domingo, 31 de outubro de 2010

HISTÓRIA DOS PAPAS: ORIGEM E EVOLUÇÃO

INICIALMENTE cumpre destacar que não houve episcopado monárquico no primeiro século. As igrejas eram governadas por colegiados de bispos ou presbíteros (ver Atos 20.17 e 28; Tito 1.5 e 7).

Ao mesmo tempo, não se pode deixar de reconhecer que ainda na igreja antiga os bispos de Roma alcançaram grande preeminência, que o papado em muitas ocasiões prestou serviços crucialmente relevantes à igreja e à sociedade e que muitos papas foram homens de grande piedade, integridade moral, saber teológico e habilidade administrativa.

Originalmente, a palavra grega papas ou a latina papa foi aplicada a altos oficiais eclesiáticos de todos os tipos, especialmente aos bispos. A partir de meados do quinto século passou a ser aplicada quase que exclusivamente aos bispos de Roma.

O livro de Atos dos Apóstolos termina com a chegada de Paulo a Roma. O apóstolo aos gentios escreveu a principal de suas epístolas a essa igreja e no segundo século surgiu uma tradição insistente de que tanto Paulo como Pedro, os dois apóstolos mais destacados, haviam sido martirizados naquela cidade. Além disso, já numa época remota a igreja de Roma tornou-se a maior, a mais rica e a mais respeitada de toda a cristandade ocidental. Outro fator que contribuiu para a ascendência da igreja romana e do seu líder foi a própria centralidade e importância da capital do Império Romano.

Outro elemento importante é que desde cedo a igreja romana e os seus líderes reivindicaram, direta ou indiretamente, certas prerrogativas especiais:

Por volta de 255, o bispo Estêvão utilizou a passagem de Mateus 16.18 para defender as suas idéias numa disputa com Cipriano de Cartago. E Dâmaso I (366-84) tentou oferecer uma definição formal da superioridade do bispo romano sobre todos os demais.

No quinto século destaca-se sobremaneira a figura de Leão I (440-61), considerado por muitos "o primeiro papa". Leão exerceu um papel estratégico na defesa de Roma contra as invasões bárbaras e escreveu um importante documento teológico sobre a pessoa de Cristo (o Tomo) que exerceu influência decisiva nas resoluções do Concílio de Calcedônia (451). Além disso, ele defendeu explicitamente a autoridade papal, articulando mais plenamente o texto de Mateus 16.18 como fundamento da autoridade dos bispos de Roma como sucessores de Pedro.

Gelásio I (492-96)(sucessor de Leão I) expôs a célebre teoria das duas espadas: dos dois poderes legítimos que Deus criou para governar no mundo, o poder espiritual – representado pelo papa – tinha supremacia sobre o poder secular sempre que os dois entravam em conflito.

O apogeu do papado antigo ocorreu no pontificado do notável Gregório I ou Gregório Magno (590-604), o primeiro monge a ocupar o trono papal. Sua lista de realizações é impressionante. Ele supervisionou as defesas romanas contra os ataques dos lombardos, realizou complicadas negociações com o imperador bizantino, saneou as finanças da igreja e reorganizou os limites e responsabilidades das dioceses ocidentais. Ele foi também um dedicado estudioso das Escrituras: suas exposições bíblicas, especialmente um comentário do livro de Jó, foram muito lidas em toda a Idade Média. Seus escritos sobre os deveres dos bispos deram forte ênfase ao cuidado pastoral como uma atividade prioritária. Ele reformou a liturgia, regularizou as celebrações do calendário cristão e promoveu a música sacra ("canto gregoriano"). Finalmente, Gregório foi um grande promotor de missões, enviando missionários para vários centros estratégicos do norte e do oeste da Europa e expandindo a área de jurisdição do papado.

Um momento especialmente significativo na evolução do papado ocorreu no Natal do ano 800, quando o papa Leão III coroou Carlos Magno como sacro imperador romano. A esta altura, a complexa associação dos elementos citados (e outros mais) havia criado uma situação na qual o bispo romano era amplamente considerado o principal personagem eclesiástico do ocidente, bem como o representante do cristianismo ocidental junto ao oriente.

O papado também teve seus períodos sombrios, marcados por imoralidade e corrupção. Um desses períodos ocorreu entre o final do século IX e o início do século XI, quando a instituição papal foi controlada por poderosas famílias italianas. A história revela que um terço dos papas dessa época morreu de forma violenta: João VIII (872-882) foi espancado até a morte por seu próprio séquito; Estêvão VI (885-891), estrangulado; Leão V (903-904), assassinado pelo sucessor, Sérgio III (904-911); João X (914-928), asfixiado; e Estêvão VIII (928-931), horrivelmente mutilado, para não citar outros fatos deploráveis. Parte desse período é tradicionalmente conhecida pelos historiadores como "pornocracia", numa referência a certas práticas que predominavam na corte papal.

A partir de meados do século XI, surgiram vários papas reformadores que procuraram moralizar a administração da igreja, lutando contra vários males que a assolavam. O mais notável foi Hildebrando ou Gregório VII (1073-1085), que notabilizou-se por sua luta contra a simonia, ou seja, o comércio de cargos eclesiásticos, e ficou célebre por sua confrontação com o imperador alemão Henrique IV. Ele escolheu como lema do seu pontificado o texto de Jeremias 48.10: "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente".

O ápice do poder papal ocorreu no pontificado de Inocêncio III (1198-1216), considerado o papa mais poderoso de todos os tempos, aquelo que, mais do que qualquer outro, concretizou o ideal da "cristandade", ou seja, uma sociedade plenamente integrada sob a autoridade dos reis e especialmente dos papas. Ele foi o primeiro a utilizar o título "vigário de Cristo", ou seja, o papa era não somente o representante de Pedro, mas do próprio Senhor. Seus sucessores continuaram por algum tempo a fazer ousadas reivindicações de autoridade sobre toda a sociedade, sem contudo transformá-las em realidade como o fizera Inocêncio.

Novo período de declínio e desmoralização do papado ocorreu no século XIV e início do século XV. Primeiro, os papas residiram na cidade de Avinhão, ao sul da França, por mais de setenta anos (1305-1378), colocando-se sob a influência dos reis franceses. Esse período ficou conhecido como "o cativeiro babilônico da igreja". Em seguida, por outros quarenta anos (1378-1417), houve dois e finalmente três papas simultâneos (em Roma, Avinhão e Pisa), no que ficou conhecido como "o grande cisma". Essa situação embaraçosa foi sanada por vários concílios reformadores, especialmente o de Constança, que reivindicaram autoridade igual ou mesmo superior à dos papas.

O final do século XV e início do século XVI testemunhou o pontificado dos chamados "papas do renascimento", os quais, ao contrário de muitos de seus predecessores ou sucessores, tiveram escassas preocupações espirituais e pastorais. Como papa Alexandre VI (1492-1503), o espanhol Rodrigo Borja dedicou-se prioritariamente a promover as artes e a embelezar a cidade de Roma; Júlio II (1503-1513) foi um papa guerreiro, comandando pessoalmente o seu exército; e Leão X (1513-1521) teria dito ao ser eleito: "Agora que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo". Foi ele quem despertou a indignação do monge agostiniano Martinho Lutero ao autorizar a venda de indulgências para concluir as obras da Catedral de São Pedro. O resultado dessa indignação é conhecido de todos.

sábado, 30 de outubro de 2010

Roma mantinha comunhão com as Igrejas do Oriente?

Durante o primeiro milênio da História do Cristianismo, Roma mantinha comunhão com as Igrejas do Oriente, mas fatores históricos, políticos e geográficos (a queda do Império Romano do Ocidente, a aliança do Papado com o Império Carolíngio e as distâncias territoriais que separavam as Igrejas do Ocidente dos Patriarcados do Oriente) foram gerando um abismo que se aprofundava cada vez mais, à medida que o tempo avança, desenvolvia-se no Ocidente tradições próprias e muitas vezes divergentes da perspectiva do Oriente, culminando numa ruptura formal, em 1054, a partir do conflito entre a delegação romana (chefiada pelo Cardeal Humberto) e o Patriarca Miguel Cerulário, por ocasião da visita destes embaixadores papais a Constantinopla, episódio que ficou conhecido na História como o “Grande Cisma entre o Oriente e o Ocidente”. Várias tentativas de reconciliação foram feitas, mas todas resultaram em fracassos. Em dezembro de 1965, um encontro entre o Patriarca Atenágoras I, de Constantinopla, e o Papa Paulo VI, de Roma, pôs formalmente um fim às hostilidades entre as duas igrejas. No entanto, este ato não foi e não é suficiente para restaurar a comunhão entre o Oriente e o Ocidente. Por isto vem sendo realizados encontro sistemáticos entre as duas Igrejas para dialogar sobre as divergências. O encontro realizado em outubro de 2009 para discutir sobre O papel do Bispo de Roma no Primeiro Milênio, resultou em mais um fracasso, pois ambas as partes ratificaram suas posições: A Igreja Ortodoxa, seguindo as decisões dos Concílios Ecumênicos, reconhece ao Bispo de Roma uma primazia de honra, mas sem jurisdição universal, posto que todos os bispos são iguais e cada igreja local como sendo plenamente católica; por sua vez os Romanos, embora reconheçam a plena catolicidade da Igreja local, e que o Papado no primeiro milênio não funcionava nas mesmas bases de hoje, recusam-se a admitir que sua jurisdição seja reduzida ao seu território local. Contudo, apesar do impasse, todos os participantes foram unânimes em querer que o diálogo prossiga e uma agenda de encontros futuros foi estabelecida. Todavia, é bom esclarecer que muitos ortodoxos não são favoráveis ou não vêem com bons olhos este diálogo com Roma.

Igrejas orientais: a igreja de tradição armênia

A terceira tradição oriental é a armênia, vinculada à nação de mesmo nome. Um aspecto trágico cerca os cristãos armênios em toda sua história, especialmente após o genocídio perpetrado pelos turcos durante a Primeira Guerra Mundial.

A Armênia foi evangelizada, segundo a tradição, pelos apóstolos Bartolomeu e Judas Tadeu, ainda que o nascimento de uma Igreja propriamente armênia aconteceu no século III, com Gregório, o Iluminador.

Gregório evangelizou a Armênia, com a conversão de seu rei Tirídates, que proclamou, pela primeira vez na história, o cristianismo como religião oficial do Estado. A Armênia é, portanto, a primeira nação cristã da história.

