sábado, 20 de agosto de 2011

Cristianismo ao Longo dos Séculos

Há tempos atrás postei um esquema sobre a trajetória do cristianismo dando ênfase a linha histórica do protestantismo. Quando falamos em protestantismo, lembramos que os Pais da Reforma eram católicos romanos e que não tinham a pretensão de sair da igreja romana, contudo a separação foi inevitável, pois havia um grande clamor da própria igreja que estava cativa.

No esquema anterior, um leitor do blog fez uma crítica pertinente e construtiva ao alegar que no esquema só havia a Sé Romana como tronco comum do cristianismo em detrimento de outras igrejas autônomas existentes na era pós apostólica ou era dos bispos.

Quando estudamos o cristianismo sob a ênfase do surgimento do protestantismo, teremos como tronco comum a Igreja de Roma, por outro lado, quando estudamos o cristianismo com ênfase global, teremos uma diversidade cristã (p.ex. Igreja Celta, Grã Bretanha, séc. II) e não em uma hierarquia monárquica.

Podemos citar, por exemplo, a título de diversidade cristã, a primeira menção a cristãos na Grã-Bretanha que aparece no Tratado contra os Judeus (202), de Tertuliano, no qual se faz referência a zonas da Bretanha inacessíveis aos Romanos, mas onde já vigoravam os ensinamentos de Cristo.

Insta salientar que somente no ano de 596 d.C., Santo Agostinho (de Cantuária) foi enviado pelo Papa Gregório, o Grande, como missionário para a Grã Bretanha. No livro II do Venerável Beda, "Uma História da Igreja e do Povo Inglês", escrito em torno do ano de 850, é relatado que Gregório, antes de se tornar Papa, viu umas crianças loiras `a venda no mercado de Roma. Quando contaram para ele que eram da Grã Bretanha, de uma raça chamada "anglos", Gregório teria dito: "non angli, sed angeli", que significa, "não anglos, mas anjos".

Desde então, duas correntes – celta e romana –, coexistiram nas Ilhas Britânicas, ora conseguindo posições, ora perdendo-as num "combate" em nome de Deus e com duas diferenças de fundo que iam desde a celebração da data da Páscoa à tonsura, passando pelo próprio ritual ou Liturgia.

Em 603, Agostinho chamou representantes da Igreja Celta numa tentativa de convencê-los a se submeter `as práticas e disciplinas romanas, mas eles recusaram. Santo Agostinho morreu em 605, mas a questão das diferenças entre a Igreja Britânica e a Igreja Romana continuou sendo motivo de controvérsias.

No ano 664, séc. VI, o rei Oswaldo, de Northumbria, decidiu convocar uma reunião em Whitby em 664, com representantes das duas correntes, de modo a tentar chegar a um possível acordo, partindo da questão há muito polêmica da marcação da data da Páscoa. Tal reunião seria de importância capital, uma vez que dela resultou a unificação religiosa da Grã-Bretanha, subordinando-a a Roma, mantendo-se fiel ao cristianismo romano até ao período da Reforma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...