sábado, 23 de maio de 2009

Martinho Lutero e a Virgem Maria

Perpétua Virgindade de Maria

“Cristo era o único filho de Maria. Das entranhas de Maria, nenhuma criança além dEle. Os irmãos significam realmente ‘primos’ aqui: A Sagrada Escritura e os judeus sempre chamaram os primos de irmãos’” (Cf Martinho Lutero, Sermões sobre João 1-4, 1534-39)

“Ele, Cristo, nosso Salvador, era o fruto real e natural do ventre virginal de Maria... Isto aconteceu sem a participação de qualquer homem e ela permaneceu virgem mesmo depois disso“. (Martinho Lutero, "Sermões sobre João", cap. 1 a 4, 1537-39 d.C.).

"Virgem antes, no e depois do parto, que está grávida e dá à luz. Este artigo (da fé) é milagre divino." (Sermão Natal 1540: wa 49,182).

Mãe de Deus

“Deus não recebeu sua divindade de Maria; todavia, não segue que seja consequentemente errado afirmar que Deus foi carregado por Maria, Que Deus é filho de Maria e que Maria é a Mãe de Deus. Ela é a Mãe verdadeira de Deus, a portadora de Deus. Maria amamentou o próprio Deus; por ela é que ele foi embalado para dormir , por ela é que ele foi alimentado, etc. Para o Deus e para o Homem, uma só pessoa, um só filho, um só Jesus, e não dois Cristos. Assim como o seu filho não são dois filhos... Mesmo que tenha duas naturezas.” (Cf. Martinho Lutero, “Nos conselhos e na Igreja”, em 1539)

Mãe da Igreja

“Maria é a Mãe de Jesus e a Mãe de todos nós, embora fosse só Cristo quem repousou no colo dela... Se ele é nosso, deveríamos estar na situação dele; lá onde ele está, nós também devemos estar e tudo aquilo que ele tem deveria ser nosso. Portanto, a mãe dele também é nossa mãe.” (Cf. Martinho Lutero, , Sermão de Natal de 1529.)

Imaculada Conceição de Maria

“É uma doce e piedosa crença esta que diz que a alma de Maria não possuía pecado original; esta de que, quando ela recebeu sua alma, ela também foi purificada do pecado original e adornada com os dons de Deus, recebendo de Deus uma alma pura. Assim, desde o primeiro momento de sua vida, ela estava livre de todo pecado” ( Lutero, Sermão sobre o Dia da Conceição da Mãe de Deus de 1527 )

Intercessão de Maria

"Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat... Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém". (Martinho Lutero, ''Comentário do Magnificat'').

Diversos

“A veneração de Maria está inscrita no mais profundo do coração humano.” (Martinho Lutero, Sermão em 1º de setembro de 1522.)

“Maria é a mulher mais elevada e a pedra preciosa mais nobre no Cristianismo depois de Cristo... Ela é a nobreza, a sabedoria e a santidade personificadas. Nós não poderemos jamais honrá-la o bastante. Contudo, a honra e os louvores devem ser dados de tal forma que não ferem a Cristo nem às Escrituras.” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.)

“Nenhuma mulher é como tu! És mais que Eva ou Sara, sobretudo, pela nobreza, bem-aventurança, sabedoria e santidade!” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.)

“É a consolação e a bondade superabundante de Deus, o homem pode exultar por tal tesouro: Maria é sua verdadeira mãe, Jesus é seu irmão, Deus é seu Pai.” (Martinho Lutero, Sermão de Natal de 1522.)

Outros Reformadores

João Calvino

"Certas pessoas têm desejado sugerir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José teve relacionamento íntimo com ela depois. Mas que estupidez! O escritor do evangelho não desejava registrar o que poderia acontecer mais tarde; ele simplesmente queria deixar bem clara a obediência de José e também desejava mostrar que José tinha sido bom e verdadeiramente acreditava que Deus enviara seu anjo a Maria. Portanto, ele jamais teve relações com Maria, mas somente compartilhou de sua companhia... Além disso, nosso Senhor Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isto não é porque teria que haver um segundo ou terceiro [filho], mas porque o escritor do Evangelho está se referindo à precedência. Assim, a Escritura está falando sobre a titularidade do primogênito e não sobre a questão de ter havido qualquer segundo [filho]“. (João Calvino, "Sermão sobre Mateus", publicado em 1562).


"Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus."
(Calvino, Comm. Sur l'Harm. Evang., 20)

Zwinglio

“Creio firmemente que Maria, conforme as palavras do Evangelho que afirmam que de uma Virgem nos nasceria o Filho de Deus, permaneceu sempre pura e intacta Virgem durante e depois do nascimento de seu Filho. Também acredito firmemente que ela foi por Deus exaltado acima de todas as criaturas bem-aventuradas (sobre os homens e anjos) na eterna bem-aventurança." (Ulrich Zwinglio, citado em "Corpus Reformatorum" v.1, p.424).


Zvinglio: "Quanto mais crescem a honra e o amor de Cristo entre os homens, tanto mais crescem também a estima e a honra de Maria, que gerou para nós um tão grande e propício Senhor e Redentor" (ZO 1,427s).

John Wesley

"Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada." (John Wesley, fundadador da Igreja Metodista, em carta dirigida a um católico em 18.07.1749)



Heinrich Bullinger, sucessor de Zvinglio, testemunhou:

"Cremos que o corpo puríssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus é templo do Espírito Santo... foi levado pelos anjos ao céu".

Conclusão

Os mestres da Reforma foram muito mais fiéis na veneração a Maria do que os seus discípulos, "reformadores da Reforma do século XVI". Todavia no protestantismo contemporâneo nota-se uma volta às origens, da qual vai aqui transcrito um espécimen, tirado de um Catecismo luterano:

"Maria faz parte do Evangelho... É apresentada como aquela que ouviu de maneira exemplar a palavra de Deus, como a serva do Senhor que diz Sim à palavra de Deus, como a cheia de graça que por si mesma nada é, mas que é tudo por bondade de Deus. É, com efeito, o modelo original dos homens que se abrem a Deus e se deixam enriquecer por Ele, o modelo original da comunidade dos fiéis, da Igreja... 'Concebido por obra do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria': é uma verdade que confessamos de Jesus; conseqüentemente, confessamos também que Maria é a Mãe de Nosso Senhor" (Evangelischer Erwachsenenkatechismus, sob a direção de W. Jehtsh, Gütersloh).


Desabafo de Um Presbítero, não-tão-Velho-Assim, à Beira da Surdez.

Alguns anos atrás um jovem escreveu-me perguntando qual a minha opinião sobre a utilização de cânticos com ritmos mais acentuados, na liturgia, e sobre o período normalmente chamado de “louvor”, em nossas igrejas. Na realidade, a pergunta dele foi: “São todos os ritmos apropriados ao louvor, na igreja?”.

Para tratar dessa questão, eu poderia ter entrado no chamado “Princípio Regulador”, que descreve a orientação do culto reformado, no qual somente as coisas diretamente comandadas por Deus devem fazer parte da liturgia. Ocorre que, tomado literalmente, não existe uma única igreja nossa que se enquadre na interpretação mais rígida do “Princípio”, mesmo aquelas pastoreadas ou freqüentadas por seus mais ávidos proponentes. Até nas mais conservadoras encontramos o coro da Igreja, devidamente fardado sob o nosso escaldante calor tropical, entoando belos hinos ao Senhor – alguém pode me indicar onde isso está prescrito no Novo Testamento? Mesmo em nossas igrejas co-irmãs da Escócia – supostas praticantes coerentes do “princípio regulador”; aquelas que defendem que o Antigo Testamento não tem nada a nos dizer sobre a liturgia do Novo Testamento, que são contra a utilização de instrumentos musicais e onde somente os Salmos são entoados, não existe coerência. Os Salmos são cantados, porém com músicas e métricas geradas por mentes de cristãos que viveram milênios após a escrita dos textos bíblicos e as letras são adaptações, para se enquadrar na métrica. Isso sem falar que a tentativa é de uma liturgia neo-testamentária, que, na parte da música é totalmente dependente do Antigo Testamento – pois lá é que encontramos os Salmos. Nessas igrejas, todas as palavras dos Salmos devem ser cantadas com fervor, mas se encontramos aqueles trechos que falam dos instrumentos musicais temos que ignorar tanto o texto como a eles, e considerando-os parte de uma outra era – dá para perceber alguma incoerência nisso? Recorrer, portanto a um exame aprofundado, complexo e possivelmente infrutífero, na definição e aplicabilidade do “princípio regulador”, não responderia a questão, traria outras à tona e é uma reflexão necessária que tem que ser levada a cabo em outra arena. Preferi, portanto, responder o assunto dentro do direcionamento geral que temos nas escrituras e do senso comum que Deus nos concedeu, em vez de invocar nossas raízes históricas.

Quando procuramos na Palavra de Deus não encontramos restrição ou classificação intrínseca de ritmos, como existindo os que são “maus”, e os que são “bons”. Sei que inúmeros livros têm sido escrito, no campo evangélico, sobre as raízes malévolas de certos ritmos e é certo que os ritmos estimulam as pessoas a diferentes estados de espírito, mas permito-me desconfiar das conclusões supostamente científicas e das conexões traçadas por tais trabalhos. Na maioria das vezes temos apenas uma coletânea de opiniões pessoais e ilações infundadas. Às vezes, somos levados à dedução de que o único cântico admissível na igreja seria, preferencialmente, o gregoriano, de alguns séculos atrás, sem muita variação musical ou harmonia.

