domingo, 22 de março de 2009

APOCALIPSE: A ESPERANÇA QUE NASCE DA VITÓRIA

Nos livros da Bíblia encontramos uma diversidade de linguagem utilizada na escrita. Uma delas é a linguagem apocalíptica. Um dos livros que se utiliza deste estilo literário é o Apocalipse de João.
O livro do Apocalipse não nos oferece informações precisas sobre seu autor. Uma tradição bastante firme, da qual encontramos vestígios desde o século II, identifica o autor do Apocalipse com o apóstolo João, ao qual foi atribuído também o Quarto Evangelho. Naquele tempo era costume dedicar uma obra literária a um personagem importante do passado. Isso acontecia sobretudo quando alguém escrevia uma obra apocalíptica.
O Apocalipse é dirigido às “sete Igrejas da Ásia” (1,3.11; 2–3): trata-se, de fato, de sete comunidades cristãs situadas na Província da Ásia, cuja metrópole era Éfeso. Por causa do número sete, que evoca a plenitude, pode-se pensar que o autor visava não somente a algumas comunidades particulares, por ele especialmente conhecidas, mas a toda a Igreja .
Quanto às circunstâncias da composição, a obra nos traz algumas indicações, as quais, porém, não nos permitem uma datação precisa. De um lado, a Igreja já fez a experiência da perseguição e parece mesmo confrontada com uma oposição oficial do império romano. Levando em conta esses elementos, podem-se propor principalmente duas hipóteses: o período que se segue à perseguição de Nero e precede a ruína de Jerusalém (65-70) ou o final do reinado de Domiciano (91-96).
A obra, portanto, se contextualiza no período das perseguições do império aos cristãos e tem por finalidade dar esperanças e forças às comunidades cristãs perseguidas; As mesmas não devem fraquejar porque Cristo triunfará e o perseguidor desaparecerá. Tudo isso se diz de forma tal que apenas os iniciados no cristianismo podem entender os escritos. Isso devido ao uso de muitos símbolos e imagens para descrever os acontecimentos. Tudo o que se diz no Apocalipse faz referência direta ao momento em que foi escrito o livro (ver Ap 1, 1-3; 22, 6.7.10.12.20).
Para muitas pessoas, o livro do Apocalipse, no cotidiano de nossas comunidades, fala do final do mundo, ou freqüentemente é de forma analógica comparada ao império americano e assim por diante. No início, o autor só quer mostrar uma profecia sobre o futuro: Cristo triunfará e nós todos com Ele. Para o livro do Apocalipse, o fim dos tempos não está adiante, de forma que se possa prevê-lo. Nesta obra, o fim dos tempos já chegou com o acontecimento decisivo da morte e ressurreição de Jesus. Assim como Deus está já aqui conosco, e a presença dEle entre nós é assegurada por Jesus, e não pelo templo, o sacerdócio ou o sacrifício.

O TEMA DO LIVRO DO APOCALIPSE

O Apocalipse foi escrito para falar de Jesus. A figura da besta ou do Anticristo é usada para expressar aquilo que é contrário ao projeto de Deus, revelado em Jesus Cristo. O centro e essência do livro é Cristo, a sua graça, a ressurreição e o Reino de Deus, e não a Besta, o pecado, a morte (nem a de Cristo nem a de ninguém), o diabo, inferno ou a destruição.
Todo o Apocalipse parte da ressurreição de Jesus Cristo. Tudo, no mesmo, se projeta e se anima na esperança de sua “volta” gloriosa. Ele não é apenas “Aquele que era” e “Aquele que é”, mas também, e sobretudo, é “Aquele que virá” (Ap 4,8;1,4); Ele é o “Ômega” (Ap 22,13); Ele é “o último” (Ap 22,13); Ele é o fim de tudo (Ap 22,13); Ele é aquele cuja “vinda” imploram o Espírito e a Esposa (Ap 22,17;1,7-8). Toda esta acumulação de títulos é para dizermos, o mais claramente possível, que o futuro, o verdadeiro futuro, o futuro definitivo, é de Jesus Cristo e tão-somente dEle.

ESQUEMA GERAL DO APOCALIPSE

O livro está dividido em duas grandes partes:
– Do capítulo 4 ao 11, temos a revelação do “Cordeiro”. Só o Cordeiro (o próprio Jesus) pode abrir o livro selado (ver Ap 5). Só Cristo pode nos revelar o futuro porque só Ele é dono desse futuro. Só Cristo, o Cordeiro, pode iluminar todo o sentido do Antigo Testamento. E emprega-se a figura de um cordeiro para simbolizar que Cristo não veio fazer mal a ninguém, que Ele pode apenas doar vida, não tomá-la ou destruí-la.
– Do capítulo 12 ao 22, temos a revelação do “filho do homem”, o homem de Deus, o homem no qual Deus reina plenamente, o homem no qual se nos revela o que é o Reino de Deus.
- Já os capítulos 1 ao 3 falam das sete Igrejas, e foram escritos para introduzir o livro do Apocalipse.
Portanto, podemos dizer que o Apocalipse suscita e nos encoraja esperança, já que celebra a vitória definitiva do Cordeiro sobre a Besta, a vitória definitiva da vida sobre a morte, a vitória definitiva do amor sobre o ódio, sobre a violência e a perseguição (ver Ap 5,12).

Carlos Jobed / Sílvio Aparecido

Fonte:http://www.salvatorianos.org.br

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