domingo, 2 de janeiro de 2011

Um Tratado Sobre o Batismo - I

Rev. John Wesley
11 de Novembro de 1.756

Concernente ao batismo, eu devo inquirir, o que ele é; quais os benefícios que recebemos através dele; se nosso Senhor o designou para manter sempre em sua Igreja; e quem são os objetos apropriados dele.

Primeira Parte

1. O que ele é. É um sacramento iniciatório, que nos coloca em aliança com Deus. Ele foi instituído por Cristo, quem apenas tem poder de instituir um sacramento apropriado, um sinal, selo, garantia e meios da graça perpetuamente obrigatório sobre todos os cristãos. Nós não sabemos, de fato, o exato momento desta instituição; mas sabemos que ela existiu muito antes da ascensão de nosso Senhor. E foi instituída em lugar da circuncisão. Porque, já que aquele era um sinal e selo da aliança de Deus, então este também.

2. A matéria deste sacramento é a água; que, como tem um poder natural de limpar, é a mais adequada para este uso simbólico. O batismo é executado pelo lavar, mergulhar, ou aspergir a pessoa, em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, que é, por este intermédio, consagrada à sempre abençoada Trindade. Eu digo, pelo lavar, mergulhar ou aspergir; porque não está determinado nas Escrituras quais destas maneiras deverá ser feito, nem através de algum preceito expresso, nem através de tal exemplo, como uma prova clara disto; nem pela força ou significado da palavra batizar.


3. Que não existe preceito expresso, todos os homens sensatos admitem. Nem existe algum exemplo conclusivo. O batismo de João, em algumas coisas, concordou com o de Cristo; em outras, diferiu dele. Mas ele não pode ser certamente provado das Escrituras que, até mesmo o de João foi executado pelo mergulho. É verdade que ele batizou em Enom, junto a Salim, onde havia "muita água". Mas isto se referia à respirar, preferivelmente a mergulhar; uma vez que um local estreito não teria sido suficiente para tão grande multidão. Nem pode ser provado, que o batismo de nosso Salvador, ou aquele ministrado por seus discípulos, foi por imersão. Não, nem do eunuco batizado por Felipe, embora "eles entrassem na água". Porque este entrar pode referir-se à carruagem, e não implica determinada profundidade de água. Deveria ser acima dos joelhos deles; não seria acima de seus tornozelos.

4. Como nada pode ser determinado pelos preceitos ou exemplos bíblicos, então, nem da força ou significado da palavra. Porque as palavras batizar e batismo não necessariamente significam mergulhar, mas são usadas em outros sentidos em diversos lugares. Assim, lemos que os Judeus "eram todos batizados na nuvem e no mar" (I. Cor. 10:2); mas eles não eram mergulhados em algum deles. Portanto, poderia ser apenas gotas aspergidas da água do mar, e orvalhos frescos da nuvem, provavelmente sugerido neste: "Tu, ó Deus, mandaste a chuva em abundância, confortaste a tua herança, quando estava cansada" (Salmos 68:9).

Novamente: Cristo disse aos seus dois discípulos: "Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?" (Marcos 10:38), mas nem ele, nem eles foram mergulhados, mas apenas aspergidos, ou lavados com o próprio sangue.

Novamente lemos em (Marcos 7:4) dos batismos (assim está no original) de potes e copos, e mesas e camas. Agora, os potes e copos não são necessariamente mergulhados, quando eles são lavados. Mais do que isto, os fariseus lavaram os exteriores deles somente. E quanto às mesas ou camas, ninguém admite que pudessem ser mergulhadas. Aqui, então, a palavra batismo. Em seu sentido natural, não é tomada por mergulhar, mas por lavar ou limpar. "E, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas". E, que este é o verdadeiro significado da palavra batizar, é testificado pelos maiores estudiosos, e os mais apropriados juízes deste assunto. É verdade que lemos do ser "enterrado com Cristo no batismo". Mas nada pode ser deduzido de tal expressão figurativa. E mais, se ela se mantivesse exatamente, seria usada tanto para aspergir, quanto mergulhar; uma vez que, no enterrar, o corpo não é mergulhado através da substância da terra, mas, antes, a terra é derramada aos poucos sobre ele.

5. E quanto a existir nenhuma prova clara do mergulhar, nas Escrituras, então, existe uma prova muito provável do contrário. É altamente provável que os próprios Apóstolos batizaram grandes números, não pelo mergulhar, mas por lavar, aspergir, derramar água. Isto claramente E a quantidade de água usada não foi material; não mais do que a quantidade de pão e vinho na Ceia do Senhor. O carcereiro "e todos de sua casa foram batizados" na prisão; Cornélio com seus amigos, (e assim diversos pertences) em casa. Agora, isto quer dizer igualmente, que todos esses tinham tanques ou rios, dentro ou perto de suas casas, suficiente para mergulhá-los todos? Toda pessoa imparcial deve admitir que o contrário é muito mais provável Novamente: Três mil de uma só vez, e cinco mil em outra, se converteram e foram batizadas por Pedro em Jerusalém; onde eles tinham nada, a não ser águas gentis de Siloé, de acordo com a observação do Sr. Fuller. "Não existiam moinhos de água em Jerusalém, porque não havia correnteza larga o suficiente para dirigi-las". O lugar, portanto, assim como o número torna altamente provável que todos esses foram batizados pelo aspergir ou derramar, e não pela imersão. Para resumir tudo, a maneira de batizar (quer por mergulho, ou aspersão) não está determinada nas Escrituras. Não existe mandamento para um, preferivelmente ao outro. Não existe exemplo do que podemos concluir por mergulhar, preferivelmente a aspergir. Existem prováveis exemplos de ambos; e ambos estão igualmente contidos no significado natural da palavra.

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