A realidade é que a Bíblia parece aceitar a utilização de ritmos na adoração. Com certeza existiam os Salmos “mais agitados” e os “mais lentos’. Independentemente de tratarmos de “liturgia do VT” ou “do NT”; do templo, da sinagoga ou da igreja primitiva, Deus permanece o mesmo e o seu agrado/desagrado não deve ter sido modificado na Nova Aliança. Assim, qualquer investigação sem idéias preconcebidas, verificará que instrumentos diversos e variados foram utilizados pelos fiéis e aceitos por Deus, na adoração de sua pessoa.

Como já frisamos, entretanto, independentemente da letra, existe uma empatia entre melodia e ritmo, e o estado de espírito provocado nos cantantes/adoradores. Ou seja, um ritmo agitado em uma hora de contrição é uma contradição de bom senso (algo há muito perdido em nossas igrejas). Não deveríamos precisar de uma profunda exposição teológica para substanciar isso. Um ritmo lento, ou em tom (clave) menor, numa ocasião de festa, de acampamento, por ocasião de uma caminhada, é também uma contradição de bom senso. Quando esse julgamento é quebrado, na igreja, faz-se também violência aos que estão sinceramente procurando adorar. O Salmo 33.3 nos orienta a cantar “com arte” (qualidade, propriedade, musicalidade, harmonia) e “com júbilo” (entusiasmo). Isso nos indica que intensa qualidade musical deve ser objetivada no louvor a Deus e, por outro lado, que é um erro equacionarmos espiritualidade, com um cântico “morto” destituído de entusiasmo, sem o envolvimento de todo o nosso ser.

A maioria dos Salmos possui títulos que grande parte dos eruditos bíblicos considera como sendo parte do texto original. Essa conclusão ocorre não somente porque se encontram nos manuscritos mais antigos, como também porque muitos estão incorporados ou intrinsecamente ligados ao texto, mas também porque outros livros bíblicos (Exs.: 2 Sm 22 e Habacuque 3) trazem tanto salmos como os seus títulos em seus textos inspirados. No livro dos Salmos, os títulos, muitas vezes, classificam aqueles cânticos quanto às diferentes ocasiões nas quais deveriam ser entoados. A indicação parece ser a de que existiam melodias e ritmos próprios para cada situação, por exemplo: “cântico de romagem [marcha]” (Salmo 120); “salmo didático, para cítara” (Salmo 53); “para instrumento de corda” (Salmo 4); “para flautas” (Salmo 5). Cada dirigente de música ou líder eclesiástico, em nossas igrejas, deveria levar essa questão em consideração utilizando a massa cinzenta que Deus lhes deu para discernir os ritmos apropriados e impedir aberrações na liturgia.

No que diz respeito à letra, as Escrituras dão considerável ênfase à linguagem dos cânticos. Em Efésios 5:19, a força da prescrição está na comunicação que os cânticos devem apresentar: “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais”. Ou seja, é totalmente destituído de valor o cântico no qual não existe concentração na letra, ou quando esta não reflete os ensinamentos da Palavra, ou quando é entoado mecanicamente, só pelo ritmo ou melodia. A passagem paralela, em Colossenses 3:16, também enfatiza o aspecto de comunicação e exortação através dos cânticos, sempre fundamentados na Palavra de Deus (ou, como traz o texto, na Palavra de Cristo): “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”. Não resta dúvida, pois, que as letras, ou as palavras, devem refletir os ensinamentos bíblicos e comunicar coisas inteligíveis aos participantes. Hinos, corinhos, cânticos que não comunicam ou que têm palavras antigas, anacrônicas, obsoletas, obscuras ou hebraismos / helenismos desconhecidos dos que cantam e/ou ouvem -- fogem à característica bíblica da adoração, na qual a comunicação é parte importantíssima. Vale a pena, portanto, perguntarmos, será que todos sabem, mesmo, o que é El-Shadai? E o que deveríamos pensar do “...lá, lá, lá, lá...” tão freqüente nos cânticos contemporâneos? Estão comunicando o que?

O grande problema contemporâneo que encontramos, acredito, reside em dois pontos cruciais: (1) Um anacronismo enrustido de uns – esses acham que algo para ser bom, cristão e próprio tem que ser velho e maçante; (2) Uma ingenuidade gratuita de outros, que, se deixada ao bel-prazer, vira arrogância e descaso pelo bem estar espiritual dos demais irmãos. Esses demonstram desconsideração para com a sanidade estética, mental e auditiva dos fiéis. Esses ingênuos arrogantes, aceitam QUALQUER RÍTMO, desde que “cristianizado” ou “biblicizado” – como sendo legítimo e apropriado a qualquer hora. O mais aberrante é a mistura indiscriminada de ritmos, um atrás do outro, sem uma direção ou conceito maior de que o objetivo global é levar os fiéis aos diversos estágios de adoração com transição suave e racional, entre um momento e o seguinte. É nesse sentido que o momento de “louvor” torna-se, para muitos, uma verdadeira “hora da tortura”. É verdade que muitos participam ativamente, mas são inconseqüentemente liderados por dirigentes que não colocaram o mínimo esforço na seleção e verificação do que seria cantado, e nem se preocuparam na adequação dos cânticos com o momento, ou local. Isso sem falar na existência de verdadeiras “trash gospel songs”, que não passariam no mais brando teste de qualidade musical, sob qualquer critério, mesmo o secular, não evangélico.

Em outras palavras, a tônica atual é de espontaneidade, como se espontaneidade fosse sinônimo de “espiritualidade”. Nem a rigidez estéril e cadavérica é “espiritual” nem a aleatoriedade desregrada. A ênfase bíblica nos levará mais para uma liturgia planejada e estruturada de adoração a Deus, do que um desenvolvimento aberto, definido “na hora”. Mas, nos dias de hoje, o momento de louvor é levado como se fosse uma hora independente de “vale tudo” divorciado dos demais aspectos do culto. Reconhecemos que, às vezes, pastores e líderes criteriosos se preocupam com as palavras dos cânticos. Isso é bom e necessário, mas não é o suficiente. Quem está fazendo a seleção e a adequação dos ritmos (não me refiro a banir marcação rítmica, pura e simplesmente, como já qualifiquei acima)? Quem está preocupado com a qualidade musical? Quem está selecionando os cantores (normalmente, canta quem quer ou se auto-impõe, quer tenha voz, quer não)? Quem está orientando os líderes da “hora do louvor” para que sejam líderes de cânticos (se têm competência para tal) e não fontes de sermões, puxões de orelha em irmãos de cabeça branca, ou passíveis de arroubos “espirituais” que, em muitas ocasiões, contradizem todos os ditames doutrinários da denominação que os abriga? Quem tem a mão no botão de controle do volume? É necessário que toda a congregação tenha de ficar refém e à mercê da sub-sensibilidade auditiva de alguns?

Acredito que podemos ser consideravelmente abrangentes na nossa aceitação de ritmos e melodias. Creio que podemos louvar a Deus de muitas maneiras e formas, expressando toda a variedade recebida dele, em nossa formação cultural e nacional. Mas louvor é coisa séria e essas questões acima não podem simplesmente ser ignoradas. Muitas igrejas não deixariam um pastor qualquer subir no seu púlpito e pregar um sermão aos fiéis. Exigem preparo, referência, anos de seminário, aprovação por um presbitério, tutores, orientadores, testes, etc. Mas escancaram as portas para o doutrinamento e a palavra de autoridade advinda de pessoas que podem até estar cheias de sinceridade, mas igualmente repletas de inexperiência e falta de preparo para orientarem doutrinariamente o povo de Deus.

Uma outra questão, que tem que ser aferida, é a utilização de músicas conhecidas com letras evangélicas. Sabemos que isso ocorre nos hinos, de uma forma geral. Por exemplo, nosso antigo hino: “Da linda pátria estou, bem longe...” é uma canção folclórica Norte Americana, bem como o Hino No. 113: “Achei um bom amigo”. Assim, muitos outros hinos nossos procedem do folclore de outras nações; a música Italiana “Sole Mio” já serviu para várias versões de hinos. Entretanto, quando a música utilizada é contemporânea demais, é impossível divorciar a letra original do que está sendo cantado. Por exemplo, já cantei várias vezes, em diversas igrejas, a letra de “glória, glória, aleluia...” com a música de “Asa branca”. “Casa” direitinho – a métrica é idêntica. Só que toda vez que canto só me lembro de “Asa Branca” e de Luiz Gonzaga. Dita o bom senso que essa situação não conduz à plena adoração. Só essa constatação bastaria para mostrar que não é sábio trasladar músicas contemporâneas, de outras canções, para cânticos eclesiásticos. Mas existe ainda uma falta de gosto total, de propriedade, de sabedoria e de avaliação do ridículo com transmutações na qual a associação é com ritmos e músicas que têm uma letra ou mensagem, às vezes, até imoral, sendo totalmente impossível o cântico sem a lembrança do original, corrompendo, em vez de edificar. Tal é o caso do “Segura o Tcham” que recebeu letra “evangélica”, na Bahia, como “Segura o Cão”. Parece brincadeira mas é verdade, ainda que tenha sido em uma “Igreja Universal”. Da forma como se encaminham as coisas, qualquer hora dessas essa moda chega no nosso meio.

Realmente, a questão de ritmos não é uma questão na qual a Bíblia legisla claramente. Cada um de nós, portanto, tem que formar a sua própria opinião, sempre procurando os valores maiores expressos na Palavra de Deus, em nossos relacionamentos pessoais, sem nunca esquecer a primazia da verdade clara sobre nossas conclusões pessoais. Por último, existe um outro aspecto de nossa liturgia que merece ser levantado. Alguém, em algum lugar, decidiu (e não extraiu da Palavra) que os cânticos não podem estar mesclados com os diversos passos da liturgia, mas devem ser cantados de uma só vez, na chamada “hora de louvor”. Mais sério ainda, alguém achou que só se pode louvar a Deus em cânticos se estivermos em pé. Apesar de já ter dobrado o cabo da boa esperança, não estou tão velho assim, mas confesso que é difícil e me canso de ficar em pé 20, 30, às vezes 45 minutos seguidos, entre tentativas de concentração de Louvar a Deus afastando os pensamentos pouco santos contra o inventor que me obrigou a tal tortura. Hinos podem ser cantados sentados; mas “cânticos espirituais”, só podem ser entoados de pé. Alguém sabe quem legislou isso? Mereceria termos uma palavrinha com ele...

