terça-feira, 27 de julho de 2010

OS BATISTAS

Em 1608, em virtude de perseguição aos grupos separatistas na Inglaterra, Jhon Smyth (1554 - 1612) e Thomas Helwys refugiaram-se na Holanda. No ano seguinte, Smyth adotou a doutrina do "batismo de crentes". Smyth realizou seu próprio batismo, passando a batizar outras pessoas, formando, em seguida, uma comunidade de 38 membros. Dessa forma iniciou-se a Igreja Batista, embora não com essa denominação. Ademais, os primeiros batismos foram por aspersão

Smith faleceu em 1612, holanda. Uma parte da comunidade holandesa uniu-se à Igreja Menomita, mas Helwys regressou a Inglaterra como remanescente dessa comunidade. Nesse mesmo ano, 1612, Helwys e Jhon Murton organizaram, em Spitalfields, na periferia de Londres, uma Igreja Batista com dez membros. Em 1626, os batistas na inglaterra já somavam 150 pessoas, em cinci igrejas, e, em 1660, o número de igrejas na Inglaterra atingia 131.

Os batistas oriundos do avivamento de Smyth foram denominados "batistas gerais". Adotaram a teologia arminiana. Os "batistas particulares", de orientação teológica calvinista, surgiram em Londres, em 1630, separando-se do congrecionalismo.

No século XVI, foram elaboradas algumas confissões de fé pelos batistas inglesses, como a Primeira Confissão de Fé de Londres (1644) e a Segunda Confissão de Londres (1689). Uma das principais caracteristicas das igrejas batistas aparece nessas confissões, o "batismo de crentes". A Confissão de 1644 sustenta que o batismo só é feito para os que têm fé.


OS BATISTAS NO BRASIL

Por força da Guerra Civil Americana ocorrida nos Estados Unidos em 1865, os os cidadãos dos Estados Unidos começam a buscar outras terras onde pudessem tentar a vida.

Em 1871, os Batistas emigrados dos Estados Unidos organizam a Primeira Igreja Batista do Brasil em Santa Bárbara d'Oeste. Anos mais tarde, em 1879, outro grupo de emigrados americanos fazem surgir a segunda Igreja Batista em solo brasileiro em Santa Bárbara d'Oeste, no Bairro da Estação, onde atualmente se localiza a cidade de Americana.

Enquanto isto, no Recife o Missionário Batista William Buck Bagby converte um Sacerdote Romano, Antonio Teixeira de Albuquerque. Após a conversão, Teixeira de Albuquerque tentou refugiar-se em Maceió, sua terra natal, mas, diante da perseguição romana, acode-se em Capivari, no Estado de São Paulo. Vindo a conhecer os Batistas em Santa Bárbara d'Oeste, aceita o Batismo, é ordenado como Pastor Batista e ajuda a comandar a evangelização que se iniciava entre brasileiros, franceses, ingleses e americanos. Os Batistas de então, em Santa Bárbara d'Oeste, se unem para solicitar a Junta de Richmond, dos Estados Unidos, o envio de missionários ao Brasil. Em razão do trabalho de evangelização intenso que já realizavam entre os nativos, percebem a abertura dos brasileiros para receberem o evangelho. Logo em 1881 chegam, William Buck Bagby e Ana Luther Bagby; Zacarias Taylor e Katarin Taylor. Os primeiros missionários são recebidos em Santa Bárbara d'Oeste e logo filiam-se à Igreja Batista existente e começam a estudar a língua portuguesa, tendo Antonio Teixeira de Albuquerque como professor.

Pouco tardou para que os dois casais de missionários americanos, unindo-se a Antonio Teixeira de Albuquerque rumassem para o Estado da Bahia, onde em 1882, com cartas de transferência das igrejas em Santa Bárbara d'Oeste, organizaram a Primeira Igreja Batista em Salvador. Em um ano aquela igreja já contava 70 membros, vale lembrar que a cidade de Salvador também possuia uma comunidade de imigrantes americanos que fugiram da Guerra de Secessão. O Pastor Antonio Teixeira de Albuquerque, casado, rumou para Maceió, onde organiza a Primeira Igreja Batista e prega para seus pais. A vida de Teixeira de Albuquerque foi curta, vindo a falecer aos 46 anos de idade. O Brasil não resiste as pressões sociais e políticas, internas e externas, vendo capitular o Império, sendo proclamada a República, em 1889. Nela a liberdade religiosa estava consagrada na Constituição, ainda que, por enquanto, apenas no papel. A influência evangélica era forte em todas as grandes decisões da nação, incluindo a libertação dos escravos, em 1888.