Inicialmente, a Igreja armênia dependia de Casareia da Capadócia, mas se converteu em seguida em autônoma, em todos os níveis, incluindo o litúrgico e o disciplinar.

Ao desaparecer muito rápido o Estado armênio independente, no final do século IV, o cristianismo converteu-se para os armênios em elemento unitivo de sua própria identidade.

Dominados pelos persas e depois pelos bizantinos, os armênios viram-se arrastados também pelas disputas cristológicas de Calcedônia, rechaçando este Concílio mais por razões políticas que realmente religiosas.

No século XI, o território armênio é conquistado pelos turcos. A população teve de emigrar massivamente para a Ásia Menor, onde fundou a Pequena Armênia. Ali entraram em contato com os cruzados, especialmente com os francos, mas apesar disso não houve volta à comunhão com Roma.

Os armênios ficaram portanto dentro do Império Otomano, onde adquiriram uma certa autonomia. No entanto, as lutas balcânicas dos séculos XVIII e XIX de alguns povos contra os turcos, alentadas pela Rússia e o Ocidente, e seu próprio desejo de independência, os converteram em suspeitos aos olhos dos turcos.

No final do século XIX, mas sobretudo no início do XX, o povo armênio foi objeto de um autêntico genocídio, com quase 1,5 milhão de mortos e centenas de milhares de deportados para o Líbano, os Estados Unidos e a América do Sul.

Igreja Católica Armênia

Ainda que desde a época das Cruzadas já existiam comunidades armênias católicas que mantinha laços com Roma, não foi algo mais estruturado até 1742, quando o Papa Bento XIV constituiu o Patriarcado de Cilícia dos armênios, cujos patriarcas usam desde então o nome de Pedro (Petros) junto com seu próprio nome.

Os armênios católicos são, atualmente, ao redor de 270.000. Também eles se viram afetados pelo genocídio: segundo o especialista Pier Giorgio Gianazza, morreram 7 bispo, 130 sacerdotes e cerca de 100.000 fiéis. Atualmente, estão presentes em todo Orienta Médio, na França, nos Estados Unidos e na Argentina, principalmente. O cabeça atual da Igreja católica armênia é o Patriarca Nerses Petros XIX Tarmouni, e tem sua sede em Beirute.

O rito se celebra em armênio. As igrejas armênias costumam ter muito poucos ícones, e têm uma cortina que divide o sacerdote e o altar do restante das pessoas durante partes da liturgia, em relação com o ritual sacerdotal judaico.

Celebram com pães ázimos e há elevação do Corpo de Cristo durante a consagração, coisa que não sucede com outros ritos orientais. Estes e outros elementos similares ao rito romano extraordinário são, segundo o especialista Juan Nadal Cañellas, de clara influência latina.

Segundo Gianazza, a Igreja católica armênia tem tido um papel importante no diálogo ecumênico entre os armênios ortodoxos e Roma. Desde a época de Paulo VI, firmaram-se várias declarações conjuntas com os respectivos Patriarcas. A última foi entre João Paulo II e Aram I, em 1997.

Em 1991, João Paulo II beatificou um bispo católico armênio, Inácio Maloyan, fuzilado junto com centenas de fiéis por se negar a se converter ao Islã durante o genocídio de 1915.

(Inma Álvarez)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O BISPADO

Um bispo (do grego antigo επίσκοπος, "inspetor", "supervisor") é um título religioso presente em diversas confissões cristãs, tendo cada uma o seu conceito e suas tradições específicas. Antes do Cristianismo, o termo era utilizado para designar todo tipo de administrador (melhor tradução) nos domínios civil, financeiro, militar e judiciário.

NA IGREJA CATÓLICA: No conceito católico os bispos são os sucessores dos apóstolos, recebendo com a ordenação episcopal a missão de santificar, ensinar e governar, a eles confiada no âmbito de uma circunscrição definida (diocese, arquidiocese ou prelazia).

NA IGREJA ORIENTAL/ORTODOXA: As igrejas orientais, quer as católicas quer as ortodoxas, possuem exatamente o mesmo conceito de episcopado que a Igreja Católica. O bispo que governa uma diocese é chamado de eparca.

NA IGREJA ANGLICANA: A Igreja Anglicana conservou as ordens históricas da Igreja Cristã: diáconos, presbíteros e bispos. Um novo bispo é sagrado por imposição de mãos de outros três bispos, cuja sucessão apostólica pode ser traçada de forma similar aos das igrejas Católica e Ortodoxas, embora a primeira não reconheça as ordens anglicanas, por entender que o Ordinal Eduardiano não conservou a forma devida e a sucessão se quebrou a partir do Revmo. Matthew Parker. Os anglicanos alegam que, mais importante que a rubrica, é o ato da imposição de mãos por outros bispos com sucessão apostólica, e que as palavras ditas na cerimônia de sagração mudaram tanto ao longo dos tempos que a alegação dos católicos não procede. No entanto, os Ortodoxos concordam com os católicos quanto à invalidade das ordenações anglicanas, por corrupção do ritual.

A maioria dos anglicanos vêem a sucessão apostólica como uma sucessão de pastores principais num padrão de liderança que remota ao tempo dos apóstolos e que evoluiu através dos séculos até atingir a sua forma atual.

O episcopado, adaptado à sua realidade histórica, com parte integrante da Tradição apostólica, faz parte da essência da Igreja, sendo um dos seus fundamentos juntamente com as Escrituras, o Credo e os Sacramentos.

Para os anglicanos o bispo é o pastor principal da Igreja, exercendo sua atividade na jurisdição de uma diocese (menor expressão da Igreja), tendo como seu papel apostólico a proclamação e o ensino, o provimento dos Sacramentos e a supervisão e liderança administrativa da Igreja.

O bispo é também símbolo de unidade, entre as comunidades de uma diocese e entre a diocese e toda a Igreja.

Na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil os bispos são eleitos pelo clero e povo. Nas dioceses autônomas a eleição acontece na assembléia máxima diocesana - o Concílio, nas dioceses missionárias, a eleição ocorre na reunião da Igreja a nível nacional que acontece de três em três anos, chamada de Sínodo. Com o propósito de manter a unidade, os bispos eleitos em concílios necessitam da aprovação da maioria dos bispos e dioceses.

NA IGREJA LUTERANA: Na Igreja Luterana da Alemanha, Suécia, Dinamarca, Noruega, Polônia, Finlândia o regime episcopal foi mantido. Homens e mulheres são eleitos pelos sínodos e aprovados pelo parlamento (no caso da Dinamarca, Noruega, Finlândia e até recentemente Suécia) e são sagrados bispos. As denominações luteranas do Brasil não possuem bispos.

NA IGREJA BATISTA: Embora quase toda a maioria das igrejas batistas sigam um regime congregacional, existe a Igreja Batista Episcopal na África, concentrada na República Democrática do Congo, Angola e Zâmbia.

NA IGREJA METODISTA: A Igreja Metodista, assim como as Igrejas Anglicanas, também é Episcopal em sua forma de governo. No entanto os bispos não são uma ordem especial ou diferente da ordem presbiteral. O bispo é apenas "primus inter pares". No metodismo, o episcopado surgiu na Conferência de Natal de 1784, que fundou a Igreja Episcopal Metodista, em Baltimore, nos Estados Unidos. No Brasil, o primeiro bispo só foi eleito em 1930, ano da autonomia da Igreja Metodista do Brasil e em 1934 foi eleito o primeiro bispo metodista brasileiro, Revmo. César Dacorso Filho. Atualmente, os bispos compõem o chamado Colégio Episcopal. O episcopado na Igreja Metodista brasileira não é vitalício.

NAS IGREJAS NEOPENTECOSTAIS: Algumas igrejas neopentecostais no Brasil também possuem em sua hierarquia a posição episcopal. Em algumas igrejas, o bispo é o representante máximo. Podemos citar o Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus; o Bispo Robson Rodovalho, líder da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra. Há também outras que possuem a posição bispo como um representante, da própria igreja, que administra alguma região, podemos citar a Igreja Apostólica Renascer em Cristo que possui vários bispos que administram as chamadas "regionais", mas não são independentes, estão subordinados ao líder, no caso o Apóstolo,no entanto os bispos não são uma ordem especial ou diferente da ordem presbiteral. O bispo é apenas "primus inter pares".

domingo, 24 de outubro de 2010

Você Sabia: Que nenhuma Bíblia é traduzida dos originais gregos e hebraicos?

Nenhuma Bíblia, seja Ortodoxa, Romana ou Protestante, é traduzida dos originais gregos e hebraicos porque estes, simplesmente, não existem. Todas as versões da Bíblia são cópias de cópias que distam séculos dos textos originais. O texto grego mais antigo data do séc. IV e o texto hebraico mais antigo – o texto massoreta – adotado tanto por Protestantes como por Católico-Romanos, data do fim do século IX;


Além dos textos não serem originais, apresentam enormes divergências entre si. Por isto as muitas edições (corrigidas, revistas, atualizadas, revisadas, etc), pois a cada achado arqueológico de textos, se vêem praticamente na obrigação de avaliar o texto. Por exemplo, o texto que lhe serve de base (Mt. 1:25) em alguns manuscritos “originais” não traz a palavra primogênito. Se esta fonte for uma cópia fiel dos originais, parte das bases daqueles que dele se utilizam para dizer que Maria gerou outros filhos cai por terra.

As edições Protestantes não são feitas a partir de um mesmo códice (família de textos). Quando uma editora decide publicar uma versão da Bíblia, ela também tem que definir o códice em que baseará sua edição.

A maioria das Bíblias protestantes em português se baseia no “Aparato Crítico” produzido no fim do século XIX por dois eruditos britânicos, Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort; aparato que ficou mais conhecido como Westcott-Hort, os quais abandonaram o texto bizantino e fizeram uma edição crítica baseada nos Códices Ocidentais e nos “últimos” achados arqueológicos (da época) que apontavam para textos supostamente mais antigos do que o bizantino. Esta mudança sofreu forte oposição de grupos fundamentalistas e, recentemente, os eruditos protestantes têm criticado o trabalho de Westcott-Hort por desconsiderar as inumeráveis contradições internas deste aparato, e têm defendido a volta ao texto bizantino, o qual, embora tenha redação posterior aos textos adotados por Westcott-Hort, no entanto evidenciam uma tradição bem mais antiga do que a redação deles e da dos textos de Westcott-Hort, além de uma quase perfeita harmonia interna. Assim, os editores da Bíblia King James, logo se apressam a publicar uma Nova Edição (a New King James Version), adotando novamente o texto bizantino.

sábado, 23 de outubro de 2010

Igrejas orientais: a Igreja de tradição antioquena

A segunda grande tradição oriental é conhecida como antioquena ou siro-ocidental, compartilhada também pelas Igrejas Católica e Ortodoxa.