F. Solano Portela Neto
Presbítero na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro

domingo, 17 de maio de 2009

Os Atos dos Mártires

Os Atos dos Mártires são documentos oficiais e os mais antigos da Igreja das perseguições. São textos contemporâneos aos acontecimentos narrados. São as atas dos processos dos Cristãos, chamados "Atos proconsulares" porque, em geral, o magistrado era um procônsul; são as narrações de testemunhas oculares; são as "paixões epistolares", isto é, cartas circulares sobre os mártires, enviadas por uma Igreja às demais comunidades cristãs, ditadas em parte pelos próprios mártires. Os Atos dos Mártires são reportados, na maior parte, por Eusébio de Cesaréia (3º-4º século) em "De mortibus persecutorum"; mas também nas Cartas e no tratado "De Lapsis" de Cipriano (3º século); nas Apologias dos escritores gregos e nos panegíricos pronunciados pelos grandes oradores cristãos do Ocidente, como Ambrósio, Agostinho, Máximo de Turim, Pedro Crisólogo, e do Oriente, como Basílio, Gregório de Nissa e João Crisóstomo.




Eusébio de Cesaréia é a principal fonte dos Atos dos Mártires


Nascido em Cesaréia da Palestina pelo ano 265 e educado na escola do douto Pânfilo, Eusébio recebeu uma sólida formação intelectual, sobretudo histórica. Eleito bispo de sua cidade, foi o homem mais erudito do seu tempo. Escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética, mas a sua obra mais importante foi a "História eclesiástica", em 10 volumes, que são o fruto de 25 anos de pesquisa histórica, contínua e apaixonada. Ele narra, nos 7 primeiros livros, a história da Igreja das origens até 303. Os livros 8º e 9º referem-se à perseguição iniciada por Diocleciano em 303 e concluída, no ocidente em 308, tendo continuado no oriente com Galério, até o Edito de tolerância de 311 e à morte de Maximino (313). O livro 10º descreve a retomada da Igreja até à vitória de Constantino sobre Licínio e à unificação do império (323). Antes ainda dessa obra, Eusébio tinha recolhido e transcrito na "Coleção dos antigos Mártires", uma vasta documentação (atos dos processos de mártires, apologias, testemunhos de indivíduos e comunidades) sobre os mártires anteriores à perseguição de Diocleciano; o livro foi perdido, mas Eusébio tinha retomado o tema em parte na "História Eclesiástica". Poupado pela perseguição de Diocleciano (303-311), Eusébio foi dela uma testemunha de importância excepcional, porque viu pessoalmente a destruição de igrejas, as fogueiras de livros sagrados e muitas cenas selvagens de martírio na Palestina, na Fenícia e até na distante Tebaida do Egito, deixando-nos de tudo, uma comovente memória de grande valor histórico. Apesar de suas lacunas e erros, a "História Eclesiástica" continua "a obra histórica mais conhecida e digna de fé e, muitas vezes, a única fonte supérstite de informação".

Apresentamos, em seguida, uma brevíssima coleção de fatos históricos, uma pequena antologia tirada dos textos originais dos autores indicados, traduzidos com fidelidade. Conheceremos assim como os nossos primeiros irmãos na fé sabiam sofrer e enfrentar por Cristo a tortura e a morte.

O martírio é uma constante de toda a Igreja. Os mártires recordados nesta breve coleção pertencem a séculos diversos, a diferentes categorias de pessoas, extrato social e nacionalidade; representam a Igreja inteira. São homens e mulheres, ricos e pobres, velhos (Simeão tem 120 anos) e jovens (os 7 "filhos" de Sinforosa); eclesiásticos (os bispos Simeão, Policarpo, Acácio, Ságaris; o sacerdote Piônio; os diáconos Êuplio e Papilo) e leigos (o senador Apolônio, o comerciante Máximo, o jardineiro Conão, os legionários "quarenta mártires de Sebaste, o centurião Marino, as mães de família Sinforosa e Agotonice); nobres, como Apolônio, e gente comum do povo, como Conão; muitas vezes cristãos cujos nomes ficaram desconhecidos.Todos testemunharam a própria fidelidade a Cristo com o sacrifício cruento da própria vida. Os Atos dos mártires contam a história mais verdadeira da Igreja das origens.


Os mártires de Alexandria (Egito)

"De uma carta de Filéias aos habitantes de Tmuis".

Filéias, bispo da Igreja de Tmuis, cidade a leste de Alexandria, era famoso pelos cargos civis que ocupou em sua pátria, pelos serviços prestados e também pela cultura filosófica. Jovem, nobre, riquíssimo, tinha mulher e filhos, e parece acertado que fossem pagãos. Da prisão, escreveu uma carta em que descreve os massacres de cristãos, que assistiu pessoalmente, e exalta a coragem e a fé dos mártires. Padeceu o martírio por decapitação em 306. "Fiéis a todos esses exemplos, sentenças e ensinamentos que Deus nos dirige nas divinas e sagradas Escrituras, os bem-aventurados mártires que viveram conosco, sem sombra de incertezas, fixaram o olhar da alma no Deus do universo com pureza de coração; aceitando no espírito a morte pela fé, responderam firmemente ao chamado divino, encontrando o Senhor nosso Jesus Cristo, que se fez homem por amor de nós, para cortar o pecado pela raiz e dar-nos o viático para a viagem à vida eterna. O Filho de Deus, com efeito, embora sendo de natureza divina, não quis valer-se da sua igualdade com Deus, preferindo aniquilar-se a si mesmo, tomando a natureza de escravo e tornando-se semelhante aos homens, como homem humilhou-se até à morte, à morte de cruz (Fl 2,6-8). Os mártires, portadores de Cristo, aspirando, pois, aos mais elevados carismas, enfrentaram todo sofrimento e todo gênero de torturas imaginados contra eles, e não só uma, mas até mesmo uma segunda vez; diante das ameaças, com que os soldados competiam entre si no lançar-se contra eles com palavras e atitudes, não retrataram a própria convicção, porque "a caridade perfeita afasta o terror" (1Jo 4,18). Que discurso seria suficiente para narrar suas virtudes e sua coragem diante de cada prova? Entre os pagãos, qualquer um podia insultar os mártires e, por isso, alguns batiam neles com bastões de madeira, outros com vergas, outros com chicotes, outros com cintos de couro, outros ainda com cordas. O espetáculo dos tormentos era muito variado e extremamente cruel. Alguns, com as mãos amarradas, eram pendurados numa trave, enquanto instrumentos mecânicos puxavam seus membros em todos os sentidos; os carnífices, seguindo a ordem do juiz aplicavam no corpo todos os instrumentos de tortura, não só nas costas, como era costume fazer com os assassinos, mas também no ventre, nas pernas, nas faces. Outros, pendurados fora do pórtico, por uma só mão, sofriam a mais atroz das dores pela tensão das articulações e dos membros. Outros eram amarrados às colunas, com o rosto voltado um para o outro, sem que os pés tocassem o chão, e pelo peso do corpo as juntas eram necessariamente esticadas pela tração. Suportavam tudo isso não só enquanto o governador se entretinha a falar com eles no interrogatório, mas por pouco menos de uma jornada. Enquanto o governador passava para examinar os demais, ordenava aos seus dependentes que olhassem atentamente se por acaso, alguém, vencido pelos tormentos, acenasse ao cedimento, e impunha que se lhes estivesse inexoravelmente por perto, também com as correntes e quando, depois disso, tivessem morrido, puxassem-nos para baixo e arrastassem-nos pela terra. Essa, de fato, era a segundo tortura, pensada contra nós pelos adversários: não ter nem sequer uma sombra de consideração por nós, mas pensar e agir como se já não existíssemos. Houve também aqueles que, depois de terem padecido outras violências, foram colocados no cepo com os pés separados até ao quarto furo, de modo que necessariamente ficavam de costas no cepo, pois não podiam ficar em pé por causa das profundas feridas recebidas em todo o corpo durante o espancamento. Outros, ainda, jogados por terra, jaziam subjugados pelo peso das torturas oferecendo, de modo bem mais cruel aos espectadores, a visão da violência feita contra eles, porque traziam as marcas das torturas no corpo todo. Alguns, nessa situação, morriam em meio aos tormentos, cobrindo de vergonha o adversário com a própria constância; outros, semi mortos, eram trancados na prisão onde expiravam poucos dias depois, sucumbindo às dores; os que sobravam com a saúde recuperada graças aos cuidados médicos, animavam-se de renovada coragem com o tempo e o contato com os companheiros de prisão. Dessa forma, então, quando o edito imperial concedeu a faculdade de escolher entre aproximar-se dos sacrifícios ímpios e não serem perturbados, obtendo uma liberdade criminosa das autoridades do mundo, ou não sacrificar, aceitando a condenação capital, os cristãos corriam alegres para a morte, sem nenhuma hesitação. Eles conheciam, de fato, o que fora predestinado e anunciado pelas sagradas Escrituras: "Quem sacrificar aos deuses estranhos - diz o Senhor - será exterminado" (Es 22,19) e "Não terás outro Deus além de mim" (Ex 20,3)".

