domingo, 30 de maio de 2010

Didaqué: A Instrução dos Doze Apóstolos - (Ano 145-150 DC)

INTRODUÇÃO: Didaquê (Διδαχń em grego clássico) ou Instrução dos Doze Apóstolos, é um escrito do primeiro século que trata do catecismo cristão. Didaquê significa doutrina, instrução. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico.
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Didaqué: A Instrução dos Doze Apóstolos - (Ano 145-150 DC)


O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE


CAPÍTULO I

1Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois. 2Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.

3Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.

4Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.

5Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.
6Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.


CAPÍTULO II

1O segundo mandamento da instrução é:

2Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.

3Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.

4Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.

5A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.

6Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.

7Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.


CAPÍTULO III

1Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.

2Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.

3Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.

4Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.

5Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.

6Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.

7Seja manso pois os mansos herdarão a terra.

8Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.

9Não louve a si mesmo, nem se entrege à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.

10Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.


CAPÍTULO IV

1Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente o­nde a soberania do Senhor é anunciada.

2Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.

3Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.

4Não hesite sobre o que vai acontecer.

5Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.

6Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.

7Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa. reverência, como à própria imagem de Deus.

12Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.

13Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.

14Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da vida.


CAPÍTULO V

1Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.

2Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.


CAPÍTULO VI

1Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.

2Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.

3A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.


A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA
CAPÍTULO VII


1Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

2Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.

3Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

4Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.


CAPÍTULO VIII

1Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.

2Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".

3Rezem assim três vezes ao dia.


CAPÍTULO IX

1Celebre a Eucaristia assim:

2Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".

3Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

4Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".

5Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".


CAPÍTULO X

1Após ser saciado, agradeça assim:

2"Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

3Tu, Senhor o­nipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, orém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.

4Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.

5Lembra-te, Senhor, da tua Igrreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.

6Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém."

7Deixe os profetas agradecerem à vontade.


A VIDA EM COMUNIDADE
CAPÍTULO XI

1Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.

2Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.

3Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.

4Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.

5Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.

6Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar o­nde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.

7Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.

8Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.

9Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.

10Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.

11Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.

12Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.


CAPÍTULO XII

1Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.

2Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.

3Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.

4Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.

5Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!


CAPÍTULO XIII

1Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.

2Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.

3Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.

4Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.

5Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.

6Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.

7Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.


CAPÍTULO XIV

1Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.

2Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
3Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".


CAPÍTULO XV

1Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

2Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.

3Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.
4Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.


O FIM DOS TEMPOS
CAPÍTULO XVI


1Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.

2Reúna-se com freqüência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.

3De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.

4Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.

5Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

6Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos. 7Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". 8Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

sábado, 29 de maio de 2010

Pérolas de João Calvino

“Não exijo que a vida do cristão seja um evangelho puro e perfeito, embora o devamos desejar e esforçar-nos por esse ideal. Não exijo, pois, uma perfeição cristã de tal maneira estrita e rigorosa que me leve a não reconhecer como cristão a quem não tenham alcançado. Porque, se fosse assim, todos os homens do mundo seriam excluídos da igreja, visto que não se encontra nem um só que não esteja bem longe dela, por mais que tenha progredido. E a maioria ainda não avançou nada ou quase nada. Todavia, nem por isso os devemos rejeitar. Que fazer então? Certamente devemos ter diante dos nossos olhos como nossa meta a perfeição que Deus ordena, para a qual todas as nossas ações devem ser canalizadas e à qual devemos visar. Repito: temos que nos esforçar para chegar à meta. Sim, pois não é lícito que compartilhemos com Deus apenas aceitando uma parte do que nos é ordenado em sua Palavra e deixando o restante a cargo da nossa fantasia. Porque Deus sempre nos recomenda, em primeiro lugar, integridade.” [João Calvino, As Institutas – edição Especial, Vol IV, pg 182, Ed Cep,]


Visto, então, que Deus por Si só não poderia provar a morte, e que o homem por si só não poderia vencê-la, Ele tomou sobre Si a natureza humana em união com a natureza divina, para que sujeitasse a fraqueza daquela a uma morte expiatória, que pudesse, pelo poder da natureza divina, entrar em luta com a morte e ganhar para nós a vitória sobre ela. João Calvino, Edição abreviada por J. P. Wiles das Institutas, II.12, p. 182.


Aqueles que repudiam as Escrituras, imaginando que podem ter outro caminho que o leve a Deus, devem ser considerado não tanto como dominados pelo erro, mas como tomados por violenta forma de loucura. Recentemente, apareceram certos tipos de mau caráter que atribuindo a si mesmos, com grande presunção, o magistério do Espírito, faziam pouco caso de toda leitura da Bíblia, e riam-se da simplicidade dos que ainda seguem o que esses, de mau caráter, chamam de letra morta e que mata. João Calvino - As Institutas da Religião Cristã - Livro I, Capítulo 9.