Esta tradição venerável procede da Antioquia, cidade que tem um lugar muito importante na história do cristianismo, como narram os Atos dos Apóstolos. Foi fundada, segundo a tradição, pelo próprio São Pedro. Lá, os seguidores de Cristo receberam pela primeira vez o nome de "cristãos".

Antioquia, chamada "Rainha do Oriente", foi uma das sedes dos quatro patriarcados originais, junto com Jerusalém, Alexandria e Roma. Foi também um grande centro teológico, monástico, cultural e litúrgico na Igreja antiga.

A Igreja síria se separou da com o resto da Igreja, rejeitando o Concílio de Calcedônia (451) e adotando o monofisismo, heresia que afirma que em Cristo existe apenas uma natureza, a divina.

Posteriormente, no século VI, um bispo monofisita, Jacob Baradai, enviado secretamente pela imperatriz Teoodora, organizou e estruturou a Igreja síria ortodoxa, que desde então é conhecida também como Igreja jacobita ou siro-ocidental.

Os cristãos sírios que não abraçaram o monofisismo são os melquitas, de quem falaremos no capítulo sobre a Igreja bizantina, já que abandonaram o rito siríaco. Outros cristãos que conservaram o rito siríaco, mas permaneceram católicos, são os maronitas, de quem trataremos mais adiante.

Segundo explica o especialista Juan Nadal Cañellas, o monofisismo da Igreja síria foi mais uma questão política, para atender os persas frente ao império bizantino. No entanto, nunca desembocou em proclamações heterodoxas, senão que nunca houve um cisma real no conteúdo da fé.

De fato, afirma, não foi difícil chegar a uma declaração comum, em 1984, entre o patriarca ortodoxo sírio, Ignace Zakka Ivas, e João Paulo II, na qual ambos afirmam que os "mal-entendidos e os cismas que vieram depois do Concílio de Niceia (...) não tocam o conteúdo da fé".

Ao longo dos séculos, a Igreja síria sofreu muitas perseguições, nas mãos dos bizantinos, dos árabes, dos mongóis e, finalmente, do império otomano. Este - além da emigração - é o motivo pelo qual o número de fiéis sírios é muito pequeno.

A liturgia antioquena é muito antiga, ainda que tenha muita influência bizantina. Entre outras características, são proclamadas 6 leituras (3 do Antigo e 3 do Novo Testamento); o ósculo da paz é colocado antes da consagração; a liturgia eucarística está repleta de gestos simbólicos; o Batismo é por imersão.
Fonte: www.zenit.org

Qual a Bíblia mais antiga existente?

As duas mais antigas Bíblias existentes, que contém o Velho e a maioria (mas não completo) do Novo Testamento, chamam-se hoje de Códice Vaticanus (325-350 d.C.), o Códice Sinaiticus (340-350 d.C.), o Códice Ephraemi (345 d.C.) e o Códice Alexandrinus (450), que foram copiados à mão por monges católicos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Presbítero

Um presbítero (do grego antigo "πρεσβύτερος" de "πρέσβυς", "ancião"), nas igrejas cristãs primitivas, era cada um dos anciãos aos quais era confiado o governo da comunidade cristã.

NA IGREJA CATÓLICA: o presbítero (vulgarmente vertido para padre ou sacerdote) é aquele que recebe o Sacramento da Ordem em seu segundo grau, sendo o primeiro grau o de diácono e o terceiro grau o de bispo. Portanto, é considerado um estágio intermediário na hierarquia do clero católico. Usa o título religioso de padre, do latim pater, que significa "pai [num sentido religioso]". Dependendo da sua função em uma paróquia, caso esteja funcionando em uma, pode ser um pároco, se é a autoridade religiosa máxima na paróquia, ou vigário, caso se encontre subordinado a outro padre na mesma paróquia.

Antes de ser ordenado padre, o candidato se torna diácono e faz promessa ao seu Bispo de castidade, obediência e pobreza(este apenas para os padres das ordens religiosas, pois os sacerdotes diocesanos (ou seculares) não professam voto de pobreza). Faz ainda a promessa de rezar todos os dias a Liturgia das Horas pelo Povo de Deus e de celebrar a Eucaristia.

A veste litúrgica própria do padre é a estola caída a direito e a casula.
Por vezes, os presbíteros recebem o título honorário de Monsenhor, que não dá quaisquer poderes sacramentais adicionais

NAS IGREJAS REFORMADAS E PRESBITERIANAS: o presbítero é o líder espiritual de uma comunidade (ou paróquia) cristã.

Faz-se, comumente, distinção entre presbíteros docentes e presbíteros regentes. O presbítero docente é o pastor, aquele que é responsável pelo ensino da Igreja. O presbítero regente é o presbítero propriamente dito, responsável, juntamente com o pastor, pelo governo e administração da Igreja.[2]

Via de regra (como é o caso da Igreja Presbiteriana do Brasil), o presbítero regente é eleito pela comunidade para um mandato específico. Com o fim do mandato, ele deixa de exercer suas funções de maneira ativa, mantendo, porém, o estatuto de presbítero, pois a ordenação é indelével.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Que é a Igreja Católica Apostólica Romana?

A maioria dos Católicos Romanos e das pessoas em geral da América Latina, pensam que a Igreja Católica Romana é uma estrutura uniforme em todo mundo, possuidora de uma única tradição eclesiástica, uma só liturgia, e um único direito canônico. Muito poucos sabem que aquela que chamamos de Igreja Católica Apostólica Romana é uma família composta de 23 Igrejas distintas, cada qual possuindo seu próprio direito canônico (sui júris), clero casado, tradições particulares, liturgias diferentes e etc. (Ver abaixo a lista dessas Igrejas). Ignoram que Roma, embora seja a maior de todas, a mais antiga entre elas e a que as lidera, não é em si mesma a Igreja Católica Apostólica Romana, mas, apenas uma destas 23 igrejas, as quais são unidas por uma sede central, a de Roma, governadas pelo Bispo de Roma, ou seja, o Papa. Também ignora-se que o título de “Papa” – tradução latina do grego πάππας (“pápas”) que quer dizer “pai” – não se aplica unicamente ao Bispo de Roma, outros Bispos do Oriente também utilizam este título, como por exemplo os da Sede de Alexandria e de Antioquia, assim como também, o Papa de Roma é chamado de “Patriarca de Roma” e, até o Papa João Paulo II, os Papas de Roma também eram chamados de “Patriarca do Ocidente”, título este que o Papa Bento XVI abdicou.

Lista das Igrejas que Juntas Compõem a Igreja Católica Apostólica Romana

Além de Roma (que preserva a tradição latina), outras 22 formam a Igreja Católica Apostólica Romana as quais preservam tradições próprias (tradições antioquina, alexandrina, armênia, caldéia e bizantina). Eis a lista destas Igrejas e as datas de fundação de cada uma delas:



Igrejas de Tradição Alexandrina
1. Igreja Católica Copta (1741)

2. Igreja Católica Etíope (1846)

Igrejas de Tradição Antioquina

Rito litúrgico maronita

3. Igreja Maronita (união oficial reafirmada em 1182)

Rito litúrgico siríaco

4. Igreja Católica Siro-Malancar (1930)

5. Igreja Católica Siríaca (1781)

Igreja de Tradição Armênia

6. Igreja Católica Arménia (1742)

Igrejas de Tradição Caldéia (ou Siríaca Oriental)

7. Igreja Católica Caldeia (1692)

8. Igreja Católica Siro-Malabar (1599)

Igrejas de Tradição Bizantina

9. Igreja Greco-Católica Melquita (1726)

10. Igreja Católica Bizantina Grega (1829)

11. Igreja Greco-Católica Ucraniana (1595)

12. Igreja Católica Bizantina Rutena (1646)

13. Igreja Católica Bizantina Eslovaca (1646)

14. Igreja Católica Búlgara (1861)

15. Igreja Greco-Católica Croata (1646)

16. Igreja Greco-Católica Macedónica (1918)

17. Igreja Católica Bizantina Húngara (1646)

18. Igreja Greco-Católica Romena unida com Roma (1697)

19. Igreja Católica Ítalo-Albanesa (esteve sempre em comunhão com a Igreja Católica Romana)

20. Igreja Católica Bizantina Russa (1905)

21. Igreja Católica Bizantina Albanesa (1628)

22. Igreja Católica Bizantina Bielorrussa (1596)

Portanto, a idéias que as pessoas possuem sobre a Igreja católica Apostólica Romana é em geral equivocada e limitada à tradição latina (ainda que majoritária) desta Igreja.

Fonte: http://igrejaortodoxa.org

Igrejas Orientais de Rito Bizantino em Comunhão com Roma

Igreja católica albanesa

A igreja bizantina da Albânia pertencia ao patriarcado de Roma, diferente das demais, que dependiam de Constantinopla. No ano 731, em meio às lutas iconoclastas, o imperador bizantino Leão III conquistou a Albânia e anexou sua igreja a Constantinopla, com a que também participou na ruptura de 1054.

Posteriormente, a Albânia caiu sob o domínio muçulmano, com o que a Igreja passou a ser minoritária. Entre 1895 e 1900, vários grupos ortodoxos tornaram-se católicos e solicitaram um bispo de seu próprio rito, o que lhes foi concedido por Pio XII em 1939, na forma de Administração Apostólica.

Com a perseguição comunista, e especialmente desde 1967, com a proclamação da Albânia como Estado oficialmente ateu, a Igreja católica albanesa passou à total clandestinidade, até a queda do regime. Hoje são 1500 fiéis, agrupados numa só paróquia, e dependem diretamente da Congregação para as Igrejas Orientais.

Igreja grego-católica bielorussa

Esta Igreja católica marca a união de Brest (1596), quando os bispos ortodoxos da província de Kiev decidiram em grupo retornar à comunhão com Roma. Desta união surgiram as Igrejas grego-católicas da Bielorússia e Ucrânia.