Conclui Eusébio: "São essas as palavras que o mártir, realmente sábio e amigo de Deus, escrevia do cárcere aos fiéis da sua igreja, antes da sentença capital, descrevendo a situação em que se encontrava, e exortando-os a permanecer firmes na fé em Cristo, mesmo depois da sua morte, que estava próxima".

sábado, 9 de maio de 2009

MICHAEL W. SMITH - AGNUS DEI

Trecho do emocionante DVD do cantor americano Michael W. Smith, Worship. Aqui ele canta a bela canção Agnus Dei. A execução nos reporta a uma atmosfera de reverência e confiança de que estamos verdadeiramente sob a proteção do Senhor dos Exércitos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

LINHA DO TEMPO DA FILÓSOFIA


Como as biografias a serem postadas não seguirão, necessariamente, uma linha cronológica, tomei a liberdade de fazer essa pequena relação dos filósofos e alguns eventos importantes para a filosofia. Há, de forma bem sucinta, após o nome do filósofo a linha de pensamento a qual os pensadores são identificados, isso, principalmente aos primeiros filósofos, em virtude de pouco de suas obras terem sobrevivido ao tempo. O que for relacionado à filosofia brasileira está indicado com o nome BRASIL após o ano do evento. Esta relação estará sendo atualizada sempre com novos dados, afinal a filosofia é viva.

625 a.C.: Nasce TALES de Mileto.
610 a.C.: Nasce ANAXIMANDRO de Mileto
séc. VI a.C.: Início da filosofia ocidental com Tales de Mileto. São chamados físicos, que procuram o primeiro princípio das coisas.
585 a.C.: Nasce ANAXÍMENES de Mileto.
570 a.C.: Nasce PITÁGORAS. O real se reduz a números ou combinações de números. Nasce XENÓFANES de Colofão.
556 a.C.: Morre Tales de Mileto.
547 a.C.: Morre Anaximandro de Mileto.
540 a.C.:Nasce HERÁCLITO de Éfeso. O real é puro vir a ser.
530 a.C.: Nasce PARMÊNIDES de Eléia. O vir a ser é pura aparência: o ser é imóvel.
528 a.C.: Morrem Anaxímenes de Mileto e Xenófanes de Colofão.
504 a.C.: Nasce ZENÃO de Eléia.
500 a.C.: Nasce ANAXÁGORAS. Espiritualismo, o mundo é governado por uma inteligência.
496 a.C.: Morte de Pitágoras.
485 a.C.: Nasce GÓRGIAS.
480 a.C.: Nasce PROTÁGORAS, Sofística: ceticismo; fenomenismo; morre Heráclito de Éfeso
470 a.C.: Nasce SÓCRATES. Direciona a Atitude Filosófica para o homem. Conhece-te a ti mesmo. Morre Heráclito de Éfeso.
460 a.C.: Nasce DEMÓCRITO. Atomismo. Materialismo. Morre Parmênides de Eléia
440 a.C.: Nasce ANTÍSTENES. Fundador da Escola cínica.
435 a.C.: Nasce ARISTIPO de Cirene. Hedonismo.
430 a.C.: Nasce PLATÃO. Realismo ontológico. Teoria das Idéias.
428 a.C.: Morre Anaxágora.
411 a.C.: Morre Protágoras.
399 a.C.: Sócrates condenado à morte em Atenas.
387 a.C.: Platão funda a Academia em Atenas, a primeira universidade do planeta.
384 a.C.: Nasce ARISTÓTELES. Realismo moderado. Teoria do conceito.
380 a.C.: Morre Górgias
371 a.C.: Morre Demócrito
360 a.C.: Nasce PIRRO. Ceticismo universal.
347 a.C.: Morre Platão.
341 a.C.: Nasce EPICURO. Materialismo. Moral do prazer (ataraxia).
340 a.C.: Nasce ZENÃO de Citium. Estoicismo,
335 a.C.: Aristóteles funda o Liceu em Atenas, escola rival da Academia.
330 a.C.: Nasce EUCLIDES de Alexandria. Funda a geometria
322 a.C.: Morre Aristóteles.
287 a.C.: Nasce ARQUIMEDES. Ciência experimental.
270 a.C.: Morrem Pirro e Euclides de Alexandria
269 a.C.: Morre Epicuro
264 a.C.: Morre Zenão de Citium
214 a.C.: Nasce CARNÉADAS. Nova academia: probabilismo.
212 a.C.: Morre Arquimedes
129 a.C.: Morre Carneadas
106 a.C.: Nasce CÍCERO
98 a.C.: Nasce LUCRÉCIO
55 a.C.: Morre Lucrécio.
43 a.C.: Morre Cícero.