Sempre que nossos males nos oprimem e nos torturam, retrocedamos nossa mente para o Filho de Deus que suportou o mesmo fardo. Enquanto ele marchar diante de nós, não temos motivo algum para desespero. Ao mesmo tempo, somos advertidos a não buscar nossa salvação em tempo de angústia, em nenhum outro senão unicamente em Deus. Que melhor guia poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele se dirigiu diretamente ao pai. O apóstolo nos mostra o que devemos fazer, quando diz que ele endereçou suas orações. Àquele que era capaz de livrá-lo da morte. Com isso ele quer dizer Cristo orou corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador. João Calvino, Exposição de Hebreus, p. 134.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pastor diz que já tivemos uma existência antes de termos este corpo.

Introdutório: O texto abaixo é do Pastor Francisco da Igreja Cristo Vive.


TEXTO

"Ao falarmos de pré-existência, queremos trazer ensinamentos bíblicos que são, a alavanca de sustentação da vida espiritual do cristão.

Normalmente o povo de Deus tem dificuldade de entender que nós tivemos uma existência prévia. Que já tivemos uma existência antes de termos este corpo. Antes que nossos pais se relacionassem conjugalmente nós já tínhamos tido uma pré-existência. Como foi impactante o dia que descobri sobre esse assunto.

Para mim pessoalmente, hoje, seria muito triste se descobrisse que a minha existência começou quando eu nasci. A palavra do Senhor diz: "aos que antemão conheceu" - Efésios 1.4 - "assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele". Então, a Bíblia diz que Deus nos conheceu de antemão e que nos elegeu antes da fundação do mundo.

Eu quero afirmar taxativamente, à luz da Palavra de Deus, que nós tivemos realmente uma existência prévia. A título de informação, os livros da Bíblia Sagrada não estão em ordem cronológica ou seja, segundo os historiadores, o Livro de Jó é o mais antigo da Bíblia em termos de escrita. E o Senhor, num certo dia convence a Jó de sua ignorância, porque ele não sabia o que eu vou mostrar agora paulatinamente. Vamos ver Jó 38.1,2 "Depois disto o Senhor, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento"?

Toda pessoa que não tem conhecimento escurece os desígnios de Deus. Ela diz que não é assim. Que não é nada disto. Isto não existe! Há exagero nisto! Etc... Deus continuou sua conversa com Jó, dizendo-lhe em Jó 38.3-7 "Cinge, pois os teus lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber. Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus"?

Aqui está mostrando claramente que no ato da criação, todos os filhos que Deus criou e elegeu de antemão estavam presentes. Você estava lá eu também. Aliás, para mim esta é mais uma grande verdade que encontro na Palavra de Deus.

Quando tudo estava sendo fundado as estrelas da alva juntas cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus. Portanto Deus aqui não está falando da carne, mas está falando do espírito. Porque Deus criou primeiro todos os espíritos e depois os revestiu de carne. Jó 38.21 "Tu sabes, porque nesse tempo eras nascido, e porque é grande o número dos teus dias"! Deus diz a Jó , que quando a Terra foi fundada, ele já era nascido. Por que? Porque era grande o número de seus dias.

Rejubilavam todos os filhos de Deus! Deus não está falando de anjos, mas dos filhos de Deus. Todos! Todos nós, os eleitos e escolhidos! Gênesis 1.26 - "Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança". Deus não estava falando em Pai, Filho e Espírito Santo. Não há o Deus Pai, o Deus Filho e Deus Espírito Santo. Quem diz isso é a tradição. Quem esta falando é Deus na sua manifestação de criador, falando com seus anjos: Vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança. Gênesis 1.27 - "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". Deus os criou, portanto eles ainda não existiam na carne, só existiam como espírito. Gênesis 2.7 - "Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser alma vivente". Aqui está, manifestada nas quatro citações Bíblicas que ressaltamos, a pré-existência do homem. Deus criou todas as coisas e depois foi lhes dando forma. Para Deus tu sempre exististe, assim como eu também e todos os eleitos e predestinados. Cada um a seu tempo, nós fomos tomando a nossa vez no mundo para cumprir o seu plano divino. Mas ao nos criar antes da fundação do mundo ele já escreveu os nossos nomes no livro da vida. Portanto o nosso nome já está escrito por Ele.