Após a invasão da Bielorússia no século XVIII pelos russos, muitos católicos uniram-se, uns voluntariamente e outros de forma forçada, à Igreja ortodoxa russa. Ainda que em 1905 tenha sido reconhecida a liberdade de culto, muitos católicos optaram por passar ao rito latino, e a Igreja bizantina católica ficou reduzida a 30 mil fiéis.

Sob a dominação comunista, os greco-católicos foram novamente unidos de forma forçada à Igreja ortodoxa, até 1991. Os que conseguiram sair do país estabeleceram comunidades na diáspora, que ainda hoje existem.

Esta igreja atualmente conta com cerca de 5500 fiéis, agrupados em cerca de vinte paróquias. Depende diretamente da Congregação para as Igrejas Orientais.

Igreja grego-católica búlgara

A Igreja ortodoxa búlgara esteve tradicionalmente unida ao Patriarcado de Constantinopla, apesar de sua independência inicial. Ao longo de sua história, a reação contra a helenização foi confundida com sentimentos nacionais, o que afetou também as relações com Roma.

Na metade do século XIX, o arquimandrita Sokolsky pediu a união com Roma, e foi consagrado como primeiro bispo católico bizantino, ainda que o movimento pró-Roma se dissolveu após conseguir de Constantinopla o reconhecimento da independência eclesiástica.

A pequena comunidade greco-católica búlgara está formada hoje por cerca de 22 mil fiéis, agrupados no Exarcado de Sofia. A maior parte dos católicos búlgaros seguem o rito latino.

Igreja dos grego-católicos da ex-Iugoslávia

Também chamada Igreja católica bizantina da eparquia de Križevci, agrupa os fiéis católicos bizantinos da Bósnia, Croácia e Eslovênia (eparquia de Križevci), e o exarca apostólico de Sérvia e Montenegro.

Esta Igreja constituiu-se ao longo dos séculos XVIII e XIX majoritariamente com população emigrada desde Galitzia, após sua conquista por parte da Rússia, assim como de católicos rutenos procedentes de Transcarpátia e Eslováquia. Atualmente são cerca de 53 mil fiéis.

Igreja grego-católica húngara

Também tem sua origem na emigração de católicos rutenos de rito bizantino. O mais característico desta Igreja é que, devido a um importante grupo protestante, no século XVIII, que se uniu a ela adotando o rito bizantino, introduziu o uso do húngaro na liturgia, no lugar do grego, ainda que sem autorização.

No ano 1900, um grupo de greco-católicos húngaros peregrinou a Roma para o Ano Santo e aproveitou para pedir ao Papa Leão XIII que regularizasse sua situação e lhes proporcionasse um bispo próprio. Em 1912, o Papa Pio X escolheu para eles a Eparquia de Hajdudorog. Atualmente são 302 mil fiéis.

Igreja bizantina eslovaca

Em 1646, um importante grupo de hierarcas ortodoxos rutenos tomou a decisão de se unir novamente a Roma, na chamada União de Uzhhorod, similar à que haviam protagonizado os ucranianos em Brest quase um século antes.

A igreja greco-católica eslovaca esteve unida à igreja rutena durante vários séculos. Durante a Segunda Guerra Mundial, e após a invasão comunista, o novo governo obrigou os grego-católicos a abandonarem Roma e unierem-se ao Patriarcado de Moscou. O bispo greco-católico de Prešov, Dom Gojdič, foi preso e executado.

Após a queda do comunismo e a divisão do país, o Papa João Paulo II criou o exarcado de Košice. Em 30 de janeiro de 2008, Bento XVI elevou a igreja à categoria de metropolitana sui iuris, ao mesmo tempo que elevava Košic ao posto de eparquia. Hoje conta com 258 mil fiéis.

As igrejas orientais católicas no Brasil são a Igreja Melquita, com igrejas no Sudeste e uma no Nordeste, a Igreja Ucraniana, com 300 igrejas no Sul e 1 em São Paulo, a Igreja Siríaca, em Belo Horizonte, a Igreja Maronita, com uma presença espalhada pelo país, e a Igreja Armênia, em São Paulo. Aqui no Rio, só há Igreja Melquita, a Paróquia de S. Basílio, na República do Líbano, no Centro, e a Igreja Maronita, a Paróquia Nossa Senhora do Líbano, na Conde de Bonfim, na Tijuca (com uma missão no Leblon).

Com exceção da Igreja Maronita, todas igrejas orientais católicas possuem uma igreja equivalente separada de Roma, podendo ser ortodoxa, ou não (dependendo de quantos concílios ecumênicos aceitou ao longo da história). Se aceitar os 7 primeiros concílios ecumênicos, é ortodoxa; se aceitar apenas 3 concílios, é pré-calcedoniana, se aceitar apenas 2, é pré-efesiana. Por exemplo, a Igreja Melquita tem como contraparte a Igreja Ortodoxa Antioquena, e a Igreja Católica Armênia tem como contraparte a Igreja Armênia Apostólica, que é pré-calcedoniana.

Igrejas Orientais: tradição alexandrina - Coptas e etíopes, o rosto africano do Oriente

Por Inma Álvarez

ROMA, segunda-feira, 18 de outubro de 2010 (ZENIT.org) – A quarta tradição das Igrejas orientais é a alexandrina, da qual procedem as igrejas copta e etíope. Possui esse nome por proceder de Alexandria (Egito), outro dos grandes centros históricos do cristianismo desde a antiguidade.

A Alexandria foi evangelizada, segundo a tradição, por São Marcos, e converteu-se rapidamente num foco de expansão do cristianismo no norte da África, sofrendo perseguições e martírios, especialmente sob Diocleciano.

Com a liberdade do cristianismo, e até a invasão muçulmana, Alexandria viveu uma etapa gloriosa como centro teológico (a famosa escola de Alexandria, que trouxe autores como Cirilo, Orígenes ou Atanásio) e monástico (São Pacômio).

A ruptura da comunhão com Roma aconteceu também à raiz do Concílio da Calcedônia, como destaca o especialista Pier Giogio Gianazza, por enfrentamentos com os bizantinos. A maior parte dos cristãos egípcios rejeitou Calcedônia. Constituiu-se uma Igreja autocéfala, conhecida como “copta” (que vem de aigyptos, egípcio), enquanto que uma minoria passou à igreja grego-melquita.

Posteriormente, no século XIII, graças à presença de missionários franciscanos latinos, tentou-se uma reunificação com Roma, que como no fim do caso das demais igrejas orientais, foi ratificada pelo Concílio de Florença, mas nunca entrou em vigor.

Devido à presença muçulmana, esta igreja viveu durante séculos isolada do resto da cristandade, em períodos alternados de calmaria e perseguição. Sua liturgia, segundo João Nadal Cañellas, é a que mais conservou influências do judaísmo.

Entre suas características, cabe destacar que entre os coptas ainda se pratica a circuncisão, mesmo não sendo obrigatória, e que os fiéis entram descalços no templo. Nos tempos litúrgicos fortes, praticam um jejum muito rigoroso.

Em geral, explica Nadal Cañelas, devido ter nascido numa sociedade de monjes e eremitas, este rito se caracteriza por ser muito solene, profundo e por celebrações muito longas.

Por sua vez, a origem da Igreja etíope confunde-se com a lenda: já antes de Cristo, existia entre os etíopes a convicção de que seu reino foi o fruto da união entre Salomão e a rainha de Saba, cujos filhos roubaram a arca de Jerusalém e levaram-na para Axum.

Em todo caso, existiram influências semíticas evidentes desde a antiguidade, como a língua litúrgica, o ge’ez, e a existência de comunidades judias.

Também a história do nascimento do cristianismo é lendária: os relatos protocristãos etíopes falam do eunuco da rainha Candace, envangelizada e batizada por São Felipe, que ao retornar a seu país teria propagado o cristianismo.

A primeira notícia histórica vem do século IV, quando o Patriarca de Alexandria consagrou como primeiro bispo etíope São Frumêncio. Portanto, a igreja etíope nasceu como hierarquia vinculada à cópta. Seu patriarca tem o título de Abuna.

De fato, a liturgia etíope é muito semelhante à copta, mas adaptada ao ritmo, à imaginação e musicalidade africanas. Também praticam a circuncisão.

Igreja copta católica

A presença das cruzadas entre os coptas não foi de todo grata. Apesar disso, e graças às diferentes missões franciscanas, que perduraram entre os séculos XVII e XVIII, houve um pequeno, porém significativo, número de conversões, que levaram Bento XIV a criar um vicariato para eles em 1741.

O Patriarcado católico foi criado em 1899, com Cirilo II, que em poucos anos rompeu com Roma e retornou à Igreja Ortodoxa. O Patriarcado ficou vago até 1947, depois da Segunda Guerra Mundial, quando Pio XII nomeou Marcoa Khouzam.

Seu atual Patriarca é Antonios Naguib, e tem sede no Cairo. Agrupa cerca de 210 mil fiéis, a metade deles fora do Egito, segundo o Anuário Pontifício de 2008.

A relação entre as Igrejas copta ortodoxa e católica, segundo o especialista Pier Giorgio Gianazza, não é totalmente fluída, pois além de diferenças eclesiológicas, existem divergências de vários tipos, como a questão do purgatório ou a imaculada conceição, entre outras. Houve contato dos patriarcas ortodoxos com Roma, especialmente nos anos 70, entre Paulo VI e Shenouda III.

Igreja etíope católica

Também existe uma Igreja católica de rito etíope, ainda que sua história seja muito diferente. Alguns franciscanos chegaram ao país no século XIII, em busca do lendário Preste João. Contudo, não se estabeleceu um contato estável até a chegada do missionários jesuítas, liderados pelo Padre Pedro Páez, já no século XVII.

Este missionário, apoiado pelos portugueses, conseguiu convencer o imperador Susenyos de passar à obediência de Roma. Contudo, os sucessores do Padre Páez, levados com um zelo excessivo, quiseram latinizar os etíopes, e foram expulsos.

O contato com os missionários vicentinos franceses, durante o século XIX, especialmente São Justino de Jacobis, permitiu a sobrevivência de uma pequena comunidade etíope unida a Roma, que em 1930 recebeu o grau de arquieparquia e que tem sua sede em Addis Adeba. Possui cerca de 150 mil fiéis.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cristãos de outras confissões veem no sínodo um evento de unidade.