4: Nasce SÊNECA.
95: Nasce LUCRÉCIO. Atomismo. Materialismo.(sistema de Epicuro)
121: Nasce MARCO AURÉLIO
170: Nasce SEXTO EMPÍRICO. Ceticismo universal
180: Morre Marco Aurélio.
205: Nasce MANÉS. Maniqueísmo (dualismo).
324: O imperador Constantino muda a capital do Império Romano para Bizâncio.
354: Nasce SANTO AGOSTINHO.
400: Santo Agostinho escreve Confissões. A filosofia é absorvida pela teologia cristã. Neoplatonismo.
410: Roma é saqueada pelos visigodos.
430: Morre Santo Agostinho.
529: Fechamento da Academia em Atenas, pelo imperador Justiniano, marca o fim da era greco-romana e consolida a entrada na Alta Idade Média.
65: Morre Sêneca.
810: Nasce SCOTO ERIGENA. Neoplatonismo
875: Morre Scoto Erigena.
980: Nasce AVICENA. Aristotelismo.
1033: Nasce SANTO ANSELMO. Realismo Moderado.
1037: Morre Avicena
1050: Nasce ROSCELINO. Nominalismo.
106: Nasce CÍCERO. Ecletismo (probabilismo)
1079: Nasce ABELARDO. Conceitualismo.
1109: Morre Santo Anselmo
1120: Morre Roscelino
1126: Nasce AVERRÓES. Averroísmo (Panteísmo emanatista).
1135: Nasce MAIMÔNIDES. Sincretismo de aristotelismo e judaísmo.
1142: Morre Abelardo
1198: Morre Averróes.
meados do séc. XIII: Tomás de Aquino escreve seus comentários sobre Aristóteles. Era da filosofia escolástica.
1204: Morre Maimônides.
1206: Nasce SANTO ALBERTO, o grande. Aristotelismo.
1221: Nasce SÃO BOAVENTURA. Agostinianismo
1225: Nasce SANTO TOMÁS DE AQUINO. Síntese cristã do aristotelismo e do agostinismo.
1260: Nasce ECKART. Misticismo Neoplatônico.
1265: Nasce DANTE.
1266: Nasce DUNS SCOT. Voluntarismo.
1274: Morrem São Tomás e São Boaventura.
1280: Morre Santo Alberto, o grande.
1283: Morre Siger de Brebant. Averroísmo.
1290: Nasce OCKHAM. Nominalismo
1308: Morre Duns Scot.
1321: Morre Dante.
1322: Morre Pedro Auriol. Empirismo
1327: Morre Eckart.
1349: Morre Ockham.
1360: Morre Nicolau de Autricort.
1453: Queda de Bizâncio para os Turcos, fim do Império Bizantino.
1464: Morre Nicolau de Cusa. Neoplatonismo.
1469: Nasce MAQUIAVEL.
1492: Colombo chega à América. Renascimento em Florença e renovação do interesse pela aprendizagem do grego.
1527: Morre Maquiavel.
1533: Nasce MONTAIGNE. Ceticismo.
1543: Copérnico publica Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes, com um modelo matemático no qual a Terra gira em torno do Sol.
1548: Nascem GIORDANO BRUNO. Averróismo. e SUÁREZ. Ecletismo neotomista.
1549: BRASIL Chegada dos primeiros jesuítas com Tomé de Souza, sendo entregue À Companhia de Jesus o trabalho de catequese e ilustração.
1550: BRASIL Doação de terreno a Manuel da Nóbrega para a construção do primeiro colégio.
1556: BRASIL Funda-se o centro inicial de aprendizado; aplica-se a primeira legislação escolar da Companhia de Jesus.
1559: BRASIL As constituições exigem cinco anos para letras e sete para os estudos de filosofia.
1561: Nasce FRANCIS BACON. Empirismo.
1572: BRASIL Primeiros títulos universitários concedidos e primeiro curso de filosofia no país.
1572/75: BRASIL Primeiros títulos universitários concedidos e primeiro curso de filosofia no país destinado aos membros da Companhia de Jesus, ministrado pelo Pe. Gonçalo Leite.
1580: BRASIL Provável início do estudo oficial da filosofia no Brasil, em Olinda.
1588: Nasce HOBBES.
1592: Morre Montaigne.
1596: Nasce DESCARTES. Cartesianismo (Idealismo).
1608: BRASIL Nasce ANTONIO VIEIRA.
1613: Nasce LA ROCHEFOUCOULD.
1623: Nasce PASCAL.
1629: BRASIL Curso de Filosofia, de autoria do Padre Antonio Vieira, considerado como o primeiro livro de textos para lições que proferiu no curso de artes nos anos 1629 e 1632.
1632: Nascem LOCKE, empirismo e SPINOZA, panteísmo.
1633: Galileu é forçado pela Igreja a abjurar a teoria heliocêntrica, até que (e se) surgissem evidências conclusivas dessa hipótese.
1638: Nasce MALEBRANCHE. Ontologismo.
1641: Descartes publica Meditações, início da filosofia moderna.
1642: Morre Galileu Galilei.
1642: Nasce NEWTON.
1646: Nasce LEIBNIZ. Ecletismo idealista.
1650: Morre Descartes.
1662: Morre Pascal.
1677: Morre Spinoza. Publicação póstuma de sua obra Ética.
1679: Morre Hobbes
1685: Nasce GEROGE BEKELEY.
1687: Isaac Newton publica Principia, introduzindo o conceito de gravidade.
1689: Locke publica o Ensaio Sobre o Entendimento Humano. Início do Empirismo.
1689: Nasce MONTESQUIEU
1699: BRASIL Nasce Sebastião José de Carvalho e Melo, o MARQUÊS DE POMBAL.
1704: Morre Locke.
1705: BRASIL Nasce MATIAS AIRES.
1710: Berkeley publica Princípios do Conhecimento Humano, levando o empirismo a novos extremos.
1711: Nasce DAVID HUME.
1713: Nasce DIDEROT
1715: Nascem Etiènne Bonnot de CONDILLAC e Claude-Adrien HELVÉTIUS.
1716: Morte de Leibniz.
1718: BRASIL Nasce LUIZ ANTONIO VERNEY.
1724: Nasce IMMANUEL KANT.
1727: Morre Newton.
1739-40: Hume publica Tratado Sobre a Natureza Humana, conduzindo o empirismo a seus limites lógicos.
1740: BRASIL Nasce FRANCISCO SANTOS LEAL.
1747: BRASIL Publicação de Verdadeiro Método de Estudar, de Luiz A. Verney.
1752: BRASIL Publicação de Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, de Matias Aires.
1753: Morre Berkeley.
1755: Morte de Montesquieu.
1762: Nasce FICHTE.
1763: BRASIL Morre Matias Aires.
1769: BRASIL Nasce, em Lisboa, SILVESTRE PINHEIRO FERREIRA, ministra no Brasil aula de filosofia entre 1810 a 1821.
1770: Nasce HEGEL.
1771: Morre Helvétius.
1772: Nasce Joseph-Marie DEGÉRANDO.
1773: BRASIL Suspensão da Companhia de Jesus no Brasil
1776: Morre David Hume.
1780: Morre Condillac.
1781: Kant, despertado de seu sono dogmático por Hume, publica a Crítica da Razão Pura. Início da grande era do idealismo alemão.
1782: BRASIL Morre Pombal.
1784: Morre Diderot.
1784: BRASIL Nascem FRANCISCO DE MONTALVERNE e DIOGO FEIJO.
1788: Nasce ARTHUR SCHOPENHAUER.
1788/92: BRASIL Publicação de História dos Filósofos Antigos e Modernos, de Francisco Leal.
1798: Nasce AUGUSTE COMTE. Positivismo.
1804: Morre Kant.
1807: Hegel publica Fenomenologia do Espírito: apogeu do idealismo alemão.
1808: BRASIL Chegada da corte portuguesa ao Brasil.
1813: Nasce KIERKEGAARD
1813: BRASIL Nasce MAUÁ; Silvestre Pinheiro Ferreira inicia curso de filosofia no Real Colégio de São Joaquim e publica Preleções Filosóficas sobre a Teórica dos Discursos e da Linguagem, a Estética, a Diceósina e a Cosmologia.
1814: Morre Fichte
1814: BRASIL Nasce PEDRO DE FIGUEIREDO.
1817: Morre Durkheim.
1818: Nasce KARL MARX.
1818: Schopenhauer publica O Mundo Como Vontade e Representação.
1818: BRASIL Morre Francisco Santos Leal; Padre Diogo Feijó em seus Cadernos de Filosofia dedica-se a transmitir os aspectos centrais do pensamento kantiano, sendo um dos seus primeiros divulgadores no país.
1822: BRASIL Proclamação da Independência do Brasil.
1824: BRASIL Nasce Manuel Maria de Moraes e Vale.
1827: BRASIL São criados os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em cujas escolas se concentravam os núcleos mais importantes do debate de idéias novas; o pensamento filosófico começa a adquirir certa autonomia em nosso meio, sob a égide do romantismo,
1831: Morre Hegel.
1833: BRASIL Nasce Benjamin Constant Botelho de Magalhães
1835: BRASIL Feijó se torna regente do império.
1837: BRASIL Fundação do Colégio Pedro II.
1839: BRASIL Nasce Tobias Barreto; publicação em Paris de Noções Elementares de Filosofia Geral e Aplicada às Ideologias de Silvestre Pinheiro, com qual procurava superar o compêndio de Genuense, admitido no Brasil e além-mar como o livro de texto no ensino de filosofia.
1839: Nasce PEIRCE
1840: BRASIL Nasce Luís Pereira Barreto.
1842: Nasce WILLIAM JAMES. Morre Degérando.
1842: BRASIL Em Discurso sobre o Objeto e Importância da Filosofia, Gonçalves de Magalhães preconiza entusiasticamente o racionalismo como único método que deve orientar o estudo da filosofia, apesar de haver sido o mais alto representante da primeira fase romântica no Brasil. E resume a filosofia de seu tempo em quatro sistemas: sensualismo, espiritualismo, cepticismo e misticismo.
1843: BRASIL Morre Diogo Feijó.
1844: Nasce NIETZSCHE. Marx escreve Manuscritos de Filosofia e Economia que dão origem a teoria Marxista.
1844: BRASIL Apresentada à faculdade de Medicina de Salvador a tese Plano e Método de um Curso de Filosofia, de Justiniano da Silva Gomes, considerada a primeira manifestação do positivismo no Brasil.
1846: BRASIL Antonio Pedro de Figueiredo funda a revista O Progresso e traduz Curso de História da Filosofia Moderna, de Victor Cousin. Morre Silvestre Pinheiro Ferreira.
1848: Nasce FREGE
1850: BRASIL Abolição do tráfico negreiro.
1854: BRASIL Publicação de Investigação de Psicologia do méidco Eduardo Ferreira França.
1855: Morre Kierkegaard.
1855: BRASIL Morre Frei Francisco de MontAlverne.
1857: Nasce SAUSSURE
1857: Morre Comte.
1858: Nasce ÉMILE DURKHEIM.
1859: Nascem EDMUND HUSSERL e JOHN DEWEY.
1859: BRASIL Nascem Pedro Lessa e Clovis Beviláqua; morre Antonio Pedro de Figueiredo; publicada Compêndio de Filosofia, obra póstuma de frei Francisco de Mont’Alverne.
1860: Morre Schopenhauer.
1862: BRASIL Nasce Raymundo de Farias Brito.
1864: Nasce MAX WEBER.
1866: BRASIL Nasce Euclides da Cunha.
1868: BRASIL Em A Propósito de uma Teoria de Santo Tomás de Aquino, Tobias Barreto rompe com a filosofia dominante, adotando os princípios de Comte.
1872: Nasce RUSSELL
1874: BRASIL Publicação de Filosofia Teológica de Luís Pereira Barreto.
1876: BRASIL Publicação de Filosofia Metafísica de Luís Pereira Barreto; é fundada no Rio de Janeiro a primeira sociedade positivista.
1877: BRASIL Miguel Lemos publica Pequenos Ensaios Positivistas e, junto com Raimundo Teixeira Mendes, inaugura a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, transformada logo depois em Apostolado Positivista do Brasil.
1878: BRASIL Silvio Romero lança A Filosofia no Brasil, primeiro livro sobre a filosofia no país.
1879: Gottlob Frege, publica a Begriffsschrift (Conceitografia ou Ideografia), um marco na história da Lógica e da tradição posteriormente conhecida como filosofia analítica.
1882: Nietzsche, em sua obra Gaia Ciência afirma: Deus estava morto.
1882: BRASIL Morre Gonçalves de Magalhães.
1883: Nasce JOHN MAYNARD KEYNES.
1883: Morre marx.
1889: Nasce MARTIN HEIDEGGER.
1889: BRASIL Proclamação da República
1891: BRASIL Nasce ALCIDES BEZERRA.
1892: Nasce WALTER BENJAMIN. Escola de Frankfurt.
1892: Gottlob Frege, publica Sobre Sentido e Referência, onde apresenta um paradoxo envolvendo semântica e epistemologia, e também uma solução para o mesmo. O paradoxo envolve sinônimos e a possibilidade de uma pessoa desconhecer a relação de sinonímia. 1894: BRASIL Nascem Pontes de Miranda e Alceu Amoroso Lima.
1895: Nasce MAX HORKHEIMER. Escola de Frankfurt.
1895: BRASIL Publicação de A Filosofia como Atividade Permanente do Espírito, de Farias Brito.
1896: Nasce JEAN PIAGET e ROMAN JAKOBSON
1898: G.E.Moore publica The Nature of Judgment, uma das obras que inaugura a tradição da filosofia analítica na Inglaterra.
1899: Nasce MICHAL KALECKI e LOUIS HJELMSLEV
1899: BRASIL Publicação de A Filosofia Moderna, de Farias Brito.
1900: Morre Nietzsche.
1900: BRASIL Nasce Gilberto Freire; publicação de É a História uma Ciência de Pedro Lessa.
1902: Nasce KARL R. POPPER.
1902: BRASIL nasce Sérgio Buarque de Holanda e Leôncio Basbaum.
1903: Moore publica Principia Ethica.
1903: Nasce THEODOR W. ADORNO. Escola de Frankfurt.
1903: Bertrand Russell publica The Principles of Mathematics.
1905: Bertrand Russell publica seu artigo On Denoting, em que expõe pela primeira vez sua teoria das descrições definidas.
1905: nasce JEAN-PAUL SARTRE
1905: BRASIL Publicação de Evolução e Relatividade e A Verdade como Regra das Ações de Farias Brito.
1907: BRASIL Nascem CAIO PRADO JÚNIOR e DJACIR MENEZES.
1908: Nasce MAURICE MERLEAU-PONTY, existencialismo e CLAUDE LÉVI-STRAUSS, Antropologia Estruturalista.
1909: BRASIL Primeira universidade no Brasil: Manaus/AM
1910: Morre William James.
1910: Bertrand Russell e A.N. Whitehead publicam o primeiro volume de Principia Mathematica.
1910: BRASIL - Nasce MIGUEL REALE - Teoria Tridimensional do Direito.
1911: BRASIL Nascem EVALDO COUTINHO e NELSON WERNECK SODRÉ.
1912: BRASIL Nasce ANATOL ROSENFELD; publicação de Estudos de Filosofia do Direito de Pedro Lessa e A Base Física do Espírito de Farias Brito.
1913: Morre Saussure.
1914: BRASIL Nascem ERNANI FIORI e EVARISTO DE MORAES FILHO; Morre Silvio Romero. Publicação de O Mundo Interior de Farias Brito.
1916: BRASIL Morre Miguel Lemos.
1917: BRASIL Morre Farias Brito.
1918: BRASIL Publicação de Filosofia da Arte, de Vicente Licínio Cardoso, e de Noções de História da Filosofia, de Pe. Leonel Franca.
1919: BRASIL Publicado Ensaio de crítica e filosofia de Alcides Bezerra. Nasce GILDA DE MELLO E SOUZA.
1920: Morre Max Weber.
1920: BRASIL Nasce Florestan Fernandes; criação da Universidade do Rio de Janeiro, primeira universidade criada por decreto; é lançado Estética da Vida. De Graça Aranha, que virá a influenciar no movimento modernista de 1922.
Década de 1920: O círculo de Viena (capitaneado por Rudolf Carnap e Moritz Schlick, entre outros) apresenta o positivismo lógico.
1921: Wittgenstein publica o Tractatus logico-phiosophicus, advogando a solução final para os problemas da filosofia.
1921: BRASIL Jackson de Figueiredo lança a revista A Ordem; nascem HENRIQUE CLAUDIO DE LIMA VAZ,Antropologia Filosófica; PAULO FREIRE, Pedagogia da Libertação e DARCI RIBEIRO, Antropologia e Sociologia; morre Paulo Lessa.
1922: BRASIL Semana de Arte Moderna; Jackson de Figueiredo cria o Centro Dom Vital.
1923: BRASIL Nasce PAULO MERCADANTE. Morre Pereira Barreto.
1925: Morre Frege.
1926: BRASIL É extinta a universidade Manaus.
1927: Heidegger publica a primeira parte de Ser e tempo, anunciando a ruptura entre a filosofia analítica e a continental.
1927: BRASIL Nascem ROQUE SPENCER MACIEL DE BARROS e ANTONIO PAIM.
1928: Nasce NOAM CHOMSKY. Rudolf Carnap publica Der logische Aufbau der Welt.
1928: BRASIL Morre Jackson de Figueiredo.
1929: Nasce JÜRGEN HABERMAS. Escola de Frankfurt
1929: BRASIL Nascem BENEDITO NUNES, GERD BORNHEIM e NEWTON DA COSTA.
1930: Kurt Gödel publica The Completeness of the axioms of the functional calculus of logic
1930: BRASIL Revolução de 1930,; nasce Gerd Bornheim.
1931: Gödel publica On formally undecidable propositions of Principia Mathematica and related systems I.
1931: BRASIL Estatuto das Universidades Brasileiras.
1933: BRASIL Nasce NELSON SALDANHA.
1934: BRASIL Criação da Universidade de São Paulo, primeira universidade do novo modelo.
1936: BRASIL Primeira edição de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda.
1937: Carnap publica The Logical Syntax of Language.
1937: BRASIL Nasce BENTO PRADO JÚNIOR.
1938: Morre Husserl.
1938: BRASIL Morre Alcides Bezerra.
1940: Walter Benjamin suicida-se. Neste mesmo ano é publicada suas Teses sobre a Filosofia da História.
1940: BRASIL Chega ao Brasil Vilém Flusser, foragido da perseguição aos judeus.
1941: BRASIL Nasce MARILENA CHAUÍ
1942: Camus publica O Mito de Sisifo onde ele começa a desenvolver filosoficamente o conceito do Absurdo, retomando criticamente o pensamento dos filósofos anteriores à ele que também questionaram sobre o absurdo da existência.
1943: Sartre publica O ser e o nada, avançando no pensamento de Heidegger e instigando o surgimento do existencialismo.
1943: BRASIL Nasce RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ.
1945: Morre Keynes.
1945: BRASIL Publicação de História Econômica no Brasil, de Caio Prado Júnior, e de A Filosofia no Brasil de João Cruz Costa.
1948: BRASIL Morre Leonel Franca.
1949: BRASIL Publicação de A doutrina de Kant no Brasil, de Miguel Reale.
1950: Carnap publica Empiricism, Semantic and Ontology.
1950: W.V.O. Quine publica Two Dogmas of Empiricism, que contem uma rejeição da distinção análitico/sintético.
1950: Peter Strawson publica On Referring, criticando aquele paradigma da filosofia (como disse Frank Ramsey), a teoria das descrições definidas de Russell.
1952: Camus publica O Homem Revoltado onde analisa historicamente o conceito de revolta e critica ferozmente o marxismo. Este livro marca o rompimento definitivo de sua amizade com Sartre (que defendia uma colaboração com a URSS), com o qual Camus não podia concordar diante das noticias que saiam por baixo da cortina de ferro. Morre John Dewey.
1953: Publicação póstuma de Investigações Filosóficas, de Wittgenstein. Auge da análise lingüística.
1954: É publicado Doença Mental e Psicologia, de Michel Foucault.
1954: BRASIL Publicação de Compêndio de Filosofia de Luiz Washington Vita.
1955: Morre Teilhard de Chardin, após a publicação de sua obra prima O Fenômeno Humano
1955: BRASIL Criação do ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Criado para ser um núcleo irradiador de idéias e tinha como objetivo principal a discussão em torno do desenvolvimentismo, foi fechado com o golpe militar de 1964.
1957: BRASIL Publicação de A Filosofia no Brasil, de Hélio Jaguaribe; Ensaios Filosóficos, de Euríalo Cannabrava e O Brasil no Pensamento Brasileiro, com introdução, organização de Djacir Menezes.
1958: BRASIL Vilém Flusser engaja-se na comunidade filosófica brasileira, tornando-se membro do IBF.
1959: Strawson publica Individuals.
1959: BRASIL Publicação de O Ensino de Filosofia no Brasil, de Evaristo de Moraes Filho.
1960: Morre Albert Camus em um acidente de carro.
1960: BRASIL Publicação de Contribuição à História das Idéias no Brasil de João Cruz Costa.
1961: Morre Merleau-Ponty.
1962: Thomas Kuhn publica The Structure of Scientific Revolutions.
1962: BRASIL Publicação de História Sincera da República de Leôncio Basbaum.
1963: BRASIL Publicação de Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado.
1965: Karl Jaspers publica Kleine Schule Des Philosophischen Denkes (Introdução ao pensamento filosófico) série de pequenos ensaios feitos para um programa de televisão da Baviera.
1965: Morre Hjelmslev
1967: BRASIL Publicação de Panorama da Filosofia no Brasil, de Luís Washington Vita e de História das Idéias Filosóficas no Brasil de Antonio Paim. Bento Prado Júnior defende sua tese de livre-docência Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson, considerada referência internacional sobre o tema.
1968: Morre Luiz Washington Vita. Publicação de Passagem para o poético - Filosofia e Poesia em Heidegger de Benedito Nunes e Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale.
1969: Morrem Karl Jaspers e Theodor Adorno
1969: BRASIL Criação do CEBRAP, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Instituição de pesquisa interdisciplinar dedicado à análise da realidade social brasileira e à participação no debate político e institucional; morre Leôncio Basbaum.
1970: Morrem Bertrand Russell e Kalecki
1971: Saul Kripke publica Identity and Necessity.
1971: BRASIL Publicação de Texto e Contexto de Anatol Rosemfeld.
1972: Kripke publica a primeira edição de Naming and Necessity.
1972: BRASIL Publicação de Síntese da História da Cultura Brasileira, de Nelson Werneck Sodré e A Imagem Autônoma, de Evaldo Coutinho.
1973: Morre Max Horkheimer.
1973: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1931-9171, Rio de Janeiro, pelo Departamento de Filosofia da UFRJ; morre Anatol Rosemfeld.
1975: Hilary Putnam publica O Significado do Significado.
1976: Morre Heidegger.
1976: BRASIL Publicação de Rumos da Filosofia Atual no Brasil em Auto-retratos, de Stanislaus Ladusans, e de A Filosofia no Brasil, de Geraldo Pinheiro Machado.
1977: David Kaplan profere as conferências publicadas mais tarde (1989) com o título Demonstratives-An Essay on the Semantics, Logic ,Metaphysics, and Epistemology of Demonstratives and other Indexicals.
1977: BRASIL Publicação de Dialética: teoria e prática, Gerd Bornheim.
1978: BRASIL Publicação de Militares e Civis: a ética e o compromisso, de Paulo Mercadante.
1979: Tyler Burge publica Individualism and the Mental. Stanley Cavell publica The Claim of Reason.
1979: BRASIL Publicação de Filósofos Brasileiros, de Guilhermo Francovich; Ensaio sobre os fundamentos da lógica de Newton da Costa e O Tupi e o Alaúde de Gilda Mello e Souza.
1980: Richard Rorty publica Philosophy and the Mirror of Nature.
1980: Xavier Zubiri publica Inteligencia Sentiente: Inteligencia y Realidad
1980: Morrem Jean-Paul Sartre e Jean Piaget.
1982: Kripke publica Wittgenstein on Rules and Private Language.
1982: Morre Jakobson.
1983: BRASIL Criação da ANPOF Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia; morre Alceu Amoroso Lima; publicação de 1000 Títulos de Autores Brasileiros, organizado por Geraldo Pinheiro Machado e Humanismo e história - Problemas de Teoria e Cultura de Nelson Saldanha.
1985: Bernard Williams publica Ethics and the Limits of Philosophy.
1985: BRASIL Morre Ernani Fiori.
1987: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1931-1980, pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (Salvador/BA); publicação de Grandes Correntes da Filosofia no Século XX e suas Influências no Brasil, de Urbano Zilles e de História das Idéias no Brasil, de José Antonio Tobias; morre Gilberto Freire.
1988: BRASIL Publicação da Bibliografia Filosófica Brasileira: Período Contemporâneo: 1981-1985, pelo Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro (Salvador/BA).
1989: BRASIL Publicação de Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de Bergson de Bento Prado Júnior.
1990: BRASIL Publicação de A Filosofia no Brasil Catálogo Sistemático dos Profissionais, Cursos, Entidades e Publicações da Área da Filosofia no Brasil, de Antonio Joaquim Severino e O Fenômeno Totalitário de Roque Spencer Maciel de Barros; morre Caio Prado Júnior.
1992: BRASIL Vilém Flusser morre em Robion, França.
1994: Robert B. Brandom publica Making It Explicit. John McDowell publica Mente e Mundo.
1995: BRASIL Publicação de Tópicos Especiais de filosofia moderna de Ricardo Vélez Rodríguez. Morrem Florestan Fernandes e Pontes de Miranda.
1996: BRASIL Morre Djacir Menezes.
1997: BRASIL Morrem Darci Ribeiro e Paulo Freire; publicação de Os Programas de Pós-graduação em Filosofia: 90-95, de Luís Alberto de Boni; publicação de Pequenos Estudos de Filosofia Brasileira de Aquiles Côrtes Guimarães, de História da Filosofia no Brasil de Jorge Jaime.
1998: João Paulo II publica Fides et Ratio.
1999: Patrick Glynn publica o livro God the Evidence: The Reconciliation of Faith and Reason in a Postsecular World.
1999: BRASIL Morrem Roque Spencer Maciel de Barros e Nelson Werneck Sodré. Publicação de Nervura do Real de Marilena Chauí.
2002: BRASIL Morrem Gerd Bornheim e Lima Vaz; publicação de Filosofia Brasileira ontogênese da consciência de si de Luiz Alberto Cerqueira
2005: BRASIL Morre Gilda de Mello e Souza.
2006: BRASIL - Morre Miguel Reale.
2007: Morre Richard Rorty.
2007: BRASIL Morrem Bento Prado Júnior e Evaldo Coutinho.
-------------------------------------------------------
Responsável: Márcio José
fontes na rede:
http://afilosofia.no.sapo.pt/mileto.htm,
http://www.dominiopublico.gov.br