Eu ainda me recordo, que antes de conhecer a maravilhosa graça de Deus, quantos pedidos eu fiz a Deus para que ele escrevesse o nome de um, ou de outro no livro da vida. Se eu pudesse ouvir sua resposta, certamente seria: "Eu já escrevi, antes da fundação do mundo".

Deus é Onisciente porque ele sabe tudo. Ele sabia também que um dia você iria se converter por ser um predestinado e eleito e por você ter o teu nome no LIVRO DA VIDA. Efésios 1.4,5 "assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos". Por um ato de amor ele nos predestinou e nos adotou como filhos.


O nosso ministério prega e ensina o que nunca ninguém pregou, porque ninguém sabia disto. Esta é a razão da nossa existência na obra de Deus. Pregando com tenacidade nas rádios, na TV, etc. Me dói ver tantas pessoas subjugadas com fardos, acorrentadas por princípios obsoletos, cauterizando suas mentes. Há rebanhos imensos sendo dominados com chicotes. Eu prefiro que meu rebanho seja dirigido por Deus e orientado pela Sua Palavra. Nós temos que levantar um clamor pelo Brasil e pelo mundo em prol do resgate de tanta gente que está morrendo porque desconhece o que a Palavra de Deus diz. São orientados na base de proibições, porque a essência da verdade espiritual lhes é desconhecida.

Agora, nós estamos sabendo que Deus já nos tinha criado, e cada um a seu tempo Deus revestiu de carne. Isto só aconteceu porque éramos predestinados.

Qual é a razão de dizermos que Deus não está fazendo nada de novo? Nós dizemos isto, não por nós mesmos, mas porque a palavra de Deus diz. Não há nenhuma soberba ou ousadia nisto. O que eu quero é que esta palavra penetre nos ouvidos de todas as ovelhas de Jesus Cristo, quiçá, perdidas, andando por aí sem rota e sem rumo. Hebreus 4.9-11 - "Portanto, resta um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência". Ou seja, quando você não obedece à Palavra de Deus, você cai em exemplo de desobediência. A Bíblia diz que Deus já fez tudo. Deus criou tudo e depois deu forma. O primeiro homem a ter forma foi Adão. A história que todos nós sabemos, até chegarmos ao dia de hoje.

Só o conhecimento da Graça, da palavra de predestinação e da eleição, vai mudar a nossa vida. É isto que vai de dar motivação e uma excelência de comportamento e maturidade espiritual, modificando os teus valores. O resto, são coisas que todos nós conhecemos, mas que não modificam a vida de ninguém. Há pessoas com 20/30 anos de Evangelho, fazendo as coisas mais absurdas porque não têm conhecimento.

Quando você sabe que está neste mundo, não porque teus pais te geraram, mas porque Deus te predestinou, para o cumprimento de um plano especial e pra louvor de sua glória, você tem maturidade espiritual e consciência para viver. Eu tenho tanta consciência disto que hoje eu entendo que as minhas motivações são realmente motivações de Deus.


Deus fez um plano, escreveu os nomes, e só se salvarão os que, antes da fundação do mundo, foram escolhidos por Deus. Mas, há pessoas, dizendo que tudo começou depois da fundação do mundo e que Deus tem que respeitar o homem. Filipenses 4.3,4 - "A ti, fiel companheiro de jugo, também peço que as auxilies, pois juntas se esforçaram comigo no Evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores meus, cujos nomes se encontraram no livro da vida. Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos".

E como é que sabemos que o nome de uma pessoa está escrito no livro da vida? Se ela confessar que Jesus Cristo é o Senhor, vivendo de acordo com o Evangelho, e assim sendo transformada no seu interior pelo selo do Santo Espírito da Promessa. Lucas 10.19,20 - "Eis aí vos dei autoridade par pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus". O Senhor diz que o motivo do nosso regozijo deve ser o fato de termos os nossos nomes arrolados nos céus. É a minha pré-existência, sou eleito e predestinado. Eu existo desde antes da fundação do mundo, e assim também, todos os escolhidos.

O início daqueles que não estão inscritos no livro da vida, se deu no momento em que Deus, para justificar a sua ira, por causa do pecado dos primeiros pais, permitiu que Satanás depositasse a sua semente no ventre de Eva. Algo se passou, porque quando Caim nasceu ele já era filho do maligno. À luz da Palavra de Deus a massa do ventre de Eva teve parte com o diabo. 1ª João 3.12 - "não segundo Caim, que era do maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas". Caim que era do maligno.