Por Jesús Colina

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 17 de outubro de 2010 (ZENIT.org) – Representantes de diferentes Igrejas cristãs não católicas que participam na assembleia do Sínodo dos Bispos para ao Oriente Médio como “delegados fraternos” tomaram a palavra nessa sexta-feira e reconheceram que o evento é um sinal de unidade ecumênica.

O bispo Shahan Srkissian, primaz dos armênios na Síria, afirmou que esta assembleia episcopal é considerada pela máxima autoridade dessa Igreja, Sua Santidade Aram I, “como o sínodo de todas as Igrejas do Oriente Médio, pois vivemos nas mesmas condições, partilhamos os mesmos problemas e nos encontramos ante os mesmos desafios”.

“Portanto, temos de nos concentrar conjuntamente na presença e no testemunho no Oriente Médio e nos consagrarmos juntos a reorganizar e renovar nosso compromisso e nossa missão.”

O representante armênio considerou como prioridade “manifestar mais concreta e claramente a unidade das Igrejas, que constitui hoje mais que nunca um imperativo para o Oriente Médio. A respeito das diferenças eclesiológicas, as Igrejas devem estar sempre juntas, devem fazer juntas seu planejamento e devem atuar juntas”.

Propostas

O metropolitano de Aleppo (Síria), Mar Gregoios Yohanna Ibrahim, do Patriarcado Sírio Ortodoxo de Antioquia e de todo Oriente, também centrou sua intervenção no ecumenismo e apresentou uma nova sugestão ao Papa: “separar a comunhão da autoridade”.

Desta modo, toda a Igreja entre em uma comunhão única e a unidade na fé volta a se converter no que era antes da época das divisões, disse o metropolitano ortodoxo.

Ele pediu um compromisso por parte do Sínodo para tentar unificar a data da festa da Páscoa, que os católicos vivem segundo um calendário diferente dos cristãos orientais.

Os cristãos esperam com impaciência ver sua própria unidade representada por este símbolo”. E perguntou: “este sínodo venerável tomará a decisão de unificar a festa da Páscoa?” “Este pode ser o primeiro passo para a tão desejada unidade cristã”, disse.

Diálogo ecumênico

O bispo Armash Nalbandian, de Damasco, primaz da Síria do Patriarcado Supremo e Catholicosado de todos os Armênios, confessou: "temos a profunda esperança de que esta assembleia especial do Sínodo nos ofereça novas oportunidades para encontrar novos caminhos de diálogo ecumênico, cooperação e testemunho da mensagem do Evangelho”.

“Esperamos desta assembleia uma reorganização das Igrejas católicas e uma renovação do testemunho de fé. Mas a missão, assim como a existência das Igrejas católicas, pode ser ou deve ser entendida só em comunhão ecumênica e unidade com as demais Igrejas da região”, indicou.

O primeiro a tomar a palavra foi o metropolitano ortodoxo Makarios Tillyridis, do Quênia. Ele enfatizou a urgência do amor “pela unidade e de trabalhar juntas todas as Igrejas cristãs no Oriente Médio”.

Primado do Papa

O metropolitano greco-ortodoxo Georges Khodre, de Byblos, Botrys e Monte Líbano, pediu à Igreja católica que esclareça a relação entre a Eucaristia e a comunhão com o Papa.

A menção do bispo de Roma na liturgia, fora de sua própria diocese, introduz a ideia de uma Igreja universal”, afirmou. “Este termo introduz uma noção numérica, espacial, sociológica, enquanto que a Igreja católica se constitui ela própria localmente antes de tudo pelo Senhor como seu Corpo”.

Por isso, considerou que “com a menção do Papa de Roma nas liturgias orientais, está-se convidando as Igrejas a uma prática que o Oriente nunca conheceu”.

O metropolitano Mar Gewargis Sliwa, de Bagdá e Iraque, do Patriarcado da Igreja assíria do Oriente, converteu-se em porta-voz dos sofrimentos dos cristãos de seu país. Ele pediu uma ação coordenada dos cristãos “para chamar as organizações internacionais humanitárias e políticas a proteger o povo iraquiano desta destruição e criar condições que permitam a existência dos cristãos nesse país”.

sábado, 16 de outubro de 2010

A Função dos Presbíteros

Em IPe 5:2,3 lemos: "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho."

Fica claro que os presbíteros devem ser exemplo, modelos para o rebanho. O comportamento deles deve refletir as marcas de uma vida pautada na Palavra de Deus. Os presbíteros não devem ser dominadores, mas devem conduzir a igreja através do exemplo de vida. Assim os demais serão levados a imitar o comportamento deles e eles, pelo seu testemunho, ganharão o respeito de todos os irmãos espirituais.

Outro fato a ressaltar e que não há na Bíblia nenhuma distinção de classes dentro da igreja, nenhum tipo de hierarquia. A cabeça da igreja é Jesus Cristo, todos os demais são corpo. Contudo, devemos obediência e respeito para com aqueles que Deus colocou como nossos guias, pois são responsáveis perante o Senhor pelo bem estar da igreja.

Ao presbítero cabe a função de pastorear do rebanho local. Eles devem zelar para que o rebanho receba um bom alimento espiritual. Devem empenhar-se pessoalmente no ensino da igreja, a responsabilidade é deles. Isto não significa que só eles pregarão, mas que estarão atentos ao que está sendo pregado na igreja local.

Resumindo, a função dos presbíteros é exercer a liderança da igreja, esforçando-se para pastoreá-la de forma que o rebanho cresça tanto qualitativamente como numericamente. Eles não devem ser mandões e "donos da verdade", não devem liderar pela força como opressores, mas devem ter um tipo de vida que dignifique a Deus e sirva de modelo para os outros irmãos, de forma que estes se sintam atraídos a imitá-los.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pastor Marcos Gladstone repudia outdoors de Prastor Silas Malafaia

A Igreja Cristã Contemporânea repudiou publicamente na última quinta-feira, 7, os outdoors recém-instalados no Rio de Janeiro a mando do pastor Silas Malafaia condenado a homossexualidade. A campanha de Malafaia é uma resposta à iniciativa da Contemporânea a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que já havia sido depredada antes.

Em nota, um dos fundadores da ICC, o pastor Marcos Gladstone alega que a atitude de Malafaia “é algo desonesto e pouco civilizado. Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse”. Confira na íntegra:

MANIFESTO DE REPÚDIO

Vemos com grande preocupação a publicação de alguns outdoors de caráter homofóbico do Pr Silas Malafaia que vem sendo difundidos em nossa democrática cidade do Rio de Janeiro, em franca reação a campanha progressista que a Igreja Cristã Contemporânea lançou no mês de outubro em prol do casamento gay. Digo que nossa cidade é democrática, porque entendo que a democracia se constitui precisamente no debate, e entendo que nem todos são obrigados a concordar conosco. Não são obrigados a concordar, mas são obrigados a nos respeitar enquanto cidadãos livres, de um país livre.

Os outdoors publicados nos colocam como uma ameaça a procriação da espécie humana e à preservação da família. Nos atacar em um debate honesto e franco seria, insisto, algo legítimo no âmbito da democracia. Mas falsamente nos acusar de ser uma ameaça, quando na verdade, os difusores desta campanha sabem que não somos, é algo desonesto e pouco civilizado. Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse.

Explico melhor: nossa Igreja não defende que o mundo seja gay, nem deseja que aqueles que sejam heterossexuais tenham a sua orientação sexual revertida. Já os nossos detratores se pudessem nos imporiam (como ainda fazem na maioria de suas Igrejas) “tratamentos” violentíssimos de reversão que deixam traumas permanentes nas pessoas. Muitas dessas pessoas chegam em nossa Igreja, oriundas desses meios religiosos, absolutamente flageladas, e nós as acolhemos defendendo um amor de Deus a todos, sem preconceitos de qualquer espécie.

Se não defendemos um mundo gay, o que defendemos? Um mundo onde todos possam viver em paz e solidariedade, e onde as MINORIAS como a nossa possam ser respeitadas sem ser demonizadas, patologizadas e finalmente violentadas ao extremo. Ou seja: o mundo NÃO é gay, mas nós somos e exigimos respeito. Não somos uma ameaça a família, pois formamos famílias por vezes muito mais estruturadas que muitos lares ditos normais. Eu e meu companheiro estamos adotando legalmente uma criança e desejamos o melhor futuro para ela; com carinho e principalmente dignidade.

Não somos uma ameaça a procriação precisamente porque Deus nos constituiu ENQUANTO minoria e assim seguiremos, pois os planos de Deus são perfeitos. Não queremos revolucionar o mundo. Mas queremos transformá-lo através da inclusão, não da supressão de uma maioria por uma minoria. Minoria expressiva e que enquanto tal possui os mesmos direitos da maioria justamente por que no jogo democrático somos plurais e singulares ao mesmo tempo: unum et pluribum!?. As diferenças nos singularizam, a democracia nos torna cidadãos e o Evangelho nos torna irmãos!

Neste sentido divulgo este manifesto de repudio a homofobia religiosa que estes outdoors buscam difundir. Não precisamos de muros. Precisamos, sim, de pontes!

Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea.

Garotinho condiciona apoio à candidata de Dilma à revogação imediata pelo presidente Lula do decreto que institui o Plano Nacional de Direitos Humanos

Deputado federal eleito com a maior votação no Rio, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) condicionou seu apoio à candidata de Dilma Rousseff à revogação imediata pelo presidente Lula do decreto que instituiu o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3).

Evangélico, da denominação pentecostal Assembleia de Deus, Garotinho diz que a questão do aborto, que surgiu fortemente na campanha eleitoral, não é o único problema do plano. "O PNDH 3 ainda propõe a legalização da prostituição e obriga os hospitais conveniados ao SUS a fazer operação de mudança de sexo, sob pena de perder o convênio. É um absurdo esse tipo de exigência", disse Garotinho.

O ex-governador estima ter recebido 500 mil dos seus 695 mil votos de evangélicos e diz que nem em casa consegue pedir votos para a petista. "Princípio não se negocia. Fui seguramente o deputado mais votado entre os evangélicos, mas tenho dificuldades até dentro de casa, Meus filhos, por exemplo, votaram na Marina", disse o líder do PR, partido que, graças em grande parte à sua votação, elegeu oito deputados federais no Rio.