Bibliografia utilizada:
BACCA, Juan David G. (trad. e notas) - Los Presocraticos - Fondo de Cultura Económica - 1980
BORNHEIM, Gerd A. - Os Filósofos Pré-Socráticos - Cultrix
CARVALHO, José Mauricio de - Antologia do Culturalismo Brasileiro - Edições CEFIL - 1998
CERQUEIRA, Luiz Alberto - Filosofia Brasileira - Vozes/Faperj - 2002
CHAUI, Marilena - Filosofia - série Brasil Ed. Ática
CRIPPA, Adolpho (org.) - As idéias Filosóficas no Brasil - Ed. Convívio - 1978
CRUZ COSTA, João - Contribuição à História das idéias no Brasil - Civilização Brasileira - 1967
FEARN, Nicholas - Aprendendo a Filosofar - Jorge Zahar Editor - 2004
FERRATER MORA, José - Diccionario de Filosofia - Alianza Editorial - 1987
FRANCA, Pe. Leonel - Noções de História da Filosofia - Agir - 1960
FROST JR. S. E. - Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos - Ed. Cultrix - 1961
GUIMARÃES, Aquiles Côrtes - Pequenos Estudos de Filosofia Brasileira - NAU Editora - 1997
HUISMAN, Denis - Dicionário de Obras Filosóficas - Martins Fontes - 2000
HUISMAN, Denis - Dicionário dos Filósofos - Martins Fontes - 2001
JAGUARIBE, Hélio - A Filosofia no Brasil - ISEB - 1957
JOLIVET. R. - Curso de Filosofia - Agir - 1961
MACHADO, Geraldo Pinheiro - A Filosofia no Brasil - Cortez & Moraes - 1976
MARÍAS, Julián - Introdução à Filosofia - Livraria Duas Cidades - 1966
MATOS. Olgária - Filosofia a polifonia da razão - Ed. Scipione - 1997
PAIM, Antônio - História das idéias Filosóficas no Brasil - Ed. Convívio/INL - 1984
PAIM, Antônio - A Escola Cientificista Brasileira - Edições CEFIL – 2002
PAIM, Antônio – O Estudo do Pensamento Brasileiro – Tempo Brasileiro - 1979
REZENDE, Antonio (org.) - Curso de Filosofia - Jorge Zahar Editor - 1988
SOUZA, Ricardo Timm de - O Brasil Filosófico - Perspectiva - 2003
VITA, Luís Washington - Compêndio de Filosofia - Edições Melhoramento - 1954
VITA, Luís Washington - Escorço da Filosofia no Brasil - Atlântida - 1964
VITA, Luís Washington - Introdução à Filosofia - Edições Melhoramento - 1965