De Salvador, os missionários seguiram para outras capitais, plantando igrejas. De volta a São Paulo, com outros missionários recém-chegados foram organizando outras novas igrejas a partir de 1899 em São Paulo, Jundiaí, Santos, Campinas, São José dos Campos. Já em 1904 eram 7 Igrejas Batistas no Estado de São Paulo. Essas, reunindo-se em Jundiaí, organizaram em 1904 a Convenção Batista do Estado de São Paulo, então chamada de União Baptista Paulistana. Em 1914, eclode a Primeira Guerra Mundial, que faria ferver até 1918 toda a Europa. A Europa, destruída, vê muitos de seus habitantes saírem em busca de novas terras. O Brasil, e, principalmente o Estado de São Paulo, com um grande avanço na agricultura, (café, cana de açúcar e cereais) torna-se alvo de muitos desses europeus. Fugindo da guerra, aportam por aqui muitos protestantes, somaram-se a eles as dezenas de casais de missionários americanos que continuavam chegando.

domingo, 25 de julho de 2010

Unção Financeira dos$ último$ dia$: Eu Quero!!!

E olhando para os empresários disse: Venham a mim, todos os que querem alguma vantagem da religião. Vocês serão cabeça e não cauda. Comerão o melhor da terra! Unam-se a mim, e eu lhes farei milionários. Aprendam comigo, que sou malandro e esperto de coração. Espertos são os que riem da desgraça alheia. Espertos são os que gostam de ver o circo pegar fogo. Espertos são os que têm fome e sede de sucesso. Eu saciarei seu ego!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Unção Financeira?

“Filho, eu quero que você diga a meu povo que, nestes últimos dias, eu tenho uma unção (financeira?) muito especial para derramar sobre eles”.(Morris Cerullo)


“Se você quer que Deus te dê a unção financeira, a unção financeira dos último$ dia$, eu quero que você pegue esse telefone, eu quero que você faça um compromisso, para 900,00 Reais. E você diz: 'Irmão Cerullo, eu nunca fiz isso na minha vida, especialmente para um programa de televisão!’, mas eu te digo: Quando você semear o que Deu$ está no$ pedindo para fazer hoje, você vai receber da parte de Deus algo que você nunca recebeu antes. Por que 9? Por que eu estou pedindo por 9? Eu vou tedizer por quê. Por que este é o ano de 2009. E os números são importantes para Deus. No ano passado foi 2008, e você se lembra que celebramos um novo começo, porque o número 8 significa um novo começo. [...] 9 significa completo; 9 significa cumprimento total [...] Ouça a voz de Deu$ hoje. Se você for ao telefone e fizer este compromisso, para semear 900 Reais, e você disser: ‘Deus, eu quero dar um passo na minha unção financeira dos últimos dias’, Morri$ é profeta de Deu$, eu te prometo que antes de chegar o dia primeiro de janeiro, toda promessa, toda profecia, [...] você que está sentado em sua casa, repita comigo “nove”, este é o momento de Deus para cumprir toda profecia, toda promessa.” (Morris Cerullo)

terça-feira, 20 de julho de 2010

OS PRESBITERIANOS

Uma tentativa de implantar o protestantismo reformado na Escócia deu-se com George Wishart, que havia estudado na frança. Foi condenado à morte na fogueira, em 1546.

A implantação da reforma na Escócia deve-se a João Knox, que esteve em Genebra como refugiado, tendo sido aluno de João Calvino. Knox retornou à Escócia em 1559. Em 1560, o Parlamento adotou oficialmente a fé reformada, abolindo o catolicismo. Knox e outros prepararam uma declaração de fé, a Confissão Escocessa (1560). Nas ilhas britânicas, o protestantismo reformado passou a ser deniminado "presbiterianismo", o que significa uma rejeição ao regime episcopal.

No entanto, de 1561 a 1567, a Escócia foi governada por Maria Stuart, rainha Católica. Com a morte de knox, o presbiterianismo escocês foi liderado por Andrew Melville (1545 - 1622), que também havia sido refugiado na Suíça. Os sucessores de Maria Stuart não foram Católicos, mas procuram impor a Escócia o anglicanismo.