Em favor de Dilma, os deputados federais reeleitos Eduardo Cunha (PMDB) e Filipe Pereira (PSC) e o vice-presidente nacional do PSC, pastor Everaldo Dias, assumiram a defesa da petista. Segundo eles, panfletos apócrifos eram distribuídos associando a candidata ao movimento gay.

"Vou a todos os cultos que eu puder para esclarecer esse tipo de boataria. Todo mundo tem o direito de se posicionar. O que não pode é mentir. Vou chamar a polícia quando tiver panfleto apócrifo", afirmou Cunha.

Já o pastor Silas Malafaia, líder do ministério Associação Vitória em Cristo, divulgou em seu site depoimento gravado em que declara voto em José Serra e acusa Dilma e o PT de terem defendido abertamente a legalização do aborto e o projeto de lei que criminaliza a homofobia.

"Nós evangélicos somos cidadãos, como os católicos, e temos direito de opinar e o direito de interferir (no processo eleitoral), sim senhor", disse Malafaia.

Por Alfredo Junqueira

Fonte: Estadão
Via: www.guiame.com.br

domingo, 10 de outubro de 2010

METODISMO: SACRAMENTO DA CEIA DO SENHOR

INTRODUÇÃO

O Colégio Episcopal da Igreja Metodista, no exercício de sua competência estabelecida no art. 66, incisos 1, 2 e 32, da Lei Ordinária, normalizando o Capítulo IV, artigos 5º à 24 da Parte Geral dos Cânones 2002, estabelece as seguintes normativas para a celebração de cerimônias do Ritual e outras, em toda a Igreja Metodista no território nacional, visando à unidade doutrinária e pastoral de todos os metodistas.
NORMAS

a) A Ceia do Senhor será celebrada de acordo com o Ritual estabelecido pela Igreja. Por motivo relevante, a juízo do ministro oficiante, o Ritual poderá ser simplificado desde que, na ordem litúrgica, sejam preservadas as partes referentes à confissão de pecados, declaração da instituição da Ceia do Senhor, oração de consagração e o memorial.

b) A Ceia do Senhor será ministrada àquelas pessoas que estejam em comunhão com as suas Igrejas.

c) O ministro metodista não poderá negar a ceia do Senhor a qualquer pessoa que se aproximar da Mesa de Comunhão, incluindo-se entre elas as crianças.

d) O ministro oficiante, ao convidar leigos para ajudá-lo(a) na ministração dos elementos da Ceia do Senhor, procurará fazê-lo com antecedência, tendo o cuidado de escolhê-los entre os membros de comprovada idoneidade cristã.

e) Os elementos da Ceia do Senhor serão preparados por membros da Igreja devidamente designados, de acordo com o Regimento da Igreja Local.

f) Os elementos da Ceia do Senhor que sobrarem após a celebração terão um fim discreto, a juízo das pessoas encarregadas de sua preparação, assim evitando-se atitudes de relaxamento, desleixo ou irreverência com tais sobras.

g) A ministração da Ceia do Senhor nos lares só poderá ser realizada com a presença do ministro, a quem cabe consagrar os elementos para a celebração. Salvo em situações excepcionais, não deve haver a prática de utilização de elementos consagrados no culto com Ceia do Senhor e transportados por leigos para a ministração a docentes ou idosos.

h) O pastor ou a pastora metodista, ou órgão da Igreja, não poderá suspender da Ceia do Senhor qualquer membro da Igreja, a não ser através de processo disciplinar, na forma canônica.

i) Os pastores e pastoras metodistas orientarão aos pais e aos demais membros da comunidade local para que instruam seus filhos e filhas acerca do significado e natureza da Ceia do Senhor.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

TEOLOGIA E ICONOGRAFIA

Autor: Prof. Dr. Wilhelm Wachholz


Resumo: A Compreensão de Martim Lutero, Ulrico Zwínglio e João Calvino sobre símbolos.



1 – MARTIM LUTERO (1483-1546)

Em Lutero, a questão dos símbolos somente é de importância secundária. Somente em 1522 ele foi forçado a externar-se sobre a questão. Contudo, já antes, precisamente quando da interpretação da carta aos Romanos 14.1ss. Lutero afirmou que os símbolos não são necessários para a salvação, embora também não os tenha proibido. Segundo o reformador, sobre o uso ou não dos símbolos, o decisivo deve ser o amor e a paciência para com os fracos[1]. Em 1518, quando da interpretação dos 10 mandamentos, Lutero distinguiu entre idolatria interior e exterior. Para ele, a idolatria exterior é conseqüência da interior. Isso o levou a afirmar que o primeiro mandamento se dirige especialmente contra a idolatria interior, a qual pode existir inclusive sem os símbolos externos. Por isso, o perigo propriamente dito não está na adoração dos símbolos exteriores, mas nas obras de justificação a eles relacionados. Lutero, desde o início, compreendeu Êxodo 20.4s. como exemplo para idolatria, portanto, ligado ao primeiro mandamento, diferentemente da tradição reformada que concebeu este texto como um segundo mandamento independente[2]. Em conseqüência do iconoclasmo em Wittenberg em 1522, Lutero claramente se afasta de Karlstadt. Este colocava símbolo e ídolo no mesmo nível. Por isso, para Karlstadt a destruição de imagens não é simplesmente uma questão secundária. Diferentemente, Lutero afirma que se a idolatria desaparecer no coração, o símbolo exterior não mais será perigoso. Karlstadt, ao contrário, afirma que quando o símbolo exterior é eliminado o perigo da idolatria interior também é afastado. Por isso, ele não somente combate o abuso do símbolo, mas o próprio uso em si do símbolo. Em especial, Karlstadt combateu símbolos sobre o altar como crucifixos, imagens de Cristo e de santos. Ele justiça a eliminação dos símbolos com base no primeiro mandamento, afirmando que os símbolos conduzem à idolatria. Assim, Karlstadt não concorda com a idéia de que símbolos sejam os “livros dos leigos”. Pelo fato de Karlstadt ficar preso ao que é exterior, ele não aborda a questão de símbolos e obras de justificação como Lutero o faz[3]. Depois de retornar do exílio no Castelo de Wartburgo em 6 de março de 1522, Lutero se posicionou sobre o iconoclasmo nas prédicas do dia 11 e 12 de março daquele ano. Na primeira prédica, ele inicia falando das coisas que não são necessárias, mas livres, as quais podem ou não ser mantidas. Contudo, da liberdade não se pode fazer uma lei. A fúria contra as imagens, segundo ele, redunda em mais simpatia pelos símbolos do que o afastamento deles. Quanto às palavras de Êxodo 20.4, ele ressalta que não é o fazer, mas o adorar símbolos que é proibido. Deve-se compreender o versículo 4 a partir do 5[4]. Na segunda prédica, em dia 12 de março de 1522, Lutero aprofundou ainda mais a questão dos símbolos. Nesta ocasião, ele enfatiza o amor como fundamental. Segundo ele, os símbolos deveriam ser afastados ali onde se constatasse abuso. Mas, segundo o reformador, o abuso não consiste, conforme os iconoclastas, na adoração dos símbolos, pois nenhuma pessoa é tão tola a ponto de considerar uma imagem seu próprio Deus, senão que somente um sinal. Segundo ele, o abuso está relacionado às obras de justificação, de forma que se possa achar alcançar méritos perante Deus através de imagens. Portanto, não se deve pregar contra as imagens em si, mas contra as obras de justificação. Dar dinheiro aos pobres é culto melhor do que dá-lo às imagens. Em última análise, a eliminação de imagens pode não servir para nada, pois existem pessoas que adorar o sol, a luz ou estrelas os quais não poderiam ser eliminados. O nosso maior inimigo é o coração, ainda assim não deveríamos nos suicidar. Assim, Lutero conclui que os iconoclastas não reconheceram o verdadeiro diabo, ou seja, o problema fundamental da imagem[5]. Karlstadt, diferentemente, acusava os reformadores de Wittenberg de usarem “o amor fraternal” como manto para encobrir o oportunismo. Segundo ele, onde existem cristãos, estes não deveriam dar atenção às autoridades, mas mudar e eliminar o que é contra Deus, mesmo sem pregar contra isso[6]. Em seu escrito “Contra os profetas celestiais, a respeito de imagens e sacramento”[7] do final de dezembro de 1524, Lutero chega a afirmar que primeiramente as imagens precisam ser eliminadas do coração, pois, então, eles não mais fariam mal aos olhos. Segundo ele, as obras de justificação estão relacionadas com o culto às imagens. Além disso, Moisés a proibição somente se refere a uma imagem de Deus. Contudo, fazer um crucifixo ou imagem de santo não é proibido. Mais do que isso, a questão fundamental não gira em torno do fazer imagem, mas do adorar imagens. Enquanto memória ou como “testemunhas”, as imagens não somente devem ser toleradas, senão são até mesmo “louváveis e honrosas”. Em sua Bíblia Alemã, que os iconoclastas também gostaram de usar, existem muitas figuras. Aliás, ele próprio chega a sugerir que se pinte figuras nas paredes, considerado por uma “obra cristã”. Segundo ele, quando se ouve ou lê sobre as obras de Deus, a gente cria uma imagem disso em seu coração. Por que, então, seria pecado ter um símbolo, por exemplo, da crucificação de Jesus, perante os olhos?[8]. Paulatinamente, Lutero foi acentuando a concepção de símbolos como meios auxiliares pedagógicos e didáticos. Neste espírito, a já mencionada Bíblia traduzida por ele continha muitas ilustrações. Contudo, ele chegou a cogitar uma Bíblia completamente ilustrada. Ele entendia que ilustrações poderiam auxiliar para a oração. O ser humano não consegue pensar nem entender nada sem a imagem. O próprio Deus sabe disso, por isso veio ao encontro da natureza humana tornando-se figura para tornar-se visível. A Bíblia está cheia de visibilidades. O próprio Jesus cria imagens através de suas parábolas. Por tudo isso, Lutero cria que a própria criação é o mais maravilhoso livro ou Bíblia na qual Deus próprio se retratou[9]. Finalmente, Lutero entendia que a imagem em geral não é sacramento, pois este foi instituído pelo próprio Deus. O símbolo nunca é uma encarnação de Deus. Diferentemente do sacramento, o símbolo é útil para a fé, mas não imprescindível para a salvação. A importância do símbolo está no fato de auxiliar na pregação, embora não possa ser considerado, em si, pregação independente da Palavra[10].

