sábado, 2 de maio de 2009

Sobre Inácio de Antioquia (67 - 110 d.C.)



Em Roma, uma festa que duraria cento e vinte dias tinha prosseguimento. Mais de dez mil gladiadores dariam sua vida como diversão popular naquela comemoração pela vitória em uma batalha. Os leões estão famintos e excitados com o sangue já derramado na arena. O bispo Inácio de Antioquia, sereno, esperava sua hora pronunciando com fervor o nome do Cristo. Era o dia 17 de outubro de 107, sua trajetória terrena entrava para a história da humanidade e da Igreja.



"Sou o trigo de Deus e estou sendo moído pelos dentes das feras selvagens a fim de tornar-me pão puro de Cristo."


Inácio (67 - 110 d.C.) foi Bispo de Antioquia da Síria, discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo Eusébio de Cesaréia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade.

Antioquia, à margem do Orontes, a capital da província romana da Síria, terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria ocupa um importante lugar na história do Cristianismo. Foi aqui que Paulo de Tarso pregou o seu primeiro sermão cristão (numa sinagoga), e foi aqui que os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos.

Foi preso por ordem do imperador Trajano (98 - 117 d.C) e condenado a ser lançado às feras em Roma. Daí de sua bela e famosa expressão ter sido: "trigo de Cristo, moído nos dentes das feras".

"Estou escrevendo a todos os cristãos para dizer-lhes que eu estou indo feliz morrer por Deus. Deixem-me ser o alimento das bestas, graças as quais poderei encontrar Deus. Sou o trigo de Deus e estou sendo moído pelos dentes das feras selvagens a fim de tornar-me pão puro de Cristo. Pelo sofrimento serei um liberto em Jesus Cristo e nascerei novamente nele, livre. Que nenhum ser, visível ou invisível me impeça por inveja, de encontrar a Cristo. Que o fogo e a cruz, animais selvagens, tortura, deslocamento de meus ossos, mutilação de meus membros, trituração em pedaços de todo meu corpo, os piores assaltos do demônio caiam sobre mim, contanto que eu encontre Jesus Cristo. Meu novo nascimento está próximo. Perdoem-me, irmãos, não me impeçam de viver. Deixem-me chegar à luz puríssima. Quando eu alcançar este ponto serei um homem. Deixem-me reproduzir a paixão de meu Deus. Que qualquer um que tenha Deus em si compreenda o que eu desejo e tenha piedade de mim, sabendo o que é que me impulsiona. Meus desejos terrenos foram crucificados. Não há mais em mim nenhum fogo para amar a matéria, apenas a água viva que murmura dentro de mim, "Vem para o Pai". É o pão de Deus , que é a carne de Jesus Cristo, que eu desejo e para bebida, desejo apenas seu sangue, que é amor incorruptível." (Inácio de Antioquia aos Romanos, 4-7 - SC 10, p.130-137)

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