No século XVII, o rei Carlos tentou impor o anglicanismo e sua liturgia na Escõcia, todavia, o rei encontrou ressistência mesmo na Inglaterra. Ao convocar a eleição de um novo Parlamento na Inglaterra, consagrou-se a maioria puritana (Na Revolução Puritana, o Parlamento suprimiu o Episcopalismo. Foram mortos o rei Carlos -Decapitado- e o Arcebispo Laud, de Catuária). Nesse periodo, o Parlamento convocou a assembleia de Westminster (1643-1648), que redigiu a Confissão de Fé e os Catecismos maior e breve de Westminster, documentos que se tornariam padrão doutrinário principal do presbiterianismo no mundo. Os presbiterianos fizeram um pacto nacional ficando conhecido como covenantes, ou seja, pactuantes, no século XVII. Enfim, em 1689, o presbiterianismo estabeleceu-se de modo definitivo.



PRESBITERIANISMO NO BRASIL



A inserção do presbiterianismo no Brasil vincula-se ao missionário Ashbel Green Simonton (1833 - 1867). Simonton desembarcou no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, prodedente dos EUA, enviado pelas Igrejas Presbiterianas dos Estados Unidos da América.

Em 25 de julho de 1860, chegou ao Brasil o Reverendo Alexander Blackford (1829 - 1890), cunhado de Simonton, com sua família. Em 1861 Simonton visitou colônias de alemães no Estado de São Paulo, tendo providenciado a vinda do missionário Francis Joseph Scheider (1832 - 1910), que segou em dezembro, para atender a esses colônos.

Simonton e Sheider organizaram a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro em 1862, pastoreada por Simonton até 1867, ano em que faleceu.



Fonte: Curso de História da Igreja de Carlos Jeremias Klein

quinta-feira, 15 de julho de 2010

OS CONGREGACIONAIS

O Congregacionalismo teve suas otigens na Inglaterra em fins do século XVI e inícios no século XVII, certamente em grupos puritanos. Diferente de outros países da Europa, na Inglaterra, a Reforma surge como iniciativa do próprio Rei Henrique VIII. As causas que levou a Inglaterra a romper com Roma são múltiplas, estão ligadas a questões de ordem intelectual, política, religiosa e pessoal que se tornou a causa direta da ruptura, pois o desejo do Rei de contrair um novo casamento não era aprovado pela igreja.

O fato é que a igreja da Inglaterra separa-se de Roma administrativamente, mas, em sua teologia e eclesiologia, mantém o mesmo paradigma romano. Passa por várias fases e essas fases são determinadas pelas tendências teológicas que seus monarcas defendem. Por isso que, na Inglaterra, ora o pêndulo teológico estava para o romanismo ora para o protestantismo.

Neste clima de indefinição teológica e de forte presença na igreja anglicana, tanto em sua liturgia como também em sua eclesiologia de elementos romanistas, é que surge o puritanismo. O grande lema apresentado e defendido pelos puritanos era o de libertar a igreja da Inglaterra dos elementos papistas, ou seja, da teologia Romana. Uma das grandes bandeiras defendidas e discutidas entre teólogos puritanos foi a questão da eclesiologia. Portanto, desses embates teológicos surgirão dois grupos que se opõem ao modelo episcopal defendido e aplicado nas igrejas anglicanas: são eles os independentes, também conhecidos como congregacionais, e os separatistas.

O que se buscava entender era qual deve ser a relação da Igreja com o Estado. Até que ponto o Estado deve intervir na vida e nos caminhos da Igreja. Os independentes queriam a separação entre a Igreja e o Estado e a adoção do sistema congregacional para a igreja. Essencialmente foi isto que se perpetuou ao longo da história do congregacionalismo: a isenção da intervenção estatal e a aplicação da democracia no governo da igreja, buscando quebrar o abismo entre o clero e o leigo, aplicando a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes, relacionando-a não apenas ao serviço ministerial e à liberdade de acesso à presença de Deus, mas também a questões de ordem administrativa.

Henry Jacob (1563 – 1624), que pode ser considerado o fundador do congregacionalismo puritano, foi preso por crer que cada congregação deveria ser livre para escolher seu próprio pastor, determinar seu programa e administrar seus negócios.

IGREJAS CONGREGACIONAIS NO BRASIL

Em 1855 chegaram ao brasil Robert Reid Kalley e sua mulher Sarah Poulton Kalley, que organizaram, em 1858, a Igreja Evangélica Fluminense, nos moldes do congrecionalismo.

