítima. E o perfil desenhado pela prova indiciaria sua franca capacidade de usar sua postura de padre para executar lavagem cerebral", destaca a denúncia.

O padre é acusado pelos crimes contra os costumes e corrupção de menores. Se condenado por atentado violento ao pudor, ele pode pegar até dez anos de prisão. Embora a modalidade do crime atualmente tenha sido revogado por lei sendo agora considerado estupro à época dos fatos estava previsto no Código Penal. Segundo o TJ-RJ, o padre pode apresentar sua defesa em dez dias.

ESCÂNDALOS EM NOME DE DEUS - IV


Dinheiro, sexo e poder. O trinômio sempre funcionou para bons roteiros de filmes e novelas. Também é atrativo de best sellers e no novo jornalismo são as notícias que mais chamam a atenção. Juntos ou separados dinheiro, sexo e poder são ingredientes de grandes histórias, mas são, também, motivos de queda de muitos Religiosos.


O ecônomo (responsável pela administração dos bens) da Arquidiocese do Rio de Janeiro, monsenhor Abílio Ferreira da Nova, 77, foi preso pela Polícia Federal no aeroporto Tom Jobim, no domingo, quando embarcava para Portugal com 52,8 mil euros (R$ 117,2 mil) e US$ 778.

Ele foi indiciado sob acusação de evasão de divisas, crime com pena prevista de dois a seis anos de reclusão.

Segundo a PF, o religioso transportava 45 mil sem autorização legal na bagagem. A lei obriga passageiros a declarar à Receita a posse de valores em moedas estrangeiras superiores a R$ 10 mil. A quantia foi apreendida, de acordo com a PF.

Outros 7.000 que estavam com o religioso tinham origem comprovada por meio de documento de câmbio do Bradesco, ou seja, atendiam a uma das exigências da Receita.

Por meio da assessoria da Arquidiocese, Abílio disse em nota que viajava de férias para a sua cidade natal, em Portugal, onde iria descansar, cuidar da saúde, visitar parentes e celebrar um casamento e um batizado.

"Levava comigo parte de minhas economias, adquiridas ao longo de anos, cuja procedência é declarada. Minha intenção era ajudar parentes pobres e a paróquia onde fui batizado", disse.

Ele lamentou ainda "o erro de não ter informado, previamente, que estava de posse [do dinheiro]".

Abílio ficou preso no aeroporto até a manhã de segunda-feira (6), quando a Justiça Federal concedeu liberdade provisória. Em seu pedido, ele alegou problemas de saúde e sugeriu até ficar em prisão domiciliar como alternativa à reclusão em presídio.

Em nota divulgada ontem à tarde, a Arquidiocese do Rio afirmou que Abílio havia apresentado pedido de renúncia ao cargo em maio devido a problemas de saúde.

O monsenhor assumiu o cargo no ano passado após o padre Edvino Steckel ser afastado por excesso de gastos, como a compra de um apartamento de R$ 2,2 milhões no Flamengo, zona sul.

A delegacia da PF no aeroporto afirmou que recebeu uma denúncia anônima no sábado (5), comunicando que uma "pessoa chamada Abílio Ferreira da Nova embarcaria às 18h45 no voo 184 da TAP, levando 50 mil sem declaração de imposto".

domingo, 5 de setembro de 2010

ESCÂNDALOS EM NOME DE DEUS - III

Ao ser preso sob a acusação de estupro, o pastor Laercio Eugênio, 53, da Assembleia de Deus, assumiu que tinha, sim, engravidado a garota de 14 anos. Mas não se tratou de violência sexual, afirmou, porque a gravidez da menina foi uma “promessa de Deus”.

O pai da menina é caminhoneiro e a mãe, empregada doméstica. Eles moram em Santana do Livramento, cidade gaúcha de 82 mil habitantes que fica a 498 km de Porto Alegre.

A menina trabalhava de empregada doméstica na casa do pastor - ele é casado - desde os sete anos. Os pais e tios da adolescente são muito religiosos e acreditavam que, na casa do pastor, ela estava bem encaminhada. Mas os abusos começaram quando ela tinha 13 anos, segundo a polícia.

Pela lei, violência sexual até essa idade é considerado estupro, haja ou não consenso da menor, e a pena, nesse caso, é mais pesada.

Na casa da menina a polícia encontrou cerca de 300 cartas trocadas entre ela e o pastor. Na correspondência, a garota demonstra acreditar ter sido mesmo escolhida por Deus para ter um filho com o pastor. Tal inocência pode ser explicada, em parte, pela religiosidade de seus pais.
A polícia confiscou as cartas como provas do crime.

Em entrevista ao jornal Zero Hora, a menina (da foto) falou que, de início, tinha o pastor com um pai. “Mas quando ele começou a falar que Deus tinha me escolhido para ser a mãe do filho dele, eu comecei a acreditar e a gostar dele. Agora já não sei explicar o que sinto por ele.”

Quando a mãe dela descobriu a gravidez por causa dos enjoos, a menina resistiu em contar quem era o pai.

ESCÂNDALOS EM MONE DE DEUS - II

O pastor da Igreja Assembléia de Deus Ministério Plenitude, José Leonardo Sardinha,foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo pelo crime de estupro e atentado violento ao pudor, cometidos por meio de violência presumida. A vítima é uma garota com menos de 14 anos que era fiel da igreja comandada por Sardinha.

A menina acalentava o sonho de namorar um dos filhos do pastor quando entrou na igreja. Segundo a denúncia, depois de perceber o interesse, Sardinha usou de seu poder de orientador espiritual para seduzir a menina. Contou para ela que recebeu uma revelação divina que dizia que para a adolescente alcançar seu sonho precisaria se entregar primeiro ao pastor.

