terça-feira, 23 de novembro de 2010

Igrejas orientais: tradição bizantina

O rito ou tradição bizantina é majoritária no oriente cristão. A ele pertencem cerca de 300 milhões de pessoas, em sua imensa maioria de obediência ortodoxa.

Historicamente, estão vinculados ao antigo Império bizantino e, portanto, ao Patriarcado de Constantinopla, ainda que ao longo dos séculos foram-se constituindo igrejas autocéfalas nos diferentes países. Destaca-se em número de fiéis o Patriarcado de Moscou.

Seria muito longo e alheio ao propósito desta série de artigos aprofundar nas causas que levaram ao Grande Cisma de 1054, que atualmente estão sendo objeto de discussão no Comitê de Diálogo Ecumênico entre Católicos e Ortodoxos.

O que todos os especialistas destacam é que o ato formal do cisma, a excomunhão entre o papa e Miguel I Cerulário, foi o ápice de um longo caminho de distanciamento entre Oriente e Ocidente, não apenas em questões canônicas e disciplinares, mas também litúrgicas, culturais e históricas.

Em todo caso, já desde o primeiro momento houve tentativas de reconstruir a unidade perdida, sem êxito. Depois o Ocidente viveria outro doloroso cisma, de Lutero, que voltaria sua atenção para longe da questão oriental durante séculos.

Das tensões entre ambas Igrejas e das vicissitudes dos séculos surgiram treze igrejas católicas de rito bizantino, especialmente na Europa Oriental, também conhecidas como “uniatas”.

A liturgia bizantina ou grega, a majoritária e mais seguida dos ritos orientais, é chamada também de Divina Liturgia, de uma grande beleza visual, pois dela participam também os ícones, a música, os ornamentos sagrados e a própria arquitetura, de forma que o fiel esteja “dentro” da liturgia.

Procede da liturgia que se celebrava em Antioquia, chamada “de Santiago”, e que foi reformada por São Basílio e São João Crisóstomo (século IV e V). Uma das importantes diferenças com o rito latino é o calendário festivo, juliano, que caminha 14 dias atrás do gregoriano ocidental.

A Sagrada Escritura está constantemente presente na liturgia, muito mais que no Ocidente. O jejum é praticado rigorosamente, especialmente durante a Grande Quaresma. Tem uma grandíssima veneração pela Virgem Maria, sob o título de Theotokos.

Em questão de disciplina eclesiástica, os sacerdotes podem ser homens casados (mas não podem contrair o matrimônio depois de sua ordenação, apenas antes). A língua litúrgica utilizada é o grego ou eslavo antigo, dependendo da influência russa ou grega.

Outra característica importante da igreja bizantina é a importância do monaquismo, das horas litúrgicas, e da devoção particular, por meio da chamada “oração do coração”.

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