A partir de fevereiro de 1865, Kalley recebeu como pastor auxiliar o missionário episcopal Richard Holden. Este homem foi influenciado pelo dispensacionalismo de J.N. Darby, causando apreensões em Kalley, conforme relata Sarah, em 1871: "holden tem criado certa dificuldade entre os moços, devido, em parte, às doutrinas excêntricas e extraordinárias que resolveu adotar - o que tem entristecido meu marido."


O casal Kelley organizou também a Igreja Evangélica Pernambucana, em 1873, tendo ,depois, à Grã-Betanha.

domingo, 11 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Unidade na Diversidade


E a divisão não para...

Qualquer pessoa que ande pelas ruas das grandes cidades brasileiras há de ficar impressionado com a quantidade de igrejas evangélicas. São templos, pontos de pregação, salas e até portinhas, onde o nome de Jesus é exaltado e o povo de Deus reúne-se para exercer a sua fé. Símbolo da expansão do segmento evangélico na sociedade brasileira, a proliferação de igrejas, se por um lado possibilita a disseminação da Palavra de Deus, por outro, gera situações curiosas. Há ruas com vários templos e até mesmo congregações que funcionam coladas parede a parede. Agora, engraçado mesmo – com todo respeito, claro! – é conferir o nome de algumas igrejas. Existe, por exemplo, uma certa Assembléia de Deus Com Doutrinas e Sem Costumes, no subúrbio do Rio de Janeiro. No interior de Minas, funciona a Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará. Isso sem falar na Igreja Cuspe de Cristo, em São Paulo.
Pode-se discutir o gosto de quem inventa tais nomes, mas o fato é que os aproximadamente 26 milhões de evangélicos brasileiros têm à disposição um variadíssimo cardápio de opções para filiação religiosa. Curiosos, bizarros e imaginativos, os nomes de igrejas, digamos, originais, compõem uma extensa lista: há, por exemplo, a Igreja Pentecostal Alarido de Deus, de Anápolis (GO), cujos cultos não devem ser nada silenciosos; a Igreja Evangélica Deus Pentecostal da Profecia, de São Mateus (ES), que não deixa dúvidas sobre o caráter avivado do povo que se reúne ali; ou ainda a Igreja Evangélica Vida Profunda, da Itaperuna (RJ), onde o crente, já na entrada, recebe um estímulo para deixar de lado a superficialidade na sua relação com Deus. Já a Igreja da Revelação Rápida parece ter sido feita de encomenda para os fiéis mais apressadinhos. Há ainda muitas outras (ver quadro), quase sempre pequenas denominações pentecostais dirigidas por líderes leigos, onde o que vale é a espontaneidade litúrgica e uma boa dose de improvisação.
Mais do que simples tendência, a proliferação das igrejas evangélicas, há alguns anos, já chama a atenção como fenômeno sociológico. Nos anos 90, o Instituto Superior de Estudos da Religião (Iser) debruçou-se sobre os números e chegou a uma conclusão de espantar: só no Grande Rio, cinco novas igrejas surgiam... por semana! E as coisas só aumentaram de lá para cá. Números confiáveis não existem, mas levantamentos realizados por entidades missionárias apontam para a existência de cerca de 150 mil templos e casas de culto evangélicas no país. “Hoje, há uma média de 1,5 mil pessoas por igreja no Brasil”, diz o pesquisador Louranço Kraft, do Serviço para a Evangelização da América Latina (Sepal). Claro, elas concentram-se nos centros urbanos. Em regiões como a Amazônia ou o interior do Nordeste, a presença evangélica permanece extremamente rarefeita. Razões para tanto crescimento não faltam – além do evangelismo ostensivo, responsável por novas conversões, as igrejas evangélicas costumam receber muitos ex-fiéis de outras confissões, como o catolicismo e o espiritismo.
Há ainda outro aspecto – a ruptura com antigos dogmas, como restrições quanto a usos e costumes e normas rígidas de vestuário. “Os evangélicos aboliram a vida ascética que antes preconizavam”, avalia o doutor em sociologia Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais – Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Edições Loyola). Segundo ele, os crentes, cada vez mais adaptados à sociedade, conseguem fazer seu discurso penetrar com mais facilidade, atraindo novos adeptos até mesmo em setores das classes média e alta, tradicionalmente mais avessos à mensagem do Evangelho.
Bem menos acadêmico, mas igualmente sintomático, é o estudo desenvolvido por Orlando Corrêa Neves Castor, 17 anos, estudante de tradições e cultos religiosos. Ele, que mora em Teresópolis (RJ), criou um site sobregrejas com nomes curiosos (www.igrejologia.hpg.ig.com.br). Evangélico, o rapaz conta que a idéia de elaborar a página virtual veio depois de ver tantos nomes diferentes de igrejas. “Comecei o trabalho procurando em listas telefônicas de vários estados”, conta. “Depois, muitas pessoas se interessaram e começaram a mandar colaborações para a lista. Alguns nomes adotados são bem exóticos.”