Os homens que não tiveram pré-existência, suas existências tiveram início após o nascimento de Caim e são os chamados almas viventes. São filhos da perdição cujo pai é o diabo.

Agora podemos entender o que a Bíblia quer dizer quando anjo de Jeová matou 85.000, o campo se tornou cheio de sangue, tal era o número de mortos, que Saul matou milhares e que Davi matou 10 milhares enquanto que a mesma Bíblia diz: "não matarás". Isto se deu porque aqueles eram vasos de ira, preparados para a perdição. Eram filhos do diabo e como tal, não contam para Deus. Caim era um vaso de ira. Deus o suportou como suportou o diabo, pois quando ele tentou Adão e Eva Ele podia tê-lo destruído, mas Deus o suportou, deixando-o tocar no ventre de Eva para que sua semente se manifestasse para a perdição, gerando os ímpios, o joio, os cabritos, vasos desonra.

Romanos 9.23 - "a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão". Eu imagino Paulo ao ser arrebatado ao terceiro céu, voltando disse : eu não posso revelar o que vi, o que posso dizer é que são coisas inefáveis. Esta é a vida que espera o povo de Deus ao sair desta carne.

Somos uma autoridade espiritual, eleitos, predestinados, escolhidos, amados e justificados. Já estivemos lá no céu e para lá voltaremos. Teremos vitória absoluta porque estamos dentro do plano de Deus, desempenhando a nossa missão para louvor da sua glória, segundo o beneplácito da sua vontade.

Com carinho,

Pastor Francisco."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

REFORMA E REAVIVAMENTO

A Igreja Evangélica Brasileira precisa de uma nova Reforma. Muitos daqueles que se dizem protestantes já não protestam mais. Muitos daqueles que se autodenominam evangélicos têm transigido com a verdade e caído na malha sedutora do pragmatismo e das falsas doutrinas. Doutrinas estranhas têm encontrado guarida no arraial evangélico. Novidades forjadas no laboratório do engano têm sido acolhidas com entusiasmo por muitos crentes. Floresce em nossa Pátria uma igreja que tem extensão, mas não profundidade. Cresce em números, mas não em maturidade. Tem influência política, mas não autoridade moral. Faz propaganda de um pretenso poder, mas transige com o pecado.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa voltar às Escrituras. Muitos púlpitos estão sonegando aos crentes o pão verdadeiro e dando ao povo um caldo ralo e venenoso. Há aqueles que pregam o que o povo quer ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Pregam para entreter os bodes e não para alimentar as ovelhas. Pregam para arrancar aplauso dos homens e não para levá-los ao arrependimento. Pregam prosperidade e não salvação. Pregam curas e milagres e não novo nascimento. Pregam auto-ajuda e não a ajuda do alto. Há muitas igrejas fracas e enfermas por estarem submetidas a um cardápio insuficiente e deficiente. A fraqueza e a doença começam pela boca. Há morte na panela. O veneno mortífero das heresias perniciosas destila em muitas cátedras teológicas. Muitos púlpitos espalham esse veneno e muitos crentes se intoxicam com ele. Precisamos colocar a farinha da verdade nessa panela, a fim de que o povo tenha pão com fartura na Casa do Pão.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa voltar às grandes doutrinas da Reforma. Precisamos reafirmar que a Escritura é verdadeira, infalível, inerrante e suficiente e não podemos acrescentar à sua mensagem as revelações, sonhos e visões que emanam de corações errantes. Precisamos reafirmar que a fé em Cristo é suficiente para a nossa salvação e não podemos acrescentar a ela as obras, os méritos nem o misticismo variegado tão incentivado em tantos arraiais. Precisamos reafirmar que a graça de Deus é a única base sobre a qual recebemos a nossa salvação. O homem não merece coisa alguma a não ser o juízo divino, mas de forma benevolente, Deus suspende o castigo e nos oferece seu favor imerecido. Precisamos reafirmar que não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, além do nome de Cristo Jesus. Precisamos reafirmar que a glória pertence a Deus e não ao homem, igreja ou instituição humana.