2 – ULRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)

Através de seu escrito “Interpretação e Motivos dos Discursos Últimos”[11] de 14 de julho de 1523, Zwínglio condenou imagens como ídolos. Pouco depois, em outono do mesmo ano, ocorreu a destruição de imagens em Zurique. Em 17 de novembro de 1523, no escrito “Uma Breve Introdução Cristã”[12], Zwínglio afirmou que, enquanto induzem à adoração, as imagens são proibidas por Deus (primeiro mandamento). Em “Sugestões a Respeito de Missa e Imagens”[13] de dezembro de 1523, Zwínglio prevê, entre outros, a proibição de imagens de mesas, de procissões com imagens, a eliminação das imagens dos templos e a perda do benefício pelos sacerdotes que se colocam contra tais doutrinas[14]. A destruição do altar e das imagens do templo de Zollikon, ao sudeste de Zurique, no dia de Pentecostes de 1524, levou o Conselho a solicitar um parecer de Zwínglio. Através de “Sugestão por causa das Imagens e da Missa”[15], do final de maio, Zwínglio externou-se claramente sobre o assunto: imagens que estão sobre o altar e são veneradas precisam ser eliminadas. Como não se pode coagir ninguém à fé, deve-se pregar contra as imagens. Acusações mútuas de heresia deveriam ser evitadas. Por voto da maioria (!) dever-se-ia decidir sobre a eliminação de imagens. O Conselho concordou com o parecer em 15 de junho de 1524. Entre 2 e 17 de julho do mesmo ano, ocorreu a “guerra dos ídolos” em Zurique quando imagens foram carregadas às ruas, onde foram destruídas e queimadas[16]. Em 18 de agosto de 1524, através de “Resposta Cristã do Prefeito e do Conselho de Zurique ao Bispo Hugo”[17], Zwínglio afirmou que a Igreja que permitira a veneração de imagens não fora a verdadeira nem tivera ouvido a voz de seu bom pastor. Somente a Palavra ensina a conhecer a Cristo; externações somente desviam da Palavra. Segundo ele, o dinheiro que se emprega em favor de imagens deveria ser doado aos pobres[18]. Ainda em 1524 e 1525 Zwínglio chegou a afirmar – contra Lutero! – que, quem afirma que a respeito das imagens o Antigo Testamento não nos diz mais respeito, está apoiando o papismo. Segundo ele, as imagens não são adiáforas. Além disso, Cristo não pode ser retratado em sua natureza divina e sua humanidade não deve ser venerada, por isso também não o crucifixo. Fica, portanto, clara a compreensão distinta da cristologia entre Lutero e Zwínglio, a saber, separação ou unidade das duas naturezas na pessoa[19]. Em abril de 1525, Zwínglio volta a se externar sobre o assunto mencionando que a proibição de imagens não diz respeito somente a algo exterior ou cerimonial. Chama a atenção que claramente ele distingue entre aquelas imagens consideradas objeto de veneração e as não veneradas. Por isso, não se eliminou os vitrais nem a imagem de Carlos, o Magno, da torre em Zurique (em Ittingen e Münster, respectivamente, se procedeu tais eliminações!). Segundo ele, exatamente pelo fato de se ter que eliminar a idolatria dos corações é necessário eliminar as imagens. O “ajoelhar-se” e “servir” diante das imagens não é outra coisa do que “adorar”. Teoricamente a Igreja teria proibido a veneração de imagens, mas na prática ela continua. Exatamente por causa dos fracos, as imagens precisam ser eliminadas[20]. Zwínglio e Lutero concordam que a veneração de imagens é idolatria. Concordam também que as imagens que as imagens que não são veneradas devem ser toleradas. Discordam, contudo, do uso da imagem para fins pedagógicos como Lutero paulatinamente foi enfatizando[21].

3 - JOÃO CALVINO (1509-1564)

Em sua Institutio de 1536, Calvino se externou contrário às imagens afirmando que Deus é espírito e precisa ser adorado em espírito. É pagão e carnal quem retrata Deus. A representação de Deus através de imagem leva ao antropomorfismo. Estes mesmos pensamentos retornam na Institutio de 1559. Segundo ele, Deus permite ser ouvido, mas não mostra sua forma. Por isso, imagens de Deus nada mais são do que superstições. As teofanias do Antigo Testamento são prelúdios da futura revelação em Jesus Cristo, contudo, não justificam a representação de Deus como tal[22]. Calvino consentia determinadas imagens, a saber, aquelas que representam certos acontecimentos ou que agem através de sua beleza, que ensinam ou divertem. Contudo, estas imagens não têm lugar em templos. Segundo ele, não existiam imagens nos templos nos primeiros cinco séculos[23]. Por isso, ele fecha a considerar o Segundo Concílio de Nicéia (787) como ilegítimo[24]. Diferentemente de Lutero que relacionava o perigo das imagens com as obras de justificação, Calvino concebia as imagens como violação da majestade de Deus. Cabe mencionar que, como em 1535 as imagens já haviam sido eliminadas em Genebra, tratava-se somente ainda de discussões fundamentais e não mais práticas como em Zwínglio[25]. Enquanto as Confissões Luteranas somente mencionam imagens uma única vez (Apologia da Confissão de Augsburgo, 21,34), o assunto é abordado em diversos lugares nos escritos confessionais reformados. Na Confissão de Erlauthel (1562) e o Catecismo de Heidelberg distinguem entre a impossibilidade de retratar o Deus invisível e a veneração entre imagens criadas. As Teses de Berna (1528) defendem a eliminação de imagens quando existir o perigo de sua veneração. A Confissio Helvetica Posterior ressalta que imagens nos templos não podem ser consideradas como meios. Na Confessio Tetrapolitana (art. 22), as imagens são combatidas por lesarem o mandamento Deus e o amor aos pobres e por fomentarem obras dejustificação. Pelo fato de não ser úteis ao melhoramento, pelo contrário, levarem à discórdia, as imagens não têm lugar justificado nos templos[26]. Os teólogos tridentinos concordavam a respeito da teoria das imagens de Lutero. Contudo, a prática existente na Igreja Católico-Romana não permitia que mal fosse extirpado. Por isso, Zwínglio e Calvino pleitearam pela eliminação completa das imagens. Contudo, deve-se mencionar que a fundamentação psicológico-pedagógica para a eliminação de imagens no âmbito zwingliano e calvinista – por exemplo, o exterior induz à idolatria – viria a tornar-se, no futuro, uma deficiência psicológico-pedagógica – descaracterização do símbolo como meio pedagógico[27].

BIBLIOGRAFIA

GONZALEZ, Justo. A Era dos Mártires. São Paulo: Vida Nova, 1978. 177 p. (Uma História Ilustrada do Cristianismo, 1)

LOEWENICH, Walther von. Bilder VI; VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit. In: KRAUSE, Gerhard; MÜLLER, Gerhard (Hrgs.). Theologische Realenzyklopädie. Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1980. Bd. 6, p. 546-557.

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[1] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 546s. [2] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 547.
[3] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 547.
[4] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 548.
[5] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 548.
[6] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 549.
[7] “Wider die himmlischen Propheten, von den Bildern und Sakrament”
[8] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 549.
[9] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 550.
[10] Cf. Walther von LOEWENICH, Bilder VI. VI. Reformatorische und nachreformatorische Zeit, p. 550.
[11] “Auslegung und Gründe der Schußreden”

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

OS 25 ARTIGOS DE RELIGIÃO DO METODISMO

1- Da fé na Santa Trindade.
Há um só Deus vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo nem partes; de poder, sabedoria e bondade infinitos; criador e conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. Na unidade desta Divindade, há três pessoas da mesma substância, poder e eternidade -
Pai, Filho e Espírito Santo.

2- Do Verbo ou Filho de Deus que se fez verdadeiro Homem.
O Filho, que é o verbo do Pai, verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita Virgem, de maneira que duas naturezas inteiras e perfeitas, a saber, a divindade e a humanidade, se uniram em uma só pessoa para jamais se separarem, a qual pessoa é Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que realmente sofreu, foi crucificado, morto e sepultado, para nos reconciliar com seu Pai e para ser um sacrifício não somente pelo pecado original, mas, também,
pelos pecados atuais dos homens.

3- Da ressurreição de Cristo.
Cristo, na verdade, ressuscitou dentre os mortos, tomando outra vez o seu corpo com todas as coisas necessárias a uma perfeita natureza humana, com as quais subiu ao Céu e lá esta até que volte a julgar os homens, no último dia.

4- Do Espírito Santo.
O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória com o Pai e com Filho, verdadeiro e eterno Deus.

5- Da suficiência das Santas Escrituras para a salvação.
As Santas Escrituras contêm tudo que é necessário para a salvação, de maneira que o que nelas não se encontre, nem por elas se possa provar, não se deve exigir de pessoa alguma para ser crido como artigo de fé, nem se deve julgar necessário para a salvação. Entende-se por Santas Escrituras os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamentos de cuja autoridade nunca se duvidou na Igreja, a saber, do Antigo Testamento: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos de Salomão, Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, e Malaquias; e do Novo Testamento: Evangelhos; segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas, e S. João; Atos dos Apóstolos; Epístolas de S. Paulo: aos Romanos, I e II aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, I e II aos Tessalonicenses, I e II a Timóteo, a Tito e a Filemom; Epístola aos Hebreus; Epístola de S. Tiago; Epístola I e II de S. Pedro; Epístola I, II e III de S. João; Epístola de S. Judas, e o Apocalipse.

6- Do Antigo Testamento.
O Antigo Testamento não está em contradição com o Novo, pois tanto no Antigo como no Novo Testamentos a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo ele mesmo Deus e Homem; portanto, não se deve dar ouvidos àqueles que dizem que os patriarcas tinham em vista somente promessas transitórias. Embora a lei dada por Deus a Moisés, quanto às cerimônias e ritos, não se aplique aos cristãos, nem tão pouco os seus preceitos civis devam ser necessariamente aceitos por qualquer governo, nenhum cristão está isento de obedecer aos mandamentos chamados morais.

7- Do pecado original.
O pecado original não está em imitar Adão, como erradamente dizem os Pelagianos, mas é a corrupção da natureza de todo descendente de Adão, pela qual o homem está muito longe da retidão original e é de sua própria natureza inclinado
ao mal e isto continuamente.