“Sede mundial” – Segundo Orlando, a maioria das igrejas com este perfil tem localização restrita, ao contrário das denominações mais antigas e tradicionais, como Metodista, Quadrangular ou Luterana, cuja abrangência é nacional. “Noventa por cento delas funcionam em pequenos imóveis alugados, em bairros pobres”, comenta o estudante. No meio do bolo, há uma proliferação desenfreada de congregações evangélicas, muitas delas funcionando sem alvará e à margem de outras exigências legais. “Além disso, a falta de cultura e informação de seus criadores é patente”, aponta. Como exemplo, ele cita uma certa Igreja Evangélica Muçulmana Javé É Pai, e outra, tão bizarra quanto: Igreja Cristã Evangélica Espírita Nacional. “Nos dois nomes há união de religiões que não se relacionam entre si. Como um evangélico pode ser muçulmano ou espírita ao mesmo tempo?”, indaga.
Orlando não esconde que o objetivo do bem humorado levantamento que fez é, também, “criticar abusos praticados em nome da fé das pessoas”. Há pouco tempo, o jornal carioca Balcão, especializado em classificados de todo tipo – ali vende-se varas de pesca, violoncelos, apartamentos, coleção de gibis do Homem-Aranha e tudo o que se possa imaginar –, publicou um anúncio esquisitíssimo. Anunciava-se a oferta de uma igreja evangélica, equipada com som e móveis e que tinha “cerca de 200 membros”, que talvez jamais imaginassem virar objeto de uma transação do gênero. O problema é que fica muito difícil separar o trigo, ou seja, aqueles crentes sérios cujo objetivo ao abrir uma igreja é simplesmente atender um chamado divino e fazer a obra do Senhor, do joio – no caso, os picaretas que vêem a criação de uma congregação apenas como opção de negócio.
A multiplicação de igrejas só acontece porque, no Brasil, é muito fácil abri-las. É o que diz Rubens Moraes, 71, pastor da Assembléia de Deus de Madureira, no Rio. Ele também é contador e trabalha há quase 40 anos na área de legalização de entidades evangélicas. “Para se abrir uma igreja, não é necessário muita coisa”, explica. “Junta-se uma diretoria composta por oito pessoas; depois convoca-se uma reunião para emitir a ata de fundação. A partir daí, basta elaborar o estatuto e registrá-lo no cartório”, ensina. Com este registro, é possível solicitar o cartão do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, o CNPJ, o que pode ser feito até pela internet.
Segundo Rubens, todo o processo é baratíssimo. “Se o próprio interessado quiser fazer tudo, vai desembolsar cerca de R$ 250. Caso prefira contratar um contador, o gasto fica entre 600 e mil reais.” Isso, claro, se o empreendedor não preferir fazer tudo clandestinamente e atuar ao arrepio da lei. Especialista no assunto – ele é autor do livro Legislação para igrejas e entidades sem fins lucrativos, editado pela CPAD –, Rubens Moraes admite que não há como exercer controle sobre quem resolve criar uma igreja. “A lei permite a abertura por qualquer pessoa, mas não pode avaliar os interesses e a seriedade de cada um. Isso abre oportunidades para os aventureiros.” Ele conta que foi procurado recentemente por uma empresária que decidiu colocar uma igreja em seu nome. “Ela construiu, com o seu dinheiro, a comunidade. Apesar de não ser pastora nem nada, ela tem direito de tornar-se presidente da obra.”
Outra estratégia muito utilizada, até mesmo em busca de legitimidade, é a inclusão do nome de uma denominação já conhecida. É grande a quantidade de comunidades independentes que adotam, por exemplo, nomes como “Assembléia de Deus de tal-tal-tal, ou “Igreja Batista disso-ou-daquilo”, mesmo sem ter quaisquer vínculos com as convenções batistas ou assembleianas estabelecidas. “Este tipo de procedimento nos incomoda bastante, inclusive porque não temos qualquer controle sobre a doutrina ou liturgia praticada nestas igrejas”, comenta um pastor ligado à Convenção Batista Fluminense que, para evitar constrangimentos de parte a parte, pediu para não ser identificado.
Ele diz que a entidade já teve problemas com isso – segundo o pastor, houve casos, por exemplo, de fiéis dessas igrejas de linha independente buscarem algum tipo de satisfação por desvios de conduta de seus líderes. “A marca ‘Igreja Batista’ é respeitada até mesmo fora dos meios evangélicos. Então, há pessoas que se aproveitam disso e usam o nome de nossa denominação para passar credibilidade.” Interessante, também, é a megalomania encerrada em nomes grandiloqüentes, tais como “sede mundial” ou “ministério internacional”. Às vezes, igrejinhas que possuem um único templo ostentam, orgulhosas, placas com tais dizeres. Isso quando o nome do mandachuva não aparece em letras garrafais, às vezes, maiores até do que os nomes “Deus” ou “Jesus”.