A Igreja Evangélica Brasileira precisa não apenas de Reforma, mas, também, de Reavivamento. Não basta ter doutrina certa, é preciso ter vida certa. Não basta ter apenas luz na mente, é preciso ter fogo no coração. Não basta apenas conhecimento, é preciso ter fervor espiritual. Não basta apenas conhecer doutrina, é preciso ser transformado e impactado por essa doutrina. A igreja de Éfeso tinha doutrina, mas lhe faltava amor. A igreja de Esmirna tinha amor, mas lhe faltava doutrina. Ambas foram repreendidas por Cristo. Precisamos de doutrina e amor, reforma e reavivamento. Não glorificamos a Deus com o vazio da nossa mente e a plenitude do nosso coração nem glorificamos a Deus com a plenitude da nossa mente e o vazio do nosso coração. Deus não é exaltado quando deixamos de conhecer a verdade nem Deus é glorificado quando deixamos de nos deleitar nessa verdade. Razão e emoção não são coisas mutuamente exclusivas. Elas se completam. A emoção que não provém de uma mente iluminada pela verdade é vazia, rasa e inconsistente. Uma mente cheia do conhecimento da verdade, todavia, que não exulta de alegria e santo fervor está, também, em total desacordo com a vontade divina. Oh! Que Deus nos desperte para o conhecermos verdadeiramente! Oh! Que Deus nos encha daquela alegria indizível e cheia de glória, a fim de que nos deleitemos nele e passemos a viver tão somente para a sua glória!


Rev. Hernandes Dias Lopes

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Principais declarações confessionais reformadas

Confissões de fé

Sessenta e Sete Artigos (1523): apresentados por Zuínglio no primeiro debate teológico realizado em Zurique. Parágrafo introdutório: “Eu, Ulrico Zuínglio, confesso que tenho pregado na nobre cidade de Zurique estes sessenta e sete artigos ou opiniões, com base na Escritura, que é chamada theopneustos (isto é, inspirada por Deus). Eu me proponho a defender e vindicar esses artigos com a Escritura. Porém, se eu não tiver entendido corretamente a Escritura, estou pronto a ser corrigido, mas somente com base na mesma Escritura”.

Confissão de Genebra (1536): apresentada por João Calvino e Guilherme Farel às autoridades de Genebra em 10 de novembro de 1536. Distingue-se de documentos suíços anteriores, como os Sessenta e Sete Artigos, por sua argumentação mais cuidadosa e perspectiva teológica mais consistente. Caracteriza-se por sua concisão e senso de autoridade. Aborda 21 tópicos, começando com a afirmação de convicções teológicas e concluindo com temas em disputa com os católicos.

Confissão da Guanabara (1558): escrita por quatro huguenotes que faziam parte da França Antártica, uma colônia francesa fundada por Nicolau Durand de Villegaignon na baía da Guanabara; com base nessa declaração de fé, Villegaignon os condenou à morte, executando três deles. A confissão compõe-se de 17 parágrafos que tratam dos seguintes temas: as pessoas da Trindade, os sacramentos da Ceia e do batismo, o livre arbítrio, a autoridade dos sacerdotes, casamento e celibato, a intercessão dos santos e orações pelos mortos. Parágrafo inicial: “Segundo a doutrina de São Pedro Apóstolo, em sua primeira epístola, todos os cristãos devem estar sempre prontos para dar a razão da esperança que neles há, e isso com toda doçura e benignidade. Nós, abaixo assinados, senhor de Villegaignon, unanimemente (segundo a medida de graça que o Senhor nos há concedido), damos razão a cada ponto, segundo nos haveis apontado e ordenado”.

Confissão Galicana (1559): adotada pela Igreja Reformada de França por ocasião do seu primeiro sínodo nacional, realizado nas proximidades de Paris. O autor principal do texto foi o reformador Calvino. Também é conhecida como Confissão de La Rochelle e contém 40 parágrafos.

Confissão Escocesa (1560): produzida em quatro dias a pedido do Parlamento Escocês como parte da reforma da igreja; foi escrita por uma comissão de seis membros, entre os quais o reformador João Knox (1505-1572).

Confissão Belga (1561): escrita por Guido de Brès “para os fiéis que estão dispersos por toda parte nos Países Baixos”; foi adotada por um sínodo reunido em Antuérpia em 1566 e, com algumas modificações, tornou-se um documento oficial do protestantismo reformado holandês, junto com o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort. Possui 37 seções ou artigos.

Segunda Confissão Helvética (1566): escrita por Johann Heinrich Bullinger a pedido de Frederico III, príncipe eleitor do Palatinado (Alemanha). Em um tom moderado, apresenta o calvinismo como o cristianismo evangélico que está em harmonia com os ensinos da igreja antiga. É um longo e elaborado documento com 30 capítulos. Foi aceita oficialmente na Suíça, Alemanha, França, Escócia, Hungria e Polônia, e bem recebida na Holanda e na Inglaterra.