Sardinha disse à menina que teve um sonho profético: se fizesse um sacrifício, como Abraão havia feito na Bíblia, ela conquistaria o seu filho.

O sacrifício em nome de Jesus seria ter com ele relações sexuais por três vezes.

Sardinha recebia mensagens divinas com freqüência, conforme suas pregações aos fiéis, mas nenhuma lhe alertou que ia ser condenado à prisão por estupro e atentado violento ao pudor.

No dia 6 de novembro, a juíza Jucimara Esther de Lima Bueno, da 26ª Vara Criminal Central, de São Paulo, condenou-o a 21 anos de cadeia em regime inicialmente fechado.

Ele já estava preso preventivamente desde 24 de março deste ano no Centro de Detenção Provisória de Vila Independência, para que não intimidasse familiares da vítima, os quais teriam sido perseguidos por fiéis da igreja por algum tempo.

Na sentença, a juíza sublinhou que menina tinha se tornado em “refém do discurso do pastor”.

Ao se entregar pela primeira vez ao Sardinha, a garota, que era virgem, perguntou se o sonho que ele tivera era mesmo ‘de Deus’. O pastor garantiu que sim, que ele nunca brincaria com o nome de Deus. E em um motel, em três diferentes ocasiões, o pastor abusou da menina, em coito anal e vaginal. A menina sentia dores, mas o religioso dizia que sacrifício a Deus é assim mesmo.

Depois de ter feito o ‘sacrifício’, a garota ficou chateada porque a profecia não se cumpriu: o filho do pastor continuava ignorando-a.

Para acalmar a menina, o Sardinha, em um culto, chegou a pregar que as coisas ocorrem no tempo de Deus, não quando as pessoas querem.

O pastor já tinha dito à menina, na terceira vez que a levou para o motel, que ela deveria ser dele, que ele deixaria a mulher para se juntar a ela.

A menina desistiu do filho do pastor e acabou acreditando que o religioso gostava dela. Voltaram a ter relacionamento sexual, agora com o consentimento dela.

Regina, a mãe da menor , disse que não desconfiou de nada. “Ele era um homem de Deus.”

Quando Regina soube do namoro, ela contou para a mulher do pastor, que teria sido perdoado (consta que não foi a primeira vez). Mas logo depois o inferno do pastor ia começar: o caso foi levado ao Ministério Público, que o denunciou à Justiça.
Na Justiça, o pastor se defendeu dizendo que tudo foi invenção da Regina, com quem, disse ele inicialmente, teve um caso extraconjugal. A invenção, portanto, teria sido uma vingança de Regina. O que não ficou provado.

Além disso, em seus depoimentos à polícia e à Justiça, o pastor se contradisse em vários pontos, anotou a juíza Jucimara em sua sentença, de onde foram tiradas as informações deste post.

Acostumado a ludibriar os féis com a oratória, o evangélico foi condenado, em parte, por suas próprias palavras.

ESCÂNDALOS EM NOME DE DEUS - I

Dinheiro, sexo e poder. O trinômio sempre funcionou para bons roteiros de filmes e novelas. Também é atrativo de best sellers e no novo jornalismo são as notícias que mais chamam a atenção. Juntos ou separados dinheiro, sexo e poder são ingredientes de grandes histórias, mas são, também, motivos de queda de grandes pastores.

Nos anos 1980, ele era considerado um paladino da moral e dos bons costumes. O pastor Jimmy Swaggart, um dos mais importantes televangelistas americanos, fazia de seus programas, transmitidos para mais de 40 países – inclusive o Brasil –, uma verdadeira trincheira na luta contra a carnalidade. Pregador eloqüente e carismático, Swaggart reunia famílias inteiras diante da TV e era crítico contundente da pornografia. Ironicamente, caiu justamente por causa dela, num episódio rumoroso envolvendo prostitutas e uma disputa pessoal com o também pregador televisivo Jim Bakker. Proprietário do canal de televisão PTL (Praise the Lord), com 12 milhões de telespectadores apenas nos Estados Unidos, Bakker acabou se tornando um rival de Swaggart. Tudo ruiu quando fotos suas, acompanhado de garotas de programa, chegaram à imprensa. Na época, atribuiu-se o vazamento das imagens a Swaggart. O troco não demorou. Um detetive particular contratado por Bakker não teve muito trabalho para fotografar Swaggart diante de um motel, com o carro cheio de prostitutas. Sem saída, ele confessou que pagava para que elas fizessem strip-tease para ele. Perdoado pela mulher, Francis, ele foi à tevê, chorou e confessou-se arrependido pelo ato. Contudo, sua reputação e ministério foram irremediavelmente abalados.

No fim de 2006, outro escândalo sexual abalou a Igreja Evangélica dos Estados Unidos. Eleito pela revista Time como um dos 25 principais líderes cristãos do país, Ted Haggard admitiu consumir material pornográfico e o envolvimento sexual com um garoto de programa, que o denunciara publicamente. O caso provocou maior espanto porque Haggard era uma das principais vozes contra o homossexualismo. Quem recentemente também admitiu problemas com o chamado mercado de “conteúdo adulto” foi o pastor australiano Mike Guglielmucci, do ministério Hillsong. Ele confessou, após dois anos declarando-se vítima de um câncer terminal – chegou até mesmo cantar com o auxilio de um tubo de oxigênio –, que sua única doença era o vício em pornografia. A farsa gerou um tremendo mal-estar no badalado grupo de louvor australiano. “Eu sou assim, viciado nesta coisa. Ela consome minha mente”, disse, em entrevista a um canal de TV...
Fonte: Gospelvision/ Eclesia
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