Bacalhau com feijoada – O professor Paulo Donizéti Siepierski, 43 anos, crente batista de Recife (PE) e membro da Associação Brasileira de História das Religiões, aponta noutra direção. Para ele, a criatividade dos nomes é fundamental para o sucesso do empreendimento. “A concorrência no ‘mercado religioso’ tornou-se bastante acirrada nos últimos anos. Então, a necessidade de se diferenciar neste ‘mercado’ passou a ser imperativa”, explica. Paralelamente, salienta o estudioso, ocorreu uma crise de fidelidade no denominacionalismo. “Uma vez que as pessoas não estão mais buscando respostas convencionais, como as que as igrejas históricas oferecem em suas confissões de fé, mas ao contrário, estão atrás de uam espécie de bricolagem, passou a ser natural que os próprios nomes das novas igrejas simbolizassem tal possibilidade.”
Irônico, o professor usa como comparação os restaurantes de comida a quilo. “No restaurante tradicional, você recebe um cardápio com pratos já montados; no de refeições por quilo, o cliente é quem escolhe a combinação de alimentos, por mais contraditório que possam parecer. Dá até para misturar bacalhau com feijoada.” Sipierski vai além: para ele, a sobrevivência da nova igreja dependerá em grande parte da capacidade em expressar, através de seu nome, aquilo que ela pensa ser sua vantagem comparativa em relação à concorrência. “Precisamos entender que as pessoas não estão em busca de uma doutrina supostamente correta. Hoje, muitos buscam solução para seus problemas e um lugar onde se sintam bem.”
“Tanta criatividade não é bom sinal”, faz coro o historiador Jaime Francisco de Moura, 42, de Brazilândia (DF). Católico, ele é autor do livro As diferenças entre a Igreja Católica e igrejas evangélicas e bate pesado: “Muitas dessas igrejas com nomes fantásticos e chamativos prejudicam o cristianismo”, radicaliza. Para Moura – que, como muitos católicos e o próprio papa, insistem em chamar correntes pentecostais de “seitas” –, o crescimento destas novas denoninações tende a aumentar. “A Palavra de Deus é sagrada e não pode estar na boca de qualquer indivíduo. É preciso haver autoridades competentes para proclamar o Evangelho. Muitos acham que são iluminados pelo Espírito Santo, mas no fundo são movidos pelo erro e pelo engano”, reclama. Na opinião do historiador, qualquer pessoa que pretenda assumir um cargo de dirigente espiritual deveria ter, no mínimo, curso de teologia ou filosofia. Por mais que seja desejável estabelecer critérios deste tipo, contudo, não se deve esquecer que a história do cristianismo está cheia de líderes leigos que fizeram um tremendo trabalho espiritual, a começar pelos próprios discípulos de Jesus – os quais, segundo seus contemporâneos, eram homens “iletrados e incultos”, mas foi através deles que a a fé cristã chegou até nós. Isso sem falar na explosão evangélica verificada no Brasil na segunda metade do século 20, protagonizada, quase sempre, por pastores sem qualquer formação teológica. E não é apenas no protestantismo que o laicato tem destaque. Nas comunidades eclesiais de base, berço da renovação do catolicismo durante os anos 60 e 70, destacavam-se os líderes leigos.
Revelação de Deus – Na outra ponta, pastores que dirigem comunidades que poderiam entrar em qualquer levantamento sobre denominações curiosas, demonstram não apenas convicção espiritual, como também, muita consciência de seu papel. Caso do pastor José Basílio dos Reis, 55 anos, responsável pela Igreja Assembléia dos Primogênitos, de São Paulo. Ele explica que a denominação surgiu devido a uma revelação divina, e admite que ter um nome diferente atrai algumas pessoas para a congregação. “Muitos chegam movidos pela curiosidade, e acabam tendo um encontro com Cristo”, salienta. Contudo, o pastor exorta que, antes de se filiar a qualquer igreja, é fundamental que o aspirante a membro observe suas normas, conheça os líderes e, acima de tudo, peça a orientação do Senhor. “Hoje, há muita gente criando igrejas apenas para arrecadar dinheiro. Isso é um escândalo”, indigna-se.
Para o pastor Mizael Lima de Souza, presidente da Igreja Universal Assembléia dos Santos, com sede em São Paulo, mais importante do que o nome é a valorização do Evangelho e uma conduta justa e transparente que possa dar exemplo à sociedade. “Quando vamos evangelizar, muita gente pergunta se nossa igreja é uma mistura da Universal [do Reino de Deus] com a Assembléia [de Deus], e eu explico que não”, diz ele. O pastor conta que o nome surgiu de uma revelação divina a uma senhora crente há 45 anos – bem antes, portanto, do surgimento da Igreja Universal, a do bispo Edir Macedo, fundada em 1977. “Essa irmã era professora da Escola Bíblica e certo dia foi orar, pois via que sua igreja não obedecia certos preceitos bíblicos. Então, o Senhor disse a ela que o seguisse, pois iria usá-la para levantar uma obra à semelhança da Igreja Primitiva”. Mizael explica que o nome de sua denoninação é baseado nas passagens bíblicas de Hebreus 12:22 e Salmo 89:5. “Mas o que caracteriza mesmo a Igreja do Senhor é se ela tem ou não compromisso com Deus”, conclui. (Colaboraram Marcelo Santos e Marcos Stefano)

