sábado, 30 de outubro de 2010

Roma mantinha comunhão com as Igrejas do Oriente?

Durante o primeiro milênio da História do Cristianismo, Roma mantinha comunhão com as Igrejas do Oriente, mas fatores históricos, políticos e geográficos (a queda do Império Romano do Ocidente, a aliança do Papado com o Império Carolíngio e as distâncias territoriais que separavam as Igrejas do Ocidente dos Patriarcados do Oriente) foram gerando um abismo que se aprofundava cada vez mais, à medida que o tempo avança, desenvolvia-se no Ocidente tradições próprias e muitas vezes divergentes da perspectiva do Oriente, culminando numa ruptura formal, em 1054, a partir do conflito entre a delegação romana (chefiada pelo Cardeal Humberto) e o Patriarca Miguel Cerulário, por ocasião da visita destes embaixadores papais a Constantinopla, episódio que ficou conhecido na História como o “Grande Cisma entre o Oriente e o Ocidente”. Várias tentativas de reconciliação foram feitas, mas todas resultaram em fracassos. Em dezembro de 1965, um encontro entre o Patriarca Atenágoras I, de Constantinopla, e o Papa Paulo VI, de Roma, pôs formalmente um fim às hostilidades entre as duas igrejas. No entanto, este ato não foi e não é suficiente para restaurar a comunhão entre o Oriente e o Ocidente. Por isto vem sendo realizados encontro sistemáticos entre as duas Igrejas para dialogar sobre as divergências. O encontro realizado em outubro de 2009 para discutir sobre O papel do Bispo de Roma no Primeiro Milênio, resultou em mais um fracasso, pois ambas as partes ratificaram suas posições: A Igreja Ortodoxa, seguindo as decisões dos Concílios Ecumênicos, reconhece ao Bispo de Roma uma primazia de honra, mas sem jurisdição universal, posto que todos os bispos são iguais e cada igreja local como sendo plenamente católica; por sua vez os Romanos, embora reconheçam a plena catolicidade da Igreja local, e que o Papado no primeiro milênio não funcionava nas mesmas bases de hoje, recusam-se a admitir que sua jurisdição seja reduzida ao seu território local. Contudo, apesar do impasse, todos os participantes foram unânimes em querer que o diálogo prossiga e uma agenda de encontros futuros foi estabelecida. Todavia, é bom esclarecer que muitos ortodoxos não são favoráveis ou não vêem com bons olhos este diálogo com Roma.

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