Cânones do Sínodo de Dort (1619): o Sínodo de Dort ou Dordrecht, na Holanda, foi convocado pelo governo para resolver a controvérsia arminiana, tendo a participação de teólogos reformados de diversos países. Seus cânones constituem os chamados “Cinco Pontos do Calvinismo”, sintetizados com as seguintes expressões: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível (Vocação Eficaz) e Perseverança dos Santos. É um dos documentos doutrinários oficiais das igrejas reformadas da Holanda.

Confissão de Fé de Westminster (1646): redigida por mais de 120 teólogos calvinistas (ingleses e escoceses), reunidos na Assembléia de Westminster, em Londres, mediante convocação do Parlamento. A Confissão de Fé compõe-se de 33 capítulos cujos temas podem ser classificados da seguinte maneira: a Escritura Sagrada (Cap. 1), o Ser de Deus e suas obras (2-5), o pecado e a salvação (6-8), a aplicação da obra da salvação (9-15), a vida cristã (16-21), o cristão na sociedade (22-24), a igreja e os sacramentos (25-29), a disciplina eclesiástica e os concílios (30-31), as últimas coisas (32-33). Entre os temas especificamente reformados estão os decretos de Deus, o pacto (das obras e da graça), o conceito de livre arbítrio, a vocação eficaz, a perseverança dos santos, a lei de Deus e os síno

Catecismos

Instrução na Fé (1537): escrita por Calvino pouco depois de se radicar em Genebra, contém uma apresentação clara e serena dos pontos essenciais do seu pensamento inicial. Possui 33 seções que abordam os mais diferentes tópicos. Primeiro parágrafo: “Visto que não há nenhum homem, por mais bárbaro e selvagem que possa ser, que não seja tocado por alguma idéia de religião, está claro que todos nós fomos criados a fim de que possamos conhecer a majestade do nosso Criador, para que, tendo-a conhecido, possamos estimá-la acima de tudo e honrá-la com toda admiração, amor e reverência”.

Catecismo de Genebra (1542): um longo documento escrito por Calvino a pedido de várias pessoas, no início da sua segunda estadia em Genebra, como um aperfeiçoamento do catecismo de 1537. Ao mesmo tempo preparou-se um calendário indicando como suas 373 perguntas e respostas podiam ser aprendidas e recitadas num período de 55 semanas. Foi adotado pela Igreja Reformada da França e pela Igreja da Escócia.

Catecismo de Heidelberg (1563): principal documento da Igreja Reformada Alemã. Foi escrito por dois teólogos, Zacarias Ursinus e Gaspar Olevianus, a pedido do príncipe Frederico III, do Palatinado. É um documento conciliador, combinando o calvinismo com um luteranismo moderado. É considerado um dos documentos reformados mais calorosos e pessoais, sendo adotado por muitas igrejas reformadas. Suas 129 perguntas e respostas classificam-se em três partes: 1) Nosso pecado e culpa, 2) Nossa redenção e liberdade, 3) Nossa gratidão e obediência. Sua primeira pergunta e resposta dizem: “Qual é o teu único consolo, na vida e na morte? É que, de corpo e alma, tanto nesta vida como na morte, eu pertenço não a mim mesmo, mas a Jesus Cristo, meu fiel Salvador, o qual pelo seu precioso sangue resgatou-me inteiramente de meus pecados e me livrou de todo o poder do Diabo. Ele cuida de mim tão bem que nem mesmo um cabelo de minha cabeça pode cair sem a vontade de meu Pai celeste e todas as coisas devem contribuir para a minha salvação. É por isso que ele me dá, pelo seu Espírito Santo, a certeza da vida eterna e me ensina a viver de ora em diante para ele, amando-o de todo o meu coração”.

Catecismos de Westminster (1647): o Catecismo Maior compõe-se de 196 perguntas e respostas e se divide em três partes: 1) A finalidade do homem, a existência de Deus e as Escrituras Sagradas (perguntas 1-5); 2) O que o ser humano deve crer sobre Deus (6-90); 3) Quais são os nossos deveres (91-196). Algumas seções especiais são: Cristo, o Mediador (36-56), os Dez Mandamentos (98-148) e a Oração do Senhor (186-196). O Breve Catecismo tem 107 perguntas e respostas. A parte central trata da lei de Deus e dos Dez Mandamentos (perguntas 39-83).