Curiosos e criativos

Algumas igrejas e comunidades evangélicas têm nomes que misturam citações bíblicas, fervor espiritual e uma boa dose de criatividade. Confira:

Igreja da Água Abençoada
Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina
Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
Congregação Anti-Blasfêmias
Igreja Chave do Éden
Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta
Igreja Batista Incêndio de Bênçãos
Igreja Batista Ô Glória!
Congregação Passo para o Futuro
Igreja Explosão da Fé
Igreja Pedra Viva
Comunidade do Coração Reciclado
Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal
Cruzada de Emoções
Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
Congregação Plena Paz Amando a Todos
Igreja A Fé de Gideão
Igreja Aceita a Jesus
Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém
Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo
Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos)
Igreja Barco da Salvação
Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo
Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação
Comunidade Arqueiros de Cristo
Igreja Automotiva do Fogo Sagrado
Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Igreja Palma da Mão de Cristo
Igreja Menina dos Olhos de Deus
Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos
Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D’Água
Igreja Batista Ponte para o Céu
Igreja Pentecostal do Fogo Azul
Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo!
Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas
Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade
Igreja Filho do Varão
Igreja da Oração Eficiente
Igreja da Pomba Branca
Igreja Socorista Evangélica
Igreja ‘A’ de Amor
Cruzada do Poder Pleno e Misterioso
Igreja do Amor Maior que Outra Força
Igreja Dekanthalabassi
Igreja dos Bons Artifícios
Igreja Cristo é Show
Igreja dos Habitantes de Dabir
Igreja ‘Eu Sou a Porta’
Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
Igreja da Bênção Mundial
Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
Igreja Pentecostal do Pastor Sassá
Igreja Sinais e Prodígios
Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul
Igreja do Manto Branco
Igreja Caverna de Adulão
Igreja Este Brasil é Adventista
Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção)
Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
Ministério Eis-me Aqui
Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia
Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará
Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos
Igreja Evangélica Facho de Luz
Igreja Batista Renovada Lugar Forte
Igreja Atual dos Últimos Dias
Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te
Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas
Igreja Evangélica Bola de Neve
Igreja Evangélica Adão é o Homem
Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado
Ministério Maravilhas de Deus
Igreja Evangélica Fonte de Milagres
Comunidade Porta das Ovelhas
Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica
Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
Igreja Evangélica Luz no Escuro
Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim
Igreja Pentecostal Planeta Cristo
Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos
Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta

sexta-feira, 2 de julho de 2010

VOZ DA REFORMA: DOS SACRAMENTOS

Assim como os patriarcas sob a Lei, além da realidade dos sacrifícios, tinham dois sacramentos principais, isto é, a circuncisão e a páscoa, e aqueles que os desprezavam e negligenciavam não eram contados entre o povo de Deus, assim nós também reconhecemos e confessamos que agora, na era do Evangelho, só temos dois sacramentos principais, instituídos por Cristo e ordenados para uso de todos os que desejam ser considerados membros de seu corpo, isto é, o Batismo e a Ceia ou Mesa do Senhor, também chamada popularmente Comunhão do seu Corpo e do seu Sangue.

