quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pensamento Reformado: Livre-Arbítrio

"Se algum homem atribuir qualquer parte da salvação, mesmo a menor parte dela, ao livre-arbítrio do homem, ele nada sabe sobre a graça, e não conheceu a Jesus Cristo corretamente".
Matinho Lutero

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Credo Niceno

Enquanto a Igreja Cristã se desenvolvia, passou a sofrer oposição de Roma e dos judeus em forma de perseguições e morte aos que professavam a fé cristã. Mas este não foi o único tipo de perseguição sofrida. Apesar da igreja primitiva ter recebido aceitação social e respeitabilidade durante o governo do Imperador Diocleciano (284-305), um outro tipo de perseguição começou a se infiltrar na Igreja – o da oposição à fé como revelação direta da verdade por parte de Deus.

A origem do Credo Niceno se encontra na necessidade de defender a doutrina apostólica da divindade de Cristo contra Ário, e da divindade do Espírito Santo contra os seguidores de Macedônio.

O Credo Niceno não procura apresentar todos os artigos da fé cristã, mas confessa e defende as verdades fundamentais da doutrina escriturística acerca de Deus.

Texto litúrgico utilizado atualmente:

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, tanto das cousas visíveis como das invisíveis.

E em um só Senhor Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os mundos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, por quem todas as cousas foram feitas; o qual por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e se encarnou pelo Espírito Santo da Virgem Maria e foi feito homem; foi também crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado; e ao terceiro dia ressuscitou segundo as Escrituras, e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai e virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos, cujo Reino não terá fim.

E no Espírito Santo, Senhor e Doador da vida, o qual procede do Pai e do Filho, que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E numa única santa Igreja Cristã e Apostólica. Confesso um só Batismo para remissão dos pecados, e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo vindouro. Amém.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Ele não teve outra razão para morrer, exceto o fato de que nos amou.

“Que me amou”. “Esta cláusula é adicionada para expressar o poder da fé, pois esta indagação poderia ocorrer imediatamente a alguém: “Quando a fé recebe esse poder de comunicar à nossa alma a vida de Cristo?” De acordo com isso, o apóstolo nos informa que o amor e a morte de Cristo são o fundamento (hypostasis) sobre os quais a fé repousa. É desta maneira que o efeito da fé deve ser julgado. Por que razão vivemos pela fé em Cristo? Porque Ele nos “amou e a si mesmo se entregou” por nós. O amor de Cristo O levou a unir-se a nós. Ele completou a união por meio de sua morte. Ao dar-se por nós, Cristo sofreu em nossa própria pessoa (in nostra persona passus est). Além do mais, a fé nos torna participantes de tudo o que ela encontra em Cristo.

A menção do amor significa o mesmo que João disse: “ Não que tenhamos amado a Deus, mas ele nos antecipou por seu amor” (1 Jo 4:10). Se algum mérito nosso tivesse compelido a Deus a redimir-nos, este mérito teria sido declarado.. Agora, Paulo atribui tudo ao amor; portanto, resulta da graça gratuita. Observemos a ordem: Ele nos “amou e a si mesmo se entregou” por nós. Era como se Paulo dissesse: “Ele não teve outra razão para morrer, exceto o fato de que nos amou”. E isso se deu quando éramos “inimigos”, segundo Paulo mesmo declara em Romanos 5:20.

“A si mesmo se deu por mim”. Não há palavras que expressem perfeitamente o que isto significa. Pois, quem pode encontrar linguagem capaz de declarar a excelência do Filho de Deus? Todavia, foi Ele mesmo que se entregou como preço de nossa redenção. A expiação, a purificação, a satisfação e todos os benefícios que recebemos da morte de Cristo estão incluídos nas palavras “a si mesmo se entregou”. As palavras “por mim” são muito enfáticas. Não é suficiente contemplar a Cristo como Aquele que morreu pela salvação do mundo, se não experimenta as conseqüências desta morte e não é capacitado a reivindicá-la como a sua própria morte”. Calvino, João. Gálatas-Efésios-Filipenses-Colossenses. Comentário de Gálatas, pgs 84-85. Editora Fiel.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Credo Atanasiano

O Credo Atanasiano é uma confissão magnífica sobre o Deus triúno. Lutero o considerou "a maior produção da igreja desde os tempos dos apóstolos". A origem do credo é obscura. Desde o século IX alguns o atribuíram a Atanásio, o heróico defensor da doutrina da divindade de Cristo contra Ario. Entretanto, não há razões muito fortes para que se possa atribuí-lo a Atanásio. O Credo Atanasiano nunca teve um uso generalizado como os outros credos. Mas se há um momento no Ano Eclesiástico que ele deveria receber atenção, este é o Domingo da Santíssima Trindade, pois essa doutrina, e especialmente a da divindade de Cristo e de sua obra redentora, é o fundamento sobre o qual está edificada a igreja (Ef. 2.20).


Credo Atanasiano

Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica. Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente.

E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância. Pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; Mas uma só é a divindade do Pai e do Filho e do Espírito Santo, igual a glória, coeterna a majestade.

Qual o Pai, tal o Filho, tal também o Espírito Santo. Incriado é o Pai, incriado o Filho, incriado o Espírito Santo.

Imenso é o Pai, imenso o Filho, imenso o Espírito Santo. Eterno o Pai, eterno o Filho, eterno o Espírito Santo;

Contudo, não são três eternos, mas um único eterno; Como não há três incriados, nem três imensos, porém um só incriado e um só imenso.

Da mesma forma, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente; Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus; E todavia não há três Deuses, porém um único Deus.

Como o Pai é Senhor, assim o Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor; Entretanto, não são três Senhores, porém um só Senhor.

Porque, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada pela verdade cristã somos obrigados a confessar que cada pessoa, tomada em separado, é Deus e Senhor, assim também estamos proibidos pela religião católica de dizer que são três Deuses ou três Senhores.

O Pai por ninguém foi feito, nem criado, nem gerado. O Filho é só do Pai; não feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho; não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.

Há, portanto, um único Pai, não três Pais; um único Filho, não três Filhos; um único Espírito Santo, não três Espíritos Santos.

E nesta Trindade nada é anterior ou posterior, nada maior ou menor; porém todas as três pessoas são coeternas e iguais entre si; de modo que em tudo, conforme já ficou dito acima, deve ser venerada a Trindade na unidade e a unidade na Trindade. Portanto, quem quer salvar-se, deve pensar assim a respeito da Trindade.

Mas para a salvação eterna também é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. A fé verdadeira, por conseguinte, é crermos e confessarmos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem. É Deus, gerado da substância do Pai antes dos séculos, e é homem, nascido, no mundo, da substância da mãe. Deus perfeito, homem perfeito, subsistindo de alma racional e carne humana. Igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade. Ainda que é Deus e homem, todavia não há dois, porém um só Cristo. Um só, entretanto, não por conversão da divindade em carne, mas pela assunção da humanidade em Deus. De todo um só, não por confusão de substância, mas por unidade de pessoa. Pois, assim como a alma racional e a carne é um só homem, assim Deus e homem é um só Cristo; O qual padeceu pela nossa salvação, desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos, subiu aos céus, está sentado à destra do Pai, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. À sua chegada todos os homens devem ressuscitar com os seus corpos e vão prestar contas de seus próprios atos; E aqueles que tiverem praticado o bem irão para a vida eterna; aqueles que tiverem praticado o mal irão para o fogo eterno.

Esta é a fé católica. Quem não a crer com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se.
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