8- Do livre arbítrio.
A condição do homem, depois da queda de Adão, é tal que ele não pode converter-se e preparar-se pelo seu próprio poder e obras, para a fé e invocação de Deus; portanto, não temos forças para fazer boas obras agradáveis e aceitáveis a Deus sem a sua graça por Cristo, predispondo-nos para que tenhamos boa vontade e operando em nós quando temos essa boa vontade.

9- Da justificação do homem.
Somos reputados justos perante Deus somente pelos merecimentos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por fé e não por obras ou merecimentos nossos; portanto, a doutrina de que somos justificados somente pela fé é mui sã e cheia de conforto.

10- Das boas obras.
Posto que as boas obras, que são o fruto da fé e seguem a justificação, não possam tirar os nosso pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus, contudo são agradáveis e aceitáveis a Deus em Cristo, e nascem de uma viva e verdadeira fé, tanto assim que uma fé viva é por elas conhecida como
a árvore o é pelos seus frutos.

11- Das obras de superrogação.
As obras voluntárias que não se achem compreendidas nos mandamentos de Deus, as quais se chamam obras de superrogação, não se podem ensinar sem arrogância e impiedade; pois, por elas, declaram os homens que não só rendem a Deus tudo quanto lhe é devido, mas também de sua parte fazem ainda mais do que devem, embora Cristo claramente diga: "Quando tiverdes feito tudo o que se vos manda, dizei: Somos servos inúteis".

12- Do pecado depois da justificação.
Nem todo pecado, voluntariamente cometido depois da justificação, é o pecado contra o Espírito Santo e imperdoável; logo, não se deve negar a possibilidade de arrependimento aos que caem em pecado depois da justificação. Depois de termos recebido o Espírito Santo, é possível apartar-nos da graça recebida e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de novo e emendar nossa vida. Devem, portanto, ser condenados os que digam que não podem mais pecar enquanto aqui vivem, ou que neguem a possibilidade de perdão àqueles que verdadeiramente se arrependam.

13- Da Igreja.
A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis na qual se prega a pura Palavra de Deus e se ministram devidamente os sacramentos, com todas as coisas a eles necessárias, conforme a instituição de Cristo.

14- Do purgatório.
A doutrina romana do purgatório, das indulgências, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil, sem base em nenhum testemunho das Escrituras e até repugnante à Palavra de Deus.

15- Do falar na congregação em língua desconhecida.
É claramente contrário à Palavra de Deus e ao costume da igreja Primitiva celebrar o culto público na Igreja, ou ministrar os sacramentos, em língua que o povo não entenda.

16- Dos sacramentos.
Os sacramentos instituídos por Cristo não são somente distintivos da profissão de fé dos cristãos; são, também, sinais certos da graça e boa vontade de Deus para conosco, pelos quais Ele invisivelmente, opera em nós, e não só desperta, como fortalece e confirma a nossa fé n'Ele. Dois somente são os sacramentos instituídos por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho, a saber: o batismo e a Ceia do Senhor. Os outros cinco, vulgarmente chamados sacramentos, a saber: a confirmação, a penitência, a ordem, o matrimônio e a extrema unção, não devem ser considerados sacramentos do Evangelho. Sendo, como são, em parte, uma imitação corrompida de costumes apostólicos e, em parte, estados de vida permitidos nas Escrituras, mas que não têm a natureza do batismo, nem a da Ceia do Senhor, porque não têm sinal visível, ou cerimônia estabelecida por Deus. Os sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espetáculo, mas para serem recebidos dignamente. E somente nos que participam deles dignamente é que produzem efeito salutar, mas aqueles que os recebem indignamente recebem para si mesmos a condenação, como diz S. Paulo ( I Coríntios 11.29).

17- Do batismo.
O batismo não é somente um sinal de profissão de fé e marca de diferenciação que distingüe os cristãos dos que não são batizados, mas é, também, um sinal de regeneração, ou de novo nascimento. O batismo de crianças deve ser conservado na Igreja.

18- Da Ceia do Senhor.
A Ceia do Senhor não é somente um sinal do amor que os cristãos devem ter uns para com os outros, mas antes é um sacramento da nossa redenção pela morte de Cristo, de sorte que, para quem reta, dignamente e com fé o recebem, o pão que partimos é a participação do corpo de Cristo, como também o cálice de bênção é a participação do sangue de Cristo. A transubstanciação ou a mudança de substância do pão e do vinho na Ceia do Senhor, não se pode provar pelas Santas Escrituras, e é contrária às suas terminantes palavras; destrói a natureza de um sacramento e tem dado motivo a muitas superstições. O corpo de Cristo é dado, recebido e comido na Ceia, somente de modo espiritual. O meio pelo qual é recebido e comido o corpo de Cristo, na Ceia, é a fé. O sacramento da Ceia do Senhor não era, por ordenação de Cristo, custodiado, levado em procissão, elevado, nem adorado.

19- De ambas as espécies.
O cálice do Senhor não se deve negar aos leigos, porque ambas as espécies da Ceia do Senhor, por instituição e mandamento de Cristo, devem ser ministradas a todos os cristãos igualmente.

20- Da oblação única de Cristo sobre a cruz.
A oblação de Cristo, feita uma só vez, é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados de todo o mundo, tanto o original como os atuais, e não há nenhuma outra satisfação pelo pecado, senão essa. Portanto, o sacrifício da missa, no qual se diz geralmente que o sacerdote oferece a Cristo em expiação de pecados pelos vivos e defuntos, é fábula blasfema e engano perigoso.

21- Do casamento dos ministros.
Os ministros de Cristo não são obrigados pela lei de Deus, quer a fazer voto de celibato, quer a abster-se do casamento; portanto, é tão lícito, a eles como aos demais cristãos, o casarem-se à sua vontade, segundo julgarem melhor à prática da piedade.

22- Dos ritos e cerimônias da Igreja.
Não é necessário que os ritos e cerimônias das Igrejas sejam em todos os lugares iguais e exatamente os mesmos, porque sempre têm sido diferentes e podem mudar-se conforme a diversidade dos países, tempos e costumes dos homens, contando que nada seja estabelecido contra a palavra de Deus. Entretanto, todo aquele que, voluntária, aberta e propositadamente quebrar os ritos e cerimônias da Igreja a que pertença, os quais, não sendo repugnantes à Palavra de Deus, são ordenados e aprovados pela autoridade competente, deve abertamente ser repreendido como ofensor da ordem comum da Igreja e da consciência dos irmãos fracos, para que os outros temam fazer o mesmo. Toda e qualquer Igreja pode estabelecer, mudar ou abolir ritos e cerimônias, contanto que isso se faça para edificação.

23- Dos deveres civis dos cristãos.
É dever dos cristãos, especialmente dos ministros de Cristo, sujeitarem-se à autoridade suprema do país onde residam e empregarem todos os meios louváveis para inculcar obediência aos poderes legitimamente constituídos. Espera-se, portanto, que os ministros e membros da Igreja se portem como cidadãos moderados e pacíficos.

24- Dos bens dos cristãos.
As riquezas e os bens dos cristãos não são comuns, quanto ao direito, título e posse dos mesmos, como falsamente apregoam alguns; não obstante, cada um deve dar liberalmente, do que possui, aos pobres.

25- Do juramento do cristão.
Assim como confessamos que é proibido aos cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo e por Tiago, seu apóstolo, o jurar em vão e precipitadamente, assim também julgamos que a religião Cristã não proíbe o juramento quando um magistrado o requer em causa da fé e caridade, contanto que se faça segundo o ensino do profeta, em justiça, juízo e verdade.

Igreja Assembléia de Deus anúncia os projetos para a comemoração do centenário

Com 53 milhões de fiéis espalhados em 162 países, a Assembleia de Deus se tornou uma das maiores instituições religiosas do mundo, cuja história de fé, expansão e grandiosidade teve início em Belém, há quase 100 anos. Para celebrar o seu centenário, que ocorrerá em 2011, a diretoria da instituição divulgou na noite de ontem o projeto de marketing e o site que farão parte das comemorações da data. O lançamento dos produtos foi feito pela equipe de comunicação da Igreja, responsável pela elaboração e planejamento das atividades do aniversário, e contou com a presença de diversos empresários e convidados.


“Deus escolheu Belém para ser sede da Sua Igreja e fez do povo paraense, que é marcado pela fé e trabalho, o principal meio de expressão e fortalecimento de Sua história”, afirmou o pastor Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus.

A celebração do centenário ocorrerá desde o início de 2011, com eventos em templos de diversos países. O grande encerramento da festividade, entretanto, ocorrerá em Belém, nos dias 16, 17 e 18 de junho e contará com palestras, conferências e apresentações de artistas brasileiros e internacionais.

Para receber todos os milhares de convidados, a Igreja iniciou a construção de um Centro de Convenções, que com aproximadamente 12 mil m² e capacidade para 22 mil pessoas, será o maior espaço para eventos da Região Norte. “Este Centro não ficará restrito ao uso da Assembleia de Deus. Ele será um local para toda a sociedade paraense”, afirma o pastor Samuel. Também serão inaugurados no próximo ano, em Belém, a Avenida Centenária e o Centro Histórico Nacional da Assembleia de Deus no Brasil, que comportará um museu e emissoras de rádio e TV.

Além do grande evento, a Igreja também projetou algumas metas para o seu centenário, entre elas a realização de 10.000 batizados, a construção de 1.000 núcleos missionários, 100 novos templos e a doação de 500 toneladas de alimentos. Para garantir que a alcance destes números é possível, a instituição informou que, diariamente, 4 templos são abertos em todo o mundo e 1 tonelada de alimento é distribuída, apenas na Região Metropolitana de Belém. “Não atendemos apenas os evangélicos, mas todas as pessoas que necessitam de comida e conforto”, afirma Netto.

Segundo o pastor, a expectativa é de que o a festividade do Centenário contribua não apenas com a divulgação da Igreja, mas também com o desenvolvimento do Pará. “Queremos resgatar a importância histórica de Belém e fortalecer o turismo religioso, atraindo mais fieis e visitantes para o nosso Estado”, conclui.

EM NÚMEROS
16, 17 e 18/06/2011 são os dias programados para o encerramento, em Belém, das comemorações pelo centenário da Assembleia de Deus.

Fonte: Diário do Pará / Gospel+
Via: Guia-me
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