Esses sacramentos, tanto do Velho Testamento como do Novo, foram instituídos por Deus, não só para estabelecer distinção visível entre o seu povo e os que estavam fora da Aliança, mas também para exercitar a fé dos seus filhos e, pela participação de tais sacramentos, selar em seus corações a certeza da sua promessa e daquela associação, união e sociedade mui felizes que os escolhidos têm com seu Cabeça, Jesus Cristo.

E, assim, condenamos inteiramente a vaidade dos que afirmam que os sacramentos não são outra coisa que meros sinais desnudos. Muito ao contrário, cremos seguramente que pelo Batismo somos enxertados em Jesus Cristo, para nos tornarmos participantes de sua justiça, pela qual todos os nossos pecados são cobertos e perdoados; cremos também que na Ceia corretamente usada, Cristo se une de tal modo a nós, que se torna o próprio alimento e sustento de nossas almas.

Não que imaginemos qualquer transubstanciação do pão no corpo natural de Cristo e do vinho em seu sangue natural, como têm ensinado perniciosamente os pontifícios e como crêem para sua condenação; mas essa união e associação que temos com o corpo e o sangue de Jesus Cristo no uso reto dos sacramentos se realiza por meio do Espírito Santo, que pela verdadeira fé nos transporta acima de todas as coisas visíveis - que são carnais e terrenas - e nos habilita a alimentar-nos do corpo e do sangue de Jesus Cristo, uma vez partido e derramado por nós, e que agora está no céu e se apresenta por nós na presença do Pai.

Não obstante a distância entre o seu corpo agora glorificado no céu e nós mortos aqui na terra, contudo cremos firmemente que o pão que partimos é a comunhão do corpo de Cristo e o cálice que abençoamos é a comunhão do seu sangue. Assim, confessamos, e cremos, sem nenhuma dúvida, que os fiéis, mediante o uso reto da Ceia do Senhor, comem o corpo e bebem o sangue de Jesus Cristo, porque ele permanece neles e eles nele; eles, até, se tornam carne da sua carne e osso dos seus ossos de maneira tal que, como a Divindade eterna conferiu à carne de Jesus Cristo vida e imortalidade, assim também o comer e o beber da carne e do sangue de Jesus Cristo nos confere essas prerrogativas. Declaramos, contudo, que isto não nos é dado só na ocasião do sacramento, nem pela sua ação ou virtude; mas afirmamos que os fiéis, mediante o uso certo da Ceia do Senhor, têm com Jesus Cristo, uma união que o homem natural não pode compreender.

Além disso afirmamos que, embora os fiéis, impedidos pela negligência e pela fraqueza humana, não aproveitem tanto quanto desejariam, na própria ocasião em que se celebra a Ceia, no entanto subseqüentemente ela produzirá frutos, sendo semente viva semeada em boa terra, pois o Espírito Santo, que nunca pode estar separado do uso reto da Instituição de Cristo, não privará os fiéis do fruto dessa ação mística. Mas tudo isto, dizemos, vem da verdadeira fé que apreende Jesus Cristo, o único que faz o sacramento eficaz em nós. Portanto, todos os que nos difamam dizendo que afirmamos ou cremos que os sacramentos não são outra coisa que sinais desnudos e vazios, fazem-nos injustiça e falam contra a verdade manifesta.

Isto, no entanto, admitimos livre e espontaneamente, que fazemos distinção entre Cristo em sua substância eterna e os elementos dos sinais sacramentais. Assim, nem adoramos os elementos em lugar do que eles significam, nem os julgamos dignos de adoração, nem os desprezamos, ou interpretamos como inúteis e vãos, mas deles participamos com grande reverência, examinando-nos a nós mesmos o mais diligentemente antes de participarmos deles, pois somos persuadidos pelos lábios do apóstolo, de que "aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue de Jesus Cristo"



Fonte: Confissão de Fé Escocesa - A Confissão foi escrita por John Knox e outros cinco líderes da Reforma Protestante na Escócia: John Winram, John Spottiswoode, John Willock, John Douglas, e John Row. No entanto, a atribuição da autoria geralmente reforça o papel de John Knox.

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