domingo, 2 de janeiro de 2011

Um Tratado Sobre o Batismo - II

Rev. John Wesley
11 de Novembro de 1.756

Segunda Parte

1. Quais os benefícios que recebemos pelo batismo, é o próximo ponto a ser considerado. E o primeiro destes é, o lavar a culpa do pecado original, pela aplicação dos méritos da morte de Cristo. Que nós todos nascemos sob a culpa do pecado de Adão, e que todos os pecados merecem miséria eterna, era a consciência unânime da Igreja antiga, como está expresso no Nono Artigo da nossa Igreja. E as Escrituras plenamente afirmam que nós somos "moldados na iniqüidade, e no pecado nossa mãe nos concebeu"; que "éramos todos, pela natureza, filhos da ira, e mortos nas transgressões e pecados"; que "em Adão todos morrem"; que "através da desobediência de um homem todos foram feitos pecadores"; que "através de um homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do pecado; que veio sobre todos os homens, porque todos haviam pecado". Isto plenamente inclui as crianças; porque elas também morrem; portanto, elas pecaram: Mas não através do pecado atual; portanto, através do original; ou que necessidade teriam elas da morte de Cristo? Sim, "a morte reinou de Adão a Moisés, até mesmo sobre aqueles que não pecaram" verdadeiramente, "de acordo com a similitude da transgressão de Adão". Isto, que podem se referir às crianças apenas é uma prova clara de que toda a raça da humanidade é detestável, para a culpa e punição da transgressão de Adão. Mas "como pela ofensa de um, o julgamento veio sobre todos os homens como condenação; então, pela retidão de um, o dom livre veio sobre todos os homens, para a justificação da vida". E a virtude deste dom livre, os méritos da vida e morte de Cristo são aplicados a nós no batismo. "Ele deu a si mesmo pela Igreja, e ele santificaria e limparia com a lavagem da água, através da palavra" (Efésios 5:25,26); ou seja, no batismo, o instrumento ordinário de nossa justificação. Concordante com isto, nossa Igreja ora no ofício batismal, para que a pessoa a ser batizada possa ser "lavada e santificada pelo Espírito Santo, e, livre da ira de Deus, receba a remissão dos pecados, e desfrute da graça divina de sua lavagem celestial"; e declare na Rubrica no final do ofício: "É certo que, através da Palavra de Deus, que os filhos, que são batizados, morrendo antes que eles cometam pecado atual são salvos". E isto está de acordo com o julgamento unânime de todos os Antepassados.

2. Pelo batismo, nós entramos em aliança com Deus; naquela aliança eterna, que ele tem ordenado para sempre (Salmos 111:9) "Redenção enviou ao seu povo; ordenou a sua aliança para sempre; santo e tremendo é o seu nome"; que a nova aliança que ele prometeu fazer com a Israel espiritual; até mesmo "dar a eles um novo coração e um novo espírito, para aspergir água limpa sobre eles" (do qual o batismo é apenas uma figura), "e não mais lembrar de seus pecados e iniqüidades"; em uma palavra, ser o Deus Deles, como ele prometeu a Abraão, na aliança evangélica que ele fez com ele e toda sua descendência espiritual. (Gênesis 17:7,8). E assim como a circuncisão foi, então, o meio de fazer parte desta aliança, então, o batismo é agora; o que é, portanto, denominado pelo Apóstolo (tantos bons interpretes atribuem a suas palavras), "a condição, contrato, ou aliança de uma boa consciência com Deus".

3. Através do batismo, nós somos admitidos na Igreja, e, consequentemente, feitos membros de Cristo, a sua Cabeça. Os judeus foram admitidos na Igreja, através da circuncisão, assim são os cristãos, através do batismo. Porque, "tantos quantos são batizados em Cristo", em seu nome, "são, desta forma, revestidos de Cristo". (Gálatas 3:27); ou seja, são unidos misteriosamente a Cristo, e feito um com ele. Porque, "através de um Espírito, todos somos batizados em um corpo". (I Cor. 12:13); ou seja, a Igreja, "o corpo de Cristo" (Efésios 4:12). De cuja união espiritual, vital com ele, procede a influência de sua graça sobre aqueles que são batizados, como nossa união com a Igreja, um compartilhar de todos os seus privilégios e em todas as promessas que Cristo tem feito a ela.

4. Pelo batismo, nós que somos "pela natureza, filhos da ira" somos feitos filhos de Deus. E esta regeneração quenossa Igreja em tantos lugares atribui ao batismo é mais do que meramente ser admitido na Igreja, embora comumente ligado por meio disto; sendo "enxertado no corpo da Igreja de Cristo, somos feitos os filhos de Deus pela adoção e graça". Este é o alicerce sobre as claras palavras de nosso Senhor: "Exceto que um homem nasça novamente da água e do Espírito, ele não poderá entrar no reino de Deus". (João 3:5). Pela água, então, como um meio, a água do batismo, nós somos regenerados ou nascidos novamente; de onde é também chamado pelo Apóstolo, "a lavagem da regeneração". Nossa Igreja, portanto, atribui nenhuma virtude maior ao batismo do que o próprio Cristo tem feito. Nem ele atribui isto ao lavar exterior, mas à graça interior, que, acrescentada a isto, faz dela um sacramento. Aqui um princípio da graça é introduzido, o que não será totalmente tirado, exceto se nós suprimirmos o Espírito Santo de Deus, pela longa continuidade da maldade.

5. Em conseqüência de nosso sermos feitos filhos de Deus, somos herdeiros do reino do céu. "Se filhos" (como o Apóstolo observa), então, "herdeiros, herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo". Nisto nós recebemos uma porção e uma garantia de "um reino que não pode ser mudado". O batismo agora nos salva, se nós vivemos respondíveis a ele, se nos arrependermos, crermos e obedecermos ao evangelho: Supondo que se ele nos admite aqui na Igreja, então, nos admite na glória vindoura.

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