terça-feira, 19 de outubro de 2010

Igrejas Orientais de Rito Bizantino em Comunhão com Roma

Igreja católica albanesa

A igreja bizantina da Albânia pertencia ao patriarcado de Roma, diferente das demais, que dependiam de Constantinopla. No ano 731, em meio às lutas iconoclastas, o imperador bizantino Leão III conquistou a Albânia e anexou sua igreja a Constantinopla, com a que também participou na ruptura de 1054.

Posteriormente, a Albânia caiu sob o domínio muçulmano, com o que a Igreja passou a ser minoritária. Entre 1895 e 1900, vários grupos ortodoxos tornaram-se católicos e solicitaram um bispo de seu próprio rito, o que lhes foi concedido por Pio XII em 1939, na forma de Administração Apostólica.

Com a perseguição comunista, e especialmente desde 1967, com a proclamação da Albânia como Estado oficialmente ateu, a Igreja católica albanesa passou à total clandestinidade, até a queda do regime. Hoje são 1500 fiéis, agrupados numa só paróquia, e dependem diretamente da Congregação para as Igrejas Orientais.

Igreja grego-católica bielorussa

Esta Igreja católica marca a união de Brest (1596), quando os bispos ortodoxos da província de Kiev decidiram em grupo retornar à comunhão com Roma. Desta união surgiram as Igrejas grego-católicas da Bielorússia e Ucrânia.

Após a invasão da Bielorússia no século XVIII pelos russos, muitos católicos uniram-se, uns voluntariamente e outros de forma forçada, à Igreja ortodoxa russa. Ainda que em 1905 tenha sido reconhecida a liberdade de culto, muitos católicos optaram por passar ao rito latino, e a Igreja bizantina católica ficou reduzida a 30 mil fiéis.

Sob a dominação comunista, os greco-católicos foram novamente unidos de forma forçada à Igreja ortodoxa, até 1991. Os que conseguiram sair do país estabeleceram comunidades na diáspora, que ainda hoje existem.

Esta igreja atualmente conta com cerca de 5500 fiéis, agrupados em cerca de vinte paróquias. Depende diretamente da Congregação para as Igrejas Orientais.

Igreja grego-católica búlgara

A Igreja ortodoxa búlgara esteve tradicionalmente unida ao Patriarcado de Constantinopla, apesar de sua independência inicial. Ao longo de sua história, a reação contra a helenização foi confundida com sentimentos nacionais, o que afetou também as relações com Roma.

Na metade do século XIX, o arquimandrita Sokolsky pediu a união com Roma, e foi consagrado como primeiro bispo católico bizantino, ainda que o movimento pró-Roma se dissolveu após conseguir de Constantinopla o reconhecimento da independência eclesiástica.

A pequena comunidade greco-católica búlgara está formada hoje por cerca de 22 mil fiéis, agrupados no Exarcado de Sofia. A maior parte dos católicos búlgaros seguem o rito latino.

Igreja dos grego-católicos da ex-Iugoslávia

Também chamada Igreja católica bizantina da eparquia de Križevci, agrupa os fiéis católicos bizantinos da Bósnia, Croácia e Eslovênia (eparquia de Križevci), e o exarca apostólico de Sérvia e Montenegro.

Esta Igreja constituiu-se ao longo dos séculos XVIII e XIX majoritariamente com população emigrada desde Galitzia, após sua conquista por parte da Rússia, assim como de católicos rutenos procedentes de Transcarpátia e Eslováquia. Atualmente são cerca de 53 mil fiéis.

Igreja grego-católica húngara

Também tem sua origem na emigração de católicos rutenos de rito bizantino. O mais característico desta Igreja é que, devido a um importante grupo protestante, no século XVIII, que se uniu a ela adotando o rito bizantino, introduziu o uso do húngaro na liturgia, no lugar do grego, ainda que sem autorização.

No ano 1900, um grupo de greco-católicos húngaros peregrinou a Roma para o Ano Santo e aproveitou para pedir ao Papa Leão XIII que regularizasse sua situação e lhes proporcionasse um bispo próprio. Em 1912, o Papa Pio X escolheu para eles a Eparquia de Hajdudorog. Atualmente são 302 mil fiéis.

Igreja bizantina eslovaca

Em 1646, um importante grupo de hierarcas ortodoxos rutenos tomou a decisão de se unir novamente a Roma, na chamada União de Uzhhorod, similar à que haviam protagonizado os ucranianos em Brest quase um século antes.

A igreja greco-católica eslovaca esteve unida à igreja rutena durante vários séculos. Durante a Segunda Guerra Mundial, e após a invasão comunista, o novo governo obrigou os grego-católicos a abandonarem Roma e unierem-se ao Patriarcado de Moscou. O bispo greco-católico de Prešov, Dom Gojdič, foi preso e executado.

Após a queda do comunismo e a divisão do país, o Papa João Paulo II criou o exarcado de Košice. Em 30 de janeiro de 2008, Bento XVI elevou a igreja à categoria de metropolitana sui iuris, ao mesmo tempo que elevava Košic ao posto de eparquia. Hoje conta com 258 mil fiéis.

As igrejas orientais católicas no Brasil são a Igreja Melquita, com igrejas no Sudeste e uma no Nordeste, a Igreja Ucraniana, com 300 igrejas no Sul e 1 em São Paulo, a Igreja Siríaca, em Belo Horizonte, a Igreja Maronita, com uma presença espalhada pelo país, e a Igreja Armênia, em São Paulo. Aqui no Rio, só há Igreja Melquita, a Paróquia de S. Basílio, na República do Líbano, no Centro, e a Igreja Maronita, a Paróquia Nossa Senhora do Líbano, na Conde de Bonfim, na Tijuca (com uma missão no Leblon).

Com exceção da Igreja Maronita, todas igrejas orientais católicas possuem uma igreja equivalente separada de Roma, podendo ser ortodoxa, ou não (dependendo de quantos concílios ecumênicos aceitou ao longo da história). Se aceitar os 7 primeiros concílios ecumênicos, é ortodoxa; se aceitar apenas 3 concílios, é pré-calcedoniana, se aceitar apenas 2, é pré-efesiana. Por exemplo, a Igreja Melquita tem como contraparte a Igreja Ortodoxa Antioquena, e a Igreja Católica Armênia tem como contraparte a Igreja Armênia Apostólica, que é pré-calcedoniana.

Um comentário:

  1. Prezado Alexandre,
    Pax!

    Creio que, neste interessante texto, vc se esqueceu de citar a fonte dos dois últimos parágrafos, que é meu blog Sinaxe.

    Te agradeço desde já a citação,
    Philippe

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...