Alderi Souza de Matos
Fonte: [ Portal Mackenzie ]

sexta-feira, 7 de maio de 2010

História do Cânon do Novo Testamento

No início as palavras do Senhor e o relato de seus feitos eram repetidos e relatados oralmente, mas logo eles começaram a ser redigidos. Em sua obra missionária, os apóstolos tiveram a necessidade de escrever a certas comunidades. Pelo menos alguns desses escritos eram trocados entre as igrejas e logo ganharam a mesma autoridade dos escritos do AT. Contudo é compreensível que tenha decorrido algum tempo antes que a coleção desses escritos do tempo dos apóstolos tivesse tomado o seu lugar, com inquestionável autoridade, ao lado dos livros do AT, especialmente quando se considera que muitos eram escrito às igrejas individuais.
Os Evangelhos, mesmo não sendo os escritos mais antigos do NT, foram os primeiros a serem colocados em pé de igualdade com o AT e reconhecidos como canônicos. Por volta do ano 140, Pápias, bispo de Hierápolis, na Frígia, conhece Marcos e Mateus. Justino (c. de 150) cita os Evangelhos como autoridade. Hegésipo (c. de 180) fala da “Lei e Profetas e do Senhor”. Os mártires de Scilla, na Numídia (180) têm como escritos sagrados, “os livros e as epístolas de Paulo, homem justo”; somente o AT e os Evangelhos eram chamados de “Livros”, isto é, escrituras. Os escritos dos Padres Apostólicos fornecem certa prova de que desde as primeiras décadas do século II, as grandes igrejas possuíam um livro ou grupo de livros que eram comumente conhecidos como “Evangelho” e a que se fazia referência como a um documento que tinha autoridade e era universalmente conhecido.
É provável que já pelo fim do século I ou começo do século II, treze epístolas paulinas (excluindo Hebreus) fossem conhecidas na Grécia, Ásia Menor e Itália. Todos os manuscritos e textos das epístolas paulinas resultaram de uma coleção que se harmoniza com nosso Corpus paulinum. É verdade que as primitivas coleções mostraram variações na ordem das epístolas, mas o número de escritos permanecia o mesmo. Não há citação de Paulo que não seja tirada de uma das epístolas canônicas, embora seja certo que o Apóstolo escreveu outras cartas. Assim por volta do ano 125, havia dois grupos de escritos que possuíam a garantia apostólica e cuja autoridade era reconhecida por todas as comunidades que os possuíam.
Sobre os outros escritos temos poucos relatos na primeira metade do século II. Clemente conhecia Hebreus; Policarpo conhecia 1 Pedro e 1 João; Pápias conhecia 1 Pedro, 1 João e Apocalipse. Na segunda metade do século, Atos, Apocalipse e, pelo menos, 1 João e 1 Pedro eram considerados canônicos; eles tomaram o seu lugar ao lado dos evangelhos e das epístolas paulinas.
Podemos notar quatro fatores que influenciaram a formação do cânon do NT: 1) os muitos apócrifos que a Igreja rejeitou; 2) a heresia de Marcião, que tinha estabelecido o seu próprio cânon, o qual consistia de um Lucas corrigido e das epístolas de Paulo (excluindo as pastorais e Hebreus); 3) os heréticos montanistas, que reivindicavam revelações adicionais do Espírito Santo; 4) a grande abundância de escritos gnósticos;
As dificuldades sobre alguns escritos podem ser justificados por alguns motivos: o fato que alguns escritos do Novo Testamento eram em origem destinados às comunidades locais envolvidas em problemas particulares; as dificuldades de comunicação entre as comunidades; abusos da parte de correntes heterodoxas (o uso do Apocalipse pelos milenaristas); as incertezas sobre a conformidade com o pensamento apostólico de alguns escritos (por exemplo, a carta de Judas que cita o livro apócrifo de Enoch).
Admite-se geralmente que no começo do século III o cânon do NT incluía a maioria, se não todos, dos livros canônicos. A lista mais antiga que possuímos é aquela do fragmento muratoriano, documento descoberto na Biblioteca Ambrosiana, em Milão, em 1740; ela registra os livros que foram aceitos em Roma por volta do ano 200. Não se faz nenhuma menção a Hebreus, 1 e 2 Pedro, 3 João e Tiago. Os papiros de Chestes Beatty, primeira metade do século III, contêm todos os escritos do NT, exceto as Epístolas Católicas. Pode ser notado que Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Judas não foram aceitos imediatamente no Ocidente, enquanto Hebreus e Apocalipse encontraram a mesma oposição no Oriente.
Na segunda metade do século IV Cirilo de Jerusalém, o Concílio de Laodicéia e Gregório nazianzeno comprovaram a existência de todo o cânon, menos o Apocalipse; enquanto Basílio, Gregório de Nissa e Epifânio incluíam o último também. Atanásio, em 367, enumera todos os 27 livros e pode ser dito que, desde aquele tempo, o cânon estava fixado. . A canonicidade do Apocalipse, embora discutida por alguns teólogos nos séculos V e VI, foi finalmente aceita sem questionamento, em parte sob a influência do Ocidente, onde nunca houve qualquer dúvida com respeito a ela.
A origem apostólica de Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e Apostólica foi questionada até Erasmo (1536). Hoje, quase todos os exegetas concordam que Hebreus e 2 Pedro não foram escritas pelos apóstolos e que o autor de Tiago não é o apóstolo do mesmo nome, ao passo que a autenticidade de João, Apocalipse e algumas das epístolas paulinas é amplamente questionada.
O Magistério tomará uma posição sobre o cânon, tanto do NT quanto do AT, no concílio de Florença (1441), fornecendo o elenco dos livros bíblicos segundo o cânon longo; no concílio de Trento (1546) que definirá, depois de qualquer discussão, o cânon de Florença.