Coleção Os Pensadores - Abril Cultural

Heráclito (540 - 470 a.C.)

Heráclito era de Éfeso, na atual Turquia. Ele pertenceu à nobreza pois sua família era descendente do fundador da cidade. Pode ser que por esse motivo ele desprezava o povo simples e nunca interferiu na política. Desprezou também os antigos poetas, os filósofos de sua época e a religião.

Era contemporâneo de Parmênides. É conhecido pelos seus escritos não muito claros, especialmente em sua obra Acerca da Natureza onde aparecem diversas sentenças breves em forma de prosa.

Ele observa o constante devir das coisas, o mundo está em um perpétuo fluxo. O mundo inicia com uma substância, essa substância explica o devir constante através de si próprio. Para ele essa substância é o fogo, que não é algo corpóreo, mas ativo, com inteligência e foi criado. Qualquer mudança que ocorre no mundo se dá através do fogo. O que está mudando ou está indo ao fogo ou está voltando. Esse fluxo eterno é um processo dialético. Para ele a dialética é inicialmente o raciocinar de uma direção à outra. Ela é própria do objeto a que se observa, mas está também no sujeito que observa. Heráclito tenta com isso fundar e buscar a dialética como começo.

Heráclito consegue com o devir trazer um grande avanço para a filosofia. Com o devir a filosofia deixa de ser estática e passa a contemplar também o movimento. O movimento para o filósofo de Éfeso é o próprio princípio.

Para Heráclito o Ser é o único. É nele que tudo começa e após ele temos o devir. Desta forma ele é o primeiro filósofo a utilizar a especulação para fazer filosofia. Para fazer especulações filosóficas ele utiliza a pesquisa e através da pesquisa busca alcançar clareza para os pressupostos da filosofia. A própria natureza da filosofia impõe que ela seja feita através da pesquisa e a especulação é necessária porque essa natureza gosta de se esconder. A natureza não entrega seus fundamentos de forma fácil. Alcançar seus conhecimentos é uma busca difícil para os filósofos e impossível para a maioria dos homens.

Os filósofos vão além da esperteza demonstrada por alguns indivíduos que aparentam saber muitas coisas mas não alcançam a verdadeira inteligência. A verdadeira inteligência dos filósofos vai se dedicar a estudar os diversos objetos mas buscando sempre colocá-los em uma unidade.

Além do mundo o homem deve examinar a si próprio. Na pesquisa o filósofo pode encontrar diversas respostas diretas e claras a respeito do mundo. Mas ao pesquisar a si próprio o homem vai encontrar uma profundidade infinita de conhecimentos a serem descobertos. Quanto mais nos aprofundamos em nós mesmos mais percebemos que somos mais profundos. Essa descoberta de nós mesmos jamais termina. A razão última do que sou vai sempre estar fora do meu alcance, quanto mais conhecimento tenho de mim mesmo mais percebo que tenho outros conhecimentos a conhecer sobre mim mesmo. Esse processo cada vez mais profundo e cada vez mais íntimo de conhecer a mim mesmo não tem fim.

Outro rumo que as pesquisas filosóficas devem tomar, além do mundo e de si mesmo, é também sobre a nossa relação com os outros. Buscar a essência da nossa relação com os outros é mais um dos objetivo da filosofia pois estamos ligados aos outros através de uma comunidade natural. O filósofo deve buscar a razão, a essência da natureza que nos liga a nós mesmos, ao mundo e aos outros. Esta razão da natureza é a lei que tudo regula, regula o homem, regula a relação entre os homens e regula a natureza externa. Esta lei é o ser do mundo e este ser é que vai se revelar na pesquisa filosófica.

Ter essa atitude filosófica é para Heráclito uma opção constante que os homens tem que fazer. É semelhante à opção de estar acordado ou dormindo, entre fechar-se em si em seu pensamento e abrir-se à comunicação consigo mesmo, com os outros e com o mundo objetivo. Quem está dormindo se isola como indivíduo. Quem está acordado vai pesquisar além das aparências e pode alcançar o mais profundo da própria consciência, da relação com os outros e a essência da lei única de todas as substâncias que coordena o mundo. Esta opção entre estar dormindo ou acordado para o mundo é a opção que pode levar o homem à esperteza ou à sabedoria, ela determina também qual será o caráter do homem, que é o que vai definir o seu destino.

A pesquisa para Heráclito deve clarear e aprofundar o significado e também o seu contrário. O que fundamenta e cria tudo não é uma unidade totalizante mas nela coexistem e são necessários os contrários. Para entender o fundamento de tudo é necessário juntar o completo e o incompleto. É a união dos opostos que vai gerar a unidade da mesma forma que da unidade vão ser gerados os opostos. A diferença entre os opostos constitui um significado essencial e racional da própria diferença. Com essas teorias ele funda também a dialética.