Os Critérios de Definição do Cânon

Em que coisa a Igreja se apoia para definir o cânon dos livros sagrados? Uma primeira resposta, que precisa uma reflexão, nos é dada pelo último concílio, segundo o qual é “a mesma tradição que faz a Igreja conhecer o cânon dos livros sagrados” (DV 8). Porém a tradição precisa, por sua vez, de critérios para ter certeza de qual tradição se trate: por exemplo, se esteja em jogo a tradição apostólica, ou simplesmente uma tradição eclesiástica.
Esta é a questão dos critérios de canonicidade que foi objeto de disputas sobretudo a partir do século XVI com Erasmo e com os protestantes. Erasmo espalhou as dúvidas dos primeiros séculos sobre a origem apostólica de Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, e de algumas perícopes evangélicas, tais como Mc 16,9-20; Lc 22,43s; Jo 7,57-8,11. Estas seções foram submetidas ao juízo do Concílio de Trento que, depois de ter exibido o elenco definitivo da Bíblia, declarou: “Se alguém não aceitar como livros sagrados e canônicos estes livros, inteiros com todas as suas partes, assim como se é costume lê-los na Igreja católica e se encontrem na edição antiga da Vulgata latina, e desprezará as preditas tradições, seja anátema” (DS, 1501).
Lutero considerava secundários, em relação ao testemunho dado a Cristo, os mesmos escritos rejeitados por Erasmo e os colocava no fim de sua tradução em alemão da Bíblia. Movido por um evangelismo radical, Lutero considerava que o critério determinante para reconhecer um escrito canônico fosse o seu urgere Christum (propor energicamente, fazer valer Cristo), o seu levar e comunicar Cristo (was Christum treibt). Escrevia Lutero: “Isso que não ensina Cristo, não é apostólico, mesmo se o ensinassem Pedro ou Paulo. Vice-versa, isto que anuncia Cristo é apostólico, mesmo se o fazem Judas, Ana, Pilatos ou Herodes”. Em resumo, para Lutero era determinante o critério cristológico que lhe fazia dizer: “Enquanto os adversários fazem valer a Escritura contra Cristo, nós fazemos valer Cristo (urgemus Christum) contra a Escritura”.
Não podemos negar que a fixação do cânon é um ato da Igreja, ou da Tradição, que opera na Igreja. O concílio de Trento acrescenta para a definição do cânon dois argumentos: o uso de ler determinados livros na Igreja e a sua presença na Vulgata latina. Na verdade esses dois argumentos servem para dizer que se reconhecem como canônicos aqueles livros que a tradição da igreja lê.
A tradição dos primeiros séculos deveu articular os próprios critérios de canonicidade. Eles são três: a autoridade apostólica, enquanto livros escritos pelos apóstolos ou por seus colaboradores diretos; A ortodoxia dos escritos, enquanto conformes à regra de fé, ou seja, à fé transmitida pelos apóstolos e professada na Igreja apostólica; a catolicidade dos escritos, enquanto reconhecidos por todas ou maior parte das igrejas.
Repetimos de novo a pergunta: de onde vem a certeza para a Igreja sobre os livros canônicos? É claro que à Igreja não foi dada uma revelação especial sobre isso. Assim a resposta é: a Igreja, querendo exprimir fielmente a mensagem de Cristo, reconheceu sempre mais claramente a insuperável importância daqueles 27 escritos que lhe eram transmitidos desde a idade apostólica.
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