Heráclito não percebe a unidade como harmonia, como sendo a síntese dos contrários, um ponto onde as divergências das oposições se anulam. È a unidade que permite a existência dos contrários. A diferença é uma unidade porque é uma relação e a relação só é possível entre contrários. Se as diferenças forem anuladas, anula-se também a unidade. Deus também é identificado com essa relação entre os contrários, entre os opostos, que apesar de mudarem constantemente continuam existindo e tem a capacidade de conter em si a unidade.

Sentenças:
- Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio.
- A doença faz da saúde algo agradável e bom.
- O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada um.
- Os que procuram ouro escavam muita terra, mas encontram pouco metal.
- Procurei-me a mim mesmo.
- Tu não encontrarás os confins da alma, caminhes o quanto caminhares, tão profunda é ela.
- Este mundo, que é o mesmo para todos, não foi criado por qualquer dos deuses ou dos homens, mas foi sempre, é e será fogo eternamente vivo que ordenadamente se acende e regularmente se extingue.
- Se não esperares, não irás achar o inesperado, porque ele não se pode achar e é inacessível.
- É necessário seguir o que é comum a todos porque o que é comum é geral.
- São iguais, os vivos e os mortos, os que estão acordados e os que dormem, os jovens e os velhos: porque cada um destes opostos quando se transformam tornam-se o anterior.
- A luta é a regra do mundo e a guerra é que cria todas as coisas.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lutero

Lutero nasceu em 1483, em Eisleben, Alemanha, onde seu pai, de origem camponesa, trabalhava em minas. A sua infância não foi feliz. Seus pais eram extremamente severos. Durante toda a sua vida foi prisioneiro de períodos de depressão e angústia profunda, quando aspirava pela salvação de sua alma.

Em 1505, antes de completar 22 anos, ingressou - contra a vontade de seu pai, que sonhava com a carreira de advogado para ele - no mosteiro Agostinho de Erfurt. Dos motivos que o levaram a tal passo, esse acontecimento foi decisivo: duas semanas antes, quando sobremaneira o temor da morte e do inferno o afligia, prometeu a santa Ana caso se salvasse se tornaria um monge. Portanto, a razão principal, foi o seu interesse pela própria salvação.

Ingressou no mosteiro como filho fiel da Igreja no propósito de utilizar os meios de salvação que ela lhe oferecia e dos quais o mais seguro lhe parecia o monástico. Acreditava que, sendo um sacerdote, as boas obras e a confissão seriam as respostas para suas necessidades, almejadas desde a infância. Mas não bastava.

Embora tentasse ser um monge perfeito - repentinamente castigava seu corpo, a conselho de seu superior - tinha consciência de sua pecaminosidade e cada vez, por isso, tratava de sobrepor-se a ela. Porém, quanto mais lutava contra esse sentimento, mais se apercebia de que o pecado era muito mais poderoso do que ele.

Frente a essa situação desesperadora, o seu conselheiro espiritual recomendou que lesse as obras dos místicos, mas não adiantou; então, foi proposto que se preparasse para dirigir cursos sobre as Escrituras na Universidade de Wittenberg.

A grande descoberta

É certo que, quando se viu obrigado a preparar conferências sobre a Bíblia, Lutero começou a ver nelas uma possível resposta para suas angústias.

Em 1513, começou a dar aulas sobre Salmos, os quais interpretava cristologicamente. Neles, era Cristo quem falava. E assim, viu Cristo passando pelas angústias semelhantes às que passava. Esse foi o princípio de sua grande descoberta, que aconteceu provavelmente em 1515, quando começou a dar conferências sobre a Epístola aos Romanos. Lutero confessou que encontrou resposta para as suas dificuldades, no primeiro capítulo dessa Epístola.

Essa resposta, no entanto, não veio facilmente. Não ocorreu de um dia para outro. A grande descoberta foi precedida por uma grande luta e uma amarga angústia.

O texto básico é Romanos 1.17, no qual é dito que o Evangelho é a revelação da justiça de Deus, e era precisamente essa justiça que Lutero não podia tolerar e dizia que odiava a frase "justiça de Deus". Nela, esteve meditando dia e noite para compreender a relação entre as duas partes do versículo que diz "a justiça de Deus se revela no evangelho", e conclui dizendo que "o justo viverá pela fé".

O protesto

A resposta foi surpreendente. Lutero concluiu que a justiça de Deus, em Romanos 1.17. não se refere ao fato de que Deus castigue os pecadores, mas ao fato de que a justiça do justo não é obra sua, mas dom de Deus. Portanto, a justiça de Deus só tem quem vive pela fé: não porque seja em si mesmo justo ou porque Deus lhe dê esse dom, mas por causa da misericórdia de Deus que, gratuitamente, justifica o pecador desde que este creia.

A partir dessa descoberta, a justiça de Deus não passou mais a ser odiada; agora, ela tornou-se em uma frase doce para sua vida. Em conseqüência as Escrituras passaram a ter um novo sentido para ele. Inconformado com a Igreja Católica, Lutero compôs algumas teses, que deveriam servir como base para um debate acadêmico.

Naquele período, teve início, por ordem do papa Leão X, a venda de indulgências por Tetzel, através da qual o portador tinha a garantia de sua salvação. Não concordando com a exploração de seus compatriotas, Lutero fixou suas famosas 95 teses na porta da Igreja (local utilizado para colocar informações da universidade) do Castelo de Wittenberg.

As teses foram escritas acaloradamente com sentimento de indignação profunda, mas com todo o respaldo Bíblico. E além do mais. ao atacar a venda de indulgências, colocava em perigo os projetos dos exploradores, dentre eles, a ganância do papa Leão X em arrecadar dinheiro suficiente para terminar a construção da Basílica de São Pedro. Os impressos despertaram o povo e produziram um sentimento de patriotismo, o que facilitou a Reforma na Alemanha.

A importância de Lutero para o protestantismo moderno não deve ser esquecida. Foi ele quem teve mais sucesso na investida contra Roma. Foi ele o grande bandeirante da volta às Escrituras como regra de fé e prática. Foi um dos poucos homens que alterou profundamente a História do mundo. Através do seu exemplo, outras pessoas seguiram o caminho da Reforma em seus próprios países, e em poucos anos quase toda a Europa havia sido varrida pelos ventos reformadores.

Lutero foi responsável por três pontos básicos do protestantismo atual: a supremacia das Escrituras sobre a tradição; a supremacia da fé sobre as obras; e a supremacia do sacerdócio de cada cristão sobre o sacerdócio exclusivo de um líder. Humanamente falando, deve-se a Lutero um retomo à leitura da Bíblia.

sábado, 2 de maio de 2009

Sobre Inácio de Antioquia (67 - 110 d.C.)



Em Roma, uma festa que duraria cento e vinte dias tinha prosseguimento. Mais de dez mil gladiadores dariam sua vida como diversão popular naquela comemoração pela vitória em uma batalha. Os leões estão famintos e excitados com o sangue já derramado na arena. O bispo Inácio de Antioquia, sereno, esperava sua hora pronunciando com fervor o nome do Cristo. Era o dia 17 de outubro de 107, sua trajetória terrena entrava para a história da humanidade e da Igreja.



"Sou o trigo de Deus e estou sendo moído pelos dentes das feras selvagens a fim de tornar-me pão puro de Cristo."


Inácio (67 - 110 d.C.) foi Bispo de Antioquia da Síria, discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo Eusébio de Cesaréia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade.

Antioquia, à margem do Orontes, a capital da província romana da Síria, terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria ocupa um importante lugar na história do Cristianismo. Foi aqui que Paulo de Tarso pregou o seu primeiro sermão cristão (numa sinagoga), e foi aqui que os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos.

Foi preso por ordem do imperador Trajano (98 - 117 d.C) e condenado a ser lançado às feras em Roma. Daí de sua bela e famosa expressão ter sido: "trigo de Cristo, moído nos dentes das feras".

"Estou escrevendo a todos os cristãos para dizer-lhes que eu estou indo feliz morrer por Deus. Deixem-me ser o alimento das bestas, graças as quais poderei encontrar Deus. Sou o trigo de Deus e estou sendo moído pelos dentes das feras selvagens a fim de tornar-me pão puro de Cristo. Pelo sofrimento serei um liberto em Jesus Cristo e nascerei novamente nele, livre. Que nenhum ser, visível ou invisível me impeça por inveja, de encontrar a Cristo. Que o fogo e a cruz, animais selvagens, tortura, deslocamento de meus ossos, mutilação de meus membros, trituração em pedaços de todo meu corpo, os piores assaltos do demônio caiam sobre mim, contanto que eu encontre Jesus Cristo. Meu novo nascimento está próximo. Perdoem-me, irmãos, não me impeçam de viver. Deixem-me chegar à luz puríssima. Quando eu alcançar este ponto serei um homem. Deixem-me reproduzir a paixão de meu Deus. Que qualquer um que tenha Deus em si compreenda o que eu desejo e tenha piedade de mim, sabendo o que é que me impulsiona. Meus desejos terrenos foram crucificados. Não há mais em mim nenhum fogo para amar a matéria, apenas a água viva que murmura dentro de mim, "Vem para o Pai". É o pão de Deus , que é a carne de Jesus Cristo, que eu desejo e para bebida, desejo apenas seu sangue, que é amor incorruptível." (Inácio de Antioquia aos Romanos, 4-7 - SC 10, p.130-137)

Sobre Atanásio de Alexandria (295- 02.05.373)

Doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda foi viver o monaquismo nos desertos do Egito, onde conheceu Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou-se diácono da Igreja de Alexandria, e junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no combate ao arianismo. Tornou-se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua luta árdua contra o arianismo, o que lhe valeu sete anos de exílio. São Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.”

Atanásio faleceu no dia 2 de maio de 373, com setenta e sete anos.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...